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livro A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIZAÇÃO POR VERBAS TRABALHISTAS,pdf

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A TERCEIRIZAÇÃO 
TRABALHISTA E A 
RESPONSABILIDADE POR 
VERBAS TRABALHISTAS
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Mariana dos Reis André Cruz Poli
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Lucilaine Ignacio da Silva
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
P766a
 Poli, Mariana dos Reis André Cruz
 A terceirização trabalhista e a responsabilidade por verbas tra-
balhistas. / Mariana dos Reis André Cruz Poli – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 108 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-41-6
 1.Direito do trabalho – Brasil. 2.Terceirização – Legislação – Brasil. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 344.8101
Mariana dos Reis André Cruz Poli
Mestre em Direito Constitucional do Programa Stricto 
Sensu em Direito de Pós-graduação da Instituição 
Toledo de Ensino de Bauru-SP. Especialista em 
Direito Público pela Universidade Gama Filho. 
Especialista em Direito Tributário pela Fundação 
Getúlio Vargas de São Paulo. Advogada.
Sumário
APRESENTAÇÃO.....................................................................07
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo da Terceirização Trabalhista ......09
CAPÍTULO 2
Caracterização e Efeitos Jurídicos ...................................23
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
Especificidade da Administração Pública...........................37
Terceirização Através da Lei Nº 6.019/74 ...........................47
Terceirização e Responsabilidade ......................................67
Pontos Relevantes da Terceirização Trabalhista ...........79
Aspectos Processuais ......................................................... 91 
Do Controle da Terceirização ..........................................103
APRESENTAÇÃO
Este livro foi elaborado com o objetivo de ressaltar as alterações ocorridas 
na Lei 6.019/1974, bem como na aplicação da Súmula 331, do Tribunal Superior 
do Trabalho, no tocante a Terceirização Trabalhista, em decorrência da aprovação 
em 2017 das Leis nº 13.429 e 13.467.
O livro apresentará lacunas, bem como não esgotará todo o tema, pois, por se 
tratar de legislação nova no âmbito trabalhista, ainda há necessidade de aguardar 
o posicionamento que será adotado pela doutrina majoritária e jurisprudência.
A matéria, Terceirização Trabalhista, é examinada não apenas de forma 
conceitual, mas também, através de análise de questões controvertidas 
verificadas, principalmente, após a Reforma Trabalhista de 2017.
Com o estudo da evolução histórica deste instituto será possível compreender 
o seu desenvolvimento e a sua criação ao longo da evolução da legislação no 
Brasil e no mundo, bem como o motivo pelo qual adotaram as terminologias 
utilizadas na legislação e o fundamento, o momento político e social que era vivido 
quando foi fomentada a utilização da Terceirização Trabalhista.
 Igualmente, será possível caracterizar os tipos de terceirizações que existem 
em nosso ordenamento jurídico, bem como quais serão os efeitos que cada um 
deles trará para o contrato de prestação de serviços, levando-se em consideração 
a responsabilidade do tomador de serviços e do fornecedor de mão de obra 
através do presente instituto.
Ainda, será observado e demonstrado em quais hipóteses será possível a 
contratação de empresa terceirizada pela Administração Pública, bem como quais 
serão as suas responsabilidades perante as verbas trabalhistas do empregado 
terceirizado, diante de suas especificidades.
 
Através da identificação das alterações realizadas na Lei nº 6.019/74, será 
possível identificar a possibilidade de aplicação da lei do trabalho temporário para 
a terceirização trabalhista, bem como as hipóteses de pactuação, as formalidades 
e prazos estabelecidos e que devem ser respeitados, sob pena de, muitas vezes, 
ser considerada a nulidade do contrato de prestação de serviços formalizado 
entre tomador e terceirizante.
A partir da análise do presente livro, será possível compreender as 
diferenciadas situações de terceirização trabalhista que podem ocorrer no dia 
a dia, bem como a forma correta de garantir os direitos deste instituto, quando 
violados, junto ao poder judiciário.
Por fim, e não menos importante, restará evidente as limitações da 
terceirização trabalhista.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo da 
Terceirização Trabalhista
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender o surgimento, a evolução, o conceito e os fundamentos da 
terceirização trabalhista, identificando suas funções e características.
� Analisar as relações de trabalho em relação à terceirização com base nos 
direitos e garantias fundamentais.
� Analisar a influência da Lei 13.429/2017 na terceirização.
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 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
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Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
Contextualização
A terceirização trabalhista surgiu em decorrência da globalização e de crises 
econômicas suportadas pelos mais diversos países como forma de baixar custo 
de produção.
Assim, restará devidamente demonstrado com a evolução e contexto 
históricos do surgimento deste instituto, a terceirização trabalhista, que este foi 
criado tão somente para atender às necessidades das empresas, o que gerou 
muito desgastes e fraudes em detrimento do empregado.
Com ele surge o modelo trilateral de relação socioeconômica e jurídica, 
sendo que até então se falava apenas em relação bilateral de trabalho.
Toda essa construção normativa e de costume restará devidamente 
demonstrada neste capítulo.
Evolução Histórica da Terceirização 
Trabalhista
Conforme lição de Sergio Pinto Martins (2017, p. 22, que norteia todo este 
estudo sobre a evolução histórica desse instituto, a terceirização surgiu no 
Brasil, pelas multinacionais, “por volta do ano de 1950, pelo interesse que tinham 
em se preocupar apenas com a essência do seu negócio”, com o objetivo de 
desverticalizar as empresas, gerando novos empregos e novas empresas 
especializadas em determinado ramo de prestação de serviços, sendo a 
terceirização, um ramo bastante dinâmico, e que deve ser compatibilizado com a 
legislação vigente.
Este fenômeno possui realidade histórico-cultural e deve ser analisado de 
acordo com a noção do seu desenvolvimento dinâmico no transcurso do tempo, 
uma vez que ao estudar o passado, compreende-se o que ocorreu com o instituto 
durante o passar dos anos, tantos seus progressos como retrocessos.
Para se ter ideia, na Grécia, tivemos as primeiras aparições da terceirização 
trabalhista, já que as pessoas alugavam escravos, os quais eram usados no 
trabalho nas minas.
Frisa-se que as terceirizações surgiram, com maior ou menor intensidade 
em alguns países, mas em razão das crises econômicas passadas nestes locais, 
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 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
já que em época de crise o empresário busca diminuir o custo da produção, 
principalmente do que lhe é mais oneroso, ou seja, a mão de obra.
A terceirização também esteve presente no período da Segunda Guerra 
Mundial, oportunidade em que as indústrias bélicas estavam assoberbadas 
de trabalho e não estavam conseguindoproduzir em larga escala como era 
necessário. Diante de tal fato, verificou-se a possibilidade de delegar a terceiros 
algumas fases da fabricação de armas, e assim conseguir aumentar a produção, 
fornecendo todo armamento necessário para a guerra. 
Como já informado anteriormente, no Brasil, a ideia de terceirização foi 
trazida pelas empresas multinacionais, por volta do ano de 1950, quando elas 
entenderam por bem se preocupar tão somente com a essência do seu negócio. 
Como exemplo, temos as montadoras, que visavam, já naquela época, apenas 
à montagem final dos veículos automotores, terceirizando a produção de 
determinadas peças e outras fases da produção de componentes dos automóveis.
Outra forma de terceirização surgiu no ano de 1964, uma vez que a Lei 
nº 4.594 prevê em seu artigo 17 que a seguradora não pode vender seguros 
diretamente ao segurando, precisando se valer da prestação de serviços do 
corretor autônomo ou de corretoras de seguro.
As empresas terceirizadas de limpeza e conservação surgiram em 1967, 
sendo consideradas as pioneiras no Brasil.
Ainda, a legislação, em 1966, por meio dos Decretos nº 1212 e nº 1216, de 
referido ano, permitiu a prestação de serviços de segurança bancário por meio de 
empresa de segurança privada.
Já o Decreto nº 62756, de 22 de maio de 1968, trouxe as regras necessárias 
de funcionamento das agências de colocação ou intermediação de mão de obra, 
tornando lícita a contratação de funcionários por estas agências.
