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EMISSÕES OTOACÚSTICAS NA PRÁTICA CLÍNICA PROF.DRA MARISA FRASSON DE AZEVEDO INTRODUÇÃO As emissões otoacústicas (EOA) propiciaram ao audiologista clínico um importante instrumento para avaliação objetiva do Sis- tema Auditivo Periférico. Na última década, vários estudos têm demonstrado a utili- dade clínica das emissões otoacústicas no diagnóstico diferencial das alterações periféricas e centrais, na avaliação da audição de crianças com outros comprometimentos, como autismo e encefa- lopatias, na triagem auditiva neonatal e escolar, no monitoramento da função coclear em indivíduos expostos a ruído ou medicados com drogas ototóxicas, no prognóstico das perdas auditivas súbi- tas e progressivas, nas disfunções cocleares por hidrops endolin- fática e alterações metabólicas e na avaliação do Sistema Efe- rente Olivococlear Medial. Este capítulo tem por objetivo descrever os tipos de emissões otoacústicas (EOA) utilizados mais frequentemente na clínica e suas aplicações práticas, incluindo os resultados de trabalhos re- alizados em população brasileira. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO Os conceitos teóricos que nos permitem entender as EOA da- tam dos trabalhos de Thomas Gold (1948), que publicou estudos sobre a função coclear, propondo a teoria do mecanismo ativo da cóclea, atribuindo-lhe papel de amplificador mecânico. Suas idéias, muito avançadas para a época, foram abandonadas. Trinta anos depois essa linha de pesquisa foi retomada por Kemp (1978), que demonstrou que a cóclea era capaz de produzir sons, além de recebê-los. O autor constatou a presença de energia acústica produzida na orelha interna de forma espontânea (sem estimula- ção acústica) ou evocada por estímulo sonoro. Essa energia, de- nominada emissão otoacústica (EOA), poderia ser captada com o auxilio de um microcomputador por uma pequena sonda adaptada ao meato acústico externo, de forma rápida e não-invasiva, e sua presença indicaria função coclear normal. Pesquisas realizadas na década de 1980 (Flock, 1980; Kim, 1980; Brownell, 1984) indicaram que os potenciais receptores ge- rados pelas células ciliadas externas desencadeariam mudanças mecânicas no comprimento dos corpos das células. Quando os cílios se deslocam em uma direção, o potencial receptor produzido faz que o corpo celular da célula ciliada se contraia. A deflexão dos cílios na direção oposta modifica o potencial receptor fazendo que o corpo da célula se expanda ou estique. Essa expansão e contração das CCE foram comparadas a eventos semelhantes nas fibras musculares. A actina, proteína encontrada nas fibras mus- culares, que é fundamental para a capacidade de contração e ex- pansão da fibra muscular, também foi encontrada nas CCE (Bess & Humes, 1998). O efeito dessas mudanças mecânicas no comprimento das células ciliadas seria a amplificação ou o aumento do desloca- mento da membrana basilar e criação de uma resposta elétrica mais intensa ao estímulo. O efeito final deste sistema micromecâ- nico seria uma análise mais precisa da freqüência e uma resposta elétrica e mecânica mais intensa aos sons da fraca e moderada intensidade. Os pesquisadores referem-se a esse efeito facilitador do movimento das células ciliadas como amplificador coclear, por propiciar aumento dos sons de fraca intensidade (Bess & Humes, 1998). As células ciliadas externas têm importante papel no me- canismo de compressão, amplificando mais os estímulos fracos e menos os estímulos intensos. Por exemplo, um sinal de 3 dB será amplificado 1 mil vezes enquanto um sinal de 80 dB será amplifi- cado 10 vezes (BERLIN,1996) A função da cóclea é atualmente conhecida pelos mecanismos ativo e passivo. O mecanismo passivo é acionado por sons intensos (superi- ores a 40-60 dB NPS), quando a energia sonora é forte o suficiente para mover diretamente os estereocílios das células ciliadas inter- nas com abertura dos canais de potássio, despolarização das cé- lulas ciliadas internas e formação de potenciais receptores. A des- polarização provoca a liberação de neurotransmissores (gluta- mato) no nervo acústico, produzindo potencial de ação do nervo acústico, que transmitirá a mensagem codificada em impulso elé- trico para o Sistema Nervoso Central (Bobbin, 1996). O mecanismo ativo é acionado por sons de fraca intensidade, inferiores a 40 dB NPS, quando a energia sonora não é suficiente para movimentar diretamente as células ciliadas internas. Sons fracos provocam a movimentação dos estereocílios das células ci- liadas externas, com abertura dos canais de potássio e despolari- zação das células ciliadas externas (transdução mecanoelétrica). A despolarização das células ciliadas externas modifica o compri- mento das células (transdução eletromecânica). As mudanças no comprimento das células ciliadas externas resultam em amplifica- ção mecânica, por movimentação adicional dos estereocílios das células ciliadas externas, maior despolarização e maior modifica- ção do corpo celular, que provocam maior movimentação do ducto coclear. Quando esse movimento é suficiente para induzir a incli- nação dos cílios das células ciliadas internas, o mecanismo des- crito como passivo ocorre, produzindo potencial de ação do nervo. A amplificação do movimento do ducto coclear pelo mecanismo ativo, libera energia que é transmitida de volta para o meato acús- tico externo – que são as emissões otoacústicas. O Sistema Efe- rente Olivo-coclear medial atua com mediadores químicos, ajus- tando e controlando o mecanismo ativo. O principal neurotrans- missor é a acetilcolina(ACh). Portanto, as emissões otoacústicas referem-se a energias so- noras de fraca intensidade que amplificadas podem ser captadas no meato acústico externo, na ausência de estímulo acústico (Emissões Otoacústicas Espontâneas) ou evocadas por estímulo acústico (Emissões Otoacústicas Evocadas). TIPOS DE EOA UTILIZADAS CLINICAMENTE As EOA podem ser classificadas em: Espontâneas – podem ser captadas no meato acústico ex- terno na ausência de estimulação acústica; Evocadas – liberação de energia captada no meato acústico externo em resposta a um estímulo acústico. Das EOA evocadas destacam-se clinicamente as: Por estímulo Transiente(EOAT) – evocadas por estímulo acústico breve, de espectro amplo, que abrange gama de freqüên- cias – clique ou tone burst; e Produto de Distorção (EOAPD)– evocadas por 2 tons puros simultâneos (F1 e F2) que por intermodulação produzem como resposta um produto de distorção (2F1-F2). CARACTERÍSTICAS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS – As EOA são pré-neurais. Portanto, bloqueios do nervo não afetam as emissões. – Não são afetadas pela velocidade do estímulo. – A latência, tempo entre a apresentação do estímulo e a res- posta, é inversamente proporcional à freqüência. Freqüências al- tas, menor latência, e vice-versa. – A amplitude decresce de maneira não-linear. O crescimento não-linear em relação ao estímulo atinge um nível de saturação a partir do qual não haverá influência do nível de intensidade do es- tímulo. – São vulneráveis a agentes que danificam provisória ou per- manentemente a cóclea, como, drogas ototóxicas, ruídos intensos e hipoxia. EMISSÕES OTOACÚSTICAS ESPONTÂNEAS As emissões otoacústicas espontâneas, registradas na au- sência de estímulo acústico, podem ser captadas em 50 a 80% da população audiologicamente normal. Podem ser uni ou bilaterais, únicas ou múltiplas em uma mesma orelha. Há maior prevalência das EOA espontâneas no sexo feminino e na orelha direita, tanto em neonatos quanto em adultos (Bilger et al., 1990; Martin et al., 1990, Penner et al.,1993). As mulheres apresentam mais EOAE múltiplas e bilaterais (Bright, 1997). Prist et al., (1986) sugeriram que o menor volume do meato acústico externo da mulher seria responsável pelas diferenças observadas entre os sexos. Porém como essas diferenças já existem nosneonatos, Bilger et al., (1990) consideram essas diferenças entre os sexos de origem ge- nética. Nesse caso, diferenças raciais também deveriam ser es- peradas. Alguns estudos têm relatado que a etnia africana exibe mais EOAE do que a branca (Whitehead et al., 1993). O registro das EOAE é realizado colocando-se uma sonda no meato acústico externo que dispõe de um microfone, amplificador e filtros para realizar a análise espectral dos sons registrados se- parando-os dos demais sons originados do corpo. No gráfico de registro as EOAE aparecem como picos de energia em determina- das freqüências sonoras, que