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POLÍTICAS 
PÚBLICAS DE 
SAÚDE
Professora: Dra. Angela Mara de Barros Lara
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho 
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha
Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli
Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia
Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey
Projeto Gráfi co Thayla Guimarães
Design Educacional Giovana Vieira Cardoso 
Design Gráfi co Bruna Stefane Martins Marconato
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; LARA, Angela Mara de Barros; 
 
 Políticas Públicas, Educação e Saúde. Angela Mara de Barros 
Lara; 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 
 69 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Políticas Públicas. 2. Educação. 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 301
CIP - NBR 12899 - AACR/2
01
02
03
04
05
06
sumário
09| O QUE É E A EVOLUÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL ATÉ 
OS DIAS ATUAIS.
17| O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: COMO NASCEU E COMO ESTÁ 
NA ATUALIDADE. 
29| AS ATUAIS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS 
INDIRETAS VOLTADAS PARA A SAÚDE. 
33| PROGRAMA ACADEMIA DA SAÚDE
35| AMAMENTA E ALIMENTA BRASIL 
57| OS INVESTIMENTOS FEITOS NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O que é e a Evolução da Saúde Pública no Brasil até os dias atuais.
• O Sistema Único de Saúde: Como nasceu e como está na Atualidade. 
• As atuais Políticas Públicas e Políticas Públicas Indiretas Voltadas para a Saúde. 
• Programa Academia da Saúde
• Amamenta e Alimenta Brasil 
• Os Investimentos Feitos na Saúde Pública Brasileira.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
INTRODUÇÃO
Esta seção do texto vai levar-nos a um outro campo das políticas públicas, vamos 
tratar da área da saúde. Vale salientar aqui que é preciso que vocês conheçam a legis-
lação que sustenta as políticas desse campo, bem como as questões específicas que 
serão tratadas aqui, tais como: O que é Saúde Pública?; A evolução da Saúde Pública 
no Brasil até os dias atuais; O Sistema Único de Saúde: como nasceu e como está na 
atualidade; As atuais Políticas Públicas e as Políticas Públicas Indiretas voltadas para 
a Saúde; Os investimentos feitos na Saúde Pública Brasileira. Ainda para destacar as 
origens etimológicas do termo, apresentamos a concepção de Luz (2017) no dicio-
nário de educação profissional em saúde da Fundação Fiocruz que trata:
 “
Saúde, em português, deriva de salude, vocábulo do século XIII (1204), em 
espanhol salud (século XI), em italiano salute, e vem do latim salus (salutis), 
com o significado de salvação, conservação da vida, cura, bem-estar. O étimo 
francês santé, do século XI, advém de sanitas (sanitatis), designando no 
latim sanus: “são, o que está com saúde, aproximando-se mais da concepção 
grega de ‘higiene’, ligada deusa Hygea. Em seu plural de origem idiomática, o 
termo ‘saúde’ designa, portanto, uma afirmação positiva da vida e um modo 
de existir harmônico, não incluindo em seu horizonte o universo da doença. 
Pode-se dizer, deste ponto de vista, que ‘saúde’ é, em sua origem etimológi-
ca, um ‘estado positivo do viver’, aplicável a todos os seres vivos e com mais 
especificidade à espécie humana. [...]
Em suma, o importante a salientar aqui é que ‘saúde’, mais que um estado ‘natural’, é 
uma definição construída social e culturalmente. E nossa definição atual está muito 
longe de sua origem etimológica, tendo caminhado em sentido restritivo, senão 
oposto, ao longo dos últimos dois séculos. [...] (LUZ, 2017).
Pós-Universo 7
No que tange a legislação, em especial na Constituição Federal de 1988, na 
segunda seção – Da saúde, em seu artigo 196, verificaremos qual a concepção de 
saúde que nela encontramos. Como segue:
 “
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
Além das concepções do dicionário e da legislação vamos conhecer a perspectiva 
de Scliar (2007, p.30) sobre o termo saúde, segundo ele “O conceito de saúde reflete 
a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a 
mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. 
Dependerá de valores individuais, dependerá de concepções científicas, religiosas, 
filosóficas”. E, ainda considera:
 “
O conceito da OMS, divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 
(desde então o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do 
direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde, 
diz que “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social 
e não apenas a ausência de enfermidade”. Este conceito refletia, de um lado, 
uma aspiração nascida dos movimentos sociais do pós-guerra: o fim do co-
lonialismo, a ascensão do socialismo. Saúde deveria expressar o direito a uma 
vida plena, sem privações. [...] (SCLIAR, 2007, p.36-37).
O que podemos ressaltar sobre essas três concepções? O que eles têm em comum? 
É que toda pessoa sem distinção de raça, cor ou credo deve ter acesso a saúde. Isso 
posto vale ressaltar que cabe ao Estado garantir a saúde de todo cidadão que vive 
em seu território. Assim, vamos conhecer os aspectos mais importantes sobre a po-
lítica pública de saúde no Brasil.
Pós-Universo 8
Pós-Universo 9
O QUE É E A EVOLUÇÃO 
DA SAÚDE PÚBLICA NO 
BRASIL ATÉ OS DIAS 
ATUAIS.
Nós já sabemos o que é saúde. Agora nós precisamos entender o que é saúde pública, 
tendo em vista que esta é uma área da saúde de grande relevância para quem quer 
e vai atuar neste círculo. Num país como o Brasil de proporções continentais esse 
campo de atuação não pode ser desconsiderado, ao contrário, ele deve ser o funda-
mento da ação dos que trabalham e atuam com pessoas. Segundo Gadelha (2015) 
“[...] no nascedouro da Constituição de 1988, havia toda uma conjuntura que per-
mitiu avanços muito mais profundos do que, de fato, a base social do país parecia 
indicar, e como exemplo destes avanços, podemos citar todo o título da Ordem 
Social e, em particular, o capítulo da Seguridade Social e sua seção sobre a Saúde” 
(GADELHA, 2015, p.2049).
Na Constituição Federal de 1988 encontramos nos artigos 197 e 198 questões 
sobre as ações e serviços de relevância pública, bem como as suas diretrizes:
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo 
ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fisca-
lização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de 
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regiona-
lizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo 
com as seguintes diretrizes: (EC no 29/2000, EC no 51/2006 e EC no 63/2010)
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
Pós-Universo 10
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com re-
cursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União,os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anual-
mente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados 
da aplicação de percentuais calculados sobre:
I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar pre-
vista no § 3º;
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos 
impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 
e 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transfe-
ridas aos respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação 
dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 
158 e 159, inciso I, alínea “b” e 
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, 
estabelecerá:
I – os percentuais de que trata o § 2º;
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados 
a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das dispa-
ridades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde 
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes 
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de pro-
cesso seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas 
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional 
nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das ati-
vidades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, 
Pós-Universo 11
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira comple-
mentar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento 
do referido piso salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da 
Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente 
comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder 
o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em 
lei, para o seu exercício (BRASIL, 1988).
É preciso nesta subseção do texto entender que a saúde pública em nosso país se 
caracteriza por um sistema híbrido, isso significa que ele não é nem somente público 
e nem somente privado, ele é os dois. Visto o que dita a legislação acima. Mas para 
chegarmos a essa consideração foi preciso conhecer alguns aspectos que perpassa-
ram ao longo da história o processo de desenvolvimento dessa área.
[...] os serviços que prestam os cuidados primários de saúde representam a 
porta de entrada para o sistema de saúde, do qual são, verdadeiramente, a 
base sistema nacional de saúde, por sua vez, deve estar inteiramente integra-
do no processo de desenvolvimento social e econômico do país, processo 
este do qual saúde é causa e consequência. Os cuidados primários de saúde, 
adaptados às condições econômicas, socioculturais e políticas de uma região 
deveriam incluir pelo menos: educação em saúde, nutrição adequada, sanea-
mento básico, cuidados materno-infantis, planejamento familiar, imunizações, 
prevenção e controle de doenças endêmicas e de outros frequentes agravos 
à saúde, provisão de medicamentos essenciais. [...] O conceito de cuidados 
primários de saúde tem conotações. É uma proposta racionalizadora, mas 
é também uma proposta política; em vez da tecnologia sofisticada ofereci-
da por grandes corporações, propõe tecnologia simplificada, “de fundo de 
quintal”. No lugar de grandes hospitais, ambulatórios; de especialistas, gene-
ralistas; de um grande arsenal terapêutico, uma lista básica de medicamentos 
- enfim, em vez da “mística do consumo”, uma ideologia da utilidade social. Ou 
seja, uma série de juízos de valor, que os pragmáticos da área rejeitam. A per-
gunta é: como criar uma política de saúde pública sem critérios sociais, sem 
juízos de valor? Por causa disso, nossa Constituição Federal de 1988, artigo 
196, evita discutir o conceito de saúde, [...]. Este é o princípio que norteia o 
SUS, Sistema Único de Saúde. E é o princípio que está colaborando para de-
senvolver a dignidade aos brasileiros, como cidadãos e como seres humanos 
(SCLIAR, 2007, p.38-39).
