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Leitura e Produção de Textos PEDAGOGIA Curso de Graduação Online | UNISUAM U N ID A D E 1 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Objetivo do estudo - Conceituar texto e leitura. - Identificar a leitura de textos de diferentes códigos: pinturas, charges, cartuns, quadrinhos, páginas da internet, e-mail, publicidades etc. - Reconhecer os recursos expressivos do texto: conceituação de texto verbal, não verbal e misto. - Identificar os recursos comunicacionais: contexto, intertextualidade, ambiguidade, símbolos convencionados etc. - Relacionar textos verbais e não verbais. INTRODUÇÃO: Olá! Bem vindos à disciplina Leitura e Produção de Textos! Nesta primeira unidade, apresentaremos a você o conceito de texto e de leitura. Também será exposto à leitura de textos de diferentes códigos: pinturas, charges, cartuns, quadrinhos, páginas da internet, e-mail, publicidades etc. Além disso, trataremos dos diferentes recursos expressivos do texto (conceituação de texto verbal, não verbal e misto) e os diferentes recursos comunicacionais (contexto, intertextualidade, ambiguidade, símbolos convencionados etc.) Por fim, estabeleceremos a relação entre textos verbais e não verbais. Esperamos que você goste dos textos que selecionamos para ilustrar estes conteúdos, se divirta e aprenda bastante com essas leituras. Bom estudo! 2 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM T1 Conceito de Texto Dizem que o brasileiro não gosta de ler e que o preço do livro seria o principal motivo para isso. Você concorda? Então, vamos ler um texto e refletir sobre isso. Ler ou não ler? Eis a questão... O brasileiro não lê porque o livro é caro? Errado. O brasileiro não lê porque não o acostumaram a ler. O preço do CD é equivalente ao do livro e, no entanto, vendem-se CDs aos milhões enquanto que uma edição de sucesso de uma obra literária, não ultrapassa, em média, três mil exemplares. Não podemos esquecer também das bibliotecas onde um livro não custa nada, basta retirá-lo, além dos “sebos”, livrarias de livros usados, onde se pode adquirir raridades por preço de banana. A leitura deveria ser passada para a criança e os adolescentes como uma busca, uma ação lúdica e prazerosa Na verdade, a grande maioria dos brasileiros não lê porque na escola não o ensinaram a ler, no sentido mais profundo da palavra, ou seja, apreender o que está escrito, refletir, questionar, “viajar” com um texto. (...) A indústria da educação brasileira ensina apenas para o aluno passar no vestibular. A formação humanística, a compreensão do mundo através de sua história, não está em questão. A questão é “passar ou passar”, ou seja, competir e ganhar a corrida para a glória do canudo universitário. A leitura deveria ser passada para a criança e os adolescentes como uma busca, uma ação lúdica e prazerosa, que pode perfeitamente substituir com igual grau de prazer uma ida ao cinema, um dia na praia ou um churrasco no sítio, sem qualquer remorso. Todos aqueles que já descobriram o prazer da leitura, o gosto de elaborar, ele mesmo, o “seu” personagem, a “sua” paisagem, voltar a página e emocionar-se de novo com aquelas cenas que mais os tocaram, jamais abrirão mão dessa “descoberta”. É um vírus que, uma vez contraído, não tem mais cura. É um não acabar mais de descobrir; uma leitura vai sempre remetendo a outra e a vida torna-se tão curta para tanto livro a ser lido. Só mesmo o portador desse vírus sabe avaliar a diferença entre a “viagem” da leitura e a cena dada pronta, como a daquela via TV. Assistir TV é cômodo e chega a ser hipnótico. Não há participação de quem está do lado de cá, o espectador é passivo, recebe o prato feito, não tem possibilidade de criar, de imaginar, de “viajar”. A cena que ele está vendo é só aquela cena, a mesma cena que outros milhões de telespectadores também estão vendo. Ao passo que, no ato de ler a mesma página de um livro, um mesmo poema que tantos outros já leram, entra em jogo o nosso poder de imaginar, de recriar, próprio do ser humano e que os meios de comunicação de massa encarregaram-se de destruir. (...) hábito de leitura 3 1 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM Você concorda com as afirmativas da autora? Reflita sobre! Para ajudá-lo nessa reflexão, você pode ler uma matéria que saiu publicada, há pouco tempo, em uma revista de grande circulação. A matéria intitula-se “Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa”. Saiba mAIS Para lê-la, acesse o endereço: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/ habito-de-leitura-no-brasil-cai-ate-entre- criancas Quando falamos, também produzimos textos ou são textos apenas os escritos? Mas, afinal, o que é um texto? A noção ampla de texto Em casa, na rua, na escola, no clube, no restaurante, todos nós, no dia a dia, circulamos entre textos. O que é texto? Uma conversa telefônica informal entre amigos é um texto? A letra de uma música que ouvimos pelo rádio é um texto? Um capítulo de novela, um outdoor, um letreiro de ônibus, uma conta de telefone, um debate político, um anúncio publicitário, uma notícia de jornal, uma bula de remédio, são textos? Quando falamos, também produzimos textos ou são textos apenas os escritos? Para que servem os textos? O que diferencia um texto do outro? Em síntese, dizemos que um texto é um todo organizado de sentido, que passa uma mensagem ao leitor. Ou seja, independentemente do código em que é produzido, se passar sua mensagem ao leitor, é considerado como um texto de sentido completo. Afinal, é exatamente para isso que servem os textos: para passar mensagens ao leitor. Mas, será que um texto é composto somente por palavras escritas? Observe as imagens seguintes e responda: Todas elas são textos? 