variam de 12 a 20 dB NPS, sendo freqüentemente obtidos em neonatos nas freqüências altas (3.000–40.00Hz) e nos adultos nas freqüências médias (1.000 – 2.000Hz). A amplitude das EOAE decrescem com aumento da idade e podem flutuar em freqüência com mudanças hormonais, ciclo menstrual e alterações metabólicas (Penner et al., 1994). As EOAE podem ser afetadas por alterações de pressão da orelha mé- dia, onde ocorre um aumento da freqüência e diminuição da am- plitude, por estimulação por ruído contralateral ou exposição a ru- ído intenso e drogas ototóxicas (Bright, 1997). As EOA espontâneas não têm valor clínico definido, visto que ocorrem em aproximadamente 50% dos ouvintes, mas, interferem nos outros tipos de emissões contribuindo para o aumento da am- plitude da emissão na freqüência em que ocorre (Moulin et al., 1991; Bright, 1997). Morlet et al., (1995) registraram EOAE em 84% dos 93 recém-nascidos a termo e pré-termo, observando maior amplitude da emissão otoacústica evocada por estímulo transiente na região das EOA espontâneas. No Brasil, Soares et al., (1997) estudaram a ocorrência de EOA espontâneas em 49 recém-nasci- dos a termo e sua interferência nas EOAT. Os autores observaram ocorrência de EOAE em 52,4% dos neonatos do sexo feminino e em 27,5% do sexo masculino, sendo que as maiores amplitudes das EOA transitórias foram obtidas nas freqüências das EOA espon- tâneas, com concordância de 63,6% entre os achados. Alguns trabalhos tentaram correlacionar as EOAE com a pre- sença de zumbido. Não se observou correlação entre EOAE e zum- bido subjetivo. Apenas 4% dos indivíduos com zumbido apresen- tavam EOAE elevadas e a supressão das EOAE com ruído contrala- teral não diminuía o zumbido (Penner, 1990). Entretanto, alguns trabalhos (Martin et al., 1990; MATHIS e cols., 1991) têm relatado correlação das EOAE com zumbido objetivo, o qual é bastante raro. Os autores têm registrado casos de zumbido objetivo por altera- ção genética autossômica dominante que apresentam EOAE múlti- plas e muito elevadas (40 dB NPS). EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS POR ESTÍMULO TRANSIENTE As emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente (EOAT) são geralmente evocadas por estímulo acústico breve e que abrange ampla gama de freqüências (clique), o que permite a estimulação da cóclea como um todo(Kemp,1978). As EOAT são registradas em 98% dos indivíduos com audição normal. O regis- tro da resposta é realizado colocando-se uma sonda no meato acústico externo, que dispõe de um gerador de sinal (gera o cli- que), transdutor, microfone, amplificador, filtros (para cancelar os ruídos indesejados) e analisador da resposta no eixo do tempo. Na aplicação clínica, freqüentemente utiliza-se um estímulo clique apresentado em moderada intensidade, variando entre 75 e 83 dBpeNPS, apresentado de forma não-linear, ou seja, em grupos de 4 cliques, sendo os 3 primeiros em uma fase e o último em fase oposta com amplitude 3 vezes maior que os precedentes, cujo so- matório é zero (Glattke & Robinette, 1997). Geralmente, o espectro da EOAT obtido como resposta ao clique é amplo, vari- ando de 800 a 4.000 Hz ou de 1.000 a 5.000 Hz, dependendo do equipamento e do tipo de programa adotados. A latência da res- posta é de 3 ms a 20 ms e a análise é feita a partir de 2,5ms ou 5 ms. A amplitude da resposta varia segundo idade, sexo e lado da orelha e sofre interferência do nível de ruído (externos/ambientais ou internos/do indivíduo) e do nível de pressão sonora do estí- mulo. Quando o nível de pressão sonora do estímulo aumenta, a amplitude cresce de forma lenta, pois o amplificador coclear provê substancial ganho para estímulos pouco intensos atingindo satu- ração em níveis de intensidade média. Dessa forma, há pequena atenuação da resposta com reduções significativas do nível de pressão sonora do estímulo, de 0,1 dB de amplitude para 1 dB de mudança do estímulo (Kemp et al., 1990 ). A amplitude de res- posta decresce com o aumento da idade, situando-se em torno de 20 dB nos recém-nascidos, 10 dB nos adultos e 6 dB nos idosos (Robinette, 1992; Parrado, 1994; Lopes Filho, 1995; Glattke & Ro- binette, 1997; Bassetto, 1996; Soares, 2000). Estas diferenças são atribuídas ao tamanho do meato acústico externo e integri- dade da cóclea. Glattke e Robinette (1997) verificaram que uma leve mudança na audição do idoso provocava redução significa- tiva da amplitude da resposta, sendo que a mesma mudança au- ditiva em adulto jovem não alterava a resposta. As amplitudes das emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente são mai- ores no sexo feminino e nas orelhas direitas (Robinette, 1992; Glattke e Robinette, 1997). Prieve & Falter (1995) relataram que as diferenças encontradas entre lado da orelha e sexo são decor- rentes das EOA espontâneas, pois quando corrigidas as diferenças desaparecem. As maiores amplitudes da EOAT obtidas nos adultos encontram-se nas freqüências de 1.000 e 2.000 Hz enquanto nos neonatos situam-se entre 3.000 e 4.000. Hz. Estas diferenças são atribuídas aos efeitos do tamanho da orelha externa e média, das características de ressonância do meato acústico externo e da presença de emissões otoacústicas espontâneas que reforçariam a resposta em determinadas freqüências (Lonsbury-Martin et al., 1999). Os resultados das EOAT (equipamento ILO) realizadas em recém-nascidos e em adulto podem ser observados nas Figuras 5.1 e 5.2, respectivamente. Na Figura 5.1, observa-se a amplitude geral (response), a amplitude por banda de freqüência (1.000/1.500/2.000/3.000/4.000 Hz) utilizando-se o programa qui- ckscreen (janela de 10 ms), a reprodutibilidade geral e por banda de freqüência (acima de 50% quando há resposta), a estabilidade da sonda (acima de 70% é aceitável), o nível de pressão sonora do estímulo (entre 75 e 83 dBpeNPS) e o tempo do exame. No quadrante superior à esquerda observa-se a forma de onda do es- tímulo que deve ser bifásica, com amplitude de até 0,3 Pa nos pri- meiros 5 ms, decaindo rapidamente após 2-3 ms. O espectro do estímulo também pode ser observado no gráfico (Stim) que deve ser linear em torno de 40 dBNPS, garantindo a mesma intensidade nas freqüências estudadas. Na janela maior, observa-se o traçado das respostas armazenadas em duas unidades de memória (A/B) no eixo do tempo (response waveform), das freqüências altas (la- tência menor) para as baixas (latência maior). Na Figura 5.2, po- dem ser observados os mesmos parâmetros, porém utilizando-se o programa de adulto, que propicia verificar respostas até 5.000 Hz, em janela de 20 m.Na prática clínica é comum encontrar au- sência de EOAT na banda de 5000Hz em individuos ouvinte. As diferenças de amplitude nas bandas de freqüências entre adultos e neonatos podem ser vistas nos exemplos (figuras 5.1 e 5.2)O nível de ruído aceitável nos exames é de até 40 ou 50 dB NPS e geralmente é maior (concentrados em freqüências baixas) nos exames do neonato do que no do adulto, em decorrência das ati- vidades de respiração e sucção do recém-nascido. Considera-se resposta presente no adulto quando esta ocorre 3 dB acima do ruído nas bandas de 1000 a 4000Hz e no neonato de 3 a 6 dB acima do ruído (3 dB em 1.000 ou 1.500 Hz e 6 dB nas demais bandasde freqüências). As respostas na banda de 1000Hz podem estar ausentes em ambientes ruidosos. As EOAT registradas, em geral são constantes no mesmo in- divíduo na ausência de patologia de orelha média, porém apre- sentam grande variabilidade entre os indivíduos. As EOAT também podem ser evocadas por estímulo do tipo tone burst (Kemp, 1978; Glattke & Robinette, 1997). As EOAT são as mais recomendadas para triagens auditivas neonatais, visto que indivíduos com perda auditiva leve (acima de 25 dBNA) apresentam ausência destas emissões. A EOAT tem sido a mais indicada para a triagem neonatal pela rapidez – em média, 1 min por orelha – facilidade de aplicação (não há necessidade de eletrodos) e gama ampla de freqüências que abrange, além de ser um teste objetivo e não-invasivo (Parrado, 1994). EMISSÕES OTOACÚSTICAS – PRODUTO DE DISTORÇÃO As Emissões Otoacústicas Evocadas – Produto de Distorção (EOAPD) são respostas geradas pela cóclea, evocadas por 2 tons puros (F1 e F2) apresentados simultaneamente com freqüências sonoras muito próximas F2/F1 = 1,22.