Com o advento do Decreto-Lei nº 1034, de outubro de 1969, que trata 
das medidas de segurança das instituições bancárias, caixas econômicas e 
cooperativas de créditos, também se verificou a possibilidade de contratação de 
terceiros para vigilância ostensiva, desde que respeitado o disposto no artigo 2º 
de referido Decreto-Lei, ou seja, que o serviço fosse exercido por elemento sem 
antecedentes criminais e com aprovação da Polícia Federal. Já o artigo 4º de 
referido Decreto-Lei era expresso no sentido de que as instituições financeiras 
poderiam admitir funcionários de segurança ou contratá-los a partir de empresas 
especializadas.
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Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
As empresas de serviços temporários surgiram nos Estados Unidos, quando 
um advogado contratou uma datilógrafa tão somente para datilografar um recurso 
de 120 laudas, já que sua secretária estava doente e não pôde executar o serviço 
em tempo hábil. Assim, iniciou uma empresa de fornecimento de mão de obra 
temporária.
Em 3 de janeiro de 1972, na França, foi editada a Lei nº 72-1, que trata 
do trabalho temporário, definindo que pessoas físicas ou jurídicas colocavam, 
provisoriamente, à disposição dos tomadores de mão de obra, ou clientes, 
as pessoas assalariadas, que seriam remuneradas para um determinado fim, 
podendo, inclusive, ser utilizado no meio rural.
No ano de 1973, a locação de mão de obra no Brasil se tornou frequente, 
havendo mais de 50.000 trabalhadores nessas condições na cidade de São 
Paulo, prestando serviços a mais de 10.000 empresas, sendo certo que o único 
objetivo dessas empresas era a mão de obra mais barata, sem ter que arcar com 
os custos do registro de funcionários.
Em 1974, o Deputado João Alves apresentou o Projeto de Lei nº 1.347, o 
qual se transformou na Lei nº 6.019/74, dispondo sobre o Trabalho Temporário 
nas Empresas Urbanas e dá outras providências.
Nesse contexto, em 1974, surge a primeira norma brasileira que efetivamente 
cuidou da Terceirização, Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, a qual regula o 
trabalho temporário, restando evidente que nosso legislador buscou subsídios na 
Lei Francesa nº 72-1 para edição desta lei, já que a semelhança entre elas é 
evidente. Frise-se, por oportuno, que o Decreto nº 73.841, de 13 de março de 
1974, regulamentou a legislação brasileira em comento.
Essa legislação tinha como cerne a regulamentação do trabalho temporário, 
já que alguns trabalhadores não podiam trabalhar de forma permanente e em 
período integral, como o caso, por exemplo, dos estudantes, jovens em idade de 
prestação de serviço militar, donas de casa, aposentados, dentre outros, e não 
concorrer com o trabalho permanente.
Assim, os bancos passaram a terceirizar suas atividades, inclusive 
contratando funcionários para cumprir jornadas de oito horas diárias e não mais 
as seis horas dos bancários.
Em 1983, mais precisamente em 20 de junho do referido ano, é editada a 
Lei nº 7.102, a qual legislou sobre a segurança dos estabelecimentos financeiros, 
permitindo a exploração de serviços de vigilância e de transporte de valores 
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 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
no setor financeiro, revogando o Decreto-Lei nº 1.034. A Lei nº 7.102 foi 
regulamentada pelo Decreto nº 89.056, de 24 de novembro de 1983.
Assim, a partir das Leis nº 6.019/74 e nº 7.102, tivemos a triangulação da 
relação de trabalho (empregado, empregador e tomador de serviços), não sendo 
mais bilateral a referida relação (empregado e empregador).
O fenômeno da terceirização vem sendo usado no mundo inteiro, 
principalmente na Europa. Em nosso país, passou a ser adotado pelas empresas, 
evidenciando a passagem da era industrial para a dos serviços.
Posteriormente, nos países industrializados, surgiu a quarteirização, ou seja, 
foi criado o fenômeno de gerenciamento de empresas terceirizadas.
Deixando agora de analisar o aspecto econômico, passamos a estudar 
o aspecto jurídico da terceirização, já que este fenômeno trouxe problemas na 
esfera trabalhista quanto à existência ou não de relação de emprego entre a 
pessoa terceirizada e sua ex-empresa.
Saliente-se que o artigo 170, inciso VIII, da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), estabelece o princípio de que a ordem econômica busca o pleno emprego, 
sendo que, por ser uma regra programática, deve ser complementada por lei 
ordinária, não podendo valer a interpretação de que a terceirização é proibida 
quando implica diminuição de postos de trabalho nas empresas, uma vez que o 
dispositivo constitucional é apenas um princípio a ser buscado. Na lição de Sergio 
Pinto Martins (2017, p. 25):
Os conflitos trabalhistas que decorrem da terceirização são 
relacionados à existência ou não da relação de emprego, 
dando ensejo à definição de uma posição da jurisprudência do 
TST, consubstanciada inicialmente na Súmula 256 do Colendo 
Tribunal Superior do Trabalho e posteriormente na sua revisão 
pela Súmula 331.
Não podemos deixar de mencionar a lição de Rafael Caldera (1985, p. 18) 
de que:
O Direito do trabalho não pode ser inimigo do progresso, porque 
é fonte e instrumento do progresso. Não pode ser inimigo da 
riqueza, porque sua aspiração é que ela alcance um número 
cada vez maior de pessoas. Não pode ser hostil aos avanços 
tecnológicos, pois eles são efeito do trabalho.
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Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
Portanto, há necessidade de conciliação entre os avanços tecnológicos, 
aptos, inclusive, a gerar novos empregos.
Apenas a título de ilustração, as estatísticas do TST mostram um grande 
número de processos sobre terceirização, conforme se depreende do quadro 
a seguir, extraído da obra Terceirização no direito do trabalho, de Sergio Pinto 
Martins (2017):
Quadro 1 – Processos decorrentes da terceirização
Ano Número de processos
2011 9.296
2012 16.181
2013 16.438
2014 15.082
Até abril de 2015 16.323
Fonte: Martins (2017, p. 26).
Não podemos deixar de analisar a Lei nº 13.429, de 31 de março 2017, a qual 
alterou a Lei nº 6.019/74, já que com o advento desta lei a terceirização passou a 
ter um diploma legal no Brasil, ainda que inserido dentro da Lei nº 6.019/74, que 
trata do trabalho temporário.
Terceirização no Direito Comparado
Em uma breve análise acerca da terceirização no direito comparado, vemos 
que há países que proíbem a utilização da terceirização, por considerarem 
prejudicial ao trabalhador,como é o caso da Itália e da Suécia.
Já outros países admitem apenas a contratação de trabalhador temporário, 
como é o caso da França, Bélgica e Noruega, por exemplo.
No caso da Alemanha, Inglaterra e Suíça, por exemplo, a terceirização não 
é regulamentada, o que acaba dando maior força às negociações coletivas de 
trabalho.
Por fim, o Japão prevê a terceirização e a regulamenta, inclusive, possuindo 
legislação específica que trata da matéria.
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 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Terminologia
São vários os nomes utilizados para denominar a contratação de terceiros 
pela empresa para prestação de serviços ligados a sua atividade-meio, tais 
como terceirização, terciarização, subcontratação, filialização, reconcentração, 
desverticalização, exteriorização do emprego, focalização, parceria etc. 
Em que pese haver diversas nomenclaturas para o tema na obra do professor 
Sergio Pinto Martins (2017), trataremos de algumas das terminologias utilizadas, 
já que há, no Brasil e no mundo, diversas formas de denominar a terceirização. 
Vejamos:
• Terciarização: decorre do fato de que o setor terciário, na 
cadeia produtiva, é o setor de serviços, já que o primário é a 
agricultura e o secundário, a indústria.
• Terceirização: entende-se pelo fato de a empresa contratar 
serviços de terceiros para a realização da sua atividade-
meio.