4 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 1 2 E então, o que você acha? Os exemplos aqui colocados são textos? São todos textos, uma vez que passam mensagens ao leitor, independentemente de incluírem ou não palavras. E o que diferencia um texto do outro é o objetivo com que ele é elaborado. Observe: ► No primeiro caso, temos um parágrafo de uma obra literária. Seu objetivo é contar uma história ao leitor, usando palavras como recurso expressivo. ► No segundo, uma placa de aviso de “Não fumar”, facilmente reconhecível e muito usada. Como é um texto que precisa ser reconhecido e lido de forma rápida, é usada uma imagem, mais fácil de identificar e decodificar (ou seja, entender) do que se fôssemos usar palavras. ► A história em quadrinhos também passa uma mensagem, e bem engraçada, ao leitor, apenas através de suas imagens e da expressão facial das personagens, Cascão e Cebolinha. ► Já a foto passa uma mensagem de amizade e descoberta de novos horizontes. Neste caso, os elementos usados para passar a mensagem foram a posição dos dois personagens (a criança e o cãozinho) e o gesto que a criança faz, ao apontar para o horizonte, sugerindo que está vivendo aquela experiência, de ir à praia, pela primeira vez e que a está compartilhando com seu melhor amigo Você sabia? Que é possível conseguir livros de graça na internet? Há alguns sites nos quais pode acessar e-books (livro em formato digital). Segue a dica de alguns, para que você possa começar a montar sua ciberbiblioteca: Domínio público (site do governo com obras grátis para serem baixadas): http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ PesquisaObraForm.jsp Obras e biografias de centenas de autores brasileiros e portugueses também para baixar gratuitamente: http://www.biblio.com.br/ Obras de autores nacionais e daliteratura mundial em português: http://portugues.free-ebooks.net/ 5 3 1 3 2 4 4 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM Conceito e Reflexão sobre Leitura O tipo de texto em que costumamos encontrar mais dificuldades, tanto para realizar a leitura quanto para elaborá-lo, é o texto escrito. Leia as considerações que a autora faz no texto que se segue e veja se concorda com ele. O texto escrito A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, eles não apresentam dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas começam a surgir quando este aluno tem necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta última situação ele deve ter claro que há diferenças Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos marcantes entre falar e escrever. Na linguagem oral o falante tem claro com quem fala e em que contexto. O conhecimento da situação facilita a produção oral. Nela o interlocutor, presente fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de intervir, de pedir esclarecimentos, ou até de mudar o curso da conversação. O falante pode ainda recorrer a recursos que não são propriamente linguísticos, como gestos ou expressões faciais. Na linguagem escrita a falta desses elementos extratextuais precisa ser suprimida pelo texto, que se deve organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade. Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita. A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia - que, evidentemente, não é marcada na fala - de pontuação, de concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido. Para que esse discurso seja bem sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras. (Fonte: DURIGAN, Regina H. de Almeida et al. A magia da mudança. Vestibular Unicamp -Língua e Literatura. Ed. da Unicamp. 1987. p. 13) 6 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 7 Captou o que a autora pretendeu nos apresentar? Logo no primeiro parágrafo do texto, percebemos que o tema do texto é a dificuldade dos alunos produzirem textos escritos. A autora discorre que essa dificuldade é mais experimentada quando o aluno vai produzir um texto escrito, porque é nesse momento que ele percebe a diferença entre falar e escrever. O primeiro parágrafo, já se constitui como texto, é uma unidade semântica apoiada no tema: dificuldade dos alunos produzirem textos escritos. E os parágrafos seguintes formam um texto contínuo apresentando informações sobre o mesmo tema. Para que o texto tenha unidade é preciso que essas informações estejam relacionadas entre si e, também, que certos elementos do texto tenham referência com o mundo real. Vamos ver como isto se realiza na prática? Vejamos o texto abaixo. Observe como uma leitura apressada pode fazer com que não captemos sua real mensagem. CRIME Tiro certeiro Estado americano limita porte de armas. No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hincley Jr. Entrou numa loja de armas em Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com Saturday Night Special – nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas. (...) Se você fizer uma leitura apressada, pode supor que o texto fale apenas sobre um atentado sofrido por um presidente americano. Mas, se ler com atenção, vai ver que a verdadeira mensagem, o verdadeiro objetivo que o texto deseja atingir não é esse. Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o risco de vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente. Seu verdadeiro objetivo, portanto, é denunciar o absurdo que seria permitir a venda indiscriminada de armas para qualquer pessoa, sem nenhum tipo de comprovação acerca de seus antecedentes ou mesmo de sua saúde mental. Para comprovar essa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia. re al m en sa ge m O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 8 O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em debate. Até aqui devem estar bem claras estas conclusões! A) Ao ler apenas um fragmento do texto, você pode acabar captando uma mensagem que não corresponde à real intenção do autor, é preciso, portanto, conhecer o contexto em que ele foi escrito. Muitas vezes, com a desculpa da falta de tempo, o aluno lê apenas uma pequena parte do texto, em geral sua introdução, e procura “adivinhar” o restante de seu conteúdo. É claro que, na prática, isso tem tudo para dar errado. B) Quando se produz um texto, o autor marca a sua posição frente a uma questão qualquer, por isso, é fundamental apreender o que está contido por trás dele. É o famoso “ler nas entrelinhas”, ler além da superfície do texto. T2 Recursos Expressivos do Texto: Conceituação de Texto Verbal, Não Verbal e Misto Leia esta tira, de Luís Fernando Veríssimo: 1 - A tira cria o humor a partir de uma situação que retrata as novas formas de relacionamento amoroso e familiar nos tempos de hoje. Que novidade existe no comunicado que a filha traz à família? 2 - A fala da moça provoca uma reação no namorado. O que ele faz e fala como reação ao que ela disse? 