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Prática Trabalhista 23 04 18 CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO


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Prática Trabalhista (23/04/2018) 
 
Caso: Floriano de Medeiros ajuizou ação trabalhista em desfavor da empresa Sonho 
Meu Comércio de Ferramentas Ltda., inscrita no CNPJ nº 02.000.111/0001-56, 
alegando em apertada síntese que foi admitido em 01/03/2014 para exercer a função de 
serviços gerais, tendo recebido como última remuneração o importe de R$954,00 
(novecentos e cinquenta e quatro reais), ou seja, um salário mínimo, remuneração esta 
que obedeceu todo o pacto laboral. Sua jornada de trabalho conforme contrato seria de 
segunda à sexta das 08h às 18h com 2 horas de intervalo para descanso/refeição e aos 
sábados de 08h às 12h sem intervalo. Sustentou em sua petição inicial que todos os dias 
de segunda à sexta o Reclamante laborava 1 hora a mais, sendo que a Reclamada nunca 
pagou pelo labor extra, sendo que tal jornada era registrada nas folhas de ponto do 
obreiro. Em 08/02/2018 Floriano foi dispensado sem justa causa, contudo não recebeu 
nada das verbas rescisórias devidas. Descobriu que a empresa nunca depositou seu 
FGTS, tampouco efetuou o repasse das contribuições previdenciárias ao INSS. Também 
não procedeu com a baixa na CTPS e tampouco entregou as guias de seguro 
desemprego para a percepção do benefício. Floriano gozou o último período aquisitivo 
de férias correspondente a 2016/2017. Floriano ajuizou Reclamatória Trabalhista, a qual 
foi distribuída para a 2ª Vara do Trabalho de Taguatinga-DF, cujo número do processo é 
0000333-22.2018.5.10.0102. Pelo fato de Floriano nunca ter exercido qualquer labor em 
Taguatinga, e sim no plano piloto, haja vista que a Reclamada tem sede e exerce suas 
atividades na Asa Norte, Brasília-DF, ao ser citada e intimada para comparecer à 
audiência inaugural perante a 2ª Vara do Trabalho de Taguatinga-DF em 28/02/2018 às 
10h00, a Reclamada opôs Exceção de Incompetência foi julgada procedente e o 
processo foi distribuído para a 15ª Vara do Trabalho de Brasília sob a mesma 
numeração. Designada nova audiência inaugural para o dia 24/03/2018. A Reclamada 
ofertou Defesa (Contestação) e juntou o comprovante de pagamento das verbas 
rescisórias, cujo valor que entende ser devido ao Reclamante foi depositado na conta 
corrente deste e sustentou que o pagamento foi realizado tempestivamente. Em relação 
ao labor extra alegado, a Reclamada apresentou os registros de ponto de todo pacto 
laboral, e alegou que todas as horas extras laboradas foram devidamente pagas, e 
constam do contracheque obreiro com a assinatura de recebido, frisando que os 
pagamentos de salário eram realizados em conta. Em relação ao seguro desemprego e 
baixa na CTPS bem como formalização da rescisão, a Reclamada sustentou que enviou 
telegrama para o Reclamante o qual não teria recebido porque mudou de endereço e não 
comunicou a Reclamada, assim, a empresa entende que é indevida eventual indenização 
sobre esta rubrica. Em relação ao FGTS, a Reclamada depositou 15 (quinze) dias após a 
demissão (tanto os depósitos mensais como a multa de 40%) e entende que não há 
qualquer multa devida. Em relação ao motivo de desligamento a Reclamada não 
discordou da forma e data de demissão. Na audiência inaugural foi concedido prazo 
para apresentação de Réplica pelo Reclamante. Ao impugnar a Defesa apresentando 
Réplica, o Reclamante percebeu que, nem todos os holerits foram colacionados aos 
autos, o que comprova que existem horas extras a serem pagas. Ainda, a Reclamada não 
colacionou aos autos os holerits de todo o ano de 2016 e 2017. Ao verificar o 
comprovante de depósito apresentado pela Reclamada para pagamento das verbas 
rescisórias, percebeu-se que fora realizado 12 (doze) dias após a demissão. Mesmo em 
juízo, a Reclamada não entregou as guias para saque do seguro desemprego e a chave de 
conectividade para saque do FGTS depositado. Na instrução processual as partes foram 
ouvidas, sendo que o Reclamante confirmou todas as alegações contidas na peça de 
ingresso. O preposto da Reclamada, ao responder as perguntas, em relação a tudo o que 
foi alegado na peça defensiva, apenas não soube dizer se o Reclamante trabalhava 
extraordinariamente e se recebia por este valor. A testemunha do Reclamante 
(Godofredo) confirmou em juízo que havia o labor extraordinário todos os dias de 
segunda a sexta por 1 hora e que todas essas parcelas não foram adimplidas, apenas 
algumas as quais vinham descritas no contracheque, bem como que não havia banco de 
horas para que fosse possível folgar em razão dessas horas extras. Confirmou que o 
Reclamante sempre exerceu as suas atividades na Asa Norte. Que não se recorda se 
havia avisos pela empresa para que os empregados mantenham seus dados cadastrais 
atualizados. A testemunha da Reclamada (Clariosvaldo), por sua vez, negou que o 
Reclamante tenha laborado todos os dias em horas extras e que não as tenha recebido. 