• Reconcentração e desverticalização: são processos de 
terceirização. Na primeira, as empresas são concentradas 
em uma espécie de fusão, sendo que a desverticalização é 
o descarte de atividades não rendosas dentro da empresa 
(próximo a nossa terceirização), bem como a contratação 
de serviços de terceiros para aqueles serviços que antes 
eram executados pela própria empresa, normalmente em 
empresas de menor porte (MARTINS, 2017, p. 27).
No Brasil, inicialmente, o termo terceirização foi utilizado na administração de 
empresas, sendo utilizado, posteriormente, pelos tribunais trabalhistas, podendo 
ser descrito como contratação de terceiros para realização de atividades que não 
constituam o objeto principal da empresa.
Segundo Maurício Godinho Delgado (2012, p. 435), a expressão 
terceirização “resulta de neologismo oriundo da palavra terceiro, compreendido 
como intermediário, interveniente”. 
O vínculo de emprego se forma com o empregador aparente, ou seja, com 
a prestadora de serviços, desde que preenchidos os requisitos legais, caso 
contrário, nos termos do princípio trabalhista da primazia da realidade, o vínculo 
de emprego será com seu real empregador, ou seja, com o tomador.
Em países mais adiantados surgiu a terceirização gerenciada, ou a chamada 
quarteirização, que é a contratação de uma empresa especializada que gerencia 
as empresas terceirizadas. Essa empresa passa a administrar os fornecedores da 
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Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
terceirizante, em razão do grande número deles. Exemplo de quarteirização é a 
empresa GR, integrante do Grupo Ticket Serviços, que gerencia os fornecedores 
da IBM.
É importante salientar que já se fala, no Brasil, da desterceirização, ou seja, 
a retomada pela empresa dos serviços terceirizados, uma vez que restou constado 
que a terceirização foi falha, não houve a mesma qualidade do terceirizante na 
prestação de serviços.
Conceito
A terceirização é uma “relação trilateral”, ou seja, é composta pelo 
“trabalhador, intermediador de mão de obra e o tomador de serviços”. Nessa 
conceituação, temos que o intermediador de mão de obra é o empregador 
aparente, formal ou dissimulado e o tomador de serviços, o empregador real ou 
natural, conforme muito bem observado por Volia Bomfim Cassar (2016, p. 480).
Segundo Maurício Godinho (2012, p. 435), “terceirização é o fenômeno pelo 
qual se dissocia a relação econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe 
seria correspondente”.
Para Sergio Pinto Martins (2017, p. 31), terceirização é “a possibilidade 
de contratar empresa prestadora de serviços para a realização de atividades 
específicas da tomadora”, compreendendo ainda, “uma forma de contratação 
que vai agregar a atividade-fim de uma empresa, normalmente a que presta os 
serviços, à atividade meio de outra”. 
A partir da análise desses conceitos de terceirização, verifica-se que seu 
objetivo é permitir a flexibilização das empresas para que estas possam continuar 
competitivas no mercado, já que a contratação de uma empresa prestadora de 
serviço de atividade-meio reduz os custos da tomadora com folha de pagamento.
Conclui-se, também, a partir dos conceitos de terceirização, que esta não 
se confunde com empreitada e com subcontratação, isso porque, naquela o 
interesse é no resultado de uma única obra, por exemplo, construção de um muro. 
Já a subcontratação visa à contratação de mão de obra para suprir o aumento de 
produção pontual.
Ainda, a terceirização se distingue do contrato de trabalho, uma vez que este 
é bilateral e aquele é trilateral, além disso, sua natureza jurídica é de contrato de 
prestação de serviços, sendo uma forma de gerir de mão de obra.
18
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Fundamentos
A terceirização decorre da necessidade dos empresários de buscar 
alternativas para reduzir seu custo de produção a fim de se manterem competitivos 
no mercado, em decorrência da globalização ou crise econômica mundial, 
conforme restou devidamente demonstrado alhures.
Diante de tal cenário, e da inexistência de legislação que proibisse as formas 
de exteriorização de mão de obra, as mais diversas foram criadas, gerando ato 
ilícito, em violação ao artigo 187, do Código Civil, já que este dispõe que “[...] 
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente 
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes” (Brasil, 2002).
Com esta busca das empresas de solucionar um problema capital, de 
mercado e consequente abuso em face dos trabalhadores, não restou alternativa 
ao judiciário, senão ampliar as hipóteses de terceirização, cancelando a Súmula 
287, do C. TST e editando a Súmula 331, a seguir transcrita:
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à 
redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 
31.05.2011
I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é 
ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos 
serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, 
de 03.01.1974). 
II – A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa 
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da 
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, 
II, da CF/1988).
III – Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação 
de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de 
conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados 
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a 
pessoalidade e a subordinação direta.
IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte 
do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do 
tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que 
haja participado da relação processual e conste também do 
título executivo judicial.
V – Os entes integrantes da Administração Pública direta e 
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições 
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no 
cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, 
19
Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações 
contratuais e legais da prestadora de serviço como 
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero 
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela 
empresa regularmente contratada.
VI –A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços 
abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes 
ao período da prestação laboral (BRASIL, 2017).
Ocorre que, muitas vezes, o vínculo de emprego, na verdade, está 
mascarado, sendo que o verdadeiro empregador é o tomador de serviços. Nestes 
casos, há que ressaltar que há violação de vários princípios, sejam constitucionais 
ou do próprio Direito do Trabalho, sendo que a seguir estão elencados alguns dos 
princípios violados com a contratação de prestadores de serviços, com a única 
intenção de burlar a legislação trabalhista vigente, vejamos:
• da proteção ao empregado; 
• da norma mais favorável; 
• da condição mais benéfica ;
• do tratamento isonômico entre os trabalhadores que prestam serviços em 
uma mesma empresa;
• do único enquadramento sindical;
• do único empregador.
O princípio da proteção ao empregado, por exemplo, tem força constitucional, 
nos termos do artigo 7º, caput, da Constituição Federal, já que traz um rol 
exemplificativo, em seus diversos incisos, dos direitos dos trabalhadores, 
direitos mínimos que devem ser respeitados, dispondo que “são direitos dos 
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social”. 
Logo, a ausência de um dos requisitos da Lei nº 6.019/74 ou da Lei nº 
7.102/83 gera nulidade da cláusula de intermediação de mão de obra, com o 
reconhecimento de vínculo direto com o tomador de serviços.
Ainda, a Instrução Normativa nº 3/97, do Ministério do Trabalho, vem tentando 
inibir os abusos das empresas em fraudar a terceirização. Verifica-se que se trata 
de um trabalho em conjunto de várias esferas, judiciais ou administrativas, para 
que as fraudes sejam extintas, bem como sejam respeitadas as leis, a Constituição 
Federal e as Instruções Normativas, como forma de inibir a utilização ilegal da 
terceirização trabalhista.
20
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Atividades de Estudos:
1) Qual o objetivo da terceirização? 
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2) Quando a terceirização surgiu no Brasil? 
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Algumas Considerações
A partir da análise do presente capítulo foi possível observar toda a influência 
histórica que acarretou na criação deste instituto de direito do trabalho, qual seja, 
a terceirização trabalhista, bem como seu conceito, restando evidenciado que se 
trata de uma situação diferenciada, já que é uma relação jurídica trilateral, e não 
bilateral como ocorre nos contratos de trabalhos convencionais, cujo objetivo é 
puramente mercantil, visando à diminuição do custo da mão de obra.
21
Introdução ao Estudo da Terceirização 
Trabalhista
 Capítulo 1 
Referências
BRASIL. Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o trabalho 
temporário nas empresas urbanas, e dá outras providências. Promulgada em 3 de 
janeiro de 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6019.
htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
_____. Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983. Dispõe sobre segurança 
para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e 
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e 
de transporte de valores, e dá outras providências. Promulgada em 20 de junho 
de 1983. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7102.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada 
em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil, em 10 de 
janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/
l10406.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Resolução nº 220 de 18 de setembro de 2017. Súmulas da Jurisprudência 
Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. Divulgado no Diário Oficial da 
Justiça do Trabalho em 21, 22 e 25 de setembro de 2017. Disponível em: 
<http://www.tst.jus.br/web/guest/sumulas>. Acesso em: 12 jun. 2018.