3 - Compare as falas do rapaz e do pai da moça ao se cumprimentarem. A fala do pai surpreende e causa humor. a) O que era esperado que o pai da moça dissesse nesse momento ? b) Considerando que o namorado da filha vai morar com a família e que o apelido dele é Boca, que sentido tem a fala do pai da moça nessa situação ? Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_1mAReBmWjQQ/ S9AqKcqs1aI/AAAAAAAANL4/Fv_L3H80ORE/s1600/ Imagem-3.jpg> O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 9 Possíveis respostas para estas perguntas 1. Que ela tem um novo namorado (e, se é um novo, houve um ou mais antes...) e que ele vai morar com a família. 2. Ele se apressa em se apresentar ao pai da garota, estendendo a mão e dizendo o próprio nome ou, no caso, o apelido, “Boca”. 3. a. Quando se é apresentado a alguém, espera-se que, após ouvir o nome da pessoa que está se apresentando, nós digamos nosso próprio nome, respondendo ao cumprimento. 3. b. É claro que o nomedo pai não é “bolso”. O que ele pretendeu com essa reposta irônica foi dizer que será o bolso que sustentará mais essa boca. Na situação retratada pela tirinha, as pessoas se comunicam e interagem entre si, ou seja, o que uma pessoa diz acaba provocando uma reação na outra pessoa e vice-versa. O trocadilho que o pai faz é responsável pelo humor da tira. Contrapondo Boca a bolso, o pai dá a entender que vai ter de arcar com as despesas de mais uma boca, a do genro. Entre a filha e o pai, ou entre o sogro e o genro, houve uma comunicação, pois, além de as pessoas se compreenderem, elas também interagem, ou seja, o que uma pessoa diz interfere no comportamento da outra. Esta troca de informações entre as pessoas caracteriza o processo comunicacional. Assim, a comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando linguagem. Para se comunicar, as personagens da tira não utilizam apenas a linguagem verbal, isto é, as palavras. Elas também gesticulam, se movimentam, fazem expressões corporais e faciais. Tudo isso – palavras, gestos, movimentos, expressões corporais e faciais – é linguagem. Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si. Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a palavra (falada ou escrita), existem também as linguagens não verbais, como a música, a dança, a mímica, a pintura, a fotografia, a escultura etc. Há ainda, as linguagens mistas, como as histórias em quadrinhos, o cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figurino, a música, o cenário etc. Chamamos de Recursos expressivos os elementos utilizados pelo autor para compor seu texto. Se ele utilizar apenas palavras, produzirá um texto verbal. Se utilizar outros elementos, como imagens, símbolos, sons, mas não empregar palavras, produzirá um texto não verbal. Se utilizar tanto palavras quanto imagens, produzirá um texto misto. po ss ív ei s r es po st as O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 10 Recursos expressivos Texto elaborado com palavras: VERBAL Texto elaborado com outros elementos (imagens, símbolos, etc.), mas não com palavras NÃO VERBAL Texto elaborado unindo imagem e palavras MISTO TEXTO VERBAL Furto de Flor Carlos Drummond de Andrade Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida. Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá- la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer. Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me: - Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim! (Fonte: Contos Plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012, p. 85.) Analisando a mensagem do texto: Este texto verbal se trata de um pequeno conto, de autoria de Carlos Drummond de Andrade. Valendo-se apenas de palavras, ele é capaz de passar ao leitor toda a carta emocional vivida pelo personagem, a partir de um ato aparentemente banal, ou seja, de colher uma flor em um jardim alheio e ser repreendido ao tentar devolvê-la, após a flor ter murchado. Uma vez perdida a beleza, a flor é lida pelo porteiro não mais como um antigo bem daquele jardim, mas como simples lixo doméstico. TEXTO NÃO VERBAL Fonte: <http://www.chargeonline.com.br/doano.htm> Samuca - Diário de Pernambuco - (10/08/2007) Analisando a mensagem do texto: Esta charge, de autoria de Samuca, faz uma crítica à corrupção política em nosso país. Para tanto, reúne duas imagens. A primeira é a do Congresso Nacional, em Brasília, prédio cuja silhueta, com suas duas torres e duas cúpulas, uma em posição normal e a outra invertida, é muito conhecida. A segunda imagem é de metades de laranja no lugar das cúpulas. Na gíria política, “laranja” é o nome que se dá à pessoa cujo nome é usado para se desviar verbas. Muitas vezes, a pessoa nem sabe que seus dados foram clonados e utilizados para tal fim. Ao colocar laranjas gigantescas no lugar das cúpulas do Congresso Nacional, a mensagem que o chargista passa ao leitor é que a corrupção em nosso meio político é também desmesurada. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 11 aprofundando TEXTO misto Se quiser saber mais sobre como os conhecimentos prévios do leitor influenciam em sua capacidade de leitura, há um artigo muito interessante, “Leitura e Conhecimento Prévio”, da professora Eunice Maria Castegnaro Trevisan, da Universidade Federal de Santa Maria (RS), que pode aprofundar seus conhecimentos no tema. Você pode acessá-lo no endereço: http://w3.ufsm.br/revistaletras/artigos_r2/ revista2_3.pdf Vol tem os aos e l em entos do processo comunicacional... Fonte: <http://www.chargeonline.com.br/doano.htm> Orlandeli - A Charge Online - (10/07/07) Analisando a mensagem do texto: Esta charge, de autoria de Orlandeli, foi publicada na época em que o Cristo Redentor foi eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno. Segundo as autoridades, isto provocaria um aumento do fluxo de turistas ao nosso país. A charge, porém, faz uma crítica à falta de segurança da cidade. De que adianta contar com pontos turísticos fantásticos, se nem os habitantes conseguem circular em segurança? Interessante observar ainda que o veículo que aparece na charge é um ônibus de turismo blindado, como está escrito em sua lateral. Mas os leitores cariocas sempre identificam o veículo como sendo um “caveirão”, já que este faz parte de sua vivência. Mas cumpre ressaltar