(Kemp,1978) O produto de distorção surge da incapacidade da cóclea em amplificar de forma linear dois estímulos diferentes, ocorrendo uma intermodulação que resulta em um produto de distorção (2F1-F2). A cóclea produz também outros produtos de distorção em outras freqüências (F2- F1; 2F2-F1: 3F2-F1) como resposta à estimulação bitonal, porém o componente usado clinicamente é a resposta 2F1-F2 (diferença cúbica tonal) por ser a maior resposta detectada. A resposta é chamada distorcida porque se origina na cóclea como um sinal tonal que não estava presente nos tons puros evocadores.( Glattke & Robinette, 1997)Por convenção o tom puro de freqüên- cia mais baixa é referido como F1 primária e seu nível de intensi- dade, L1, e o tom puro de freqüência mais alta F2 e seu nível de intensidade, L2. Apesar de PD 2F1-F2 ser detectado, geralmente é pequeno (5 a 15 dB NPS), estando freqüentemente 60 a 70 dB abaixo do nível de intensidade do estímulo evocador. O registro da resposta pode ser realizado colocando-se uma sonda no meato acústico externo que dispõe de 2 geradores de tom puro (para ge- rar F1 e F2 sintetizados digitalmente), microfone para captar a res- posta, amplificador e processador de sinal acoplado a um compu- tador (análise da resposta). A resposta é registrada de acordo com as freqüências primárias, sendo 2F1-F2 a região de máxima res- posta que reflete as condições cocleares naquela região. Por exemplo, F1= 3.165Hz e F2=3.833 (relação F2/F1= 1,22) , 2F1-F2 = 2.498 Hz (resposta nesta região). A vantagem desse tipo de emissão é a maior especificidade por freqüência, podendo-se avaliar a função coclear desde a es- pira basal até a apical, variando-se as freqüências primárias dos estímulos evocadores. As respostas em freqüências baixas são mais difíceis de serem mensuradas por causa da presença de ru- ídos externos (ambientais) e internos (do paciente). A EOAPD for- nece informações mais precisas para as freqüências altas (acima de 2.000 Hz), até 6.000 Hz ou 8.000 Hz. A resposta é considerada presente quando estiver 6dB acima do ruído. Outros sistemas usam o critério de a resposta estar dentro dos valores estabeleci- dos como normais (percentil 90). A amplitude da resposta de- pende dos parâmetros dos estímulos tonais, isto é, das freqüên- cias primárias, sua relação (1,21 ou 1,22), seus níveis de intensi- dade (70 dB, 60 dB NPS) e relação entre eles (L1 = L2; L1 > L2.). Para que as EOAPD possam ter utilidade clínica é necessário sistematizar as respostas em indivíduos normais, de acordo com os parâmetros escolhidos. Alguns referenciais de normalidade re- alizados com equipamento ILO em estudos nacionais são apresen- tados resumidamente no Quadro 5.1. Considera-se alteração co- clear quando a resposta estiver ausente (abaixo do ruído) ou pre- sente, mas fora dos níveis considerados normais. Pesquisas rea- lizadas com EOAPD revelaram que esse tipo de emissão pode estar presente em perdas auditivas de grau leve a moderado (de até 50 dBNA). Por essa razão, não tem sido indicado como primeira es- colha para triagem em neonatos. Alguns autores propõem a redu- ção dos níveis de intensidade das freqüências primárias ( L1 = 65 e L2 = 55dB) para sua utilização em berçários e na rotina clínica, permitindo melhor separação dos indivíduos normais dos patoló- gicos (Lonsbury-Martin & Martin , 1990; Gorga et al., 1993). As EOAPD são muito recomendadas para a monitoramento da função coclear em indivíduos expostos a ruídos intensos, medica- dos com drogas ototóxicas, incluindo a quimioterapia. Nesses casos, a EOAPD é realizada de forma seriada durante a administra- ção dos medicamentos ou exposição ao ruído, e, quando ocorre uma mudança na amplitude de resposta comparada à resposta inicial, há indícios de disfunção coclear com risco de lesão coclear. Além disso, as EOAPD podem ser complementares às EOAT por ve- rificar as condições cocleares em freqüências mais altas. No pro- grama de triagem auditiva neonatal realizado na UNIFESP, utiliza- mos este tipo de emissão (PD) como complementar em casos de falha na EOAT. Se a criança falhar na triagem auditiva por EOAT, hipotetiza-se que possa ter perda auditiva a partir de 25 dB.Nesse caso, complementamos a avaliação com EOAPD a 70dBNPS. Se a EOAPD estiver ausente, hipotetiza-se que a perda auditiva da cri- ança possa ser superior a 50 dB. Se estiver presente, provavel- mente a perda auditiva situa-se entre 25 e 50 dB. Nas Figuras 5.3 e 5.4 observa-se o registro da presença e ausência de EOAPD com equipamento ILO. Na Figura 5.5, observa-se o registro das EOAPD de uma criança com perda auditiva dgrau moderado. Como as EOAPD estão presentes em perdas auditivas de grau leve e moderado, muitos trabalhos foram desenvolvidos com o ob- jetivo de verificar as possíveis correlações entre limiar de audibili- dade e amplitude de resposta na EOAPD. Na maioria dos estudos verificou-se que as EOAPD estavam presentes em perdas auditivas de origem coclear de até 50 dB NA (Smurzinkle et al., 1990; Karzon et al., 1994; Kimberley et al., 1997; Pazoti, 1999; Coube, 2000) e a existência de correlação negativa entre limiar e amplitude de res- posta, ou seja, quanto maior o limiar, menor a amplitude de res- posta na EOAPD (Kimberley et al., 1997; Nelson & Kimberley , 1992; Avan & Bonfils, 1993; Sun et al., 1996; Kim et al., 1996; Pa- zoti, 1999). Além disto, observou-se também que essa correlação era mais intensa para as frequências altas. Esta correlação nega- tiva obtida entre limiar audiométrico e amplitude da EOAPD ocorre apenas em indivíduos com perda auditiva de origem coclear. Quando os limiares estão dentro da normalidade, não há correla- ção entre o nível do limiar e amplitude de resposta (Pazoti & Aze- vedo, 1999). Em estudo realizado na UNIFESP, Azevedo e Soares (1998), avaliando 60 indivíduos, sendo 30 com audição normal e 30 com perda auditiva de origem coclear, observaram que as EOAT, pre- sentes em 100% dos normais, desapareciam em indivíduos com limiares superiores a 25 dB NA. Nas EOA – produto de distorção, realizado com L1 = L2 = 70dB NPS, os indivíduos com perda audi- tiva de até 40 dB NA, apresentavam amplitudes de resposta dentro do normal (entre a média e um desvio padrão). Nas perdas auditi- vas de 40 a 55 dBNA as EOAPD estavam presentes, porém abaixo da faixa de normalidade (acima de dois desvios-padrões). Nas perdas auditivas superiores a 55 dB NA as emissões produto de distorção estavam ausentes. Outra forma de registro das otoacústica- produto de distorção é denominada Curva de Crescimento ou Razão de Crescimento (Grow Rate ou input/output function) em que se observa o efeito do nível de pressão sonora do estímulo sobre a amplitude da res- posta. Neste caso, escolhe-se uma determinada freqüência e re-gistra-se o decréscimo da amplitude da resposta do produto de distorção de acordo com a redução do nível de pressão sonora do estímulo. A Curva de Crescimento de um indivíduo normal, em 4.000 Hz, é apresentada na Figura 5.6. Observa-se que ao se di- minuir o nível de pressão sonora do estímulo (de 70 para 40 dB NPS, ocorre redução da amplitude de resposta até seu desapare- cimento – (abaixo do ruído). A resposta obtida 3dB acima do ruído no menor nível de apresentação é considerada limiar da curva de crescimento. A utilidade clínica de tais curvas é a possibilidade de se esta- belecer o nível mínimo em que a resposta ocorre e pode ser um indicador da sensibilidade auditiva em determinada freqüência so- nora (Lonsbury-Martin et al., 1997; 1999). Curvas de crescimento obtidas em populações normais e com perda auditiva têm sido descritas em trabalhos internacionais (Smurzynski et al., 1990; Nelson & Kimberley, 1992; Dorn et al., 1999;Dorn et al 2001) e nacionais (Vono-Coube, 1997; Pazoti, 1999 Coube e Costa Filho ,1998;Tiradentes,2002;Campos,2011). Em geral, o nível de pres- são sonora do estímulo é gradativamente reduzido de 75 ou 70 dB NPS até 40-45 dB NPS. Espera-se que um indivíduo com audição normal apresente um decréscimo da amplitude de resposta com a diminuição da intensidade do estímulo com desaparecimento em torno de 45 a 50 dB NPS. Soares (2000) registrou as curvas de crescimento em 62 neonatos, verificando o desaparecimento da resposta em 50 dB NPS. Em estudo realizado por Pazoti (1999) na UNIFESP, avaliando 29 indivíduos, verificou-se a existência de correlação negativa (correlação de Spearmann de -0,71 a -0,89) entre limiar audiomé- trico e amplitude da EOAPD nos indivíduos com perda auditiva de origem coclear. Além disso, nas curvas de crescimento (Growth Rate), obtidas em normais, foi observada redução da amplitude de resposta com a redução do nível de pressão sonora do estímulo, com desaparecimento da resposta em 45 dB NPS. Em indivíviduos