Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário Resenha do Artigo ou Caso: Ponderações Acerca da Aplicabilidade do Conceito de Dignidade Humana e o Princípio Protetor: O Caso de Maria Santinha Nome do aluna: Monize Ferreira de França Trabalho da disciplina: Teoria geral do direito do trabalho Tutor: Profª. Viviani de oliveira Rodrigues Americana/SP. 2020 http://portal.estacio.br/ 2 Na atual sociedade, à negociação, está presente nas transações de natureza econômica, Adam Smith constata que se vive numa economia-mundo, de um lado temos o conceito de mercado, enquanto que do outro os princípios protetor do trabalho e da dignidade da pessoa humano, como comenta Friedrich Muller “a democracia exige que processos econômicos sejam inseridos em processos sociais”. O capitalismo só pensa em seus lucros, buscando por mão-de-obra barata, carga tributária menor onde seus custos com a produção seja menos oneroso, sem levar em consideração o valor do ser humano enquanto pessoa, limitando esse valor através daquilo que ele produz. Marinina Gruska Benevides descreve como uma nova configuração do homem, a falta de tempo livre, até mesmo para aqueles que estão desempregados pois estão em busca de ”(...) trabalho ou de caridade, num mundo onde a pessoa se tornou desnecessária. Para quem ainda não se tornou desnecessário, as condições de trabalho pioram, porque aumentam as exigências de desempenho nas empresas, sem que o trabalho agregue sentido para o indivíduo”, Aldacy Coutinho Rachid dispõe que “não ter trabalho não significa não ter o que comer, institui um não-ser”. Ingo Wolfgang Sarlet expressa que a proteção da “dignidade da pessoa humana engloba necessariamente o respeito e a proteção da integridade física e a corporal do indivíduo”, “a garantia de condições justas e adequadas de vida para o indivíduo e sua família”. No Brasil é adotado o sistema capitalista, como podemos observar expressamente na Carta Magna nos artigos 1º, inciso IV e 170, mas infelizmente a lei não garante a concessão do valor digno para a maioria dos trabalhadores, pois há falta de postos de trabalho e de salários dignos e condições humanas de trabalho. Como a própria autora Ana Maria Almeida Marques relata: Essa realidade tem levado os trabalhadores à informalidade, que abrem mão de seus direitos fundamentais implicados nas relações de trabalho, até mesmo pondo em risco a competência jurisdicional da Justiça do Trabalho, pelo fato das partes buscarem a auto-composição, favorecendo um significativo fortalecimento do trabalho informal, à proliferação de greves consideradas abusivas e, por que não dizer, o desacato a uma ordem jurídica legal e legitimamente estabelecida pelo estado Democrático de Direito. 3 Maria Santinha, trabalhava desde os 10 anos, as vezes ajudava seu pai e sua mãe, que trabalhava na casa da família de dona Tereza, com o tempo Santinha foi entendendo que ela e as “crianças da casa” eram diferentes, pois não dispunham do mesmo tempo para brincar e nem gostavam das mesmas brincadeiras, ela precisava ajudar sua mãe, para que não chegassem muito tarde em casa, pois seus três irmãos ficavam sozinhos, pois seu pai passava o dia trabalhando como catador de resíduos sólidos. Sua mãe lhe pedira que não deixasse de estudar, Santinha concluiu com muito esforço o ensino secundário e com 20 anos buscou uma formação profissionalizante, realizando um curso de gastronomia, conseguiu uma oportunidade como trabalhadora aprendiz em uma padaria na qual trabalhava das 6h às 13h, de segunda a sexta, recebendo um salário mínimo e anotação em sua CTPS, sua mãe ficou muito feliz por ela. Santinha sonhava em ser efetivada, porém com 22 anos a Empresa a dispensou, seu pai estava depressivo e dependente de substâncias psicoativas não podendo trabalhar, a mãe de Santinha trabalhava para a mesma família a quase 20 anos e durante todo esse período não tinha carteira assinada e consequentemente não tinha os direitos previstos na CLT e diante da situação do marido pediu se poderia passar alguns dias em casa, mas infelizmente dona Tereza disse que não poderia ficar sem seu trabalho e lhe negou alguns dias. Diante desta situação Santinha conseguiu um emprego como intermitente em um hotel, receberia R$ 4,54 por hora trabalhada, porém deveria se comprometer a trabalhar exclusivamente para o hotel e que sempre que convocada, atenderia prontamente à convocação. Em média Santinha trabalhar 20 horas por semana, o valor recebido que era utilizado para cobrir os custos com o transporte até o trabalho, ajudar a mãe a adquirir a medicação para seu pai e ainda auxiliava nas despesas de casa. Como se comprometeu a trabalhar exclusivamente para o hotel Santinha não podia arrumar outro trabalho, em seu tempo livre ajudava seus irmão com as tarefas e se preparava para o Exame Nacional do Ensino Médio, seu sonho era o Prouni para que pudesse ingressar em algum curso de nível superior. Infelizmente a história de Santinha ainda se repete nos dias de hoje, trabalhar com funcionários sem que esses tenham sua carteira assinada e negando-lhes seus direitos constitucionais é mais comum do que se pode imaginar. 4 Jovens como Santinha se agarram as oportunidades que aparecem, pois são as únicas que apareceram e os empregadores sabendo dessa necessidade oferecem o mínimo que na realidade não garantem nem o mínimo previsto na Carta Magna, dizendo que é o melhor que podem fazer. Essa é uma triste realidade.
Compartilhar