CALDERA, Rafael. Discurso. Anais do XI Congresso Internacional de Direito 
do Trabalho e Seguridade Social. Caracas, 1985, v.1, p. 18.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 12. ed. São Paulo: Método, 2016.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: 
LTr, 2012.
MARTINS, Sergio Pinto. Terceirização no direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
22
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
CAPÍTULO 2
Caracterização e Efeitos Jurídicos
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Identificar as características e espécies de terceirização.
� Compreender os efeitos jurídicos da terceirização, identificando o vínculo do 
terceirizado com o tomador de serviços, bem como a necessidade de salário 
equitativo.
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 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
25
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Contextualização
A terceirização para a doutrina majoritária pode ser lícita ou ilícita, sendo que, 
para alguns autores, deveria ser classificada como regular ou irregular, uma vez 
que este tipo de prestação de serviços não é proibido pela legislação vigente.
Assim, dentro desse contexto, passaremos a analisar, sob a égide das 
normas vigentes em nosso ordenamento jurídico, a caracterização e os efeitos 
jurídicos da terceirização no direito do trabalho.
Terceirização Lícita e Ilícita
Primeiramente, faz-se importante mencionar que não existe norma vedando 
a contratação de serviços por terceiros em nosso ordenamento jurídico vigente, 
sendo que, de forma geral, são dois os limites da terceirização, quais sejam: a) os 
constitucionais; b) os legais.
Não podemos esquecer que a terceirização, como não é vedada pelo 
ordenamento jurídico vigente, precisa ser analisada sob o crivo do princípio da 
dignidade da pessoa humana, o qual contempla um dos objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil, previsto no artigo 3º, inciso III, da Constituição 
Federal, qual seja, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais” (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Ainda, é necessário fazer a sistematização do inciso III, do artigo 3º da CF, 
anteriormente transcrito, com o artigo 170, da Constituição Federal, restando 
devidamente demonstrado serem lícitos quaisquer serviços, vejamos: “a ordem 
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem 
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios” (BRASIL, 1988, s.p.). 
Portanto, o Código Civil, de forma lícita, e com fundamento nos artigos 
constitucionais mencionados alhures, trata, de forma totalmente lícita, da 
prestação de serviços, em seus artigos 593 a 609, bem como da empreitada, em 
seus artigos 610 a 626.
Assim, resta evidente que essa forma de contratação nem sempre é ilegal ou 
ilícita, sendo considerada válida, legal ou lícita, sempre que cumpridosos ditames 
legais.
26
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
A partir da análise do inciso I, da Súmula 331, do C. TST é possível concluir 
que, uma vez constada a fraude, o vínculo de emprego será diretamente com o 
tomador de serviços, não sendo esta a regra, mas a exceção. Vejamos:
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) 
- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é 
ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador 
dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 
6.019, de 03.01.1974) (BRASIL, 2011, s.p.).
Frise-se, por oportuno, que a aplicação do inciso transcrito somente será 
possível quando da aplicação conjunta do artigo 9º da CLT “serão nulos de pleno 
direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a 
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação” (BRASIL, 1943, s.p.), 
já que se faz necessário o reconhecimento da nulidade de um negócio jurídico, 
para que seja celebrado outro.
Conforme preconizado por Sergio Pinto Martins (2017, p. 214), e para melhor 
entender os tipos de terceirização, vale transcrever a distinção entre terceirização 
legal ou lícita e ilegal ou ilícita:
A terceirização legal ou lícita é a que observa os preceitos 
legais relativos aos direitos dos trabalhadores, não pretendendo 
fraudá-los, distanciando-se da existência da relação de 
emprego. A terceirização ilegal ou ilícita é a que se refere à 
locação permanente de mão de obra, que pode dar ensejo a 
fraudes e a prejuízos aos trabalhadores. (grifo nosso) 
Ainda, segundo Vólia Bomfim Cassar (2016, p. 489), as terceirizações têm 
que ser classificadas como regulares e irregulares, “porque não há lei que as 
proíba”. 
 
A partir dessa distinção, analisaremos de forma detalhada as terceirizações 
lícitas e ilícitas.
a) Terceirização Lícita
As terceirizações lícitas, segundo Maurício Godinho Delgado (2012, p. 449), 
“estão, hoje, claramente assentadas pelo texto da Súmula 331,TST”, constituindo 
quatro grandes grupos de situações sociojurídicas delimitadas, quais sejam, 
trabalho temporário, atividade de vigilância, atividade de conservação e limpeza e 
serviços ligados à atividade-meio do tomador de serviços. 
27
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Para Sergio Pinto Martins (2017, p. 214), “a terceirização é lícita, pois toda 
a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada 
mediante retribuição (artigo 594 do Código Civil)”. 
A partir desses conceitos de terceirização lícita, é importante analisar 
algumas das suas hipóteses previstas em nosso ordenamento jurídico:
a) Trabalho temporário (Lei nº 6.019/74 e Súmula 331, I, do 
C. TST): nesta situação será lícita a terceirização por se tratar 
de necessidade transitória, seja pela substituição de pessoal 
permanente, seja pelo aumento inesperado de serviços da 
empresa, de forma extraordinária. Explica-se ainda que este 
tipo de prestação de serviços para o tomador não pode superar 
180 (cento e oitenta) dias.
b) Vigilantes: (Lei nº 7.102/83 e Súmula 331, III, do C. TST): 
hoje, com a redação da Súmula 331, do C. TST, qualquer 
atividade empresária ou pessoa física, pode contratar vigilante 
através de empresas especializadas.
c) Conservação e limpeza (Súmula 331, III, do C. TST): este 
foi um dos primeiros ramos a entrar na atividade terceirizante 
no Brasil.
d) Serviços ligados à atividade-meio (Súmula 331, do C. TST): 
não se trata de um grupo expresso, bastando que a atividade 
terceirizada não seja a preponderante da empresa tomadora 
dos serviços. 
Além disso, não podemos deixar de elencar outras hipóteses de terceirização 
lícita, vejamos: a empreitada (artigos 610 a 626, do CC), a subempreitada (artigo 
455, da CLT), das empresas que estejam no formato da Lei Complementar nº 
116/2003, representante comercial autônomo (Lei nº 4.886/65), compensação de 
cheques, estagiários (Lei nº 11.788/2008) e cooperativas (Lei nº 12.690/2012).
A terceirização na prestação de serviços de telecomunicação também é 
possível, Lei nº 9.472/1997, artigo 94, inciso II, quanto à instalação e manutenção 
de telefones. Vejamos:
Art. 94. No cumprimento de seus deveres, a concessionária 
poderá, observadas as condições e limites estabelecidos pela 
agência:
[...]
II - contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades 
inerentes, acessórias ou complementares ao serviço, bem 
como a implementação de projetos associados. (grifo nosso)
§ 1° Em qualquer caso, a concessionária continuará sempre 
responsável perante a agência e os usuários.
§ 2° Serão regidas pelo direito comum as relações da 
concessionária com os terceiros, que não terão direitos 
frente à agência, observado o disposto no art. 117 desta Lei.
(grifo nosso)
28
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Na prestação de serviços terceirizados não podem estar presentes os 
elementos do artigo 3º da CLT, entre o tomador de serviços e do prestador, 
principalmente a subordinação, sendo certo que o tomador pode exigir, de forma 
técnica, como será prestado o serviço, mas não pode solicitar que a prestação 
de serviços seja realizada por uma pessoa determinada, e tampouco, poderá 
controlar a sua jornada de trabalho, por exemplo.
Importante relembrar neste momento as disposições do artigo 3º da CLT, 
vejamos:
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que 
prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob 
a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie 
de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho 
intelectual, técnico e manual. (BRASIL, 1943, s.p.).
Portanto, a fim de manter a licitude da terceirização, bem como não 
caracterizar a relação de emprego entre o tomador e o prestador, nos ditames de 
Sergio Pinto Martins (2017, p. 216), a terceirizada tem que seguir algumas regras, 
quais sejam:
a) Idoneidade econômica.
b) Assunção de riscos.
c) Especialização no serviço.
d) Direção dos serviços prestados.
e) Utilização do serviço, principalmente na atividade-meio.
f) Necessidade extraordinária e temporária dos serviços.