com perda auditiva de 30 a 40 dB NA, a resposta desapareceu em 60 dBNPS e em perdas superiores a 40 dB NA a curva de cresci- mento apresentou apenas 2 pontos, ou seja, resposta em 75 e 70 dB NPS (Figura 5.7). Dorn et al (2001) realizaram medidas da curva de crescimento em 27 adultos com audição normal e 50 individuos com perda au- ditiva,observando aumento dos limiares das EOA-PD com o au- mento do limiar auditivo.Os autores observaram que as respostas para baixos níveis de apresentação do estímulo crescem linear- mente tornando-se mais compressiva com aumento dos níveis de apresentação. Desta forma há possibilidade de verificar a compressão co- clear pelo registro das curvas de crescimento das EOA-PD Gorga et al 2003 estudaram a medida da taxa de crescimento das EOA-PD em relação ao aumento do nível do estímulo(slope) que permite verificar a compressão coclear . No Brasil estudos determinaram a função de crescimento em populações de individuos normais( Coube e Costa Filho ,1998;Ti- radentes,2002), com zumbido (Sanches,2010) e com alterações de orelha média (Campos,2011). INFLUÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES DE ORELHA EXTERNA E MÉDIA NAS EOAT E PD Ao se registrar as Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE ) deve-se lembrar que tanto o estímulo evocador quanto a resposta são influenciados pela condição da orelha externa e média, visto que o estímulo é transmitido da orelha externa para a interna e a resposta da orelha interna para a externa. Efeitos da mudança de pressão no Meato Acústico Ex- terno Variações da pressão do meato acústico externo afetam a amplitude, o espectro e a reprodutibilidade da resposta, tanto nas EOAT quanto nas EOAPD. Variações da pressão do meato acústico externo de 100 daPa (positiva ou negativa) reduzem a amplitude da EOAT em aproxima- damente 2,5 dB (Margolis & Trine, 1997) A redução da amplitude da resposta é maior nas freqüências baixas (Naeve et al., 1992). De fato, o aumento da rigidez da membrana timpânica tem maior efeito na transmissão das freqüências baixas (Margolis & Trine, 1997). As variações de pressão no meato acústico externo afetam mais a resposta do que o estímulo, sobretudo pela diminuição da eficiência da transmissão do estímulo da cóclea para a orelha ex- terna (Margolis & Trine, 1997.As variações de pressão afetam mais a amplitude da EOAPD do que da EOAT. Osterhamel et al., (1993) observaram, em 1.000 Hz, a redução de 8 dB na amplitude da resposta da EOAPD com mudanças de pressão de 100 daPa e de 11 dB para 200 daPa. Efeito similar foi encontrado na freqüên- cia de 2 000 Hz. Efeitos da mudança de pressão da orelha média Leves mudanças da pressão na orelha média reduzem signi- ficativamente a amplitude das EOAT e EOAPD (Martin,1992; Trine et al., 1993; Margolis & Trine et al., 1997). TRINE et al., (1993), testaram uma série de crianças com cur- vas timpanométricas com picos entre -100 a -310 daPa, obser- vando redução da amplitude sobretudo para as freqüências bai- xas, superiores às obtidas com mudança de pressão do meato acústico externo. Margolis & Trine (1997) comentam que os efeitos das mudanças de pressão da orelha média afetam mais as EOAPD do que a EOAT. Em nossa prática clínica, no Brasil, temos observado que mu- danças de pressão da orelha média afetam a amplitude de res- posta e a reprodutibilidade. Em alguns casos, leves mudanças de pressão da orelha média resultam em exame com amplitudes de resposta normais, com reprodutibilidade inferior a 50%. Efeitos das otites médias secretoras nas EOA A presença de líquido na orelha média afeta as EOAT e EOAPD. Owens et al., (1992) observaram ausência de resposta nas EOAT com presença de líquido na orelha média, mesmo em pouca quan- tidade, e nesses casos as EOAPD apareciam somente para as fre- qüências baixas. Van Caawenberf et al., (1995), avaliando 61 cri- anças com otite média secretora, observaram presença de res- posta (EOAT) em apenas 8%, restrita às bandas de 2.000 e 4.000 Hz e com baixa reprodutibilidade. Em nossa prática clínica observamos em crianças com curva B na timpanometria, ausência de EOA ou a presença de respostas restritas a 2.000 e 3.000 Hz, com amplitude reduzida e baixa re- produtibilidade. Em virtude da alta prevalência de otite média secretora em crianças é importante ressaltar o efeito das otites nas medidas das emissões otoacústicas. Em especial nas triagens auditivas, quando a criança não passar na triagem, deve-se verificar as con- dições da orelha externa e média, realizando-se otoscopia e curva timpanométrica. Efeitos de outras patologias de orelha média Kemp (1978) estimou uma diferença de 12 a 16 dB entre a transmissão do som do meato acústico externo para a cóclea e da cóclea para o meato acústico externo. Anormalidades da mem- brana timpânica podem afetar diferentemente a transmissão do som da orelha externa para a interna e da orelha interna para a externa. As perfurações da membrana timpânica alteram mais a transmissão da OE para OI e podem ser compensadas aumen- tando-se o nível de pressão sonora do estímulo (Margolis & Trine, 1997). As cicatrizações e o aumento de massa na membrana tim- pânica afetam mais a transmissão da OI para OE, e portanto não podem ser compensadas. De fato, Dolhen et al., (1991) observa- ram presença de EOA em 83% das crianças com tubo de ventila- ção. Na prática clínica, necessitando-se registrar as EOA em crian- ças com pequenas perfurações ou presença de tubos de ventila- ção, pode-se aumentar o nível de pressão sonora do estímulo como medida compensatória. Efeitos das mudanças de desenvolvimento das orelhas externa e média Mudanças importantes ocorrem no meato acústico externo e na orelha média nos primeiros meses de vida. Margolis & Trine (1997) descrevem 4 mudanças de desenvolvimento que afetam as EOA : 1) Reabsorção do mesênquima. O mesênquimaé um tecido conectivo embrionário reabsor- vido após o nascimento, podendo permanecer na orelha média nos primeiros meses de vida. A presença de mesênquima na ore- lha média reduz o volume de ar, podendo alterar a impedância na transmissão do som tanto da orelha externa para a interna quanto da orelha interna para a externa. 2) Pneumatização da mastóide A pneumatização do osso temporal resulta da absorção do mesênquima. Pouca pneumatização propicia pouco volume de ar próximo da membrana timpânica, alta impedância, com conse- qüente alteração na transmissão sonora tanto da OE para a OI a quanto da OI para a OE. 3) Mudanças na posição da membrana timpânica e da tuba auditiva. Ao nascimento, a membrana timpânica é horizontal e vai se tornando vertical com o desenvolvimento durante o primeiro ano de vida. A posição e o comprimento da tuba auditiva também se modificam. A tuba auditiva é mais horizontal e mais curta no neo- nato do que no adulto (Bess & Humes, 1998). A posição da membrana timpânica ao nascimento dificulta a otoscopia, porém não afeta a função. A membrana timpânica tam- bém contém tecido mesenquimal que será reabsorvido com o au- mento da idade. O efeito dessas mudanças na membrana timpâ- nica não é totalmente conhecido, mas poderia afetar a transmis- são do som (Margolis & Trine, 1997). A tuba auditiva, mais curta e mais horizontal, predispõe à pre- sença de líquido na orelha média, que penetra com mais facilidade e tem mais dificuldade para ser escoado (Bess & Humes, 1997). 