Pós-Universo 12
Cabe aqui tratar de uma questão fundamental: como garantir saúde e dignidade 
aos cidadãos, bem como educação entre outras políticas públicas? É preciso fugir da 
lógica do capital que propõe sempre e mais a utilidade da saúde, da educação, entre 
outras políticas. Garantir o consumo não é garantir direitos e muito menos eman-
cipação humana. Como podemos entender as políticas viabilizadas pelo governo 
brasileiro se não conseguimos atingir a totalidade dos cidadãos? Políticas públicas 
focalizadas são passíveis de garantir saúde, educação e dignidade? Como garantir 
saúde pública de caráter universal? Segundo Vieira (2001) podemos refletir:
Os direitos individuais e os direitos sociais consistem num todo, a exigir um 
procedimento diferente do Estado, quanto a eles. São esclarecedoras as ob-
servações de Celso Ribeiro Bastos sobre a distinção de procedimento estatal, 
ante os direitos individuais ou os direitos sociais: Ao lado dos direitos indivi-
duais, que têm por característica fundamental a imposição de um não fazer 
ou abster-se do Estado, as modernas Constituições impõem aos Poderes 
Públicos a prestação de diversas atividades, visando o bem-estar e o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana, sobretudo em momentos em 
que ela se mostra mais carente de recursos e tem menos possibilidade de 
conquistá-los pelo seu trabalho. (1998, p. 2591) 
Os direitos individuais implicam o não fazer do Estado, enquanto os direitos 
sociais impõem-lhe um fazer e uma maior positividade, como assevera José 
Afonso da Silva: os direitos sociais, como compreensão dos direitos funda-
mentais do homem, são prestações positivas estatais, enunciadas em normas 
constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, 
direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. 
(1992, p. 2582). As políticas sociais, apoiadas em direitos sociais, tornam obri-
gatórias e imediatas as medidas estatais para elevar a condição humana dos 
titulares desses direitos. Tais medidas vêm em resposta às necessidades sociais 
e transformam em realidade os direitos sociais, sobressaindo nas medidas os 
pobres e os miseráveis (VIEIRA, 2001, p.18).
1 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
2 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 8ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1992.
Pós-Universo 13
Assim, cabe aqui salientar a responsabilidade do Estado para com os direitos indi-
viduais e coletivos dos cidadãos, bem como com as políticas públicas de saúde, de 
educação, entre outras. Vamos na próxima questão que é acompanhar os percalços 
pelos quais passou a saúde pública em nosso país. Pesquisadores é preciso tratar 
do histórico da saúde pública no Brasil, ou seja, conhecer um pouco da sua histó-
ria. Gostaríamos de ressaltar, no entanto que vamos aprofundar nossa discussão nos 
acontecimentos mais recentes. Segundo Minicucci (2009) e Gadelha (2015) podemos 
ter uma visão deste movimento:
A proposta de um sistema de saúde igualitário chocou-se com o legado his-
tórico de uma sociedade marcada pela diferenciação e pela segmentação 
no próprio campo da atenção à saúde. Entender a implementação do SUS 
implica entender a configuração institucional das políticas anteriores que en-
corajaram a expansão de redes de produção e gestão da assistência à saúde, 
institucionalizaram formas diversificadas de financiamento, provisão e acesso à 
assistência, configurando um padrãosegmentado e estabelecendo-se padrões 
de comportamento difíceis de reverter, o que ampliaria os custos associa-
dos à adoção de alternativas diversas. Em decorrência, tiveram efeitos sobre 
o processo político ao modelar identidades e clivagens sociais e estruturar 
os interesses privados na saúde, organizados de forma a obter significativa 
influência nos processos decisórios subsequentes. A inserção de categorias 
privilegiadas de trabalhadores em formas privadas de assistência não favo-
receu a constituição de uma identidade coletiva e de valores solidaristas. Por 
estarem incluídos previamente em formas privadas de atenção vinculadas 
ao contrato de trabalho, esses segmentos, na prática, deram sustentação à 
assistência privada e constituíram um veto implícito à universalização da as-
sistência pública (MINECUCCI, 2009, p. 1621).
[...]
A reforma que estabeleceu o sistema universal e público não logrou incor-
porar todos os cidadãos à assistência pública e não rompeu com o padrão 
segmentado. Essa duplicidade se expressa no próprio texto constitucional e 
se consolida no final da década de 1990 com o estabelecimento da política 
regulatória, voltada para o segmento privado que formalizou essa dualidade 
do ponto de vista legal, normativo e institucional, paralelamente ao proces-
so de implementação do SUS (MINECUCCI, 2009, p. 1621-1622).
Pós-Universo 14
Escolhemos em Minecucci mostrar a proposta, a implementação, o processo político, 
bem como sua reforma. Isso significa que em Gadelha encontramos mais subsídios 
para compreender quais os resultados da história da saúde e suas implicações na 
atualidade. Esses autores não têm essa meta específica, tendo em vista que os obje-
tivos dos textos que construíram eram outros, mas eles foram capazes de auxiliar-nos 
nesta empreitada que era conhecer um pouco desta história. Vamos a ela: 
Todos os momentos fortes da história da saúde no Brasil resultaram da capa-
cidade de articular as agendas setoriais a temas e movimentos de amplitude 
nacional. Foi assim com Oswaldo Cruz e o movimento higienista do início do 
século passado, que conquistaram para a ciência e as ações de saúde forte 
protagonismo em frentes simbólicas e de modelo de desenvolvimento eco-
nômico, constitutivos de nossa nacionalidade e do fortalecimento do papel 
do Estado, e que influenciaram profundamente nossa história. Foi assim, 
também, no movimento da reforma sanitária e sua relação intrínseca com a 
luta pela redemocratização do país e afirmação dos direitos de cidadania. Não 
por acaso, entidades como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), 
a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o próprio Conselho 
Nacional de Saúde vêm ressaltando a necessidade de colocar a saúde no 
centro do modelo de desenvolvimento nacional (GADELHA, 2015, p.2048).
[...]
A efetividade das CNS adquire um sentido maior quando pensada no con-
texto da “arquitetura participativa no país” e, em especial, sua conformação 
com base na “orientação participacionista” inaugurada no Governo Lula, uma 
vez que as CNS têm sido referência emblemática para iniciativas em outras 
áreas setoriais ou relacionadas a direitos de cidadania. Essa arquitetura par-
ticipativa comporta, entre outras instâncias e processos, os conselhos de 
políticas públicas, as conferências e o orçamento participativo. No âmbito 
federal, existem 64 conselhos, sendo que 13 foram criados no Governo Lula. 
Houve ampliação de temas e edições de conferências. Entre 1988 e 2009, 
ocorreram 88 conferências, sendo que 55 delas realizadas entre 2003-2009, 
com 31 temas novos que mobilizaram, no período de 2003-2012, mais de 
sete milhões de participantes 10,11. 
Pós-Universo 15
Em outubro de 2014, a proposta da Política Nacional de Participação Social 
(Decreto nº 8.243/2014) que reforçava a presença dessas instâncias na formu-
lação de políticas e gestão pública, articulando-as de forma mais sistêmica, foi 
derrotada por iniciativa da Câmara dos Deputados com argumentos de “boli-
varianismo”. Está em questão, portanto, não apenas o resgate das conferências 
de saúde, mas o debate sobre as formas institucionalizadas de participação 
social e gestão participativa, ou, em dimensão mais ampla, as questões que 
dizem respeito à democracia substantiva em nosso país (GADELHA, 2015, 
p.2050).
Pós-Universo 16
Pós-Universo 17
O SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE: COMO NASCEU 
E COMO ESTÁ NA 
ATUALIDADE. 
Buscamos no dicionário de Educação Profissional em Saúde o verbete de Ligia Bahia 
que trata define Sistema único de Saúde – SUS. A partir desse verbete foi possível co-
nhecer e contextualizar esse sistema e suas imbricações. Na procura de conhecermos 
melhor seus encaminhamentos buscamos nas discussões de autores do campo da 
Saúde, tais como: MINECUCCI (2009) e Gadelha (2015), bem como na Constituição 
Federal de 1988.