que o chargista não é do Rio de Janeiro. Isto mostra como a percepção da mensagem de um texto é influenciada também pelos conhecimentos anteriores possuídos pelo leitor. Notou como os conhecimentos prévios (que, naturalmente, aumenta com a idade) do leitor influenciam em sua capacidade de leitura? Quanto mais organizados forem esses conhecimentos, melhor será o nosso desempenho na leitura e na interpretação de um texto. Na tira de Veríssimo, que vimos anteriormente, os participantes se inter-relacionam e interagem por meio da linguagem. A filha, ao apresentar o namorado, provoca nele a reação de se apressar em estender o braço e dizer seu apelido. Diante da fala do rapaz, o pai da moça também estende o braço e, ironicamente, responde: “Prazer. Bolso”. Assim, pode-se dizer que a comunicação nascida da interação entre essas pessoas foi construída solidariamente por elas, que são interlocutores no processo comunicativo. Dá-se o nome de comunicação solidária àquela em que todos os envolvidos podem interagir. Ou seja, todos podem falar, ouvir, responder etc. Meios comunicacionais como a televisão, o rádio e o cinema, por exemplo, se tratam de meios não solidários, já que, até o momento, através deles o espectador apenas recebe a mensagem, mas não tem como dar um retorno imediato a ela. Interlocutores são as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem. Aquele que produz a linguagem – aquele que fala, que pinta, que compõe uma música, que dança – é chamado de locutor, e aquele que recebe a linguagem é chamado de locutário. No processo de comunicação e interação, ambos são interlocutores. Mas é bom ressaltar que os papéis de locutor e locutário não são fixos, permanentes.Quando conversamos com alguém, por exemplo, alternamos esses papéis, uma vez que ora falamos, ora ouvimos. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 12 1. Você sabe ler com eficiência, captando de fato as informações contidas no texto? Topa fazer este desafio? Mas atenção: não vale ver a resposta antes de realmente tentar preencher as lacunas do quadro. Desafio de leitura Sabe ler com eficiência é muito mais do que simplesmente passar os olhos pelo papel, decodificando superficialmente símbolos gráficos. Ler bem é saber, antes de mais nada, apreender em profundidade a mensagem contida no texto. O exercício que se segue, para ser resolvido, exige que o leitor compreenda bem as informações contidas nas “dicas” que são dadas, mesmo em suas entrelinhas. Só a partir de uma leitura eficiente é que se torna possível apreender os dados que permitirão a resolução do enigma. Para ajudar, segue, na parte inferior da tela, o quadro a ser preenchido segundo as informações fornecidas. O desafio está lançado! Happy hour Numa grande cidade, muita gente que trabalha durante o dia inteiro procura divertir-se um pouco após o expediente, criando uma verdadeira “happy hour” antes de voltar para casa. Este é o caso de Ângelo, Bernardo, Conrado, Daniel, Valter e o de suas mulheres. Apesar de trabalharem em áreas totalmente diferentes, os cinco homens são amigos e há anos frequentam o mesmo bar, onde cada um deles procura diversão à sua maneira: dançar, beber cerveja, cantar, conversar e tocar violão. No que se refere às mulheres, uma outra situação acontece: as cinco trabalham juntas, no mesmo escritório, embora desempenhem cada qual sua função. Com base nas dicas e informações fornecidas abaixo, tente descobrir qual a profissão, a diversão preferida de cada um dos homens e qual a função de cada uma das mulheres no escritório onde trabalham, além de determinar quem é casado com quem. • Ângelo, Daniel e Valter vão para o bar que frequentam antes do vendedor e do cozinheiro. • Os maridos da digitadora e da auxiliar de contabilidade vão para o bar com o objetivo de conversar e de beber cerveja (não necessariamente nesta ordem). • O advogado, o engenheiro e o cozinheiro se dedicam à música nessa hora de lazer. • A auxiliar de departamento pessoal e a digitadora são irmãs, sendo também muito amigas das mulheres de Bernardo, Conrado e Valter. • Enquanto Valter toca violão no conjunto que produz o som ao vivo no bar, o marido da secretária e o engenheiro se divertem de maneira diversa: um deles canta no conjunto e o outro sempre chama a mulher para dançar. • A mulher de Bernardo não é secretária. • As duas irmãs são casadas uma com o homem que gosta de dançar e a outra com Daniel. • O técnico químico não bebe, nem é casado com a recepcionista. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 13 Nome do homem Profissão Forma de lazer Cargo da esposa Ângelo Bernardo Conrado Daniel Valter respostas deste desafio “E formou o Senhor Deus T3 o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” (Gênesis 2:7) Já sabemos o que é um texto, como ele é classificado de acordo com os recursos expressivos que emprega para passar sua mensagem ao leitor e quais os elementos envolvidos em um processo comunicacional. Que tal, agora, ampliarmos um pouco mais nosso universo de leitura, conhecendo/analisando diversos tipos de textos? a) Pintura e Escultura (Artes Plásticas) Você já viu esta pintura, anteriormente? O que ela representa? Fonte: <http://galeriadefotos.universia.com.br/uploads/2012_08_21_22_46_460.jpg> Leitura de Textos de Diferentes Códigos: pinturas, charges, cartuns, quadrinhos, páginas da internet, e-mail, publicidades etc. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 14 Uma das obras mais famosas de Michelangelo, A criação do homem (1511-1512) está pintada no teto da Capela Sistina, em Roma, e representa Deus criando Adão, que, segundo o Cristianismo, foi o primeiro ser humano. Assim como outras obras renascentistas, o tema presente é a questão religiosa, bem como o ideal humanista e o conhecimento científico. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” (Gênesis 2:7) A narrativa original deste episódio se trata de um texto verbal, já que está inserido na Bíblia. O que Michelangelo faz é tornar não verbal um texto verbal. Se você observar com atenção, verá que a pintura de Michelangelo reproduz, com imagens, o texto bíblico. Veja o texto verbal seguinte e compare com a representação feita pelo pintor: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou- lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente." (Gênesis 2:7) Vamos ver outro exemplo de obra de arte que se torna, desde que o espectador saiba reconhecer sua mensagem, um texto não verbal: Fonte: <http://comeramaredecorar. files.wordpress.com/2013/04/o- beijo-de-rodin.jpg> O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 15 aprofundando Se você quiser ver charges sempre atualizadas, tratando dos assuntos do momento, acesso o site da Charge Online: http://www.chargeonline.com.br/: Executada em mármore branco em 1886, a escultura O beijo representa dois amantes absorvidos num intenso beijo. Realizada por Auguste Rodin, transmite uma força emotiva e sensual que tornou esta obra uma das mais famosas esculturas de todos os tempos. Se o leitor souber decifrar a mensagem, esta estátua nos transmite toda uma história de amor, que culmina no beijo em questão. Considerada ousada na época em que foi concluída, ainda hoje fascina pela delicadeza dos gestos das figuras de pedra. b) Charge Ao trabalharmos as noções de texto misto e não verbal, travamos contato com um tipo de texto muito especial: a charge. A charge é um tipo de texto que satiriza um fato específico, situado no tempo e no espaço. Quando a charge retrata personagens, muitas vezes são personalidades públicas – um político ou artista, por exemplo. Veja o exemplo a seguir. O beijo representa dois amantes absorvidos num intenso beijo Esta charge foi publicada em janeiro de 2014, quanto foi denunciado que os Estados Unidos espionariam vários países, incluindo o Brasil. É fácil reconhecer, nas figuras da charge, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e Barack Obama, presidente americano. Uma charge pode usar a linguagem verbal, a não verbal, ou as duas ao mesmo tempo, como no exemplo acima. Na verdade, a base da charge é não verbal, já que existem charge sem texto verbal, mas não sem imagem. Finalmente, ela costuma ser publicada em veículos de comunicação de massa, como jornais ou revistas. Em francês, a palavra charge significa “carga”. De fato, o chargista “vai à carga”, atacando, com ironia e mordacidade, uma situação política ou social. Mas, para que o leitor entenda de fato o assunto tratado na charge, ele tem de estar atualizado com os assuntos tratados por ela. Nesse sentido, quem não ouviu falar, por exemplo, sobrew a denúncia de espionagem por parte dos Estados Unidos, não vai entender o teor da charge. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 16 c) História em Quadrinhos Embora muitas vezes as histórias em quadrinho sejam vistas apenas como “coisa de criança”, o quadrinista pode nos transmitir mensagens importantes por meio da linguagem dos quadrinhos, empregando tambémo humor. Leia os quadrinhos seguintes e observe. No texto, os autores desenvolvem uma narrativa com diálogos colocados em balões da fala. As falas são indicadas, em geral, por meio de balões Enquanto a charge costuma transmitir a sua mensagem em uma única imagem, as histórias em quadrinhos podem ser definidas como arte sequencial, pois são desenhos em sequência que narram uma história. A charge tem geralmente conteúdo humorístico, e as histórias em quadrinhos podem ou não ter o humor como efeito de sentido. Na arte sequencial, a comunicação se faz por intermédio de imagens que o emissor e o receptor identificam. Para “ler” uma história em quadrinhos, é preciso interpretar imagens, relacionar estas com as palavras e perceber relações de causa e efeito. texto complementar A história em quadrinhos (HQ) em geral envolve várias técnicas narrativas através dos canais: imagem e texto. Para compreender a mensagem, o leitor precisa relacionar os elementos de imagem (icônicos) com os de texto (linguísticos). O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 17 O diálogo na HQ é apresentado na forma direta; no entanto, não é transcrito do mesmo modo que, por exemplo, o diálogo em contos ou peças teatrais. As falas são indicadas, em geral, por meio de balões, estabelecendo-se uma comunicação mais imediata entre os personagens e o leitor, já que o texto é incorporado à imagem. Conheça alguns elementos das histórias em quadrinhos. Localização dos balões: indica a ordem em que se sucedem as falas (de cima pra baixo, da esquerda para a direita). Contorno dos balões: varia conforme o desenhista; no entanto, alguns são comuns, como os que apresentam linha contínua (fala pronunciada em tom normal); linhas interrompidas (fala sussurrada); um ziguezague (um grito, uma fala de personagem falando alto, ou som de rádio ou televisão); em forma de nuvem (pensamento). Veja alguns exemplos de balões e símbolos usados nas histórias em quadrinhos: Há ainda as Onomatopeias, que conferem movimento à história, imitando sons do ambiente (crash para uma batida, ou buuuum para uma explosão, por exemplo) ou produzidos por pessoas e animais (zzzz, para sono, rrrrrr, para o rosnado de um cão etc.). Os quadrinhos estão por toda a parte. Servem para entreter, mas podem veicular uma mensagem instrucional – podem ser usados para uma campanha de economia de água, para alertar sobre riscos de doenças ou para transmitir informativos de trânsito, por exemplo. Retomando a história em quadrinhos acima responda: Em que se baseia o humor nesses quadrinhos? Qual foi a intenção dos quadrinistas na criação desse trabalho? Que recursos os autores utilizaram para enfatizar a conduta errada do motorista? Veja possíveis respostas sobre este texto e verifique se você acertou! Fonte: <http://culturadigital.br/roteiro/files/2013/09/images.jpg> Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/ aulas/732/imagens/onoma1.gif> O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 18 a. Novamente, o humor se processa pela quebra da expectativa do leitor. Espera-se do personagem acidentado que ele assuma a culpa pelo acidente, já que estava tomando café, lendo o jornal, mexendo no laptop e falando ao telefone enquanto dirigia. Em vez disso, ele atribui a responsabilidade aos “motoristas idiotas” que andam por aí, sem se incluir entre eles. b. A intenção aqui é lançar um alerta sobre direção segura. Com certeza, se ocupar de outras tarefas (como falar ao celular, por exemplo) enquanto se dirige aumenta em muito o risco de um acidente. c. Neste caso, há o texto não verbal, representado pelas imagens dos