4) Desenvolvimento da Porção Óssea do Meato Acústico Externo A porção óssea do meato acústico externo está parcialmente formada ao nascimento. Na otoscopia pneumática em recém-nas- cidos, observa-se que a parede do meato acústico externo se move em resposta a mudanças de pressão (Holte et al., 1990). Alguns trabalhos (PARADISE et al., 1976) sugeriram que as curvas timpanométricas no recém-nascido sofreriam alterações dessa flacidez de parede do meato e por essa razão passaram a não indicar a realização da timpanometria em crianças menores de 7 meses. Desde 1990 realizamos em nossa prática clínica, na UNIFESP, a imitância acústica em neonatos, com aparelhos portáteis e au- tomáticos, com sucesso em 98% dos recém-nascidos a termo e 76% dos recém-nascidos pré-termo. Em 1999, fizemos um estudo investigando o volume da orelha externa, curvas timpanométricas, valores da compliância e do gradiente em 92 neonatos (184 ore- lhas) de 0 a 3 meses de idade, nascidos a termo com EOAT pre- sentes. O volume da OE nos recém-nascidos avaliados antes de completarem 1 mês de idade variou de 0,2 a 1 mL, com valor mé- dio de 0,6. Com 1 mês de vida, houve variação de 0,3 a 1 mL com valor médio de 0,7 mL. Aos 2 meses, a variação foi de 0,4 a 1 mL com valor médio de 0,8 mL e aos 3 meses a variação foi de 0,5 a 1 mL, com média de 0,8 mL. Tais achados coincidem com os ob- tidos por Carvallo em 1992 em crianças de até 6 meses na popu- lação brasileira. Em 20% dos neonatos observamos curva do tipo duplo pico e em 80%, curvas do tipo A com pico único, deslocada para a pressão negativa (média -50 daPa). Os valores da compli- ância não variaram de 0 a 3 meses de idade, situando-se entre 0,1 e 0,6 mL com valor médio de 0,3 mL. O valor do gradiente obser- vado em neonatos foi sempre inferior a 0,2 (média de 0,12 mL) demostrando curvas arredondadas. Portanto, o neonato apresenta curvas timpanométricas com baixas compliâncias, arredondadas e levemente deslocadas para a pressão negativa. A baixa compliância poderia ser explicada pe- los fatores de reabsorção do mesênquima e pneumatização do osso temporal que aumentam a impedância e reduzem a compli- ância. A curva arredondada e deslocada para a pressão negativa, poderia ser explicada pela posição e pelo comprimento da tuba auditiva (mais horizontal e mais curta), que prejudicariam o equilí- brio da pressão na orelha média Carvallo (2003) encontrou volume de orelha externa de lac- tentes variando de 0,3ml a 0,8ml com média de 0,55ml.Nas crian- ças com Sindrome de Down foram observados menores valores de orelha externa ,de 0,2 a 0,8 com média de 0,4ml(Carvallo et al 2010) Atualmente recomenda-se a realização das medidas de imi- tancia acústica em neonatos utilizando-se a sonda de 1000Hz. (Garcia,2009,Carvallo,2011,Azevedo,2013) Efeito de Supressão das EOA O sistema eferente olivococlear, descrito por Rasmussen em 1940, compreende dois feixes. O feixe lateral, composto por fibras não-mielinizadas, é ipsilateral e se projeta da região lateral do complexo olivar superior até as células ciliadas internas. O feixe medial, composto por fibras mielinizadas, projeta-se ipsi e contra- lateralmente da região medial do complexo olivar superior até as células ciliadas externas. A maioria das fibras do feixe medial cruza a linha média no soalho do 4o ventrículo. O sistema olivoco- clear eferente medial pode ser ativado por estimulação elétrica, química ou ruído. Quando ativado, inibe as contrações das células ciliadas externas, diminuindo a amplitude das emissões otoacús- ticas. O sistema olivococlear medial teria como funções: manter a membrana basilar na posição estática optimal para a transdução, propiciar o controle automático de ganho nas células ciliadas ex- ternas; e atuar como sistema de proteção contra ruídos intensos e na atenção seletiva (Liberman & Kujawa, 1999). Comparando as emissões otoacústicas com e sem ruído, pode-se verificar a atividade do sistema eferente olivococlear me- dial. Estudos têm demonstrado a ocorrência de supressão das EOA espontâneas, transientes e produto de distorção com estimu- lação por ruído contralateral, ipsilateral ou binaural. A maioria dos trabalhos utiliza as EOAT para verificar a presença do efeito de su- pressão, com estimulação contralateral (Collet et al., 1992; Berlin et al., 1993; Ryan et al., 1991; Veuillet et al., 1991), ipsilateral (Tavartkiladze et al., 1997) e bilateral (Berlin et al., 1993,1994). A supressão da EOAT é caracterizada por redução da ampli- tude da resposta na presença de ruído. Esse efeito deve-se à ação do sistema eferente olivococlear medial, que funciona como um modulador, ajustando o processo ativo da cóclea, por contrações lentas das células ciliadas externas, atenuando as contrações rá- pidas. Tal ajuste é mediado por neurotransmissores, como Acetil- colina (Ach) e Adenosina Trifosfato (ATP) Berlin et al.(1994) observaram que os ruídos de banda larga (white noise – WN, narrow band – NB, NBN) são mais efetivos para provocar a supressão do que tons puros, bem como o ruído con- tralateral causa menor supressão do que o ipsilateral. O ruído apresentado bilateralmente provê a maior supressão. Quando se utiliza o clique não-linear com ruido branco contralateral, a ampli- tude de resposta é reduzida em 1 ou 2 dB. A maior supressão ocorre com clique linear (todos na mesma fase) entre 60 e 65 dB pe NPS e com ruído de 5 a 7 dB mais intenso que o clique. Um efeito de supressão de 0,5 a 1,0 dB revela integridade do sistema olivococlear medial (Collet et al., 1992). Berlin et al., (1996) descreveram um novo programa (Kresge EchoMasterProgram) de análise da supressão e as características de supressão obtidas em normais, variando os níveis de intensi- dade do clique linear (de 50 , 55, 60, 65, 70 dB pe NPS) e do ruído (10 dB abaixo e 10 dB acima do nível do clique), contralateral si- multâneo. A partir desse estudo os autores recomendam o uso do clique linear de 55-60 dB peNPS com ruído de 60-65 dB NPS. Os autores observaram que não havia relação entre amplitude de res- posta e supressão, ou seja, o indivíduo poderia ter uma pequena amplitude de resposta e grande supressão. A supressão média obtida com ruído contralateral foi de 1 a 1,5 dB, com ruído ipsila- teral, de 1,5 a 2 dB e com ruído binaural de 3 a 3,5dB. Todos os indivíduos normais apresentaram supressão presente. No Brasil, em um estudo da supressão realizado em 54 mu- lheres de 20 a 30 anos com audição normal, constatou-se a pre- sença de supressão média de 1,4 dB (Silva, 1997). O efeito de supressão obtido em um adulto normal é apresentado na Figura 5.9. Alguns trabalhos têm buscado verificar os efeitos da idade no efeito de supressão. Morlet et al. (1993) observaram ausência de supressão em recém-nascidos pré-termo de 33 a 39 semanas de idade pós-concepcional sugerindo que o sistema olivococlear me- dial não estaria funcionalmente maduro nesta época. Ryan & Piron (1994) registraram presença de supressão em 16 orelhas das 20 avaliadas em 10 recém-nascidos a termo, com redução média de amplitude de 1,5 dB. Hood (2000), avaliando 100 recém nascidos aos 4 dias de vida, encontrou a supressão presente em 75% dos nascidos a termo e 30% dos prematuros. A supressão média em recém-nascidos foi de 3 dB. No Brasil, Durante & Carvallo (2000) estudaram o efeito de supressão em 120 neonatos nascidos a termo e sem intercorrên- cias, avaliados entre 30 e 60 horas de vida, observando presença do efeito de supressão, com diferenças estatisticamente significa- tiva entre os sexos. A supressão média com ruído branco contra- lateral de 60 dB NPS foi de 2,3 dB para o sexo feminino e 3,3 dB para o masculino. Também no Brasil, Viveiros (2000), avaliando a supressão em 60 RN, comparando os nascidos a termo e pré-termo, observou presença de supressão em ambos os grupos, sendo que os RN pré-termo foram avaliados com 36 semanas de idade pós-concep- cional. Estudos têm demonstrado que a atividade do sistema efe- rente à direita em destros é mais efetiva (Khalfa & Collet, 1996; Khalfa et al., 1998). Com os avanços tecnológicos novas técnicas de registro da supressão das EOA foram desenvolvidas. Atualmente a supres- são das emissões é realizada com apresentação alternada de cli- ques lineares com e sem ruído contralateral.Duas sondas são uti- lizadas, adaptadas uma em cada orelha : uma sonda envia os cli- ques lineares (60 ou 65dB) e outra o ruído( 60 a 65dB).A apresen- tação ocorre em blocos alternados de 15mseg sem ruído e 15mseg com ruído.Os valores de referência devem ser estabele- cidos. Valores médios de 0,7 de redução da resposta geral foram obtidos em neonatos sem risco e adultos ouvintes em nosso ser- viço. Neonatos com ausência de supressão apresentam maior risco para alteração da linguagem e da audição. O estudo do sistema eferente olivococlear em idosos também tem sido realizado, Castor et al., (1994), avaliando idosos de 70 a 88 anos, observaram diminuição da supressão com o aumento da idade, levando a uma dificuldade de atenção seletiva e a maior dificuldade em compreender a fala em ambiente ruidoso. A habili- dade de detectar fala no ruído parece estar correlacionada com a integridade do sistema olivococlear eferente, pois quanto maior a supressão, maior a habilidade de perceber a fala no ruído (Micheil, 1993). Hood et al., (1997) estudaram as mudanças do sistema efe- rente com o aumento da idade em indivíduos de 10 a 80 anos. Observaram diminuição da supressão com aumento da idade sendo que nos idosos de 61 a 70 anos houve uma redução signi- ficativa da supressão principalmente ipsi e contralateral. Berlin (1999) observou supressão muito intensa, de 8 a 10 dB, e assimétrica, diferença grande de um