Ainda, conforme entendimento de Martins (2017, p. 217), o quadro de 
funcionários da empresa prestadora de serviços será composto por empregados 
contratados por prazo indeterminado, ou seja, permanentes, porém, “prestando 
serviços para tomadores de diversos”. Já na tomadora, “a mão de obra extra será 
utilizada apenas quando necessária”. 
O artigo 6º da CLT dispõe que “não se distingue entre o trabalho realizado 
no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado 
e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos 
da relação de emprego”. (Brasil, 1943, grifo nosso). Logo, deve-se evitar a 
terceirização para pessoas físicas, já que é muito fácil a caracterização do vínculo 
empregatício nestas hipóteses, bem como priorizar a contratação com pessoa 
jurídica.
29
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Não é demais rememorar que, nos termos do artigo 3º da CLT, anteriormente 
transcrito, o contrato de trabalho se dá com pessoa física, não havendo falar em 
vínculo de emprego entre pessoas jurídicas. 
Aplica-se nestes casos o princípio da primazia da realidade, prevalecendo, 
sempre, a verdade dos fatos, a relação que verdadeiramente ocorreu entre 
prestador e tomador, independentemente do nome contratual dado à situação 
jurídica, restando evidenciada a relação de emprego, nos moldes do artigo 3º da 
CLT, esta será reconhecida, considerando nulo o contrato firmado.
Portanto, não é possível generalizar afirmando que toda terceirização é 
ilícita ou lícita, uma vez que dependerá do caso concreto e da realidadefática 
vivenciada pelas partes naquele determinado caso concreto.
A Lei nº 13.429/2017 não pode impedir a terceirização, pois isso prejudicaria o 
sistema econômico e financeiro, uma vez que não seriam mais criadas empresas 
e, tampouco, postos de trabalhos em nosso país.
A distinção da terceirização lícita ou legal da terceirização fraudulenta, ilícita 
ou ilegal não é matéria fácil, cabendo ao poder judiciário que faça essa análise 
caso a caso.
Atividades de Estudos:
1) Da análise do estudo realizado acerca da terceirização lícita, é 
possível afirmar que uma empresa que terceirizar secretárias é 
lícita? Justifique e fundamente.
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2) O ex-funcionário da tomadora, agora como autônomo ou 
microempreendedor, deve ser contratado como terceirizado? 
Justifique e fundamente.
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30
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
b) Da ausência de pessoalidade e subordinação diretas
A terceirização não pode ser utilizada de forma a burlar, fraudar a legislação 
contida na Consolidação das Leis Trabalhistas, razão pela qual o inciso III, da 
Súmula 331, do TST, tomou o cuidado de prever, esta somente será possível 
quando ausentes a pessoalidade e a subordinação direta, vejamos:
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) 
- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
[...]
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação 
de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de 
conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados 
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a 
pessoalidade e a subordinação direta.
Frise-se que a subordinação direta e a pessoalidade existirão entre o 
empregado e a empresa terceirizante, jamais com a empresa tomadora de 
serviços, pois se este último fato ocorrer, estaremos diante de uma terceirização 
fraudulenta.
Repise-se, por oportuno, a exceção do inciso I, da Súmula 331, do TST, uma 
vez que no caso de trabalho temporário, não se exige a ausência de pessoalidade 
e subordinação entre obreiro e tomador de serviços. 
Conforme salientado por Mauricio Godinho Delgado (2012, p. 451), o trabalho 
temporário “é a única modalidade de terceirização lícita em que se permite 
a pessoalidade e a subordinação diretas do trabalhador terceirizado perante o 
tomador de serviços”. 
c) Da terceirização ilícita
Portanto, toda terceirização realizada sem a observância dos ditames 
da Súmula 331, do TST, bem como da legislação apontada no tópico em que 
tratamos da terceirização lícita, será ilícita, pois estaremos diante de uma tentativa 
de fraudar, burlar os artigos 2º e 3º da CLT, já que existirá um vínculo de emprego 
mascarado.
Nestes casos será analisado com qual empresa realmente existe o vínculo 
de emprego (prestadoras e tomadoras), com base no princípio da primazia da 
realidade. 
31
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Segundo Gustavo Felipe Barbosa Garcia (2018, p. 70), princípio da primazia 
da realidade “indica que, na relação de emprego, deve prevalecer a efetiva 
realidade dos fatos, e não eventual forma construída em desacordo com a 
verdade”.
d) Dos efeitos jurídicos da terceirização
A terceirização acarreta dois efeitos jurídicos, devidamente previstos no 
inciso I, da Súmula 331, do TST, quais sejam: a) reconhecimento de vínculo 
empregatício com o tomador de serviços; b) o chamado salário equitativo; os 
quais serão abordados separadamente.
e) Do vínculo com o tomador de serviços
O vínculo de emprego com o tomador de serviços será reconhecido sempre 
que ficar caracterizada que foi fraudulenta a contratação de mão de obra por 
empresa interposta, conforme previsto no inciso I, da Súmula 331, do TST, 
(BRASIL, 2011).
Conforme já estudado anteriormente, a contratação de mão de obra por 
empresa interposta não é ilegal, a não ser quando esta for fraudulenta, ou 
seja, tenha a intenção de frustrar a aplicação da lei trabalhista vigente em uma 
determinada relação de trabalho. 
Portanto, nos termos do inciso I, da Súmula 331, do TST, (BRASIL, 2011), 
uma vez constatada a fraude, será nulo o contrato de trabalho firmado com a 
empresa interposta, com o consequente reconhecimento de vínculo de emprego 
com a empresa tomadora de serviços, aplicando-se, de imediato, a norma coletiva 
da categoria da tomadora, bem como todos os benefícios que os seus funcionários 
possuem.
Frise-se, no entanto, que há uma exceção para esta regra, qual seja, nos 
casos de trabalho temporário, já que estes contratos terão prazo de 180 dias, 
consecutivos ou não, prorrogáveis por mais 90 dias, §§ 1º e 2º, do artigo 10, da 
Lei nº 6.019/74, vejamos:
Art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de 
serviços, não existe vínculo de emprego entre ela e os 
trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho 
temporário. (grifo nosso).
§1o O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo 
empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e 
oitenta dias, consecutivos ou não. (grifo nosso).
32
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
§2o O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, 
consecutivos ou não, além do prazo estabelecido no § 1o deste 
artigo, quando comprovada a manutenção das condições que 
o ensejaram. (grifo nosso).
Não podemos deixar de observar que o artigo 10, parágrafos 1º e 2º da 
Lei nº 6.019/74, foi introduzido pela Lei nº 13.429/2017, denominada “Reforma 
Trabalhista”, que será abordada no tópico do trabalho temporário.
Portanto, é evidente que, uma vez constada fraude na contratação de 
empresa interposta, haverá o reconhecimento de vínculo de emprego direto com 
o tomador de serviços.
f) Da isonomia: salário equitativo
Primeiramente, há que ser recordado que os trabalhadores, necessariamente, 
devem ter tratamento isonômico na relação de emprego, ou seja, não podem ser 
tratados de formas distintas, que acarretem diferenças salariais ou exercício de 
funções.
No entanto, quando há contratação de empresa terceirizada para a prestação 
de serviços nos tomadores, ainda que de forma lícita, há dúvidas quanto à 
manutenção da isonomia entre estes funcionários, pois, normalmente, não há 
tratamento isonômico entre o obreiro terceirizado em face dos trabalhadores 
pertencentes ao quadro de funcionários da empresa tomadora.
O artigo 7º, inciso XXXII, da CF, traz preceito antidiscriminatório, e taxativo, 
uma vez que garante os direitos básicos dos trabalhadores urbanos ou rurais, 
bem como proíbe qualquer distinção entre os mais variados tipos de trabalho. 