quadrinhos, pela expressão facial dos personagens e por símbolos, como é o caso da estrelinha do primeiro quadrinho que, no código desse tipo de texto, indica dor. Há também o código verbal, nas falas inscritas nos balões e na onomatopeia (ou seja, palavra que imita sons, como é o caso do “crash”) que aparece no primeiro quadrinho. Como vai ser trabalhado mais adiante, outro tipo de texto não verbal empregado nas histórias em quadrinhos é o formato dos balões. aprofundando Leia o texto “Trabalhando com quadrinhos em sala de aula”, de Juliana Carvalho, sobre as possibilidades da utilização das histórias em quadrinhos em sala de aula. Acesse o site: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/ suavoz/0116.html d) Cartum Outro tipo de texto humorístico de base não verbal é o Cartum. Espécie de anedota gráfica sobre o comportamento humano, o cartum pode usar apenas linguagens não verbal ou misturá-la com a verbal. Em geral, aborda situações atemporais e universais, isto é, que poderiam acontecer em qualquer tempo ou lugar. O ponto forte do cartum é a sátira a comportamentos das pessoas na sociedade. Veja o exemplo a seguir. Este cartum toca em um ponto bem atual do comportamento humano, o vício em acessar redes sociais. Fonte: <http://www.escolakids.com/public/upload/image/cartum.jpg> Cartum de Glasbergen - americano cartunista e ilustrador humorístico e) Páginas da Internet Já que estamos comentando sobre redes sociais, vamos aproveitar para trabalhar um pouco um tipo de texto que está cada vez mais presente em nossas vidas. Estamos falando daqueles veiculados através da internet, que costumam ser multissemióticos. Calma, não estamos xingando ninguém! Saiba mAIS O nome Cartum veio de um fato ocorrido em 1841, em Londres: para redecorar o Palácio de Westminster, o príncipe Albert promoveu um concurso de desenhos, feitos em grandes cartões (cartoons, em inglês) que seriam colados às paredes. Para satirizar os desenhos oficiais, a revista inglesa Punch, a primeira revista humorística do mundo, resolveu publicar seus próprios cartoons, dando novo significado à palavra. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 19 Mas como se estrutura um e-mail? Observe a imagem abaixo: Fo mi p t ma a0 A semiótica é a ciência que estuda o significado dos signos, aqui entendidos como elementos que permitem a comunicação, como palavras, imagens, símbolos, etc. Chama-se de multissemiótico a todo texto que emprega uma grande variedade de signos, e é exatamente isso que a internet faz. É só observar uma página de um site, para perceber isso. Fonte: <http://guiaavare.com/ img/upload/images/uol-pagina- do-site.jpg> Em uma página da web, podemos perceber quantos elementos diferentes foram utilizados. Há textos verbais, fotos, logotipos, vídeos, desenhos e assim por diante. Grande parte deles se constitui ainda em hipertextos, ou seja, nele há hiperlinks ou simplesmente links, mecanismos de acesso para outros textos. Você reconhece um link porque, ao se colocar o cursor do mouse sobre ele, sua forma muda: de uma seta, que é o formato mais comum, ele se torna uma mãozinha, cujo dedo indicador assinala que, clicando ali, você terá acesso a uma nova informação. f) E-mail Outro tipo de texto que faz parte do universo da internet é o e-mail, cuja disseminação provocou, de certa forma, o quase desaparecimento de outras formas de textos comunicativos, como cartas e telegramas, por exemplo. nte: <http://res2.windows. crosoft.com/resbox/ - p t b / w i n d o w s % 2 0 7 / in/05b04a57-94b2-4dc1-bbbd- cfebdd8e2a_0.jpg> O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 20 a) Intertextualidade Observe a charge que se segue. Ela não lembra a você nenhum outro texto que vimos antes, aqui mesmo, neste material? Isso mesmo, ela faz referência, ou seja, copia alguns elementos da pintura de Michelangelo, A criação do homem. Leia-as comatenção e procure responder as questões que se seguem: A) Que pontos de contato há entre as duas imagens? B) Em sua opinião, o que o autor da charge pretendia, quando se inspirou na pintura de Michelangelo? Que mensagem queria passar aos leitores? C) Se a pessoa nunca tivesse visto a pintura original, entenderia a mensagem da charge? Como você pode observar, no cabeçalho do e-mail há um espaço destinado ao endereço eletrônico do destinatário, a pessoa que vai receber a mensagem. Não é necessário se colocar o endereço eletrônico do remetente, o computador faz isso automaticamente. Mas tanto o endereço do destinatário quanto o do remetente obedecem à mesma estrutura, como aparece na mensagem acima: alguém@exemplo.com, onde “alguém” é a identificação do usuário e @ (símbolo chamado em português de “arroba”) é o sinal que identifica, na linguagem da internet, que se trata de um endereço eletrônico. O termo “exemplo” está no lugar do nome do provedor, que é como é chamada a empresa que permite o acesso à internet e a troca de e-mails. Por fim, o “com” indica tratar-se de um endereço de caráter comercial ou geral. Há variações disso, como “org” (órgãos públicos), “edu” (ligados à área de educação), e assim por diante. No campo Assunto em geral se coloca sobre o que aquele e-mail trata e, no campo destinado à mensagem, o remetente tem espaço para digitar o que desejar, fazendo uso também de recursos multissemióticos, como imagens, fotos etc. Além disso, é possível anexar ao e-mail os mais variados tipos de arquivos, como textos, planilhas, apresentações em PowerPoint etc. T4 Esse caráter de praticidade do e-mail aliado à rapidez com que chega ao destinatário faz com que se torne talvez o maior recurso comunicacional de nosso tempo. Isso sem falar das redes sociais, que permitem o acesso a familiares e conhecidos em tempo real. Recursos Comunicacionais: Contexto, Intertextualidade, Ambiguidade, Símbolos Convencionados etc. Ao elaborar um texto, além dos recursos expressivos de imagem e palavra, o autor pode usar alguns mecanismos para tornar seu texto interessante para o leitor. Alguns desses recursos vão ser trabalhados por nós agora, como a intertextualidade, a ambiguidade, o contexto e assim por diante. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 21 Possíveis respostas Este recurso de um texto citar ou, pelo menos, fazer referência a outro recebe o nome de intertextualidade. É muito usado nos mais diversos tipos de textos, sejam eles verbais ou não verbais, mas é preciso que o leitor conheça o texto citado, para que este recurso surta efeito. Portanto, quanto mais textos, sejam verbais ou não verbais, o leitor conheça, mais ele vai poder perceber a intertextualidade e entender de modo mais profundo a mensagem dos textos. Na charge que mostrava Dilma Rousseff e Barack Obama também tínhamos um caso de intertextualidade, já que a fala de Obama reproduz uma frase de um conhecido comercial de TV. Mas não são apenas charges que utilizam este recurso. Qualquer tipo de texto pode conter intertextualidade. b) Contexto Vamos trabalhar outro conceito, também necessário para que o leitor compreenda bem os textos que lê. Veja, por exemplo, esta charge. Fonte: <http://www.chargeonline. com.br/doano.htm> Humberto – Jornal do Comércio – 21/06/09 a. Os pontos de contato que há entre as duas imagens são, antes de mais nada, a posição das figuras, o aproveitamento das cores e o papel desempenhado pelos personagens retratados. Repare que, à esquerda do leitor, há sempre um pioneiro, seja Adão ou Obama. À direita, um todo-poderoso, que pode ser Deus (no quadro original) ou, em forma de crítica, Fidel Castro, todo-poderoso governante de Cuba, na charge. b. Como foi dito acima, a charge aproveita a ideia de um pioneiro em contato com um todo- poderoso. No caso, esta charge publicada por ocasião da eleição de Obama como o primeiro presidente negro norte-americano. A charge faz referência a uma possível aproximação entre Estados Unidos e Cuba, sendo o capitalismo representado pela lata de Coca-Cola que Obama oferece a Fidel. c. Evidentemente, se o leitor nunca tivesse visto a pintura de Michelangelo, não entenderia a charge, muito menos a mensagem que passa. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 22 O chargista denuncia um problema político brasileiro que tem sido combatido, mas que ainda representa uma questão preocupante. A charge faz parte do material de opinião, isto é, aquela parte dos jornais e revistas em que cada autor expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto. Em geral, localiza-se na página de editoriais, a página mais nobre da publicação. A compreensão da crítica feita pelo chargista depende da cumplicidade estabelecida entre autor e leitor. Por isso, o leitor precisa ter um conhecimento prévio do assunto abordado e conhecer as circunstâncias, os personagens e os fatos retratados. Assim, a charge pode perder seu sentido se o acontecimento que a inspirou já tiver sido esquecido pelo público. No caso desta charge e de vários outros textos que lemos, para serem totalmente entendidos, se faz necessário que o leitor conheça os elementos aos quais eles se referem, o chamado Contexto. Por definição, contexto é o universo maior de significados no qual um texto se insere. Um leitor que não esteja a par da situação política brasileira, por exemplo, não entenderá esta charge do “concurso de quadrilhas”. Um leitor que não tenha tomado conhecimento das denúncias que vieram a público no início de 2014, de que os Estados Unidos espionariam o Brasil, também não entenderia a charge que juntava Dilma Rousseff e Barack Obama. Que conhecimentos o leitor precisaria ter para entender a charge abaixo? A que contexto ela poderia se referir? Há algum outro recurso usado pelo autor da charge? Fonte: <http://miriamsalles.info/wp/wp-content/gallery/gripe/image001.jpg> Resposta: Esta charge foi publicada à época da gripe suína, que causou grande preocupação, pela facilidade de contágio e pela gravidade da doença. Pessoas cujo organismo estivesse debilitado por algum motivo, como uma doença pré-existente, crianças pequenas, idosos e grávidas corriam inclusive risco de vida. Daí se justifica o terror do Lobo Mau ao ver um dos porquinhos espirrando em sua direção. Cumpre ressaltar que, além do conhecimento do contexto, é necessário que o leitor perceba a intertextualidade, para compreender totalmente a mensagem do texto. No caso, a intertextualidade se dá com a história infantil dos Três Porquinhos, na qual são os porquinhos que fogem do lobo e não o contrário. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 23 c) Ambiguidade Mas repare que o termo quadrilha, na charge anterior, pode ser lido em mais de um sentido. Infelizmente, devido ao contexto evocado por Brasília, o primeiro sentido que nos ocorre para este termo é o associado a algum tipo de corrupção política. Mas, devido à decoração colocada no Congresso Nacional pelo chargista, ou seja, bandeirinhas, balõezinhos etc., o termo “quadrilha” também pode remeter à dança típica das festas juninas. Este uso intencional de um termo em mais de um sentido é chamado de ambiguidade e pode ser usado também em qualquer tipo de texto, em geral com efeito humorístico. Veja o exemplo seguinte, de um anúncio publicitário que se trata, no caso, de um texto misto. Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_iRkpmV4yl7g/SXHULC8pLDI/AAAAAAAAOsg/34UbvPD- 8/s400/aurelio.jpg> Este anúncio, da versão eletrônica do dicionário Aurélio, apela para a ambiguidade aproveitando a expressão “pra burro”, bastante usada no dia a dia comsentido intensificador (“bom pra burro”, por exemplo, significaria muito bom, excelente) e o fato do termo “burro” ser empregado também para designar uma pessoa com poucos conhecimentos. Ou seja, o dicionário, além de excelente, ajudaria pessoas com pouca instrução a terem mais conhecimentos sobre a Língua Portuguesa. Você sabe o que são símbolos convencionados? Até agora, vimos recursos como intertextualidade, contexto e ambiguidade, que ajudam o autor a passar com eficiência a mensagem de seu texto. Mas, devido a certas necessidades surgidas a partir de fenômenos do mundo moderno, como é o caso da globalização, sugiu recentemente uma nova categoria de texto, os chamados Símbolos Convencionados. Temos certeza de que você já os viu por aí, só não percebeu do que se tratava. Veja, por exemplo, o texto seguinte. Ele não parece familiar? te xt o m is to O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 24 Fonte: <http://thumbs.dreamstime.com/x/macro-real-da-etiqueta-da-roupa-428133.jpg> É isso mesmo, se trata da reprodução de uma etiqueta de roupas, contendo informações sobre