Disse que o próprio obreiro anotava sua jornada de trabalho, e nos proventos a serem 
pagos no mês subsequente ao labor extraordinário, recebia os valores devidos, cujo 
pagamento constava no holerit e que o Reclamante assinava tal documento, 
confirmando o pagamento. Relatou ainda soube que a Reclamada notificou o 
Reclamante para homologar sua rescisão contratual, mas este não comunicou na 
empresa que mudou de endereço. Que é norma da empresa que o empregado mantenha 
seus dados cadastrais atualizados, e que, há cartaz no quadro de avisos da empresa com 
esse pedido. Que a Reclamada sempre paga pontualmente suas obrigações com os seus 
empregados. Que em relação ao depoente, as horas extraordinárias laboradas foram 
adimplidas e constam no contracheque. Instrução encerrada, as partes apresentaram suas 
razões finais por meio de memoriais. Sobreveio sentença, na qual o magistrado julgou 
parcialmente procedentes os pedidos obreiros, condenando a Reclamada a pagar as 
horas extras, a entregar as guias para saque do FGTS e seguro desemprego no prazo de 
5 dias a contar da intimação sob pena de conversão em indenização pecuniária. A 
sentença julgou improcedente o pedido para pagamento da multa do art. 467 da CLT 
sob o argumento de que instalou-se controvérsia sobre as verbas rescisórias reclamadas. 
Em relação à imposição da multa do art. 477 da CLT, o magistrado tece fundamentação 
dizendo quando a multa é devida e reconhece que a Reclamada efetuou o pagamento 
das verbas rescisórias intempestivamente, porém na parte dispositiva, julga 
improcedente esse pedido. Ainda, em relação ao recolhimento das contribuições 
previdenciárias, não houve manifestação na sentença a esse respeito. Opostos embargos 
de declaração para sanar contradição no que diz respeito ao pagamento da multa do art. 
477 da CLT e omissão quanto à regularização das contribuições previdenciárias, foram 
acolhidos para: reconhecer a contradição e sanar a contradição e julgar procedente o 
pagamento da multa do art. 477 da CLT e, sanar a omissão no que diz respeito às 
contribuições previdenciárias, julgando improcedente o pedido por ser incompetente a 
Justiça do Trabalho para julgar o pedido diante do comando do art. 114, VIII da Carta 
Magna de 1988 e art. 876, parágrafo único da CLT. A Reclamada interpôs Recurso 
Ordinário postulando em síntese pela reforma da sentença para decotar a condenação do 
pagamento de horas extras, pois, entende que houve o pagamento dessa rubrica 
(conforme esposado na Defesa), bem como para ver excluída a condenação da multa do 
art. 477 da CLT pois entende a empresa que efetuou o pagamento das verbas rescisórias 
tempestivamente com o depósito bancário, aliado ao fato de ter feito contato com o 
Reclamante para finalizar a rescisão, mas não foi possível (conforme narrado na 
Defesa). Você é advogado do Reclamante e nessa condição elabore a peça cabível para 
defender os interesses de seu cliente.