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PROVA 2 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 1 DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA IMPORTÂNCIA CLÍNICA © Droga aceita socialmente; © Baixo custo; © Propaganda eficiente; © Importante associação com acidentes de trabalho, trânsito, violência doméstica e urbana; ESPECTROS DAS DOENÇAS RELACIONADAS AO CONSUMO DE ÁLCOOL PREVALÊNCIA © Mortes globais atribuídas à cirrose hepática alcoólica em 2010: ó 493.300 (336.400 homens); ó Representa 0,9% (1,2% homens) de todas as mortes; ó 47,9% das causas de morte por cirrose hepática; ó 7,2 mortes (9,7 homens) por 100 mil pessoas atribuídas a cirrose hepática alcoólica; © Mortes por neoplasia maligna hepática atribuídas ao álcool em 2010: ó 80.600 (65.900 homens); ó 0,2% de todas as causas de morte; FATORES DE RISCO DE PROGRESSÃO DA DOENÇA ALCOÓLICA 1. Quantidade de álcool ingerida: Fator de risco mais importante!!!! Chance de evolução para cirrose hepática: > 60-80 g/dia de álcool por 10 anos ou mais em homens; > 20 g/dia álcool em mulheres; Somente 6-41% dos pacientes ingerindo está quantidade evoluem para cirrose hepática; Cálculo da quantidade de álcool: Quantidade em ml X 0,8 X graduação alcoólica/100; Ex: whisky à 1000 x 0,8 x 40/100 = 320g 1L de whisky tem 320g de álcool; 60ml de whisky diariamente já é considerada dose tóxica para o fígado; 2. Tipo de álcool consumido (cerveja e bebida destilada > vinho); 3. Consumo de álcool longe de refeições > risco que álcool juntos às refeições (risco 2,7 maior); 4. Consumo alcoólico diário e regular > Binge drinking “bebedeira”; 5. Mulheres são 2x mais sensíveis aos efeitos nocivo do álcool quando comparada aos homens; 6. Americanos de origem africana e hispânicos; 7. Desnutrição proteico-calórica; 8. Sobrepeso e obesidade; 9. Sobrecarga de ferro; 10. Fatores genéticos; 11. Portadores de hepatites crônicas virais (vírus B e C); MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS © Metabolismo do etanol: ó 2 – 10% do álcool é eliminado pelos rins e pulmões sem ser metabolizado; ó Mínima quantidade é metabolizada no estômago à ADH – álcool desidrigenase – gástrica; ó Mulheres e hispânicos tem menos ADH gástrica; © Metabolização hepática: ó Álcool dehidrogenase (ADH); ó Aldeído dehidrogenase (ALDH); ó Sistema microssômico de oxidação do etanol (MEOS); • Citocromo P-4502E1; O aldeído acético é uma substância nociva, ele que acaba fazendo as lesões hepáticas e o que nos faz ter “ressaca” . PROVA 2 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 2 ® Alterações de membranas ® Aumento relação NADH/NAD ® Proliferação microssomal no hepatócito ® Estresse oxidativo ® Retenção de proteínas e água no hepatócito ® Estado hipermetabólico ® Aumento da deposição de gorduras ® Alterações imunológicas ® Formação de fibrose ® Efeito das citocinas ® Desnutrição (fator precipitante e agravante) ® Apoptose do fígado e de células mononucleares do sangue Aumento do estresse oxidativo: © Formação de radicais livres e ativação das células de Kupffer: © Dano mitocondrial, apoptose e síntese de lipídeos; © Produção de citocinas proinflamatórias (TNF-α); ESPECTRO DA DOENÇA HEPÁTICA Lesões hepáticas induzidas pelo álcool: © Esteatose (predomínio macrogoticular) © Hepatite alcoólica © Fibrose perivenular © Hepatite crônica ativa © Hepatocarcinoma © Cirrose © Outras: lesões venosas oclusivas, degeneração