Vejamos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico 
e intelectual ou entre os profissionais respectivos; (BRASIL, 
1988, s.p., grifo nosso)
Já o artigo 461, da CLT, com sua redação alterada pela Lei nº 13.467/2017, 
dispõe que “sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao 
mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá 
igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade” (BRASIL, 
2017, grifo nosso). Logo, o trabalho exercido por dois trabalhadores para o mesmo 
empregador acarreta o direito à equiparação salarial.
33
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Por sua vez, o artigo 12, alínea “a” da Lei nº 6019/74,garante ao trabalhador 
terceirizado “remuneração equivalente à percebida pelos empregados de 
mesma categoria da empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, 
garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional” 
(BRASIL, 1974, s.p., grifo nosso). Evidente a existência do que hoje, chamamos, 
de salário equitativo.
Verifica-se, portanto, que, a partir da análise da alínea “a”, do artigo 12, da 
Lei nº 6019/74, de modo a mitigar o caráter antissocial da fórmula terceirizante, 
foi dada interpretação de que todas as parcelas de caráter salarial que são 
devidas aos empregados originários da entidade tomadora são estendidas aos 
trabalhadores terceirizados, havendo diversos julgados neste sentido.
No entanto, a jurisprudência não é pacífica neste sentido, mantendo a 
interpretação de que se a terceirização é lícita, o salário é do padrão remuneratório 
da prestadora de serviços e não da tomadora, sendo certo que hoje, temos muitos 
postos de trabalhos de empresas terceirizadas com salários inferiores aos salários 
dos tomadores de serviços.
Isso porque, na terceirização temos uma triangulação, sendo que um 
empregado pertence ao tomador de serviço e o outro à empresa prestadora 
de serviços, não havendo como falar em equiparação salarial, já que um dos 
requisitos para a equiparação é prestar serviço para o mesmo empregador.
Esclareça-se que a regra do artigo 12, da Lei nº 6.019/74, 
é aplicável tão somente aos trabalhadores temporários, não se 
estendendo a todas as classes e tipos de empresas terceirizadas.
Conforme observado por Martins (2017, p. 171), “não pode 
ser aplicada por analogia a regra da alínea ‘a’ do art. 12 da Lei nº 
6.019/74 em relação a outras empresas que fazem terceirização, 
como empresas de segurança, vigilância e transporte de valores, 
empresas de limpezas ou outras” (grifo nosso), uma vez que o serviço 
de segurança, previsto na Lei nº 7102/83, é norma posterior à lei de 
temporários e não trouxe regra neste sentido, o que poderia ter feito.
Já o serviço de limpeza e conservação não é regulamentado, não possui 
norma regulamentando esta atividade, não podendo ser aplicada a analogia neste 
caso. A Orientação jurisprudencial 383 da SDBI-1 do TST afirma que:
Esclareça-se que 
a regra do artigo 
12, da Lei nº 
6.019/74, é aplicável 
tão somente aos 
trabalhadores 
temporários, não 
se estendendo a 
todas as classes e 
tipos de empresas 
terceirizadas.
34
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA 
PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. 
ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974. 
(mantida) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 
31.05.2011
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa 
interposta, não gera vínculo de emprego com ente da 
Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio 
da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às 
mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas 
àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que 
presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 
12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.
Já Delgado (2012, p. 454) entende que é “plenamente compatível com as 
demais situações-tipo de terceirização” aplicar a analogia, possibilitada no artigo 
8º da CLT, quando conjugada à norma Constitucional e com a alínea “a”, do artigo 
12, da Lei nº 6.019/74.
A priori, comungamos do entendimento de Sergio Pinto Martins (2017), já 
que se trata de empregadores diferentes, quais sejam, tomador de serviços e 
prestador de serviços, bem como por inexistir legislação específica que autorize a 
equiparação salarial.
No entanto, frise-se a necessidade de interpretar a legislação sempre à luz 
da Constituição Federal e dos princípios de direito do trabalho.
Algumas Considerações
Com o estudo da terceirização lícita e ilícita é possível observar que uma vez 
demonstrada que a terceirização foi realizada por empresa interposta de forma a 
mascarar a relação de emprego com o tomador de serviço, esta será considerada 
nula de pleno direito, bem como poderá ser reconhecido o vínculo de emprego 
diretamente com a empresa onde é prestado o serviço, aplicando o princípio da 
primazia da realidade. 
35
Caracterização e Efeitos Jurídicos Capítulo 2 
Referências
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Leis do Trabalho. Aprovada em 1 de maio de 1943. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada 
em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o trabalho temporário 
nas empresas urbanas, e dá outras providências. Promulgada em 3 de janeiro 
de 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6019.htm>. 
Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983. Dispõe sobre segurança 
para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e 
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e 
de transporte de valores, e dá outras providências. Promulgada em 20 de junho de 
1983. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7102.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Dispõe sobre a organização dos 
serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador 
e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 
1995. Promulgada em 16 de junho de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9472.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil, em 10 de 
janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/
l10406.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Resolução nº 220 de 18 de setembro de 2017. Súmulas da Jurisprudência 
Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. Divulgado no Diário Oficial da Justiça 
do Trabalho em 21, 22 e 25 de setembro de 2017. Disponível em: 
<http://www.tst.jus.br/web/guest/sumulas>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Resolução nº 220 de 18 de setembro de 2017. 01 – Subseção I Especializada em 
Dissídios Individuais – SBDI I. Divulgado no Diário Oficial da Justiça do Trabalho em 
21, 22 e 25 de setembro de 2017. Disponível em: <http://www.tc.df.gov.br/c/document_
library/get_file?p_l_id=927025&groupId=657810&folderId=2602211&name=DLFE-
18552.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2018.
36
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho, 12. ed. São Paulo: Método, 2016.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: 
LTr, 2012.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 12. ed. rev., 
atul. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
MARTINS, Sergio Pinto. Terceirização no direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
CAPÍTULO 3
Especificidade da Administração 
Pública
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Identificar a possibilidade de contratação de prestadores de serviços pela
 administração pública.
� Identificar a responsabilidade da administração pública nos casos de 
 terceirização.
Professora convidada:
Gabriela Gavioli
38
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
39
Especificidade da Administração Pública Capítulo 3 
Contextualização
A terceirização de mão de obra na administração pública é plenamente 
possível, inclusive sendo realizada de forma lícita, conforme restará plenamente 
demonstradoneste capítulo.
Na verdade, a terceirização na administração pública já vem 
ocorrendo, conforme se observa da coleta de lixo e transporte público, 
além da medição de consumo de água, de gás, energia elétrica, dentre 
outros serviços que já são realizados por meio de empresa interposta, 
ou seja, de mão de obra terceirizada.
Como ensina Delgado (2012, p. 455), o que gera dúvidas em 
relação a essa forma de contratar, é que a Constituição Federal de 
1988 “colocou a aprovação prévia em concurso público de provas ou 
de provas e títulos” para investidura em cargo ou emprego público, 
regra esta que impôs óbice ao reconhecimento de vínculo entre o 
tomador de serviços (poder público) e o prestador de serviços, ainda 
que caracterizada a ilicitude da terceirização.
Portanto, ao analisar o artigo 37, inciso II e parágrafo 2º da 
Constituição Federal, é possível observar que é inviável, juridicamente, o 
reconhecimento de vínculo de emprego entre o trabalhador e a administração 
pública, ainda que reste caracterizada a terceirização ilícita, uma vez que a forma 
da contratação é a essência do ato de contratação de trabalhadores. Vejamos:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte: 
[...]
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de 
aprovação prévia em concurso público de provas ou de 
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade 
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as 
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração.
[...]
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará 
a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, 
nos termos da lei (BRASIL, 1988, s.p., grifo nosso).
Corroborando o texto constitucional, bem como consagrando o entendimento 
do Tribunal Superior do Trabalho, foi editado o inciso II, da Súmula 331, do TST, 
prevendo, expressamente, que não gera vínculo de emprego com a administração 
pública a contratação irregular de empresa interposta. Vejamos:
A terceirização 
na administração 
pública já vem 
ocorrendo, conforme 
se observa da 
coleta de lixo e 
transporte público, 
além da medição de 
consumo de água, 
de gás, energia 
elétrica, dentre 
outros serviços que 
já são realizados por 
meio de empresa 
interposta, ou seja, 
de mão de obra 
terceirizada.
