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aula 3 processo civil IV

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Aula 3 Processo Civil IV 
 
COMPETÊNCIA – TÍTULO JUDICIAL E TITULO EXTRAJUDICIAL. 
 
COMPETÊNCIA DE TITULO JUDICIAL(ART 516 CPC). 
O art. 516 do CPC regular a competência para o cumprimento da 
sentença. Podem-se sintetizar as duas primeiras regras contidas nesse 
dispositivo(incisos I e II) da seguinte forma: competente para o 
processamento do cumprimento de sentença será o juízo no qual se 
prolatou a decisão. O fato de haver recurso não altera a competência para 
o cumprimento da sentença. 
 
Nas causas de competência originária dos tribunais( por exemplo, ação 
rescisória, mandado de segurança e ações em que todos os membros da 
magistratura sejam interessados), cabe ao Tribunal que proferiu o acórdão 
processar o seu cumprimento(inciso I). 
Se a causa foi decidida no juízo do primeiro grau de jurisdição, dele será a 
competência para a execução da sentença (inciso II). 
Em síntese, o inciso I do art. 516 estabelece um regra geral de competência, 
pelo critério da funcionalidade. Se a causa é de competência originária, a 
execução será processada no próprio tribunal. Será processada exatamente 
onde tramitou o processo (pleno, turma, seção). 
De regra os atos executórios não são praticados pelo colegiado, e sim por 
uma autoridade monocrática. Assim, de regra, a competência será do 
relator da ação de competência originária, contudo nada obsta que o 
Regimento Interno disponha de modo diverso, mas isso afrontaria a lógica 
a qual quem “ conhece o processo de conhecimento procede à execução 
das decisões nele proferidas”. 
• A tendência é acompanhar o que dispõe Regimento Interno do 
STF. No Supremo Tribunal Federal, a competência para processar 
e julgar (declarar extinta a execução, nos termos do art. 924) a 
execução será sempre do relator do processo de conhecimento 
(arts, 21, II e 341 do RISTF). 
• No Superior Tribunal de Justiça, a competência para o 
cumprimento da decisão é do Presidente do órgão onde tramitou 
o processo de conhecimento. Apenas quanto às decisões 
acautelatórias ou de instrução e direção do processo é que a 
execução caberá ao relator (arts 301 e 302 do RISJT). 
Sendo assim, fixada a competência para o processo de conhecimento, fica 
automaticamente determinada a competência de tal juízo para o 
cumprimento da sentença, com fundamento no critério funcional. Trata-se 
da expansão da perpetuação da competência, pouco importando, por 
exemplo, que um dos réus, em cujo domicílio a demanda fora proposta, 
tenha sido excluído do processo. 
Cumpre ressalvar, entretanto, que o parágrafo único do art. 516 traz uma 
exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. Segundo tal dispositivo, 
na hipótese de cumprimento de sentença proferida no primeiro grau de 
jurisdição, de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de 
sentença estrangeira, poderá o exequente optar pelo juízo do local do 
atual domicílio do executado, do local onde se encontram bens sujeitos à 
execução ou do local onde devera ser executada a obrigação de fazer ou 
de não fazer. 
 
ART 516 
 
• Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: 
• I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; 
• II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; 
• III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal 
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de 
acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. 
• Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente 
poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo 
do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo 
juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de 
não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será 
solicitada ao juízo de origem. 
 
COMPETÊNCIA EXECUÇÃO TÍTULO EXTRAJUDICIAL.(ART. 781 CPC). 
• De acordo com o Novo CPC, a depender da situação, a execução 
poderá ser proposta em locais diversos. O novo Código não 
estabeleceu nenhuma ordem de preferência, podendo a execução 
ser promovida no foro que melhor atenda aos interesses do 
exequente. 
• Regrais gerais: o exequente poderá propor a ação em qualquer 
dos seguintes foros: 
• A) de domicílio da execução; 
• B) de eleição; 
• C) de situação dos bens sujeitos à execução; 
D) do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu 
origem ao título, mesmo que nele não resida o executado. 
 
• ESPECIFICIDADES. 
• A) Devedor com mais de um domicílio: a ação pode ser proposta 
em qualquer deles; 
• B) devedor com domicílio incerto: a ação pode ser proposta no 
local em que ele for encontrado ou domicílio do exequente; 
• C) pluralidade de devedores com domicílios distintos: o exequente 
pode escolher o foro de domicílio de qualquer um deles. 
• OBS: Tratando-se de títulos executivos extrajudiciais, pode ocorrer 
a prorrogação da competência executiva, porquanto fixada, em 
maior ou menor grau, pelo critério da territorialidade. 
• Sendo possível a prorrogação da competência executiva, pode ela 
ocorrer por disposição legal, nas hipóteses de conexão (art. 54) ou 
por vontade das partes, que podem eleger foro(art. 63) ou deixar 
de alegar a incompetência relativa (Art. 65). 
• Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será 
processada perante o juízo competente, observando-se o 
seguinte: 
• I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do 
executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação 
dos bens a ela sujeitos; 
• II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser 
demandado no foro de qualquer deles; 
• III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a 
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no 
foro de domicílio do exequente; 
• IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a 
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do 
exequente; 
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o 
ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele 
não mais resida o executado. 
• LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA(ARTS 509 a 512 CPC). 
• A sentença, ainda que ilíquida, constitui título executivo, 
figurando a liquidação com pressuposto para o cumprimento. 
• Ocorre que, em razão da natureza do pedido, ou da falta de 
elementos nos autos, o juiz profere sentença ilíquida. 
• Sentença ilíquida e a que, não obstante acertar a relação 
jurídica(torna certa a obrigação de indenizar), não determina o 
valor ou não individualiza o objeto da condenação. 
• A liquidação, que constitui um complemento do título judicial 
ilíquido, se faz por meio de decisão declaratória, cujos limites 
devem ficar circunscritos aos limites da sentença liquidanda, não 
podendo ser utilizada como meio de impugnação ou de inovação 
do que foi decidido no julgado(art. 509, parágrafo 4º). 
• Apenas os denominados pedidos implícitos, tais como juros legais, 
correção monetária e honorários advocatícios, podem ser 
incluídos na liquidação, ainda que não contemplados na sentença. 
• A iliquidez pode ser total ou parcial. 
 