Iniciamos nossa interlocução pela definição de Bahia (2017):
A expressão ‘Sistema Único de Saúde’ (SUS) alude em termos conceituais 
ao formato e aos processos jurídico-institucionais e administrativos compa-
tíveis com a universalização do direito à saúde e em termos pragmáticos à 
rede de instituições – serviços e ações – responsável pela garantia do acesso 
aos cuidados e atenção à saúde. Os termos que compõem a expressão ‘SUS’, 
espelham positivamente críticas à organização pretérita da assistência mé-
dico-hospitalar brasileira. ‘Sistema’, entendido como o conjunto de ações 
e instituições, que de forma ordenada e articulada contribuem para uma 
finalidade comum, qual seja, a perspectiva de ruptura com os esquemas assis-
tenciais direcionados a segmentos populacionais específicos, quer recortados 
segundo critérios socioeconômicos, quer definidos a partir de fundamentos 
nosológicos. ‘Único’ referido à unificação de dois sistemas: o previdenciário e 
o do Ministério da Saúde e secretarias estaduais e municipais de saúde, con-
substanciada na incorporação do Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social (Inamps) pelo Ministério da Saúde e na universalização do 
acesso a todas ações e cuidados da rede assistencial pública e privada contra-
tada e ao comando único em cada esfera de governo. ‘Saúde’ compreendida 
como resultante e condicionante de condições de vida, trabalho e acesso 
Pós-Universo 18
a bens e serviços e, portanto, componente essencial da cidadania e demo-
cracia e não apenas como ausência de doença e objeto de intervenção da 
medicina; a saúde, tomada como medida de determinações sociais e pers-
pectiva de conquista da igualdade, contrapõe-se ao estatuto de mercadoria 
assistencial que lhe é conferido pela ótica economicista, tal como definida 
na VIII Conferência Nacional de Saúde é “a resultante das condições de ali-
mentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, 
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde”.  
Histórico: o contexto de formulação e inscrição do SUS na Constituição 
de 1988
O SUS foi formulado, na esteira da luta pela redemocratização do Brasil, por 
intelectuais, entidades de profissionais de saúde, estudantis e outras entida-
des da sociedade civil. Como expressão institucional da Reforma Sanitária, o 
SUS, entre outras referências, inspirou-se no processo de mudança no sistema 
de saúde italiano – denominado Riforma Sanitaria do qual se originou a Lei 
nº 833 de 1978 sobre a Istituzione del Servizio Sanitario Nazionale. A conver-
gência entre as mudanças teórico-conceituais acerca das concepções sobre 
as relações entre saúde, Estado e sociedade e as lutas pelas liberdades de-
mocráticas contra o regime militar confluíram para a formulação e tradução 
operacional da Reforma Sanitária Brasileira. O lema “saúde é democracia” 
embalou as proposições da Reforma Sanitária difundidas durante a pre-
paração e realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986. A 
efervescência dos movimentos sociais a partir da metade da década de 1970, 
a criação do Centro Brasileiro de Estudosde Saúde (Cebes), em 1976, as 
experiências locais alternativas de organização de serviços de saúde, a pre-
sença de sanitaristas no planejamento de instituições de saúde e, sobretudo, 
o intenso debate e a apresentação de reflexões, em fóruns dos movimen-
tos sociais e nas arenas governamentais, sobre as alternativas à hegemonia 
dos interesses mercantis na assistência médica previdenciária, tornaram-se 
os ingredientes essenciais para a elaboração das diretrizes do SUS. Durante 
o I Simpósio de Saúde da Câmara dos Deputados em 1979, o documento do 
Cebes intitulado “Saúde é Democracia” sinalizou para a necessidade de criação 
de um sistema único e para a necessidade de transformação das ações de 
saúde em bens sociais gratuitos sob responsabilidade do Estado a partir de 
uma base eficaz de financiamento. Tais premissas justapostas às acepções 
Pós-Universo 19
sistêmicas e universalistas sobre previdência e assistência social fundamen-
taram a inscrição do SUS como integrante das ações destinadas a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social no artigo 194 
da Constituição de 1988.  
Fundamentos teóricos-políticos do SUS
O SUS resulta da formulação e legitimação de estratégias de reordenação do 
sistema de saúde brasileiro postas em disputa com teorias divergentes sobre 
as concepções sobre saúde-doença e distintos projetos de poder no campo 
da saúde. A partir da concepção histórico-estruturalista, os estudos sobre 
as relações entre medicina e sociedade enfatizaram a necessidade de des-
vendar os padrões de intervenção estatal específicos na área da saúde. As 
interpretações sobre as articulações entre saúde e política econômica busca-
ram evidenciar simultaneamente: 1) a natureza objetiva (histórico-material) 
da sociedade, a identificação de padrões, variações e matizes dos arranjos 
político-institucionais presentes no setor saúde no Brasil; 2) a identificação 
e análise da origem e das contradições entre projetos de atores singulares, 
suas projeções no Estado, visto não apenas como locus de preservação de 
legitimação, mas também como arena de disputa por hegemonia. O padrão 
dual de desenvolvimento social e econômico e seus rebatimentos sobre 
os níveis de desigualdade e indicadores de saúde, em um contexto 
pautado pela emergência de demandas complexas em termos sociais, 
biológicos e geográficos questionavam as respostas estatais centradas em 
programas de controle de endemias, por meio da atuação do Ministério da 
Saúde ou do atendimento individual a determinadas categorias de traba-
lhadores, administrado pela Previdência Social. No final dos anos 1970, o 
descompasso entre as receitas e as despesas com saúde e as críticas à nature-
za dicotomizada e fragmentada do sistema foram incluídos nas agendas de 
reivindicação dos movimentos sociais e nas pautas da grande impren-
sa. No período de transição democrática, a feição nacional e universalista 
da luta pela transformação do sistema de saúde e das condições de saúde 
da população brasileira viabilizou alianças com setores progressistas de dife-
rentes orientações político-partidárias. Os compromissos com a produção de 
conhecimentos sobre os determinantes sociais da saúde, com o movimento 
por mudança no sistema de saúde e mudanças na sociedade brasileira las-
trearam a formulação do SUS. No início da denominada Nova República, a 
Pós-Universo 20
coalizão suprapartidária e a mobilização social, essenciais para a inclusão da 
Seguridade Social e do SUS como direitos de cidadania, tornaram exequível a 
nomeação de integrantes do movimento sanitário para cargos de direção no 
Ministério da Saúde e na Previdência Social, que, por seu turno, construí-
ram as bases técnico operacionais para a transferência de recursos humanos, 
financeiros e físicos e competências do Instituto Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social para o Ministério da Saúde. 
Bases jurídico-legais do SUS
O direito à saúde elevado ao patamar de direito essencial em função de 
sua ligação intrínseca com o direito à vida e à dignidade da pessoa humana 
no âmbito da positivação dos direitos sociais atribuída pela Constituição de 
1988, traduz-se no reconhecimento da saúde como direito público sub-
jetivo de eficácia plena e imediata. A tutela estatal e o agir positivo, 
ao ensejarem a criação e efetivação de políticas públicas, fazem com que 
esses direitos adquiram caráter coletivo. O SUS, responsável pela garantia 
do exercício do direito à saúde, tem como suportes doutrinários o direito 
universal e dever do Estado (artigo 196 da Constituição Brasileira de 1988); a 
integralidade das ações de saúde; a descentralização, com direção única em 
cada esfera de poder e a participação da sociedade (artigo 198). Em termos 
operacionais, trata-se de um sistema unificado, regionalizado, com atribui-
ções definidas por esfera de governo, financiamento compartilhado e áreas 
de competências e abrangência firmadas. A saúde passa a ter o estatuto de 
bem de relevância pública tal como previsto no artigo 197, que define a com-
petência do poder público na regulamentação, fiscalização e controle das 
ações e serviços de saúde. 
Pós-Universo 21
O artigo 199 franqueia à iniciativa privada a participação nas atividades de 
saúde. As áreas de atuação e competência dos órgãos do sistema de saúde 
são definidas no artigo 2003. Segundo este dispositivo, o controle, fiscalização, 
execução e ordenamento das políticas, ações e programas referentes a itens 
diversos, tais como alimentos, medicamentos, equipamentos, hemoderivados, 
saneamento básico, formação de recursos humanos para a saúde, ambien-
tes de trabalho, desenvolvimento científico e tecnológico e meio ambiente 
são atribuições do SUS. O conteúdo constitucional do SUS é discriminado 
e detalhado em duas leis orgânicas, a Lei nº 8.080/90 e a Lei nº 8.142/ 90. A 
Lei nº 8.080/90 contém dispositivos relacionados com o direito universal, re-
levância pública, unicidade, descentralização, financiamento, entre outros, 
enfatizando a definição das atribuições de cada esfera de governo dentro do 
novo sistema. A Lei nº 8.142/90 dispõe sobre o caráter, as regras de compo-
sição, regularidade de funcionamento das instâncias colegiadas do SUS – o 
conselho e a conferência de saúde – e transferências intergovernamentais 
de recursos. Ao longo do tempo, a legislação ordinária foi complementada 
por decretos de autoria do poder executivo ou do legislativo e normas ema-
nadas do Ministério da Saúde, entre as quais as normas operacionais básicas 
(NOBs) que determinaram as regras para o repasse dos recursos federais às 
esferas subnacionais.  