40
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) 
- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
[...]
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa 
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da 
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 
37, II, da CF/1988). (BRASIL, 2011, s.p., grifo nosso).
Saliente-se que não poderá a administração pública terceirizar serviços que 
lhe são peculiares, tais como justiça, segurança pública, fiscalização, diplomacia, 
dentre outros.
A administração pública pode terceirizar serviços através da concessão e 
permissão, nos termos da Lei nº 8.987/95, a qual regulamenta o artigo 175 da 
Constituição Federal, ao prever que “incumbe ao Poder Público, na forma da 
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de 
licitação, a prestação de serviços públicos” (BRASIL, 1995).
Os conceitos de permissão e concessão estão previstos no artigo 2º, incisos 
II e IV da Lei nº 8.987/95, transcritos a seguir:
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
[...]
II - concessão de serviço público: a delegação de sua 
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na 
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de 
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, 
por sua conta e risco e por prazo determinado; 
[...]
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título 
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, 
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que 
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e 
risco (BRASIL, 1995, s.p., grifo nosso).
Ainda é possível verificar a possibilidade de terceirização dos 
serviços públicos a partir da simples leitura do artigo 25, parágrafo 
1º, da Lei nº 8.987/95, no qual restou possibilitada a contratação de 
terceiros para o “desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias 
ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação 
de projetos associados” (BRASIL, 1995).
Portanto, é evidente que há possibilidade de terceirização de 
serviços públicos, mas que o reconhecimento da sua ilicitude não gera o 
direito ao reconhecimento de vínculo de emprego entre a administração 
pública e o empregado terceirizado.
Há possibilidade 
de terceirização 
de serviços 
públicos, mas que 
o reconhecimento 
da sua ilicitude não 
gera o direito ao 
reconhecimento 
de vínculo de 
emprego entre 
a administração 
pública e o 
empregado 
terceirizado.
41
Especificidade da Administração Pública Capítulo 3 
Do Inciso II da Súmula 331, do TST
Conforme estudado no tópico anterior, o inciso II, do artigo 37 da 
Constituição Federal, prevê que a investidura em cargo ou emprego 
público depende de aprovação em concurso público, sendo certo que 
tal regra é aplicada para a administração pública direta, indireta ou 
fundacional.
Em análise ao inciso XXI, do artigo 37, da Constituição Federal, é possível 
contratar serviços de terceiros pela administração pública, desde que realizada a 
contratação por meio de licitação, corroborando também a disposição do artigo 
175 da CF.
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e alienações serão contratados 
mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, 
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, 
o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. (BRASIL, 1988, s.p., grifo nosso).
Portanto, não há falar em vínculo de emprego entre o trabalhador terceirizado 
e a administração pública direta, indireta ou empresas estatais. 
Frise-se, ainda, que da leitura do texto constitucional em questão, qual seja, 
artigo 37, inciso II, o trabalhador que não foi aprovado em concurso público não 
pode ser considerado como empregado público, sendo certo que não respeitar 
esse preceito legal também violaria o princípio da legalidade.
O requisito concurso público é essencial à validade do negócio jurídico. 
Lembrando que a validade do negócio jurídico está regulamentada no Código 
Civil Brasileiro, nos artigos transcritos a seguir:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá 
de forma especial, senão quando a lei expressamente a 
exigir.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
Tal regra é 
aplicada para a 
administração 
pública direta, 
indireta ou 
fundacional.
42
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere 
essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhea prática, 
sem cominar sanção. (BRASIL, 2002, s.p.).
O “caput” do artigo 37 da Constituição Federal dispõe que a administração 
pública está adstrita ao princípio da legalidade, sendo que o princípio da primazia 
da realidade não pode prevalecer diante desta regra de ordem pública.
Isso porque a norma constitucional está acima das regras ordinárias da CLT, 
bem como dos princípios do Direito do Trabalho, que somente são aplicados em 
caso de lacuna na lei, nos termos do artigo 8º da CLT, in verbis:
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do 
Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, 
decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, 
por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, 
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo 
com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre 
de maneira que nenhum interesse de classe ou particular 
prevaleça sobre o interesse público. (BRASIL, 1943, s.p.).
Em que pese haver posicionamentos diversos sobre a existência 
ou não de direitos trabalhistas a serem pagos para o trabalhador 
terceirizado, filiamo-nos ao posicionamento do Sergio Pinto Martins 
(2017, p. 199) que afirma que, minoritária na jurisprudência, “a falta de 
concurso tanto é ilegal para a administração como para o trabalhador, 
que deveria saber de sua necessidade, pois não pode ignorar a lei (art. 
3º da Lei de Introdução)”.
Saliente-se que, estando a administração pública adstrita ao 
princípio da legalidade, não há falar em aplicação do princípio da 
primazia da realidade, em razão da hierarquia de normas. 
Estando a 
administração 
pública adstrita 
ao princípio da 
legalidade, não há 
falar em aplicação 
do princípio 
da primazia da 
realidade, em razão 
da hierarquia de 
normas.
Da Responsabildiade da Administração 
Pública
A administração pública tem o dever de fiscalizar o contrato de prestação 
de serviços firmado entre ela e a empresa prestadora de serviços, conforme se 
observa dos artigos 58, inciso III e 67 caput, ambos da Lei nº 8.666/93, in verbis:
43
Especificidade da Administração Pública Capítulo 3 
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos 
instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a 
eles, a prerrogativa de:
[...]
III - fiscalizar-lhes a execução;
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada 
e fiscalizada por um representante da Administração 
especialmente designado, permitida a contratação de terceiros 
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa 
atribuição (BRASIL, 1993, s.p.).
Ainda o artigo 68 da Lei nº 8.666/93 dispõe que “o contratado deverá manter 
preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-
lo na execução do contrato” (BRASIL, 1993, s.p., grifo nosso).
Portanto, a execução do contrato deverá ser fiscalizada e 
acompanhada por um representante da administração pública, sendo 
certo que esta poderá responder por ação ou omissão, quando causar 
prejuízo a outrem, conforme disposto no artigo CC. Portanto, uma 
vez demonstrada a culpa da administração pública, esta responderá 
subsidiariamente pelas verbas trabalhistas dos prestadores de 
serviços terceirizados.
Corroborando esse entendimento, vale transcrever os incisos IV e 
V, da Súmula 331, do C. TST: 
Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE 
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) 
- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
[...]
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do 
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador 
dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja 
participado da relação processual e conste também do título 
executivo judicial.
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta 
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item 
IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento 
das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente 
na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e 
legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida 
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das 
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente 
contratada. (BRASIL, 2011, s.p., grifo nosso).
No entanto, o simples fato de a empresa interposta não pagar as 
verbas trabalhistas aos seus funcionários não transfere de forma automática 
a responsabilidade destes valores para a administração pública, devendo 
ser devidamente comprovada culpa dela, ou seja, a falta de fiscalização e 
acompanhamento do contrato de prestação de serviços.
Demonstrada 
a culpa da 
administração 
pública, esta 
responderá 
subsidiariamente 
pelas verbas 
trabalhistas dos 
prestadores 
de serviços 
terceirizados.
44
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Atividades de Estudos:
1) A administração pública responde subsidiariamente em qualquer 
situação pelas verbas trabalhistas devidas ao empregado da 
empresa terceirizada?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Algumas Considerações
Restou evidente que nos casos de terceirização com ente público, há 
um contrato administrativo firmado com a empresa prestadora de serviço 
especializado, precedido de um processo de licitação.
A Lei nº 13.429/2017, também conhecida como Reforma Trabalhista, não é 
aplicada apenas para a esfera privada, podendo dar margem ao entendimento de 
que pode ser aplicada, em tese, à administração pública.
Não há falar em vínculo de emprego com a administração pública do 
empregado da terceirizada, tendo em vista que está ausente o requisito de 
aprovação em concurso público, previsto no artigo 37, II, e parágrafo 2º, da 
Constituição Federal de 1988.