lado para o outro, em indivíduos com hiperacusia. A supressão das EOA fornece informações importantes sobre o funcionamento do sistema eferente e a interação entre as vias aferentes e eferentes, auxiliando na diferenciação entre perdas auditivas periféricas e centrais. A ausência de supressão tem sido observada em perdas retrococleares (Liang et al., 1999; Pialarissi, 1999), em pacientes com neurinoma do acústico (Maurer et al., 1995), em pacientes submetidos à neurectomia verstibular (Mau- rer et al., 1995; Girald et al., 1995; Wolliams et al., 1994), na es- clerose múltipla (Rabinovich, 1999) e em neuropatias (Berlin et al., 1994; Hood, 1999). A neuropatia auditiva foi descrita por Starr et al(1996) em um grupo de pacientes que apresentavam funcionamento normal de células ciliadas externas, evidenciada pela presença de EOAT e de microfonismo coclear no registro do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE),com alterações no PEATE,ausência de reflexo acústico e de supressão das emissões. O termo neuropatia auditiva foi substituido por Espectro da Neuropatia Auditiva no Guia para identificação e Tratamento de lactentes e crianças com Espectro da Neuropatia Auditiva (Sinin- ger e Hayes,2008) Pacientes com Espectro da Neuropatia Auditiva(ENA) po- dem apresentar perdas auditivas de graus variados (de leve a pro- fundo) , com configurações incomuns (ascendentes), perdas assi- métricas, com reconhecimento de fala levemente alterado no si- lêncio e muito alterado no ruído, ausência de reflexo acústico e EOA presentes com ausência de supressão. Os possíveis locais de anormalidade incluem células ciliadas internas, sinapses das CCI e VIII nervo, nervo vestíbulo-coclear (desmielinização, fibras afe- rentes ou eferentes), assim como alterações bioquímicas (neuro- transmissores). As possíveis etiologias incluem hiperbilirrubine- mia, infecção por citomegalovirus, alteração genética (autossô- mica dominante ou recessiva), neuropatias motoras e sensorias hereditárias e outras neuropatias periféricas. A ausência de supressão também tem sido descrita em paci- entes com a Doença de Charcot-Marie Tooth e Ataxia de Frie- dreich. A avaliação do efeito de supressão é sensível para detectar anormalidades no tronco encefálico que incluam o sistema coclear eferente. Portanto, a avaliação do sistema eferente deve ser inclu- ída no protocolo de avaliação audiológica de crianças e adultos com suspeita de alterações retrococleares, como neurinoma do acústico, e alterações do tronco encefálico, assim como em neo- natos pré-termo, sobretudo os com hiperbilirrubinemia. EOA NO DIAGNÓSTICO DE CRIANÇAS COM MÚLTIPLAS DE- FICIÊNCIAS As emissões otoacústicas evocadas têm sido de grande utili- dade no diagnóstico audiológico de crianças com comprometi- mento neurológico e/ou psíquico, como encefalopatas e autistas que não respondem bem na audiometria convencional. Como o exame é objetivo e não necessita de colaboração do paciente tor- nou-se importante instrumento de avaliação de crianças que não se comunicam ou não cooperam com a avaliação. O teste não é invasivo, é rápido e exige apenas que a criança permaneça quieta. No ambulatório de audiologia da UNIFESP, as EOA evocadas, reali- zadas com a criança dormindo, em sono natural, têm sido de grande auxilio para o diagnóstico audiológico de crianças com múltiplos comprometimentos, complementando a avaliação audi- ológica comportamental e imitanciométrica. Em nossa rotina clínica, o uso das EOA na bateria de testes tem auxiliado muito na confirmação da audiometria e identificação das alterações retrococleares. EOA NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PERDA AUDITIVA DE ORIGEM COCLEAR E RETROCOCLEAR E MONITORA- MENTO DA FUNÇÃO COCLEAR Como as EOA têm origem pré-neural e fornecem informação específica sobre as células ciliadas externas, têm sido um instru- mento importante da bateria de testes audiológicos para diferen- ciar se a perda auditiva é de origem coclear ou retrococlear. O valor clínico das EOA, com orelhas externa e média em condições normais, é o de avaliar separadamente a função coclear. Temos adotado na rotina clínica a comparação dos resultados da audio- metria tonal com os das EOAT e EOAPD em pacientes com curva timpanométrica normal, analisando se há compatibilidade ou in- compatibilidade entre os achados. A compatibilidade entre os achados indica alteração coclear e ocorre em doenças quelesam as células ciliadas externas, como uso de ototóxico e exposição a ruídos. A incompatibilidade entre os resultados da audiometria to- nal e a EOA pode significar que a alteração está nas células ciliadas internas, no nervo ou nas vias auditivas centrais, na simulação de perda auditiva ou em disfunções cocleares detectadas pelas EOA antes da lesão. Espera-se EOAT e EOAPD essencialmente normais em casos de perdas auditivas retrococleares, como no neurinoma do acús- tico (Bonfils & Uziel,1988; Roninette, 1992) e alterações centrais (Prieve, Gorga & Neelt, 1991; Widen et al., 1995). Porém, as EOA podem estar reduzidas ou ausentes em orelhas com neurinoma do acústico por redução do suprimento vascular para a cóclea, provocando lesão coclear secundária. Teleschi et al., (1995) ob- servaram redução das EOAE na maioria dos pacientes com neuri- noma. ROBINETTE (1992;1995) observou em 72 tumores do nervo acústico presença de EOAT com perda auditiva em 13 orelhas (18%). Cane et al., (1994) observaram a presença de EOAT em 12 orelhas com perda auditiva (27%) em uma amostra de 45 pacien- tes diagnosticados com tumores do nervo vestíbulo-coclear. Em patologias cocleares com predomínio de lesão de células ciliadas externas, como na exposição a ruído, uso de drogas oto- tóxicas e meningite, espera-se concordância entre os resultados da audiometria convencional e a EOAT ou a EOAPD. Exemplo de EOAT em perda auditiva em rampa por exposição a ruído pode ser observado na Figura 5.9. EOA E EXPOSIÇÃO A RUÍDOS A exposição a ruídos intensos pode provocar elevação tem- porária ou permanente dos limiares. Estudos têm demonstrado a redução da amplitude de resposta nas EOAT e PD após estimulação acústica. Garcia et al., (1997), no Brasil, estudaram as mudanças nas EOAT e EOAPD após exposição ao ruído em 19 indivíduos normais. As EOA foram registradas antes e após a exposição a um ruído branco de 100 dB durante 10 min, detectando-se redução, estatisticamente significante, da amplitude das EOAT e das EOAPD após o ruído, sobretudo nas freqüências altas. Vinck et al., (1999) também observaram redução da amplitude das EOAT e das EOAPD em 10 jovens voluntários expostos, por 1 hora, a ruído de banda larga a 90 dB, com recuperação em 16 min. Engdal & Kemp (1996) também observaram redução das EOAPD em 9 indivíduos normais após exposição a ruído de 102 dB por 10 min, sendo a maior re- dução obtida associando exposição a ruído com exercício fisico. Os efeitos de exercício físico e exposição a ruído nas EOAPD foram amplamente estudados por Engdal em 1996, que considera as mudanças na atividade metabólica durante o exercício físico, como o aumento da temperatura corporal, responsáveis pelo au- mento da susceptibilidade à exposição ruído. Como as células ciliadas externas são vulneráveis a agentes externos como o ruído, as EOA podem ser utilizadas para detectar os primeiros sinais de alteração coclear. A disfunção coclear pode alterar o resultado das EOA antes de alterar o limiar psicoacústico. Por essa razão, as EOA têm sido adotadas para monitoramento da função coclear em trabalhadores expostos a ruído. No Brasil, Oli- veira, Vieira & Azevedo (1999) estudaram trabalhadores normo- ouvintes expostos a ruídos de indústria de móveis, encontrando menor ocorrência de EOAT nestes do que no grupo controle e re- dução significativa da amplitude das EOAPD nas frequências altas. (Figura 5.10). A redução das amplitudes das EOA em trabalhado- res de indústria têxtil já havia sido observada nos estudos de Kowalska & Sulkowski em 1996 e 1997. No Brasil, Fiorini (2000), avaliando 80 trabalhadores de indústria têxtil com audiometria to- nal normal, também encontrou menor ocorrência e menor ampli- tude das EOA nos trabalhadores expostos a ruído do que no grupo controle, em especial nas freqüências altas.REtirei frase Ainda no Brasil, Fukuda et al., (1998) compararam os acha- dos audiométricos aos das EOAPD em 450 trabalhadores metalúr- gicos, encontrando relação inversa entre limiar audiométrico e am- plitude das EOAPD, além de coincidência entre as freqüências com perda auditiva e