3 Os artigos 197 a 199 já foram citados no corpo desse texto. Segue o Art. 200: Ao sistema único de 
saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar 
da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como 
bebidas e águas para consumo humano;
VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e 
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. (BRASIL, 1988).
Pós-Universo 22
O processo de implementação dos princípios e diretrizes organizacio-
nais do SUS
Os questionamentos à Constituição de 1988, especialmente quanto à gene-
rosa e abrangente perspectiva de organização de um sistema integrado de 
seguridade social e ao apoio àspropostas de organização de seguros baseados 
na relação contribuição-benefício sob regime de capitalização emanadas do 
receituário de ajuste fiscal, alteraram o curso de implementação do SUS. No 
início dos anos 1990, a conjuntura adversa aos projetos de corte universalista 
contribuiu para a fragmentação das bases de apoio político, não observância 
das normas sobre as receitas e destinos do orçamento da ‘seguridade social’ e 
distintas velocidades da regulamentação de cada um de seus componentes: 
saúde, previdência e assistência social. A fragmentação da seguridade social e, 
em especial, o não cumprimento dos preceitos constitucionais relacionados 
com o financiamento da saúde limitaram a plena implementação do SUS. Em 
1993, o então Ministério da Previdência e Assistência Social retirou as transfe-
rências destinadas à saúde a partir da contribuição sobre a folha de salários. 
Desde então, a resistência contra o subfinanciamento da saúde tem sido a 
tônica de entidades da sociedade civil, parlamentares e integrantes do poder 
judiciário e do ministério público, e a participação das esferas subnacionais, 
principalmente os municípios, tem sido crescente. A mobilização permanente 
em torno da garantia de recursos para a saúde gerou compromissos gover-
namentais com a estabilidade dos repasses tal como expressos na Emenda 
Constitucional nº 29. No que concerne ao desenho e à execução dos pactos 
intergovernamentais para consolidar o processo de descentralização e reor-
ganizar as redes do sistema de saúde, os avanços são notáveis. Nos marcos 
da democracia e do federalismo, o SUS construiu uma estrutura institucio-
nal complexa para coordenar as ações dos três níveis de governo: as ações 
de saúde pública e os serviços de saúde estatais, filantrópicos e privados. As 
Comissões Gestoras Bipartite e a Comissão Tripartite, integradas por represen-
tantes das três esferas de governo, são instâncias de decisão compartilhada 
sobre políticas de saúde. Os governos locais tornaram-se essenciais na orga-
nização da atenção à saúde, e os representantes dos usuários, profissionais 
de saúde e gestores civis dispõem de instrumentos para formular políticas de 
saúde, controlar e fiscalizar a ação das instituições de saúde. Contabilizam-se 
ainda, entre os expressivos avanços da estruturação de um sistema único e 
descentralizado, os êxitos do impacto sobre o controle/redução de agravos 
Pós-Universo 23
relacionados com a oferta de atenção universal a grupos populacionais defi-
nidos. Contudo, o SUS, no que concerne especialmente à oferta de assistência 
médico-hospitalar, não é universal. A preservação da segmentação das de-
mandas condiciona e de certo modo legitima o subfinanciamento público 
para a atenção universal à saúde e desafia permanentemente a lógica da or-
ganização do SUS. A vigência da clivagem assistencial afeta a equidade do 
acesso aos serviços de saúde, os valores sobre a qualidade do que é público 
e a própria definição de SUS. Os usos correntes do termo SUS, como sinôni-
mo de um convênio de repasse de recursos ou órgão de compra de serviços 
e não como sistema de saúde, restringem drasticamente sua natureza e atri-
buições constitucionais. Alternativamente, a imunidade do direito à saúde tal 
como previsto pela Constituição de 1988 às tentativas de desfigurá-lo, bem 
como os efeitos favoráveis da inclusão e universalização das ações de saúde 
conferiram ao SUS o estatuto de política de Estado e modelo exemplar de 
sistema de saúde na América Latina.  
O resgate do SUS constitucional
As avaliações sobre a persistência de problemas de saúde e elevadas de-
sigualdades econômico-sociais e no acesso a bens e serviços vis-à-vis o 
subfinanciamento, as distorções na estrutura dos gastos públicos e a subordi-
nação das políticas sociais em face da ‘financeirização’ do orçamento público 
estimularam a realização do VIII Simpósio da Câmara Federal sobre Política 
Nacional de Saúde em 2005. O debate e a mobilização para o resgate do SUS 
constitucional implicam a defesa da seguridade social e a definição de uma 
política nacional de desenvolvimento e, portanto, revisão da política mone-
tária. Recursos oriundos da desvinculação de receitas da União, inclusive das 
contribuições sociais e do elevado superávit fiscal, devem ser redirecionados 
para as políticas sociais. As iniciativas de criar e reunir um Fórum da Reforma 
Sanitária na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca e a realização de 
reuniões conjuntas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) Centro 
Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Rede Unida, Associação Brasileira de 
Economia da Saúde (Abres), Associação Nacional de Promotores do Ministério 
Público em Defesa da Saúde (Ampasa) e a Frente Parlamentar da Saúde per-
mitiram ampliar e aprofundar a reflexão e as propostas de resgate do SUS 
constitucional. O documento “SUS pra Valer: universal, humanizado e de 
qualidade”, subscrito por essas entidades, elaborado no segundo semestre 
de 2006, contendo estratégias programáticas, reafirma a imprescindibilida-
de da compatibilização dos padrões de saúde dos brasileiros ao progresso 
Pós-Universo 24
tecnológico, cultural e político disponível. Por sua vez, as instituições respon-
sáveis pela gestão do SUS definiram novas diretrizes para a descentralização 
no Pacto pela Vida, em Defesa do ‘SUS’ e de Gestão, proposto pelo Ministério 
da Saúde, Conselho de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional 
de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) em 2006. Medidas como 
o reforço à organização das regiões sanitárias, a cogestão, a base do finan-
ciamento tripartite como parâmetro para o planejamento e definição de 
responsabilidades sanitárias compartilhadas aproximam a trajetória do SUS 
real a do SUS constitucional. Os esforços para corrigir o rumo e o prumo da 
trajetória do SUS, quer oriundos da esfera da sociedade civil, quer gerados 
na esfera governamental, ainda que até agora tenham logrado contra-restar 
plenamente obstáculos estruturais, expressam a vitalidade e perenidade de 
seus princípios e diretrizes (BAHIA, 2017 – grifo nosso).    
Observem que Bahia nos apresenta um panorama muito relevante sobre o SUS. É 
preciso que saibamos os meandros do seu desenvolvimento e o movimento de sua 
gestão para podermos reivindicar sua continuidade e melhoria da atuação nos ser-
viços de saúde. A partir daqui seguimos para abordar sobre os avanços e retrocesso 
pelos quais o SUS tem passado e, para tanto, vamos nos aprofundar na discussão de 
Gadelha (2015) e Minecucci (2009 ):
[...] A literatura tem excelentes trabalhos nesse sentido e muito se produ-
ziu recentemente quando da reflexão sobre os 25 anos do SUS. A imagem 
de capa do Radis número 127 de abril de 2013, “um copo meio cheio, meio 
vazio”, tem sido muitas vezes o tom para realizar o inventário dos fracassos, 
sem descurar do reconhecimento dos avanços. Nelson Rodrigues dos Santos 
sistematiza de outra forma esse percurso, por meio da caracterização e con-
fronto das “estratégias construtoras do SUS” e seu reverso, as “estratégias 
impeditivas e desconstrutoras”. Interessa destacar que ganha força a previ-
são de notórios analistas e militantes do SUS, de um cenário regressivo cuja 
superação seria improvável ou quase utópica. No caso de Nelson Rodrigues 
dos Santos, essas estratégias impeditivas e desconstrutoras do SUS são evi-
dentemente mais fortes e hegemônicas, a ponto de se constituírem como 
estratégias construtoras de outro sistema e outra política pública de Estado, 
recebendo o nome de “Cobertura Universal Pública e Privada”. Por sua vez, 
Pós-Universo 25
Gastão Wagner de Sousa Campos (p. 1), utilizando a expressão “ex-possível” 
de Clarice Lispector – “fenômeno plausível no passado, mas que o descuido 
humano sistemático haveria esvaziado de suas possibilidades de vir a ser”, 
adota premissas fortemente negativas e propõe o “SUS Brasil”, como “hipó-
tese desesperada e utopia concreta”: 
“A primeira hipótese triste é queo Sistema Único de Saúde (SUS) transformou-
-se, com o tempo, em um ‘ex-possível’. [...] A segunda hipótese desesperada [...] 
é a de que o SUS está sedo derrotado no simbólico, no “coração e na mente” 
dos brasileiros. [...] A terceira hipótese desesperada é a de que não há no ho-
rizonte nenhum projeto político que se proponha explicitamente a enfrentar 
o conjunto de impasses crônicos que limitam e restringem a plena consti-
tuição do SUS e do direito à Saúde” (p. 1). 