45
Especificidade da Administração Pública Capítulo 3 
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada 
em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da 
Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Promulgada 
em 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
l8212cons.htm>. Acesso em: 17 jul. 2018. 
______. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de 
concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da 
Constituição Federal, e dá outras providências. Promulgada em 13 de fevereiro de 
1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987compilada.
htm>. Acesso em: 12 jun. 2018.
______. Resolução nº 220 de 18 de setembro de 2017. Súmulas da Jurisprudência 
Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. Divulgado no Diário Oficial da 
Justiça do Trabalho em 21, 22 e 25 de setembro de 2017. Disponível em: 
<http://www.tst.jus.br/web/guest/sumulas>. Acesso em: 12 jun. 2018.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 12. ed. São Paulo: Método, 2016.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: 
LTr, 2012.
MARTINS, Sergio Pinto. Terceirização no direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
46
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
CAPÍTULO 4
Terceirização Através da Lei Nº 
6.019/74
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Identificar as alterações realizadas pela reforma trabalhistana Lei nº 
6.019/1974.
� Diferenciar as hipóteses de aplicação das penas privativas de liberdade e 
restritiva de direitos.
Professora convidada:
Gabriela Gavioli
48
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
49
Terceirização Através da Lei Nº 6.019/74 Capítulo 4 
Contextualização
A Lei nº 6.019/1974 sofreu duas alterações no ano de 2017, a primeira foi 
com o advento da Lei nº 13.429, de 31 de março, e a segunda modificação foi 
com a Lei nº 13.467, de 13 de julho.
A Lei nº 13.429/2017 alterou os dispositivos legais da Lei nº 6.019/1974, que 
dispõe sobre o trabalho temporário, e versa sobre as relações de trabalho na 
empresa de prestação de serviços a terceiros.
Já a segunda Lei, nº 13.467/2017, também conhecida como Reforma 
Trabalhista, alterou diversos artigos da Lei nº 6.019/1974, inclusive, incluindo 
novas regras para a terceirização trabalhista. 
Assim, a partir da análise do artigo 1º da Lei nº 6.019/1974, nota-se que, 
com a alteração realizada pela Lei no 13.429/2017, as relações de trabalho na 
empresa de trabalho temporário, na empresa de prestações de serviços e nas 
respectivas tomadoras de serviço e contratante são regidas pela Lei do Trabalho 
Temporário, in verbis: 
Art. 1o As relações de trabalho na empresa de trabalho 
temporário, na empresa de prestação de serviços e nas 
respectivas tomadoras de serviço e contratante regem-se por 
esta Lei.
Assim, é possível concluir que os temas relativos ao trabalho 
temporário e a terceirização agora são regidos pela mesma legislação, 
sendo que até a entrada em vigor da Lei nº 13.429/2017, a terceirização 
era disciplinada tão somente pela Súmula 331, do TST, a qual teve sua 
aplicação suspensa, ou até mesmo revogada, ainda que parcialmente.
Que os temas 
relativos ao trabalho 
temporário e a 
terceirização agora 
são regidos pela 
mesma legislação.
Do Trabalho Temporário
O artigo 2º da Lei no 6.019/1974, com a redação dada pela Lei no 13.429/2017, 
conceitua trabalho temporário como sendo:
Aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa 
de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma 
empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de 
substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda 
complementar de serviços (grifo nosso).
50
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
A fim de esclarecer o que é uma demanda complementar, o §2º, do artigo 2º, 
da Lei no 6.019/1974, cuja redação foi incluída pela Lei no 13.429/2017, de forma 
expressa, dispõe que:
§2o Considera-se complementar a demanda de serviços que 
seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de 
fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou 
sazonal (grifo nosso).
Exemplificando o que é considerado fator de natureza periódica, 
temos o caso do afastamento da gestante por 120 (cento e vinte) dias. 
Já um caso sazonal, podemos citar os casos de safra. 
Segundo Mauricio Delgado Godinho (2012, p. 461), o fator 
natureza periódica pode ser dividido em duas hipóteses:
A primeira dessas hipóteses (necessidade transitória de 
substituição de pessoal regular e permanente da empresa 
tomadora) diz respeito a situações rotineiras de substituição 
de empregados originais da empresa tomadora (férias; licença-
maternidade; outras licenças previdenciárias etc.).
A segunda dessas hipóteses (necessidade resultante de 
acréscimo extraordinário de serviços da empresa tomadora) 
abrange situações de elevação excepcional da produção ou de 
serviço da empresa tomadora. 
Evidente, portanto, que são estritas as hipóteses de formalização da 
pactuação de contrato temporário.
 
Ainda, o mesmo artigo 2º, da Lei no 6.019/1974, em seu parágrafo 1º, 
cuja redação também foi incluída pela Lei no 13.429/2017, de forma expressa, 
estabelece um proibitivo para a contratação de trabalhador temporário, vejamos:
§1o É proibida a contratação de trabalho temporário para 
a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos 
previstos em lei (grifo nosso).
A proibição acima prevista na legislação tem o intuito de não inviabilizar a 
greve, pois se o empregador contratar temporários para substituir os grevistas, 
não haverá qualquer efeito a paralização dos obreiros grevistas.
Importante salientar que, em caso de greve abusiva é possível a 
contratação de trabalhador temporário, conforme artigos 9º e 14 da Lei 
nº 7.783/1989, a qual dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as 
atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da 
comunidade e dá outras providências.
Exemplificando o 
que é considerado 
fator de natureza 
periódica, temos o 
caso do afastamento 
da gestante por 120 
(cento e vinte) dias. 
Já um caso sazonal, 
podemos citar os 
casos de safra.
51
Terceirização Através da Lei Nº 6.019/74 Capítulo 4 
Para que não pairem dúvidas sobre o que é greve abusiva e que permite a 
contratação de trabalhador temporário, vale transcrever os artigos 9º e 14 da Lei 
no 7.783/1989, in verbis:
Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de 
negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou 
diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes 
de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja 
paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração 
irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a 
manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades 
da empresa quando da cessação do movimento.
[...]
Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância 
das normas contidas na presente Lei, bem como a 
manutenção da paralisação após a celebração de acordo, 
convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. (grifo nosso)
Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou 
sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito 
de greve a paralisação que:
I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou 
condição;
II - seja motivada pela superveniência de fatos novos ou 
acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a 
relação de trabalho.
Para Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2018, p. 221), embora apontado por 
parte da doutrina que o trabalho temporário é uma modalidade expressamente 
prevista em lei de terceirização, 
[...] no trabalho temporário o que ocorre, na realidade, não 
é a contratação de serviços especializados pela empresa 
prestadora (terceirizada), mas sim o fornecimento de mão de 
obra, em regra vedado pelo sistema jurídico, embora admitido, 
excepcionalmente, nas hipóteses legais em questão [...].
No entanto, uma vez ausentes as razões justificadoras do contrato de 
prestação de serviços temporários e, ainda assim, este for firmado, a relação de 
emprego será reconhecida diretamente com o tomador de serviço, uma vez que a 
relação triangular existente é fraudulenta, nos termos do artigo 9º da CLT. Vejamos:
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com 
o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos 
preceitos contidos na presente Consolidação.
Saliente-se que, na terceirização lícita, não há pessoalidade e subordinação 
direta entre o empregado da prestadora de serviço e a empresa tomadora de 
serviço, sendo certo que, uma vez que para o tomador de serviço não “importa” o 
profissional que vai realizar o serviço, o seu interesse é que a tarefa seja realizada 
com qualidade e dentro do prazo estipulado.
52
 A TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA E A RESPONSABILIDADE POR VERBAS 
 TRABALHISTAS
Nos termos do artigo 3º, da Lei nº 6.019/1974, a prestação de serviço 
realizada pelo trabalhador temporário é executada por intermédio da empresa de 
trabalho temporário. Logo, o enquadramento sindical a que se refere o artigo 577, 
da CLT, será realizado com base na atividade principal da prestadora de serviço.
Segue a transcrição do artigo 3º da Lei no 6.019/1974 e do artigo

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