Buscar

Seminário V - Segurança jurídica e processo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
SEMINÁRIO V – SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: RECURSOS, AÇÃO RESCISÓRIA, COISA JULGADA E ADIN
Aluna: Marília Tófollis de Melo Ramos
QUESTÕES
1. Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho4 acerca do princípio da segurança jurídica: 
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.” 
Pergunta-se: 
a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância? 
A Segurança Jurídica é corolário do Estado Democrático de Direito e, segundo os estudos da doutrina do professor Paulo de Barros Carvalho a segurança jurídica é um sobreprincípio, ou seja, advindo da concretização de outros princípios, verificado como decorrência dos limites e garantias do sistema normativo. 
Verifica-se que, apesar de não constar expresso em um enunciado prescritivo, o primado da segurança jurídica é diretriz suprema da qual se pode concluir de todos os demais princípios explícitos, como o da legalidade, anterioridade, irretroatividade e outros mais. Sua relevância se concentra na análise prática da manutenção de padrões de respeito para com os administrados por parte da administração jurídico-tributária, para se garantir que nenhum direito do administrado seja transgredido. 
b) Indicar limites objetivos previstos no direito positivo que resguardam o valor da segurança jurídica. Indique dispositivos da Constituição Federal de 1988 e do Código Tributário Nacional que confirmem sua resposta. 
No âmbito constitucional, a exegese da segurança jurídica advém da intelecção do art. 5º, inciso XXXVI, cujo dispositivo estabelece categoricamente que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
Outros limites objetivos previstos no direito positivo estão contidos nos arts. 5º, inciso II e 150, I, ambos da Constituição Federal, e art. 9º do CTN, que na mesma vertente e com textos semelhantes, asseguram o princípio da legalidade. 
A limitação à produção de efeitos de tributos instituídos ou majorados no mesmo exercício e sem passados 90 (noventa) dias da publicação da lei instituidora ou majoradora, contida no art. 150, III da CF e art. 9º, II do CTN. 
c) Como poderia ser resguardada a segurança jurídica no contexto social em hipóteses como a de mudança de orientação de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como se deu no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução de base de cálculo (sobre essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e II)? 
Consabido que as alterações de entendimento e posicionamento jurisprudencial fazem parte da ordem jurisdicional, dado as peculiaridades interpretativas de cada julgador. Nesse sentido, analisa-se o primado da segurança jurídica na questão da mudança de interpretação da Suprema Corte no caso do julgamento do RE 161.031/MG de 1997 e ulteriormente, do RE 174.478/SP de 2005, que trataram da redução de base de cálculo e a possibilidade do princípio da não-cumulatividade. 
No primeiro julgamento em 1997, entendeu a Suprema Corte se tratar de hipótese de incidência reduzida, não cabendo o creditamento e, portanto, violando-se o princípio da não cumulatividade. Já 8 anos depois, quando do julgamento do RE 174.478/SP, a mesma Corte entendeu que se trataria de isenção parcial, tornando possível o aproveitamento de crédito pelo contribuinte. 
Assim, em casos de mudança no posicionamento jurisprudencial deve também se prezar pela manutenção do direito dos administrados, de sorte que, pela força do princípio da irretroatividade, os fatos ocorridos no passado devem ser protegidos, sendo que o momento de vigência da jurisprudência inovadora é o marco decisivo para a produção dos novos efeitos. É como se posiciona Misabel Derzi e adoto como minha premissa.
d) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts.9 º ,10 ,926, 535,5 §§ º6 ,º7 ,ºe 8º927 ambos do CPC/15)? 
Sem dúvida o recente Código de Processo Civil listou importantes veículos introdutores acerca dos precedentes no Sistema Normativo Brasileiro. Isso porque dos dispositivos mencionados, a valorização da cooperação entre o órgão julgador e as partes do processo veio para prestigiar a participação efetiva de todos os atores processuais na construção da melhor decisão judicial possível para o julgamento em apreço. 