Abro aqui um parêntese. Apesar de não caber neste artigo uma análise crítica 
do SUS Brasil, a visibilidade da proposta e seu potencial heurístico me leva a 
destacar contrapontos e ceticismo: a excessiva ênfase na autarquização frente 
à ineficiência desse modelo na atual configuração da administração pública; 
conferir ao Conselho Nacional de Saúde a tripartite função de planejamento 
e gestão; finalmente, de outro plano, a baixa viabilidade de reconfiguração 
federativa com “Regiões de Saúde Autarquizadas” sob a governança de um 
“Secretário Regional de Saúde”, indicado por “Conselhos Regionais de Saúde”. 
Pelo lado das estratégias construtoras, deve-se ressaltar que, passados 27 
anos, houve avanços significativos, com a ampliação do acesso aos serviços 
de saúde, especialmente para aqueles milhões de pessoas que não possuíam 
vínculo formal de emprego, e a implantação de programas como a ampliação 
da atenção básica, por intermédio da Estratégia Saúde da Família, o Programa 
Nacional de Imunização e o combate a agravos específicos, a exemplo do 
programa de HIV/AIDS.
Destaco, também, entre as iniciativas mais recentes por seus efeitos imedia-
tos de grande magnitude e propósito estruturante, o Programa Mais Médicos 
para o Brasil, destinado a garantir o acesso à atenção médica para milhões de 
brasileiros, e que enfrenta o desafio de conferir protagonismo ao Ministério 
da Saúde na modelagem da formação dos profissionais de saúde para ade-
quá-la às necessidades de saúde da população. 
Pós-Universo 26
Nos últimos 15 anos, a formulação teórica e a implantação de políticas, leis, 
normas infralegais e aparatos institucionais intersetoriais relacionadas ao 
Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), sob a coordenação do 
Ministério da Saúde, trouxeram uma novidade com enorme potencial de con-
certação entre as políticas do SUS, o setor produtivo e a sociedade, em torno 
de um projeto nacional inclusivo. O CEIS é um referencial teórico que propõe 
a articulação entre direitos, políticas sociais e desenvolvimento econômico. 
O conceito é baseado na premissa de que a saúde se constitui, simultanea-
mente, como um direito de cidadania e uma frente de desenvolvimento e 
inovação estratégica na sociedade, e que a articulação virtuosa destas duas 
dimensões é central para a conformação de um modelo de desenvolvimento 
inclusivo e para a sustentabilidade do SUS. Sua importância é ressaltada no 
documento de orientação aos debates da 15ª CNS, que traz entre os objeti-
vos, o de fortalecer o complexo industrial da saúde para expandir a produção 
nacional de tecnologias estratégicas e a inovação em saúde. 
No polo das estratégias desconstrutoras, os binômios desfinanciamento e 
privatização, e território e governança sintetizam os maiores desafios que, 
entre outras consequências, vêm solapando um dos pilares do SUS, a uni-
versalidade. De acordo com a Constituição brasileira, a universalidade exige 
a consolidação de sistemas de saúde públicos e universais, com integralida-
de e equidade, o que efetivamente não atingimos. Esse quadro desfavorável 
tem sua tradução no embate nos fóruns internacionais entre a concepção 
de “sistemas universais” e a “cobertura universal” restrita”. Da mesma forma, 
temos no polo negativo a precarização do trabalho em saúde e ausência de 
uma perspectiva integrada e efetiva de cargos e carreiras profissionais do SUS. 
Vista com base na perspectiva anteriormente esboçada, a realização da 15ª 
CNS traz o duplo desafio de reafirmar a relevância desse instrumento para 
a gestão democrática e mobilizar a sociedade para a superação do parado-
xo do SUS diante de condições tão desfavoráveis: crise econômica, crise de 
condução política, crise de valores, baixa adesão ao debate e compreensão 
popular do que é este nosso projeto de saúde pública. Some-se a isso um 
congresso conservador e um avanço da internacionalização do capital e do 
setor privado, associado a iniciativas que rompem com toda a lógica do SUS e 
que galvanizam também desejos e aspirações populares, como no exemplo 
da Proposta de Emenda à Constituição (PEC no 451/2014 [...]), de autoria do 
Deputado Eduardo Cunha, que obriga os empregadores a pagarem planos 
de saúde para os trabalhadores. 
Pós-Universo 27
O cenário nacional aponta ainda para um novo e paralelo modelo sendo 
gestado, indo além de nossa tradicional perspectiva de, ao considerarmos o 
setor privado, focalizarmos a assistência médica e hospitalar. Verifica-se que 
ações de atenção primária, promoção, ensino e pesquisa estão sendo desen-
volvidas e estruturadas pelos grandes grupos hospitalares privados, ocupando 
as lacunas que o poder público está deixando. 
Contraditoriamente, considerando o processo eleitoral de 2014, não se regis-
tra o mesmo “desmonte” do SUS nos discursos políticos. Não houve candidato 
à Presidência da República que defendesse o fim do SUS. Pelo contrário: pela 
primeira vez em debates políticos (inclusive aqueles veiculados pela televisão) 
o sistema foi “chamado pelo nome” por vários candidatos. Nenhuma campa-
nha defendeu enfaticamente a privatização da saúde. Desse fato é possível 
inferir que a ideia de uma saúde universal, integral e gratuita encontra eco 
na sociedade. Entretanto, sem explicitar a intenção central de desconstruir 
o direito universal à saúde e a obrigação do Estado de provê-la, inscritos em 
nossa constituição, a mídia concentra suas baterias explorando negativa e 
sistematicamente a realidade do SUS. 
Por outro lado, é entre os defensores do SUS como sistema universal, pautado 
pela equidade e integralidade, que se encontra a permanente exposição de 
projetos e ideias para o setor. Esse cenário dual que verificamos na saúde 
pública encontrará, sem dúvida, espelhamento no cenário político econômi-
co geral, onde se observa uma falência generalizada dos discursos e projetos 
coletivos. A busca de um projeto nacional aliando direitos, políticas sociais e 
base produtiva que se configura no binômio saúde e desenvolvimento e na 
conformação de um complexo econômico e industrial da saúde induzido e 
regulado pelo Estado, que já encontrava dificuldades em críticas de setores 
da esquerda, está em xeque pela falta de sustentação do desenvolvimen-
tismo inclusivo e seu conteúdo de autonomia nacional que caracterizou os 
mandatos de Lula e o primeiro de Dilma Rousseff.
Da perspectiva dos setores de esquerda há uma crítica ao modelo que 
propõe aliar crescimento econômico e atendimento das demandas sociais. 
Questiona-se a possibilidade de tal concertação entre o nível empresarial e 
o nível social. Dessa crítica, no entanto, não emergem, tampouco, alterna-
tivas viáveis. Na perspectiva dos segmentos pautados pelo neoliberalismo, 
as repostas são dadas pela discussão de produtividade e de eficiência, ainda 
Pós-Universo 28
que não respondam às demandas sociais. Seja como for, o que observo é a 
construção de um novo modelo neoliberal cristalizando-se para além de en-
frentamentos discursivos. 
Que estratégias podem minimizar essa distância entre o discurso legitima-
do da garantia de direitos e a prática de transformar qualquer direito em 
mercadoria? Como enfrentar esse embate ideológico? Quais seriam os me-
canismos de superação dos grandes desafios da saúde e quais os processos 
sociais mais qualificados para efetivá-los? A 15ª CNS se desenrola em um 
cenário de busca de respostas a essas perguntas (GADELHA, 2015, p. 2051-
2053 – grifo nosso). 
Neste sentido, verifica-se que os avanços e retrocessos do Sistema únicode Saúde vão 
se constituindo à medida que os mecanismos políticos e econômicos se fundam na 
sociedade capitalista em que vivemos. Não será possível desvincular essas relações, 
pois as conquistas ou não das políticas públicas/sociais são uma representação do 
movimento da luta de classes. Ou seja, podemos considerar que são as múltiplas de-
terminações que se dão neste modelo de sociedade que a constituem. Ainda temos 
Minecucci (2009) que pode complementar essa discussão:
A falta de identificação dos segmentos organizados da população com uma 
assistência pública e igualitária contribuiu para o enfraquecimento da proposta 
de caráter publicista e universalista e para o fortalecimento da segmentação, 
reforçando a perspectiva de que ao SUS cabe a cobertura da população mais 
pobre e em condições desfavoráveis de inserção no mercado de trabalho.