É totalmente ilíquida (por exemplo) a sentença que, em ação de 
reparação de danos, apenas condena o vencido a pagar lucros cessantes(o 
que razoavelmente deixou de ganhar) referentes aos dias em que o veiculo 
ficou parado. 
É parcialmente ilíquida a sentença que condena o réu a reparar o valor dos 
danos, orçados em R$ 3.000,00, causados ao veículo de propriedade do 
autor, e ao mesmo tempo, condena-o ao valor equivalente a desvalorização 
do veículo, conforme apurar em liquidação. 
No caso da iliquidez parcial, poderá o credor(ou o devedor), 
concomitantemente, requerer o cumprimento da parte líquida nos próprios 
autos, e a liquidação da parte ilíquida, em autos apartados(art. 509, 
parágrafo 1º). 
O Novo Código contempla duas formas de liquidação: por arbitramento e 
pelo procedimento comum. 
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO 
• Far-se-á a liquidação por arbitramentoquando (art. 509, I). 
• A ) determinado pela sentença ou convencionado pelas partes: a 
convenção das partes, geralmente, é anterior à sentença e nela 
contemplada. 
• B) o exigir a natureza do objeto da liquidação: estimar a extensão 
da redução da capacidade laborativa de uma pessoa, por exemplo, 
depende de conhecimentos técnicos, mas também de apreciação 
subjetiva do perito, daí por que, em tal caso, recomenda-se a 
liquidação por arbitramento. 
OBS: aplicam-se à liquidação por arbitramento as normas sobre a prova 
pericial(art. 510) que consiste em exame, avaliação ou vistoria. 
• O credor ou o devedor requererá liquidação por meio de simples 
petição. O juiz determinará, então, a intimação para a 
apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, na 
tentativa de apurar o quanto devido. 
• No mesmo despacho, caso não possa decidir de plano, nomeará 
perito, fixando prazo para a entrega do laudo. 
• Note que o novo CPC permite que as próprias partes apresentem 
os documentos e pareceres necessários à apuração do quantum 
debeatur sem a necessidade de prévia nomeação de perito (art. 
510, primeira parte). 
• Somente quando o juiz, de posse de elementos apresentados 
pelos interessados, não puder decidir de plano o valor da 
condenação, será possível a produção de prova pericial. 
 
• LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM. 
• Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para 
apurar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e 
provar fato novo(art. 509, II). 
• Fato novo é aquele que não foi considerado na sentença. 
Irrelevante que se trate de fato antigo, ou seja, surgido 
anteriormente à prolação da sentença, ou de fato novo, isto é, 
surgido posteriormente ao ato sentencial. 
• Fato novo, para fins de liquidação, é aquele que, embora não 
considerado expressamente na sentença, encontra-se albergado 
na generalidade do dispositivo, no contexto do fato gerador da 
obrigação, tendo portanto relevância para determinação do 
objeto da condenação. 
Exemplo: o réu(empregador) foi condenado a ressarcir danos pessoais e 
lucros cessantes sofridos em acidente de trabalho por culpa daquele 
empregador, conforme se apurar em liquidação. A liquidação, nesse caso, 
faz-se com observância do procedimento comum, em face da necessidade 
de se provar fatos novos, como por exemplo, gastos com despesas médico-
hospitalares e paralisação de atividades. Indispensável é que tais fatos 
tenham relação causal com acidente reconhecido na sentença, porquanto 
não se permite discutir novamente a lide ou modificar a sentença que a 
julgou (art. 509, parágrafo 4º ). 
 
ALGUNS ASPECTOS DA LIQUIDAÇÃO. 
• Decisão proferida no procedimento liquidatório tem natureza 
interlocutória, razão pela qual cabível o recurso de agravo de 
instrumento(art. 1015, parágrafo único). 
• O agravo de instrumento, de regra, não tem efeito suspensivo. 
Assim, a menos que o relator imprima tal efeito ao recurso, a 
execução prescinde aguardar o julgamento do agravo interposto 
contra a decisão que pôs fim à liquidação. 
• Na liquidação não são devidos honorários advocatícios, exceto os 
fixados na sentença, que por óbvio integrarão a memória de 
cálculo. 
 
CASO SEMANA 3 
Adalberto ajuizou uma ação em face da Seguradora Porto Bello 
pleiteando o recebimento do seguro de vida realizado pelo seu tio 
Marcondes. Alega na inicial que a seguradora, de forma 
injustificada, se negou a pagar a indenização sob o argumento de 
que o segurado agiu de má-fé ao não informar que realizara uma 
cirurgia de coração 10 anos antes da assinatura do contrato. Após 
a instrução o juiz julgou procedente o pedido para condenar a 
Seguradora a pagar a respectiva indenização em valor a ser 
apurado em fase de liquidação. Diante do caso concreto indaga-
se: 
a) Qual é a modalidade de liquidação de sentença mais 
adequada ao caso concreto? É possível modificar a 
sentença em fase de liquidação? 
 
 
 
 
b) Como deverão proceder as partes caso discordem do valor 
apurado na liquidação?

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