EOA alteradas. Bernardi (2000) estudou o efeito de supressão das EOA em trabalhadores expostos a ruído e a pro- duto químico, observando menor ocorrência de supressão nos ex- postos a ruído e produto químico quando comparados aos expos- tos somente a ruído e a um grupo controle de normais de mesma idade. EOA E DROGAS OTOTÓXICAS As EOA também são afetadas por uso de drogas ototóxicas, como aminoglicosídios e agentes quimioterápicos. O uso de ami- noglicosídios, sobretudo associados a diuréticos de alça, pode provocar perda auditiva de origem coclear nas freqüências altas. Nesses casos há concordância entre o audiograma tonal e as EOAE. Como as células ciliadas externas são vulneráveis a drogas ototóxicas, EOAs seriadas realizadas durante o tratamento podem detectar disfunções cocleares antes da lesão. O monitoramento auditivo antes, durante e depois do tratamento é indicado. No Bra- sil, Pinheiro & Azevedo (1999) estudaram o efeito do uso de ami- cacina associada a vancomicina nas EOAT em recém-nascidos de UTI, comparando um grupo de 30 recém-nascidos medicados com 15 não medicados. A ocorrência das emissões não diferiu entre os grupos, porém a amplitude de resposta em 4.000 Hz foi menor no grupo de recém-nascidos medicados. Drogas quimioterápicas, como a cisplatina, podem reduzir a amplitude das EOA durante o tratamento e levar a perdas auditivas nas freqüências altas. Dishtchekenian et al., (1999) estudaram a audição de pacientes com osteossarcoma submetidos a quimiote- rapia com carboplatina e cisplatina, usando audiometria de altas freqüências e emissões otoacústicas evocadas por estímulo tran- siente, monitorando a audição de 27 pacientes durante os ciclos de tratamento. Mudanças na amplitude de resposta das EOAT fo- ram observadas durante o tratamento, sendo possível determinar correlação entre perda auditiva em freqüências altas e quimiotera- pia, tendo a cisplatina demonstrado maior grau de ototoxicidade do que a carboplatina. A aspirina administrada oralmente pode causar perda auditiva de grau leve a moderado reversível e zumbido. O uso da aspirina reduz temporariamente as EOA espontâneas e transientes, porém tem pouco efeito nas EOA – Produto de Distorção (Lonsbury-Martin et al., 1999). EOA E DOENÇA DE MENIÈRE Comparando os resultados obtidos na audiometria tonal limi- nar com os das emissões otoacústicas evocadas na Doença de Menière, freqüentemente ocorre incompatibilidade entre os acha- dos Estudos em pacientes com Doença de Menière demonstraram características atípicas das EOA em relação às demais perdas au- ditivas de origem coclear. Nesses casos, pode-se observar audio- metria tonal com limiares de audibilidade normais e EOA alteradas, audiometria com perda auditiva unilateral e EOA alteradas bilate- ralmente ou audiometria com perda auditiva e presença de EOA, nas freqüências sonoras em que há perda auditiva. Harris & Probst (1992), estudando 31 pacientes com Doença de Menière unilate- ral, observaram presença de EOAT em 94% das orelhas normais e 84% das afetadas. Em casos com limiares auditivos superiores a 25 dB encontraram presença de EOAT, o que não seria esperado. Além disso, a amplitude das EOAT do lado normal dos pacientes com Doença de Menière eram menores do que as obtidas em um grupo controle sem a doença. Em casos de perda auditiva por Do- ença de Menière com presença de EOA, demonstrando integridade das células ciliadas externas, a terapia medicamentosa para redu- zir a pressão endolinfática seria a mais indicada, com maior chance de sucesso (Lonsbury et al., 1999). Ohls et al., (1991), es- tudando 14 pacientes com Doença de Menière, observaram que 2/3 dos pacientes apresentavam configuração das EOAPD compa- tíveiscom o audiograma e 1/3 apresentava resultados normais nas EOA, com elevação dos limiares na audiometria tonal. Os au- tores sugerem que essas variações possam contribuir para identi- ficar as diferentes fases de evolução da doença. Kubo et al., (1995) estudaram 22 orelhas de pacientes com Doença de Me- nière, observando que as EOAT estavam presentes nas freqüên- cias baixas, mudando para as freqüências altas após administra- ção de glicerol. Martin et al., (1990) encontraram aumento da amplitude das EOAPD após administração de glicerol. EOA E SURDEZ SÚBITA Em casos de surdez súbita idiopática, a comparação entre os resultados da audiometria e das EOA tem sido usada para pre- ver a chance de recuperação da audição e auxiliar na indicação da medicação. Nesses casos, pode haver concordância ou dis- crepância entre os resultados. Se as EOA estiverem presentes em um indivíduo com perda auditiva súbita confirmada pelo audi- ograma, a recuperação não seria esperada com medicação para a cóclea, visto que a alteração seria retrococlear. Em casos de EOA alteradas e compatíveis com o audiograma, a recuperação poderia ocorrer com medicação para a cóclea, visto que a altera- ção seria coclear. Sakashita et al., (1991) compararam os acha- dos audiológicos de 46 pacientes com perda auditiva neurossen- sorial persistente e etiologia desconhecida com os de 42 pacien- tes com perda súbita recente, observando que 55% das orelhas com perda súbita apresentavam EOA presentes com audiograma alterado. Nos casos de perda auditiva de longa data nenhum apresentou EOA. Os autores concluíram que perda auditiva súbita com limiares auditivos acima de 30 dB NA e com EOAT presentes são, em geral, de origem retrococlear. EOA E ALTERAÇÕES METABÓLICAS Em nossa rotina clínica na UNIFESP, temos também encon- trado pacientes com queixa de zumbido, com audiometria normal e EOAT alteradas, apontando para disfunção coclear. Esses paci- entes, em geral, apresentam alterações metabólicas nos exames laboratorias, tais como hipoglicemia, hiperinsulinemia e diabetes mellitus ou disfunções da tireóide, sobretudo hipertireoidismo. Após o tratamento, as EOA tendem a se normalizar. No Brasil, Mur- bach (2000) estudou as variações das EOAPD durante a realização da curva glicêmica e insulinêmica em 51 pacientes, observando variação positiva da amplitude das EOAPD nos indivíduos com normo-insulinemia e variação negativa da amplitude nos indiví- duos com hiperinsulinemia. A concentração dos eletrólitos dentro da endolinfa (alta concentração de potássio e baixa de sódio) de- pende da função da bomba de sódio e de potássio e é fundamental para a manutenção do potencial endococlear. A glicose é consi- derada um fator importante para o perfeito funcionamento da bomba de sódio e potássio pelo alto consumo de energia (Men- delsohon & Roderique, 1972). Fukuda (1982), estudando 100 pa- cientes com disfunção labiríntica, encontrou em 82% destes alte- rações das curvas glicêmicas e/ou insulinêmicas de 5 horas. O autor refere que a hiperinsulinemia reduziria a concentração dos receptores de insulina, diminuindo a atividade da bomba de sódio e de potássio, aumentando a concentração de sódio na endolinfa e acarretando distúrbio funcional cócleo-vestibular. Mangabeira- Albernaz et al., (1984) afirmaram que a curva insulinêmica é 2 ve- zes mais sensível do que a glicêmica para a detecção de anorma- lidades no metabolismo dos carboidratos. Além disto, destacam que na orelha interna ocorre intensa atividade metabólica e há pe- quena reserva de energia armazenada, o que a torna mais sus- ceptível aos distúrbios do metabolismo dos carboidratos. Atualmente, incluímos na rotina clínica a aplicação do teste de EOA em indivíduos com queixa auditiva e audiometria tonal li- minar normal. Em 10 pacientes avaliados com queixa de zumbido e audiometria tonal normal, 9 apresentaram alteração nas EOA, su- gerindo disfunção coclear. Portanto, as EOA podem ser utilizadas para monitorar a fun- ção coclear, em indivíduos expostos a ruídos, medicados com dro- gas ototóxicas, com alterações metabólicas, Doença de Menière e surdez súbita, permitindo a prevenção de alterações cocleares permanentes e auxiliando no tratamento e no prognóstico das per- das da audição. EOA E CIRURGIAS As EOA também têm sido adotadas para monitorar a função coclear durante cirurgias de remoção de tumores do VIII nervo (Cane et al., 1995). A função coclear pode ser comprometida pela redução do suprimento sanguíneo durante a remoção do tumor. Entretanto, Lonsbury-Martin et al., (1999) chamam atenção para o fato de a função da tuba auditiva ficar impedida nas cirurgias, re- sultando em pressão negativa na orelha média que poderia reduzir as EOA. A redução das EOA durante a anestesia, observada em alguns estudos, poderia estar relacionada às