Outro legado das políticas prévias é a dependência do sistema público em 
relação à rede privada prestadora de serviços. Ao longo das duas últimas 
décadas, tem ocorrido a ampliação da rede pública, principalmente a am-
bulatorial, que aponta tanto o esforço para universalização da assistência a 
partir da garantia de acesso à atenção primária e de reversão do modelo as-
sistencial centrado no atendimento hospitalar, quanto está relacionada ao 
aprofundamento do processo de descentralização, gerando maior pressão 
sobre os governos locais (MINECUCCI, 2009, p.1622).
Pós-Universo 29
AS ATUAIS POLÍTICAS 
PÚBLICAS E AS 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
INDIRETAS VOLTADAS 
PARA A SAÚDE. 
Escolhemos nesta subseção do texto apresentar os programas, ações e estratégias 
viabilizadas pelo Ministério da Saúde e sua instância, o Departamento de Atenção 
Básica – DAB. Esses podem nos dar uma visão do que o Estado entende por políti-
cas públicas de saúde.
Pós-Universo 30
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/acoes-e-programas
O Departamento de Atenção Básica (DAB) integra a Secretaria de Atenção à 
Saúde e tem atribuições e competências definidas pelo Decreto nº 7530/2011, que 
estabelece a estrutura regimental do Ministério da Saúde, e também pela Portaria 
nº 2488/2011, que aprovou a Política Nacional de Atenção Básica. Entre as suas prin-
cipais funções, estão: 
a. Definir e rever periodicamente, de forma pactuada, com as entidades repre-
sentantes dos Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e das Secretarias 
Municipais de Saúde (CONASEMS), as diretrizes da Política Nacional de 
Atenção Básica, observando os princípios e diretrizes do SUS; 
Pós-Universo 31
b. Garantir fontes de recursos federais para compor o financiamento da Atenção 
Básica;
c. Estabelecer as diretrizes nacionais e disponibilizar instrumentos técnicos e 
pedagógicos que facilitem o processo de gestão, de formação e educação 
permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica;
d. Desenvolver estratégias de articulação com as gestões estaduais e muni-
cipais do SUS com vistas à institucionalização da avaliação e qualificação 
da Atenção Básica; 
e. Prestar cooperação técnica a Estados, a Municípios e ao Distrito Federal na 
organização, qualificação e de consolidação da Atenção Básica;
f. Articular com o Ministério da Educação estratégias de indução às mu-
danças curriculares nos cursos de graduação e pós-graduação na área da 
saúde visando à formação de profissionais e gestores com perfil adequa-
do à Atenção Básica.
O Departamento também normatiza e coordena a implantação de políticas e progra-
mas estratégicos no âmbito do Ministério da Saúde, entre elas: a Estratégia Saúde da 
Família (que compõe a Política Nacional de Atenção Básica); Brasil Sorridente (Política 
Nacional de Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política Nacional 
de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de Requalificação das Unidades 
Básicas de Saúde; Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção 
Básica (PMAQ-AB); Programa Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua 
e o Programa Saúde na Escola (PSE). Para além, o DAB tem responsabilidade direta 
com grande parte das ações do Programa Brasil Carinhoso. http://dab.saude.gov.br/
portaldab/dab.php
Pós-Universo 32
Pós-Universo 33
PROGRAMA ACADEMIA 
DA SAÚDE
O Programa Academia da Saúde foi lançado pelo Ministério da Saúde (MS) em 
2011 como estratégia de promoção da saúde e produção do cuidado para os mu-
nicípios brasileiros. Seu objetivo é promover práticas corporais e atividade física, 
promoção da alimentação saudável, educação em saúde, entre outros, além de con-
tribuir para produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da 
população. Para tanto, o Programa promove a implantação de polos do Academia 
da Saúde, que são espaços públicos dotados de infraestrutura, equipamentos e pro-
fissionais qualificados.
A ideia do programa surgiu inspirada em algumas inciativas que vinham sendo 
desenvolvidas em Recife, Curitiba, Vitória, Aracaju e Belo Horizonte. Essas experiên-
cias locais tinham em comum a prática da atividade física e outras práticas corporais, 
a presença de profissionais orientadores, o uso e a potencialização de espaços pú-
blicos como espaços de inclusão, de participação, de lazer, de promoção da cultura 
da paz, além de serem custeadas e mantidas pelo poder público. A avaliação positi-
va dessas experiências reforçou a ideia do fortalecimento de iniciativas semelhantes 
em todo o país na forma de um programa nacional no âmbito do Sistema Único de 
Saúde.
Na mesma época, o Ministério da Saúde, em relação à Atenção à Saúde, discutia 
a formação das Redes de Atenção à Saúde e conduzia o processo de implantação 
dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) como uma das principais ações da 
Atenção Básica. Com isso, a corresponsabilidade na produção do cuidado e a im-
portância da multiprofissionalidade ganharam destaque. No campo da vigilância, 
aparecia a necessidade de fomentar ações de prevenção e controle das Doenças 
Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), apontando a atividade física e as práticas corpo-
rais como as principais ações de intervenção sobre os fatores de risco destas doenças.
Pós-Universo 34
A partir da convergência desses contextos, em 2011, foi instituído o Programa 
Academia da Saúde com a publicação da Portaria nº 719, de 07 de abril de 2011 . 
Depois, em 2013, o Programa passou por ajustes e aperfeiçoamentos, tendo sido re-
definido pela Portaria nº 2.681, de 7 de novembro de 2013.
O Programa Academia da Saúde adota uma concepção ampliada de saúde e es-
tabelece como ponto de partida o reconhecimento do impacto social, econômico, 
político e cultural sobre a saúde. Por isso, apesar do nome, o Programa não se restrin-
ge a realização de práticas corporais e atividades físicas e promoção da alimentação 
saudável. Mais do que isso, os polos foram concebidos como espaços voltados ao 
desenvolvimento de ações culturalmente inseridas e adaptadas aos territórios locais 
e que adotam como valores norteadores de suas atividades o desenvolvimento de 
autonomia, equidade, empoderamento, participação social, entre outros. Nesse 
sentido, a Portaria nº 2.681 estabelece oito eixos em torno dos quais as atividades 
do polo devem ser desenvolvidas: práticas corporais e atividades físicas, promoção 
da alimentação saudável, mobilização da comunidade, educação em saúde, práticas 
artísticas e culturais, produção do cuidado e de modos de vida saudável, práticas in-
tegrativas e complementares, e planejamento e gestão.
Além disso, um aspecto importante que contribui para a consecução dos obje-
tivos propostos é que não se trata de um serviço isolado. O Programa faz parte da 
estrutura organizacional das Redes de Atenção à Saúde (RAS), como componente da 
Atenção Básica e, por isso, funciona também como porta de entrada no SUS.
De acordo com meta estabelecida no Plano Plurianual 2011-2015, o Ministério da 
Saúde deve habilitar 4.800 polos do Programa até o finalde 2015, mas espera atingir 
essa meta ainda em 2014. Trata-se de uma política pública capilarizada no territó-
rio, visto que já alcançou mais de 2.660 municípios brasileiros, de todas as unidades 
da federação, o que indica o compromisso do estado brasileiro com a promoção da 
saúde e de modos de vida saudáveis e sustentáveis em todo o território nacional. 
http://portalsaude.saude.gov.br/
Pós-Universo 35
AMAMENTA E 
ALIMENTA BRASIL 
A “Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil”, 
lançada em 2012, tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos pro-
fissionais da atenção básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do 
aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois anos 
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa iniciativa é o resultado da integra-
ção de duas ações importantes do Ministério da Saúde: a Rede Amamenta Brasil e 
a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável (ENPACS), que se 
uniram para formar essa nova estratégia, que tem como compromisso a formação 
de recursos humanos na atenção básica.
As bases legais adotadas para a formulação da estratégia são políticas e programas 
já existentes como a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a Política Nacional 
de Promoção da Saúde (PNPS), a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), 
a Política Nacional de Aleitamento Materno (PNAM) e a Rede Cegonha.
A Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DAB/SAS) e a Área Técnica 
de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (ATSCAM/DAPES/SAS), do Ministério da 
Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, são os res-
ponsáveis pela formulação das ações da nova estratégia, que visa colaborar com as 
iniciativas para a atenção integral da saúde das crianças. Elas têm como princípio a 
educação permanente em saúde e como base a metodologia crítico-reflexiva que 
é desenvolvida por meio de atividades teóricas e práticas, leituras e discussões de 
texto, troca de experiência, dinâmicas de grupo, conhecimento da realidade local, 
sínteses e planos de ação.
Pós-Universo 36
Para a efetivação da estratégia os estados e municípios deverão se organizar 
para formar os profissionais da atenção básica por meio de duas ações: formação de 
tutores e oficinas de trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS):
Oficina de formação de tutores - Visa qualificar profissionais de referência que 
serão responsáveis em disseminar a estratégia e realizar oficinas de trabalho nas suas 
respectivas UBS. Esses profissionais são os pilares da estratégia e devem apoiar o plane-
jamento, o acompanhamento e/ou fortalecimento das ações de promoção, proteção 
e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas UBS, 
de forma contínua. O Ministério da Saúde, a partir de março de 2013, irá formar 1000 
tutores em todos os estados brasileiros para capilarizar a estratégia nos municípios.