Demais disso, tais dispositivos trouxeram maior relevância aos precedentes para os demais julgamentos nos tribunais, para o fim de estabilizar a jurisprudência a respeito se conjugados os elementos materiais de coerência e justificação para acomodação do precedente.
2. Qual o conteúdo e alcance do termo “precedente” utilizado pelo CPC/15? Jurisprudência e precedente são termos sinônimos dentro do sistema jurídico brasileiro? Os precedentes são normas jurídicas? Se sim, de que tipo? O verbo “observar”, veiculado pelo art. 927 do CPC/15, significa que os julgadores estão vinculados aos precedentes judiciais? Esta obrigação pode ser reputada instrumento hábil para garantia da segurança jurídica? (Vide arts. 926, 927, 988, IV do CPC/15). 
Segundo Bianor Arruda, precedente não é um tipo de decisão judicial, mas uma qualidade do julgado, que é construído pelo julgador de forma a possibilitar o conhecimento acerca dos aspectos hermenêuticos e argumentativos determinantes para a conclusão a que nela se chegou. Nessa esteira, um precedente seria a análise fática do caso para verificar os fatos jurisdicizados na norma para então, realizar a sua conexão. 
No sentido trazido pelo Código de Processo Civil de 2015, precedente é diferente de jurisprudência porquanto aquele seria a unidade deste. Assim, a jurisprudência seria um conjunto de decisões convergentes de um determinado tribunal. Na vertente da premissa adotada no Seminário III, o precedente seria então norma jurídica porque resultado da enunciação.
O verbo observar do art. 927 do CPC não redunda na vinculação do julgador ao precedente, isso porque essa observação é superável já que depende de análise dos elementos materiais do caso e da coerência dos fatos e normas com aqueles verificados no precedente. Este é na verdade um primeiro sinal, e não o definitivo, para a sua acomodação. Todo precedente só poderá ter caráter prospectivo, ou seja, projetar-se sobre um novo caso posto a julgamento, após ser aplicado o distinguishing, assim verificada a similitude fática do caso e do precedente, em favor da segurança jurídica, o precedente deverá servir como vetor de orientação ao órgão julgador.
3. Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma associação que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os caminhos para a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja necessária a discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções seguintes motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro de ajuizamento: 
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI: 
Não é cabível a propositura de ADI, porque apesar de ser hipótese de controle concentrado de constitucionalidade e por conseguinte seus efeitos serem erga omnes, de acordo com o art. 103, IX da CF/88 só possui legitimidade ativa a entidade de classe de âmbito nacional, o que afasta a legitimidade da associação com representatividade estadual. Demais disso, não é cabível ADI para impugnar lei municipal, conforme art. 102, I, ‘a’ da CF/88.
b) Mandado de Segurança Coletivo: 
O art. 21 da Lei 12.016/09 prevê a legitimidade ativa para impetração de MS coletivo às entidades de classe ou associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 ano. Não obstante, não é possível a impetração de mandado de segurança para declaração de inconstitucionalidade de lei, segundo a Súmula 266 do STF, o que é possível é que a declaração de inconstitucionalidadevenha disposta como causa de pedir e não como pedido principal. Demais disso, os efeitos produzidos são inter partes apenas para as associadas da Impetrante, porquanto o foro de ajuizamento seria no tribunal estadual e não na Suprema Corte. 
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: 
Apesar de ser permitido contestar ato normativo municipal por meio de ADPF e também seus efeitos serem erga omnes, a lei 9.882/99 prevê para os legitimados da ADPF os mesmos da ADI, e assim sendo, não poderia a entidade de classe de representação estadual propor ADPF no Supremo Tribunal Federal.
d) Ação popular: 
A ação popular, regulamentada pela Lei 4.717/65, prevê que qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular para pleitear a anulação de ato lesivo ao patrimônio público. Assim, em interpretação restritiva, entendo que a associação não teria legitimidade para ajuizar ação popular já que inclusive, um dos requisitos da sua admissibilidade é a apresentação de título de eleitor, o que inexiste na associação sob a sua forma de pessoa jurídica. 
e) Ação Civil Pública: 
Segundo o art. 5º da Lei 7.342/85, que regulamenta a ação civil pública, a associação tem legitimidade para propor ação civil pública. Mas, como no MS coletivo, não é possível o pedido principal de ação civil pública pleitear pela declaração de inconstitucionalidade de lei, porquanto se estaria usurpando a competência da Suprema Corte.
f) Ação de rito comum: 
No mesmo sentido anterior, não é possível aos tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei, mas sim determinar incidentalmente o seu afastamento por considerá-la, inconstitucional. Cabe apenas ao STF a declaração de inconstitucionalidade de lei. 
4. Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de matéria tributária modular os efeitos de decisão proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitos erga omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a data do julgamento? Quais os limites previstos em nosso ordenamento para a modulação de efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária? Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante? (Vide o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e parte final da discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8) 
Entendo não ser possível a proibição erga omnes sobre a repetição do indébito tributário, já que a declaração de inconstitucionalidade no controle difuso somente tem eficácia inter partes, o que significa dizer que a decisão somente tem validade para o processo individualizado, mesmo que a repetição de indébito seria apenas questão parcial do processo. Nosso ordenamento prevê limitações ao controle de constitucionalidade nesse sentido, ao que o efeito erga omnes só poderia ser alcançado se a decisão do STF viesse a ser comunicada ao Senado Federal e este publicasse Resolução (descrita no art. 52, X da CF/88), suspendendo perante o sistema jurídico a norma considerada inconstitucional.
A função das Súmulas Vinculantes é o de atribuir efeitos erga omnes às decisões na esfera administrativa ou àquelas cujo julgamento, no âmbito do controle difuso, não estiveram adstritas ao reconhecimento da repercussão geral. A edição da súmula vinculante vem para espelhar o entendimento dominante nos tribunais pátrios e visa a pacificação de repetidos conflitos. Nesse sentido, pelo conceito apresentado, não pode a súmula fazer modulação de efeitos. 
5. A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença contra a União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei constitucional (isto significa que a referida Adin foi julgada improcedente e que o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se: 
a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que respalde sua conclusão. (vide Anexo III) 
Sim, é necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União para desfazimento da coisa julgada, com fundamento no art. 966, inciso V, do CPC. Isso porque inexistem efeitos automáticos da decisão prolatada pela Suprema Corte em controle concentrado sobre as sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente. É inclusive o que dispõe recente precedente do STF no julgamento do RE 730.462. 
b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você chegou na resposta “a” mudaria? Justifique. 
Sim, em razão de se tratar de controle difuso de constitucionalidade, os efeitos não mais são erga omnes, e sim, inter partes. Por mais que se trate de matéria com repercussão geral, os efeitos gerados serão ex nunc, não podendo retroagir para desfazer a coisa julgada. 
6. Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta. 
A orientação seria pela desnecessidade de complementação do recolhimento feito durante a vigência da IN 01/02. Isso porque o CTN dispõe no art. 103 do CTN que a norma infralegal terá início de sua vigência com a data de sua publicação, ao que pelo primado da Irretroatividade, a nova edição de ato normativo não poderá atingir fato pretérito, já consumado no tempo, que venha retroativamente agravar a situação jurídica do contribuinte.
Não obstante, a aplicação do parágrafo único do art. 100 do CTN remanescerá para os contribuintes que, mesmo após a vigência da nova IN 03/03, continuem aplicando o ato normativo revogado, dado que ninguém poderá alegar o desconhecimento da lei. 
7. Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto constitucional e infralegal, indique mecanismos cuja função no sistema é dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos e indicação do dispositivo normativo. 
 Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num processo, mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma questão em outro processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art. 502 do CPC/2015. 
Um exemplo de mecanismo presente no sistema que pode dar efetividade à segurança jurídica é a possibilidade de impetração de mandado de segurança para resguardar direito líquido e certo quando houver a violação de princípios expressos como os da legalidade, anterioridade, irretroatividade, entre outros. Tal mecanismo vem expresso no art. 5º, LXIX da CF/88, art. 150, I e III também da CF/88.

Continue navegando