alterações transitó- rias da orelha média. EOA E GENÉTICA As EOA também têm sido estudadas em alterações genéticas, especialmente nas síndromes de Usher e Waadenburg. Na Síndrome de Usher tipo I freqüentemente ocorre perda auditiva profunda com ausência de EOA. Na Síndrome de Usher tipo II pode ocorrer perda auditiva moderada com EOAPD normais na região em que a perda auditiva ocorre.Na Síndrome de Usher tipo III a perda auditiva pode ser progressiva. Estudos histopatoló- gicos em ossos temporais de pacientes com Síndrome de Usher, mostram severa degeneração do órgão de Corti e do glânglioes- piral (Keats et al., 1996). A maioria das perdas auditivas de origem genética cursa com anormalidades das células ciliadas da cóclea e tem padrão de he- rança autossômica recessiva. Em torno de 65% dos casos de disa- cusia neurossensorial não-sindrômicas são autossômicos recessi- vos e estudos realizados em famílias demonstraram que diferen- tes genes podem provocar alterações da função coclear. As EOA – produto de distorção e as curvas de crescimento são adotadas para a identificação do portador dos genes para perda auditiva au- tossômica recessiva. (Huang et al., 1998). Bases genéticas para explicar as alterações da função coclear relacionam-se à presença de miosina nas células ciliadas externas. Estudos em animais de- monstram diferenças das EOAPD e Curva de Crescimento entre portadores e não portadores dos genes da perda auditiva reces- siva. Pais de crianças com Síndrome de Usher mostram diminui- ção das amplitudes das EOAPD nas freqüências médias e menor efeito de supressão da EOAT com ruído binaural (Hood et al., 1998). O estudo das EOA na Síndrome de Waadenburg também tem auxiliado na identificação dos familiares portadores dos genes que seriam audiologicamente normais, mas com EOA alterada (Huang et al., 1998). Silva et al (2010) observaram redução da amplitude das emis- sões-produto de distorção em um grupo de pais heterozigotos em relação a genes de surdez de herança autossomica recessiva inespecífica ou heterozigotos da mutação no gene da conexina 26 . EOA NAS TRIAGENS AUDITIVAS EM ESCOLARES Como as EOAT desaparecem em perdas auditivas superiores a 25 dB NA, este procedimento tem-se mostrado eficiente na tria- gem auditiva em pré-escolares e escolares. Sequit et al., (1995) realizaram triagem auditiva em 603 escolares de 6 anos de idade com EOAT, fazendo curva timpanométrica nos 392 que falharam, considerando o procedimento adequado e capaz de detectar per- das de grau leve a moderado. Sabo et al., (1995) utilizaram EOAT na triagem de 61 escolares identificando 5 crianças com perda au- ditiva. No Brasil, Frazza et al., (1996) estudaram 184 escolares de 6 a 10 anos de idade realizando otoscopia, audiometria tonal limi- nar, imitanciometria e EOA transitórias. Os autores consideraram as EOA bom instrumento de triagem, identificando todas as perdas auditivas condutivas e neurossensoriais acima de 30 dB NA.Mar- ques et al (2010) realizaram triagem em pré-escolaresde 4 e 5 anos da rede publica do municipio de São Luis de Quitunde: dos 896 alunos de 4 e 5a, uma amostra de 190 foi triada com EOAT e Timpanometria.Houve falha em 33,2%,sendo 19,5% por rolha de cera.As alterações auditivas foram encontradas em 27 crianças(14,2%) sendo a maioria de perdas condutivas(13,2%) e duas crianças( 1%) apresentaram perda em frequências altas.A taxa de falsos positivos foi de 3,7%. Guerra-Silva (2012) estudou os protocolos de triagem auditiva em escolares de 4 a 12 anos,ob- servando 97,2% de Sensibilidade e 95,1% de especificidade utili- zando Audio Tonal , Timpanometria e emissões.O uso das EOAT isolada apresentou 85% de sensibilidade e 95,8% de especifici- dade. EOA E TRIAGENS AUDITIVAS NEONATAIS Uma das mais importantes aplicações clínicas das emissões otoacústicas evocadas tem sido na triagem auditiva neonatal, pos- sibilitando o diagnóstico precoce da deficiência auditiva. A prevalência das alterações auditivas varia segundo a popu- lação testada: no berçário comum a prevalência de perda auditiva de origem coclear é de 2,6:1.000, elevando-se para 23:1.000 nos recém-nascidos de UTI neonatal (Write et al., 1993). A prevalência de alterações de orelha média também é maior em recém-nasci- dos de UTI (36:1.000) em relação ao berçário comum (16:1.000). A prevalência de deficiência auditiva de origem coclear obtida em estudos nacionais tem sido de 1 a 2: 1.000 na triagem auditiva universal (Chap Chap, 1996, 1999) e de 20 a 50:1.000 em triagens auditivas em UTI neonatal (Azevedo, 1996; 1997). A triagem auditiva em neonatos utilizando as EOAT tem sido amplamente recomendada na literatura internacional (Bonfils et al., 1988; Bonfils & Nancy, 1989; Uziel & Piron, 1991; Bonfils et al., 1992; White et al., 1993; Kok et al., 1994; Glattke e Robinette, 1997; Lonsbury-Martin, 1999). As EOAT estão presentes em mais de 90% dos recém-nascidos a termo e em mais de 70% dos pré- termo (Bonfils et al., 1988; Bonfils & Nancy, 1989; Uziel & Piron, 1991; Bonfils et al., 1992; KOK et al., 1994, Glattke e Robinette, 1997). Estudos realizados no Brasil também revelaram altas por- centagens de ocorrência de EOAT em recém-nascidos, com maior ocorrência de EOAT em recém-nascidos a termo (Parrado, 1994; Chap Chap, 1995, 1996; Lopes Filho et al., 1996; Basseto, 1998; Soares et al., 1998; Assaf 1999; Soares, 2000; Lewis et al., 2000; Azevedo et al., 2000) e maior índice de falha em recém-nascidos pré-termo e de alto risco (Gattaz & Cerruti, 1994; Chap Chap, 1995, 1996; Bassetto, 1998; Soares et al., 1998; Lewis et al., 2000; Avezedo et al., 2000). A amplitude média das EOAT em recém-nascidos, obtida em estudos nacionais e internacionais, situa-se em torno de 20 dB NPS. Estudos recentes com populações brasileiras abrangendo mais de 500 neonatos revelam maior amplitude de resposta em neonatos do sexo feminino e na orelha direita (Bassetto, 1998; So- ares, 2000). Como a presença de vernix no meato acústico externo e alte- rações da orelha média afetam a captação das emissões otoacús- ticas (Chang et al., 1993; Balkany et al., 1994; Margolis, 1997), a idade mais apropriada para triar recém-nascidos também foi es- tudada em populações brasileiras (Bassetto, 1998; ASSAF, 1999), tendo sido observado que o período ideal seria 5 dias de vida nos recém-nascidos a termo (Assaf, 1999) e na idade pós- concepcional superior a 37 semanas nas crianças pré-termo (Bas- setto, 1998). Estudos das EOA – produto de distorção em neonatos também foram realizados no Brasil (Lopes Filho, 1996; Busch, 1998; Vallejo et al., 1998; Soares, 2000), obtendo-se valores de referência de normalidade para essa população. Atualmente a Triagem Auditiva Universal é recomendada, ou seja 95% dos recém-nascidos devem ser triados.A identificação da perda auditiva deve ser realizada antes dos 3 meses e o diag- nóstico antes dos 6 meses com intervenção imediata, adaptação de prótese e terapia.(JCIH,2007)Se a criança não apresentar ga- nho com a prótese o implante coclear é recomendado com 1 a no de idade. No Brasil os protocolos de triagem auditiva mais utilizados para neonatos sem risco são a EOAT isolada ou associada a pes- quisa do reflexo Cocleo-palpebral (RCP) e nos neonatos de risco,PEATEa isolado ou associado a EOAT e RCP.Os neonatos de risco devem ser acompanhados em relação ao desenvolvi- mento da audição e da linguagem . CONSIDERAÇÕES FINAIS As EOAs são de extremo valor na avaliação audiológica de adultos e crianças, uma vez que fornecem informações sobre o funcionamento das células ciliadas da cóclea. Nos adultos as EOA contribuem para o diagnóstico diferencial das alterações auditivas periféricas e centrais, permitem o monitoramento da função co- clear de indivíduos expostos a ruído e medicados com ototóxicos, possibilitam a avaliação do sistema eferente olivococlear medial e auxiliam no prognóstico das perdas auditivas súbitas. Nas crian- ças, permitem a identificação precoce das alterações auditivas, nas triagens em berçários e escolas auxiliam no diagnóstico de crianças que não cooperam na avaliação tradicional, possibilitam a avaliação do sistema eferente olivococlear medial e a identifica- ção das neuropatias. Por essa razão as EOA devem ser incluídas na bateria de testes audiológicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF, A.M.L . “Estudo prospectivo das emissões otoacústicas evoca- das transientes em recém-nascidos a termo até 5 semanas”. São Paulo, 1999 [tese de mestrado – PUC-SP]. 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