Oficina de trabalho na UBS - Visa discutir a prática do aleitamento materno e 
alimentação complementar saudável com os profissionais da UBS e planejar ações de 
incentivo à alimentação saudável na infância, de acordo com a realidade local. Essa 
oficina é o ponto de partida para o desenvolvimento de ações com o objetivo de 
promover, proteger e apoiar a prática do aleitamento materno e alimentação com-
plementar saudável. Essas oficinas acontecem a partir de um cronograma firmado 
entre as UBS e a secretaria de saúde, que em um primeiro momento deve ser de 
cinco horas, de acordo com a metodologia proposta. Em um segundo momento, 
uma oficina mais curta deve ser realizada para discutir temas específicos segundo 
a realidade de cada UBS. Como exemplo dessas discussões estão o manejo do alei-
tamento materno, prática da alimentação complementar, desenvolvimento infantil, 
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), entre outros.
Para complementar a formação dos tutores formados na nova estratégia, bem 
como os tutores da Rede Amamenta e da ENPACS, o ministério lançará no segundo 
semestre de 2013 o Curso de Educação à Distância (EAD) sobre Aleitamento Materno 
e Alimentação Complementar Saudável. 
http://dab.saude.gov.br/portaldab/amamenta.php
O Brasil Sorridente - Política Nacional de Saúde Bucal - é o programa do governo 
federal que tem mudado a Atenção da Saúde Bucal no Brasil. 
Pós-Universo 37
De modo a garantir ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal 
da população brasileira, o Brasil Sorridente reúne uma série de ações para ampliação do 
acesso ao tratamento odontológico gratuito, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 
As principais linhas de ação do programa são:
1. Reorganização da Atenção Básica em saúde bucal, principalmente com 
a implantação das Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família; 
2. Ampliação e qualificação da Atenção Especializada, em especial com a implanta-
ção de Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses 
Dentárias. Na Atenção Especializada encontra-se também a Assistência Hospitalar. 
O Brasil Sorridente contempla ainda o Brasil Sorridente Indígena e apresenta interface 
com outras ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, o que ajuda a compreen-
der seu alcance. Saiba mais sobre as ações em Saúde Bucal nas seguintes ações do 
governo federal: Programa Saúde na Escola , Brasil sem Miséria, Plano Nacional para 
Pessoas com Deficiência, Qualificação Profissional e Científica e Fluoretação das Águas 
de Abastecimento Público.
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_brasil_sorridente.php
A estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional de Atenção 
Básica, em 2011, e visa ampliar o acesso da população em situação de rua aos servi-
ços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para 
esse grupo populacional, o qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com 
os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados.
Chamamos de Consultório na Rua equipes multiprofissionais que desenvolvem 
ações integrais de saúde frente às necessidades dessa população. Elas devem reali-
zar suas atividades de forma itinerante e, quando necessário, desenvolver ações em 
parceria com as equipes das Unidades Básicas de Saúde do território. 
Ressalta-se que a responsabilidade pela atenção à saúde da população em si-
tuação de rua como de qualquer outro cidadão é de todo e qualquer profissional 
do Sistema Único de Saúde, mesmo que ele não seja componente de uma equipe 
de Consultório na Rua (eCR). Desta forma, em municípios ou áreas em que não haja 
eCR, a atenção deverá ser prestada pelas demais modalidades de equipes da Atenção 
Básica. É importante destacar, ainda, que o cuidado em saúde da população em si-
tuação de rua deverá incluir os profissionais de Saúde Bucal e os Nasf do território 
onde essas pessoas estão concentradas.
Pós-Universo 38
As equipes dos Consultórios na Rua podem ser organizadas em três modalidades:
Item 1: Enfermeiro, Psicólogo, Assistente Social e Terapeuta Ocupacional
Item 2: Agente Social, Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, técnico em Saúde 
Bucal, Cirurgião Dentista, profissional de Educação Física e profissional com formação 
em Arte e Educação. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_consultorio_rua.php
A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no 
País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério 
da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualifica-
ção e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de 
trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos 
da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das 
pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relaçãocusto-efetividade. 
Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional (equipe 
de Saúde da Família – eSF) composta por, no mínimo: (I) médico generalista, ou es-
pecialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro 
generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de enfermagem; 
e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição 
os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em 
Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.
Mais informações sobre as atribuições das equipes de Saúde da Família, assim como de cada 
profissional, você encontra nos itens 4.3 e 4.4 da Política Nacional de Atenção Básica. 
É prevista, ainda, a implantação da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde 
nas Unidades Básicas de Saúde como uma possibilidade para a reorganização inicial 
da atenção básica com vistas à implantação gradual da ESF ou como uma forma de 
Pós-Universo 39
agregar os agentes comunitários a outras maneiras de organização da atenção básica. 
Cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser responsável por, no máximo, 4.000 
pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de 
equidade para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe 
considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto 
maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por 
equipe.
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_esf.php
 
Equipes de Saúde da Família 
Ribeirinhas e Fluviais
 As equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e as Unidades Básicas de Saúde Fluviais 
estão direcionadas para o atendimento da população ribeirinha da Amazônia Legal 
e Pantanal Sul-Mato-Grossense, respectivamente. Considerando as especificidades 
locais, os municípios podem optar entre dois arranjos organizacionais para equipes 
de Saúde da Família, além dos existentes para o restante do País:
I. Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): desempenham a maior 
parte de suas funções em Unidades Básicas de Saúde (UBS) construídas/
localizadas nas comunidades pertencentes a regiões à beira de rios e lagos 
cujo acesso se dá por meio fluvial; e
II. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): desempenham suas funções 
em Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF).
III. A implantação das equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e Fluviais segue 
os mesmos critérios das equipes e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. 
Obtenha mais informações na página 101 da Política Nacional de Atenção 
Básica. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_esf.php
Pós-Universo 40
Saúde e Sus Atenção Básica
O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia do Departamento de Atenção 
Básica para reestruturar as informações da Atenção Básica em nível nacional. Esta ação 
está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação 
em Saúde do Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação da gestão da in-
formação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população. A 
estratégia e-SUS AB, faz referência ao processo de informatização qualificada do SUS 
em busca de um SUS eletrônico. http://dab.saude.gov.br/portaldab/esus.php
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados pelo Ministério 
da Saúde em 2008 com o objetivo de apoiar a consolidação da Atenção Básica no 
Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutivida-
de, a abrangência e o alvo das ações.
Atualmente regulamentados pela Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, 
configuram-se como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com 
as equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de atenção básica para populações 
específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa 
Academia da Saúde.
Esta atuação integrada permite realizar discussões de casos clínicos, possibilita o 
atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade de Saúde como nas 
visitas domiciliares, permite a construção conjunta de projetos terapêuticos de forma 
que amplia e qualifica as intervenções no território e na saúde de grupos popula-
cionais. Essas ações de saúde também podem ser intersetoriais, com foco prioritário 
nas ações de prevenção e promoção da saúde.
Com a publicação da Portaria 3.124, de 28 de dezembro de 2012, o Ministério da 
Saúde criou uma terceira modalidade de conformação de equipe: o NASF 3, abrindo 
a possibilidade de qualquer município do Brasil faça implantação de equipes NASF, 
desde que tenha ao menos uma equipe de Saúde da Família.
Pós-Universo 41
As modalidades de NASF hoje estão assim definidas: 
Modalidades Nº de equipes vinculadas Somatória das Cargas Horárias Profissionais* 
NASF 1
5 a 9 eSF e/ou eAB para 
populações específicas 
(eCR, eSFR e eSFF)
Mínimo 200 horas semanais; Cada ocupa-
ção deve ter no mínimo 20h e no máximo 
80h de carga horária semanal;
NASF 2
3 a 4 eSF e/ou eAB para 
populações específicas 
(eCR, eSFR e eSFF)
Mínimo 120 horas semanais; Cada ocupa-
ção deve ter no mínimo 20h e no máximo 
40h de carga horária semanal; 
NASF 3
1 a 2 eSF e/ou eAB para 
populações específicas 
(eCR, eSFR e eSFF)
Mínimo 80 horas semanais; Cada ocupa-
ção deve ter no mínimo 20h e no máximo 
40h de carga horária semanal; 
*Nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor que 20 horas. eCR - Equipe 
Consultório na Rua; eSFR - Equipe Saúde da Família Ribeirinha; eSFF - Equipe Saúde da Família 
Fluvial
Poderão compor os NASF as seguintes ocupações do Código Brasileiro de Ocupações 
(CBO): 
Médico acupunturista; assistente social; profissional/professor de educação física; 
farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico ginecologista/obstetra; médico 
homeopata; nutricionista; médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra; terapeuta 
ocupacional; médico geriatra; médico internista (clínica médica), médico do trabalho, 
médico veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte educador) 
e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde 
com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em 
uma dessas áreas. 