a composição do tecido, como lavá-lo, secá-lo e passá-lo. Se você está estranhando a etiqueta ser chamada de “texto”, lembre-se de que um texto tem por objetivo passar uma mensagem ao leitor, e é para isso que esta etiqueta serve. Você pode perguntar: não seria mais fácil trazer estas instruções em forma de escrita verbal? Não no mundo atual, em que uma peça de roupa pode ser fabricada na China, com tecido feito na Índia e ser vendida em todo o mundo. Não haveria como fazer etiquetas personalizadas na língua de cada país. O uso dos símbolos convencionados permite que as instruções sejam passadas aos consumidores de todo o mundo, já que são predominantemente não verbais. Símbolos convencionados, portanto, compõem um código de base não verbal, destinado a ser decodificado, ou seja, lido, compreendido, independentemente da língua empregada por cada país em particular. Agora, propomos um desafio. Você está vendo uma espécie de “dicionário” de símbolos convencionados. Procure traduzir a etiqueta anterior usando os símbolos expostos! Não haveria como fazer etiquetas personalizadas na língua de cada país. Que tal, a partir das informações do quadro seguinte, você “traduzir” a etiqueta reproduzida anteriormente? Como aquela roupa em particular dever ser conservada pelo seu comprador? O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 25 Fonte: <http://ronienfoque.com.br/wp-content/uploads/2012/07/simbolos_lavagem.gif> Os símbolos convencionados não são usados apenas em etiquetas de roupas. Há inúmeros usos para eles, inclusive de caráter industrial. Conhecê-los pode ser inclusive uma questão de segurança pessoal, evitando que alguém se aproxime, por exemplo, de uma substância perigosa. Veja o quadro seguinte. Fonte: <http://www.netresiduos.com/ResourcesUser/Atualidade/Noticias/Rotulos_de_perigo.jpg> Resposta: A roupa em questão é feita 100% de algodão (o que se percebe pela semelhança da palavra em espanhol “algodon”, por exemplo), pode ser lavada em água morna, mas com temperatura máxima de 40o, não pode ser usado alvejante, não pode ser lavada a seco ou ser colocada na secadora, tem de secar pendurada, sem torcer, e por fim tem de ser passada com ferro brando, com temperatura máxima de 150º. O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM Conhecer e saber ler este tipo de texto, portanto, também faz parte de nosso aprimoramento enquanto leitores do mundo em que vivemos. T5 Outro tipo de símbolos convencionados são os logotipos, que é o nome que se dá a um conjunto formado por letras ou imagens que identificam ou simbolizam uma entidade (marca, produto, serviço). Garantimos, por exemplo, que você conhece muito bem o logotipo a seguir: Relação de Conteúdo entre Textos Verbais e Não Verbais O que temos a propor agora é um exercício por meio de participação em um fórum, em que você vai empregar o que aprendeu neste material, para analisar os textos que se seguem e responder as perguntas sobre eles. Bom trabalho! Texto motivador 1: Sebastião Salgado retrata escolas do mundo inteiro no livro logotipos, que é o nome que se dá a um conjunto formado por letras ou imagens O berço da desigualdade Luiza Villaméa Algumas são quase-escolas. Não têm teto, não têm parede, não têm quase nada. No meio da adversidade, chama atenção o brilho nos olhares dos meninos e das meninas. São alunos de escolas do mundo inteiro, retratado no livro O berço da desigualdade. Com fotografias em preto-e-branco, registradas nas últimas três décadas por Sebastião Salgado e emolduradas por textos do senador Cristovam Buarque, a obra é mais contundente do que qualquer estatística. Suas páginas refletem em profundidade uma fórmula bombástica: a crise mundial da educação começa na carência de cada dia e se aguça na desigualdade social. “Por causa do avanço técnico para poucos, as crianças de hoje poderão ser os primeiros adultos de uma humanidade dividida”, ponderam os autores. O livro, com textos em português, inglês, espanhol e francês, foi publicado primeiro em Paris, em exposição sobre as atividades da UNESCO no Brasil. Não por acaso, sua capa reflete a imagem de uma escola em um assentamento do MST. Texto motivador 2: Fonte: <http://acertodecontas.blog.br/ wp-content/uploads/2013/05/charge- descaso-educacao-brasil.gif> 26 O Texto e seus Diferentes Códigos de Expressão Leitura e Produção de Textos | UNISUAM O texto 1 usa como recurso expressivo as palavras. Nele o narrador relata a publicação de uma obra do fotógrafo Sebastião Salgado, que focaliza a desigualdade social no mundo inteiro, ao retratar escolas sem nenhuma estrutura. Trata-se de um texto em linguagem verbal. O texto 2 é uma charge que, por meio da linguagem não-verbal e também da verbal, aborda a questão da falta de recursos para a educação em nosso país. Para tanto, o chargista mostra o estado precário tanto da sala de aula quanto dos recursos disponíveis, o que é percebido até pelos próprios alunos. Conclusão O texto é um tecido, uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autônomo, isolado: num texto, o sentido de uma frase é dado pela correlação que ela mantém com as demais. Uma boa leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam e, também, nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto. E o que diferencia um texto do outro é o objetivo com que ele é elaborado. Ao fazermos a leitura de textos de variada tipologia, ao se compor um texto, podem ser usados tanto elementos verbais, quanto não verbais. Além disso, há textos não verbais que mantêm uma estreita ligação com textos verbais. Esperamos ter ficado claro o quanto é importante ler e saber ler de fato. Se você quiser saber mais sobre a importância da leitura, pode assistir a um pequeno vídeo sobre isso, é só acessar o endereço: http://www.youtube.com/watch?v=zd0VoQRrTGQ Na próxima unidade, vamos trabalhar Linguagem verbal falada e escrita. Até lá! 27 O que você irá fazer? Identifique o tema comum aos dois textos lidos e, a partir das informações contidas e/ou sugeridas neles, elabore pelo menos um parágrafo, contendo sua própria visão do problema abordado pelos dois textos anteriores e comente em nosso fórum. Não se esqueça de criar um bom título para sua postagem e comente as postagens doscolegas.
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