gordurosa microvesicular, colangite microscópica - MAIS COMUM = ESTEATOSE! - A maioria dos pacientes que tem hepatite alcoólica são assintomáticos (tem apenas alterações laboratoriais); Obs: não é todo mundo que bebe que vai ter cirrose!!! DIAGNÓSTICO DA DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Combinação: © História clínica; © Exame físico; © Exames complementares; Negação do abuso de álcool é comum!! RASTREAMENTO DO ABUSO DE ÁLCOOL © Avaliação de padrão e quantidade de álcool ingerida; © Avaliação de consequências médicas, sociais e psicológicas do abuso; © Questionários detectam dependência e abuso de álcool: ó CAGE; ó AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test); DIAGNÓSTICO CLÍNICO © Podem ser assintomáticos; © Anorexia, náuseas, vômitos, emagrecimento, dor abdominal; Diagnóstico: documentação de excesso de álcool + evidência de doença hepática (não há achado clínico/laboratorial específico); CAGE: Duas ou mais respostas SIM à significa dependência alcoólica; 1. Você já pensou em largar a bebida? 2. Ficou aborrecido quando outras pessoas criticaram o seu hábito de beber? 3. Se sentiu mal ou culpado pelo fato de beber? 4. Bebeu pela manhã para ficar mais calmo ou se livrar de uma ressaca? Exame físico: ® Aumento das parótidas; ® Contratura de Dupuytren; ® Neuropatia periférica; ® Desnutrição; ® Sinais de hepatopatia crônica; ® Hepatomegalia; ® Encefalopatia hepática; PROVA 2 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL © Transaminases: ó Raramente ultrapassam 300 UI/ml (2-6x LNS); ó Exceções: necrose esclerosante hialina e associação com hepatite viral e medicamentosa (paracetamol); ó AST/ALT ≥ 2; © Aumento da gama glutamiltransferase (GGT); © Exames de avaliação de síntese hepática (alterados apena se o paciente já em doença hepática mais avançada); DIAGNÓSTICO POR IMAGEM © Não diferencia doença alcoólica de outras etiologias; © Útil no diagnóstico de esteatose, fibrose e carcinoma hepatocelular; © Ultrassonografia: ó Alta sensibilidade, porém, baixa especificidade; ó Útil no diagnóstico diferencial com icterícia obstrutiva; ó Diagnóstico de esteatose; © Tomografia computadorizada; © Ressonância nuclear magnética: ó Exame com maior acurácia diagnóstica!! © Elastografia transitória hepática (Fibroscan®): ó Alta sensibilidade para predizer FIBROSE; ó Avaliação da elasticidade (rigidez) hepática; ó Estima e gradua a fibrose hepática; ó Coexistência de inflamação, colestase ou congestão hepática interfere na interpretação de fibrose; BIÓPSIA HEPÁTICA © Procedimento não é essencial para o diagnóstico; © Estabelece o estadio e gravidade da doença hepática; © Raramente é realizada; © Achados histológicos: ó Esteatose (predomínio macrovesicular); ó Inflamação lobular; ó Balonização dos hepatócitos; ó Proliferação de ductos biliares; ó Fibrose; ó Cirrose © Indicações: ó Doença hepática grave onde o tratamento específico será realizado; ó Dúvida diagnóstica ou avaliação de cofatores; TRATAMENTO Abstenção alcoólica: © Intervenção terapêutica mais importante; © Melhora clínica, laboratorial e histológica (66% de melhora significante em até 3 meses); © Reduz a progressão para cirrose e aumenta a sobrevida; © Taxas de recidiva em 1 ano è 67-81%; © Reabilitação (Alcoólicos anônimos); Medicações: © Dissulfiram (hoje em dia não se utiliza mais); - muitos efeitos colaterais quando o paciente bebe (náuseas, vômitos...); © Naltrexone; © Acamprosate; © Topiramato, baclofeno; © Benzodiazepínicos - Síndrome da abstinência alcoólica; Levar em consideração: • Risco VS benefício; • Habilidade do médico; • Alterações de coagulação; PROVA 2 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 4 Terapia nutricional: © Desnutrição calórico-proteica indica mau prognóstico; © Pacientes com cirrose ou hepatite alcoólica devem receber dieta hipercalórica e hiperprotéica: ó 1,2-1,5 g/kg de proteína; ó 35-40 g/kg de calorias; © Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA – leucina, isoleucina, valina): ó Em casos de encefalopatia hepática; © Reposição de micronutrientes e vitaminas; Transplante hepático: © Necessita de um período de abstinência de 6 meses; © Taxa de recidiva de alcoolismo pós-transplante = 11-49% HEPATITE ALCOÓLICA © Síndrome clínica caracterizada por icterícia e falência hepática que geralmente ocorre após décadas de consumo elevado de álcool; © Incidência desconhecida; © Idade deapresentação: 40 - 60 anos; SINAIS/SINTOMAS: © Início rápido de icterícia; © Febre, ascite, perda de massa muscular, encefalopatia, Hepatomegalia; SUSPEITA CLÍNICA: Achado característico: © Transaminases < 300 UI/ml; © AST/ALT > 2; © Bilirrubina total > 5 mg/dl; © TAP alargado; © Neutrofilia; © Ascite; © História clínica de ingestão de grande quantidade de álcool; Principal diagnóstico diferencial: descompensação de cirrose hepática (p.e. infecção, hepatocarcinoma); © Pacientes que tem cirrose hepática e continuam bebendo, podem ter as 2 doenças sobrepostas à hepatite alcoólica em fígado cirrótico (prognóstico pior!); Abordagem dos pacientes: © Rastreamento de infecções à pneumonia, PBE, ITU; © Avaliação da função renal; © Ultrassonografia de abdome à Identificar abscessos hepáticos, hepatocarcinoma, obstrução biliar; Avaliação prognóstica: © Modelos prognósticos auxiliam na decisão de escolha de tratamento; Modelos prognósticos: © Função Discriminante de Maddrey; - o mais utilizado; © MELD (Model for End-Stage Liver Disease); © Escala de Glasgow de hepatite alcoólica; © Escore Lille; TRATAMENTO DA HEPATITE ALCOÓLICA GRAVE (MADDREY ≥32): © Terapia nutricional: ó Ingestão proteica diária de 1,5g/kg de peso; ó Suplementação de vitaminas do complexo B; ó Reposição de vitaminas lipossolúveis; Função discriminante de Maddrey: ** © 4,6 x (tempo protrombina do paciente – tempo de protrombina do controle) + bilirrubinas totais; © Maddrey ≥ 32: ó Hepatite alcoólica grave; ó Mortalidade em 1 mês de 30 - 50% (independente do tratamento); PROVA 2 CLÍNICA GASTRO Maria Eduarda Valgas 5 © Corticosteroides: ó Reduz mortalidade na hepatite alcoólica grave; Maddrey ≥ 32; ó Prednisona 40 mg por 28 dias; ó Problema – é um imunossupressor (> risco de infecção); ó Contraindicações: • Qualquer indício de infecção; • Sepse, síndrome hepatorrenal, hepatite B crônica, HDA; • NNT para prevenção de mortalidade: 5; © Pentoxifilina (modulador imunológico): ó Não é imunossupressor ó Não tem tantos efeitos colaterais como corticoide; ó 400 mg 3x/dia por 28 dias ó Principal objetivo = prevenção da síndrome hepatorrenal; ó Diminuição da mortalidade pode estar relacionada com a prevenção da síndrome hepatorrenal ó Indicação: • Maddrey ≥ 32; • Contraindicação à prednisona; • Falência renal precoce; TRANSPLANTE HEPÁTICO: Contraindicação absoluta quando não há abstinência!!
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