A composição de cada um dos NASF será definida pelos gestores municipais, se-
guindo os critérios de prioridade identificados a partir dos dados epidemiológicos 
e das necessidades locais e das equipes de saúde que serão apoiadas. http://dab.
saude.gov.br/portaldab/ape_nasf.php
Pós-Universo 42
NutriSus
Lançada oficialmente em março de 2015, pelo Ministério da Saúde, a Estratégia de 
fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó – NutriSUS 
consiste na adição direta de nutrientes à alimentação oferecida às crianças de 6 
meses a 3 anos e 11 meses em creches. 
A ação já vem sendo implantada em diversos municípios brasileiros e nasceu a 
partir da prioridade de cuidado integral à saúde das crianças de zero a seis anos es-
tabelecida pela Ação Brasil Carinhoso, componente do Plano Brasil Sem Miséria. 
Implantada inicialmente nas creches participantes do Programa Saúde na Escola, 
a iniciativa tem o objetivo de potencializar o pleno desenvolvimento infantil, a pre-
venção e o controle da anemia e outras carências nutricionais específicas na infância. 
Identificou-se que 200 milhões de crianças menores de cinco anos, residentes em 
países em desenvolvimento, não atingem seu potencial de desenvolvimento, e a 
anemia é um dos fatores atribuídos a essa condição. Essas crianças possuem maior 
probabilidade de baixo rendimento escolar, o que provavelmente contribui para a 
transmissão intergeracional da pobreza com implicações para o desenvolvimento 
dos países. Tal tipo de estratégia, amplamente estudada por todo o mundo e imple-
mentada com sucesso em diferentes continentes, já acumula muitas evidências de 
eficácia e efetividade e,recentemente, teve essa importância reconhecida, em guia 
específico da Organização Mundial da Saúde.
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pcan.php?conteudo=nutrisus
Programa de Melhoria do Acesso e 
da Qualidade 
O PMAQ-AB tem como objetivo incentivar os gestores e as equipes a melhorar a qua-
lidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe 
um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do tra-
balho das equipes de saúde.
Pós-Universo 43
O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios 
participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. O pro-
grama foi lançado em 2011 e agora, em 2015, inicia seu 3º ciclo com a participação 
de todas as equipes de saúde da Atenção Básica (Saúde da Família e Parametrizada), 
incluindo as equipes de Saúde Bucal, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Centros 
de Especialidades Odontológicas que se encontrem em conformidade com a PNAB. 
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pmaq.php
O campo das práticas integrativas e complementares contempla sistemas 
médicos complexos e recursos terapêuticos, os quais são também denominados 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e complemen-
tar/alternativa (MT/MCA). Tais sistemas e recursos envolvem abordagens que buscam 
estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde 
por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no de-
senvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio 
ambiente e a sociedade. Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens 
abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo saúde-doença e a pro-
moção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado.
Com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
(PNPIC), a homeopatia, as plantas medicinais e fitoterápicas, a medicina tradicional 
chinesa/acupuntura, a medicina antroposófica e o termalismo social-crenoterapia 
foram institucionalizados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Todas as ações decorrentes das políticas nacionais voltadas à integração das práti-
cas integrativas e complementares ao SUS, principalmente quando se utilizam plantas 
medicinais e derivados como recurso terapêutico, perpassam pelo entendimento e 
valorização da multiculturalidade e interculturalidade, por gestores e profissionais de 
saúde, para maior equidade e integralidade da atenção.
Interculturalidade pode ser entendida como modo de coexistência no qual os 
indivíduos, grupos e instituições, com características culturais e posições diferentes, 
convivem e interagem de forma aberta, inclusiva, horizontal, respeitosa e se refor-
çam mutuamente, em um contexto compartilhado.
Assim, a Política Nacional de Atenção Básica preconiza que esse nível de atenção 
considera o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produ-
zir a atenção integral.
Pós-Universo 44
Na relação intercultural, busca-se favorecer o entendimento de pessoas com cul-
turas diferentes, em que a escuta e o enriquecimento dos diversos espaços de relação 
são facilitados e promovidos visando ao fortalecimento da identidade própria, do 
autocuidado, da autoestima, da valoração da diversidade e das diferenças, além de 
proporcionar o desenvolvimento de uma consciência de interdependência para o be-
nefício e desenvolvimento comum. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pic.php
Prevenção e Controle de Agravos 
Nutricionais 
O Brasil tem vivenciado uma peculiar e rápida transição nutricional: de um 
país que apresentava altas taxas de desnutrição, na década de 1970, passou a 
ser um país com metade da população adulta com excesso de peso, em 2008. 
No entanto, os avanços são desiguais. Ainda persistem altas prevalências de desnutri-
ção crônica em grupos vulneráveis da população, como entre as crianças indígenas, 
quilombolas, residentes na região norte do País e aquelas pertencentes às famílias 
beneficiárias dos programas de transferência de renda, afetando principalmente 
crianças e mulheres que vivem em bolsões de pobreza.
A melhoria ao acesso à saúde e à renda da população deveria ter impactado no 
avanço dos indicadores relativos à deficiência de micronutrientes, mas as pesquisas 
apontam a persistência das deficiências de ferro e vitamina A. Também se observa o 
ressurgimento de casos de Beribéri (deficiência de vitamina B1 ou tiamina) em alguns 
Estados brasileiros e o desajuste do consumo de iodo por adultos, proveniente do 
consumo excessivo do sal de cozinha iodado.
Simultaneamente, o Brasil vem enfrentando o aumento expressivo do sobrepeso 
e da obesidade, assim como em vários países do mundo. Em função de sua magni-
tude e velocidade de evolução, o excesso de peso – que compreende o sobrepeso 
e a obesidade – é considerado atualmente um dos maiores problemas de saúde 
pública, afetando todas as faixas etárias.
Além dos agravos nutricionais mencionados acima, a PNAN também reconhece 
as necessidades alimentares especiais como demanda para a atenção nutricional no 
SUS, referidas na política como sendo as necessidades alimentares, sejam restritivas 
ou suplementares, de indivíduos portadores de alteração metabólica ou fisiológica 
Pós-Universo 45
que cause mudanças, temporárias ou permanentes, relacionadas à utilização biológi-
ca de nutrientes ou a via de consumo alimentar (enteral ou parenteral). Dessa forma, 
são exemplos: erros inatos do metabolismo, doença celíaca, HIV/aids, intolerâncias 
alimentares, alergias alimentares, transtornos alimentares, prematuridade, nefropa-
tias, entre outros.
A prevenção e o controle dos agravos nutricionais requerem um conjunto amplo 
de ações de diversos setores. A PNAN constitui-se uma resposta oportuna e específica 
do SUS para reorganizar, qualificar e aperfeiçoar suas ações para o enfrentamento da 
complexidade da situação alimentar e nutricional da população brasileira. Aqui você 
poderá encontrar informações sobre os principais agravos nutricionais que acome-
tem a população brasileira e as ações desenvolvidas pelo SUS para contribuir com 
seu controle e prevenção. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pcan.php
Programa Bolsa Família 
O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa federal de transferência direta de renda 
à famílias em situação de pobreza (renda entre R$70,01 a R$140,00 por pessoa) ou 
de extrema pobreza (renda de até R$70,00 por pessoa), com a finalidade de promo-
ver seu acesso aos direitos sociais básicos e romper com o ciclo intergeracional da 
pobreza. O Programa é realizado por meio de auxílio financeiro vinculado ao cumpri-
mento de compromissos na Saúde, Educação e Assistência Social - condicionalidades. 
As famílias em situação de pobreza e extrema pobreza podem ter maior dificulda-
de de acesso e de frequência aos serviços de Saúde. Por este motivo, o objetivo das 
condicionalidades do Programa é garantir a oferta das ações básicas, e potencializar 
a melhoria da qualidade de vida das famílias e contribuir para a sua inclusão social. 
A agenda de saúde do PBF no SUS compreende a oferta de serviços para a realização 
do pré-natal pelas gestantes, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimen-
to infantil e imunização. Assim, as famílias beneficiárias do PBF com mulheres com 
idade entre 14 e 44 anos e crianças menores de sete anos de idade deverão ser as-
sistidas por uma equipe de saúde da família, por agentes comunitários de saúde ou 
por unidades básicas de saúde, que proverão os serviços necessários ao cumprimen-
to das ações de responsabilidade da família.
Pós-Universo 46
De forma a reforçar o papel do profissional de saúde como ator chave nesse 
processo, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB-2011) destaca a inserção das 
ações relativas ao acompanhamento das condicionalidades de saúde do PBF ou 
de qualquer outro programa similar

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