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AULA SOBRE EFEITOS DA CONDENAÇÃO

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Prévia do material em texto

EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
O principal efeito da sentença penal condenatória é, sem dúvida, submissão do 
condenado à execução forçada da sanção imposta. Entretanto, a condenação 
possui outras consequências que atingem a pessoa do condenado, como a 
reincidência, a interrupção do prazo prescricional do crime praticado, tornar certa 
a obrigação de reparar do dano, podendo, inclusive, fazer com que o sentenciado 
venha a perder o cargo, função pública ou mandato eletivo. 
Nota-se, portanto, que os efeitos da sentença condenatória transitada em 
julgado não estão circunscritos ao campo penal, havendo consequências 
extrapenais. 
Os efeitos penais são divididos em principais (imposição da sanção penal e sua 
execução forçada) e secundários (maus antecedentes e reincidência como 
condições desfavoráveis do agente, a conversão das penas restritivas de 
direitos, a interrupção do prazo prescricional, revogação do "sursis" e do 
livramento condicional etc.). 
Os efeitos extrapenais são também repartidos em dois: 
 Genéricos (art. 91 do CP) 
 Específicos (art. 92 do CP). 
Assim: 
a) EFEITOS PENAIS: 
1- Principal: execução forçada da pena imposta. 
2- Secundários: são vários os efeitos penais secundários da condenação, 
podendo-se citar como exemplo a reincidência e a interrupção da prescrição. 
b) EFEITOS EXTRAPENAIS: 
Atenção: Os efeitos extrapenais permanecem mesmo no caso de abolitio 
criminis e anistia. 
1- GENÉRICOS: A interpretação a “contrario sensu” do artigo 92, parágrafo 
único, do Código Penal, mostra serem tais efeitos automáticos, ou seja, NÃO 
PRECISAM SER EXPRESSAMENTE DECLARADOS NA SENTENÇA. Toda 
condenação os produz 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto 
ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se 
localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação 
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou 
acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 
2012) 
VEJAMOS: 
 
TORNAR CERTA A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR 
O primeiro (e mais importante) efeito genérico da condenação é tornar certa a 
obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, I), constituindo a 
sentença penal condenatória título executivo judicial em parte incompleto, 
demandando a liquidação no juízo cível a fim de apurar o quantum a ser 
indenizado. 
Com o advento da Lei n° 11 .719/08 (que alterou o CPP), pode o juiz criminal, 
na condenação, fixar, desde logo, quantum certo e determinado para servir 
à indenização do ofendido (art. 387, IV, CPP), parte essa da sentença que 
dispensa liquidação. 
Obs.: Como a lei menciona sentença penal condenatória, fica por consequência 
excluída toda e qualquer decisão que tenha caráter absolutório (mesmo que seja 
a absolvição imprópria), a exemplo da que reconhece excludente da ilicitude ou 
da culpabilidade. 
CONFISCO DOS INSTRUMENTOS E PRODUTOS DO CRIME 
 
O artigo 91, II, do Código Penal, relaciona os bens que devem ser perdidos como 
efeito da condenação: "São efeitos da condenação: ( .. ) 
!I - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de 
boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do jato criminoso. 
§ 1 o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto 
ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se 
localizarem no exterior. 
§ 2° Na hipótese do § 1°, as medidas assecuratórias previstas na legislação 
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou 
acusado para posterior decretação de perda. ". 
FINALIDADE: 
a) impedir a propagação dos instrumentos idôneos para a prática de crimes; 
 b) não permitir o enriquecimento ilícito do criminoso; 
c) e, por fim, desmantelar as organizações criminosas, destruindo a sua célula 
nervosa, qual seja, impressionante capacidade financeira (fortuna), ainda que 
localizada no exterior. 
O artigo em comento começa anunciando que devem ser perdidos em favor da 
União os instrumentos crime, ISTO É, OS UTENSÍLIOS QUE SERVIRAM AO 
AGENTE NA EXECUÇÃO DO DELITO. 
CUIDADO!!! Como bem alerta BITENCOURT: A lei "não admite o confisco 
indistintamente de todo e qualquer instrumento do crime, mas tão somente 
daqueles instrumentos cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção 
constitua fato ilícito (art. 91, I, "a", do CP). 
Na verdade, confiscam-se aqueles instrumentos que, por sua destinação 
específica, são usados na prática de crimes, ou cujo uso ou porte sejam 
proibidos. Com essa previsão, nosso legislador visou evitar o confisco de 
utensílios profissionais, de trabalho, de estudo, enfim, objetos de uso lícito. 
Assim, o bisturi do médico, o automóvel que atropela e mata a vítima, a navalha 
do barbeiro, embora instrumenta sceleris, não podem ser confiscados." 
TAMBÉM SERÁ CONFISCADO O PRODUTO DO CRIME, ENTENDIDO COMO 
QUALQUER BEM OU VALOR QUE REPRESENTE O PROVEITO AUFERIDO 
PELO AGENTE COM A PRÁTICA DO FATO CRIMINOSO. 
 Nos dois casos (confisco dos instrumentos ou produto do crime) a lei ressalva o 
direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
Suponhamos que JOÃO, depois de apoderar-se arbitrariamente da arma de um 
colecionador, pratica um roubo. O instrumento utilizado no crime, em tese, é 
coisa cujo porte constitui fato ilícito. O colecionador ficará sem seu objeto de 
coleção? Parece-nos justo que se o dono da arma tem permissão para possuir 
o material bélico, afasta-se a natureza ilícita, pressuposto do confisco, 
restituindo-se a arma ao real proprietário. 
obs.: E se o produto ou proveito do crime não for encontrado ou estiver localizado 
no exterior? 
A Lei n° 12.694/12, definindo organização criminosa (bem como seu processo e 
julgamento por colegiado em primeiro grau de jurisdição), alterou a redação do 
art. 91 do Código Penal, acrescentando-lhe dois parágrafos, autorizando, nesses 
casos, o confisco de bens ou valores equivalentes. 
obs.: Importante anotar que o Código de Processo Penal, nos seus artigos 125 
a 144, dispôs sobre as medidas cautelares reais de natureza penal (medidas 
assecuratórias), dotando o magistrado de meios para evitar que o réu se desfaça 
dos bens produto do crime, bem como dos valores auferidos com ele. O diploma 
processual permite, com tais medidas, a constrição do patrimônio do acusado, 
seja ele ilícito ou lícito, sempre com a finalidade de, ao término do processo, 
garantir os efeitos da condenação. 
 
 
 
 
2- ESPECÍFICOS (artigo 92, CP): 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984): 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei 
nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um 
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com 
a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Leinº 9.268, de 1º.4.1996) 
 
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes 
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou 
curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática 
de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Previstos no artigo 92 do Código Penal, os efeitos extrapenais específicos NÃO 
SÃO AUTOMÁTICOS, devendo ser motivadamente declarados na sentença 
condenatória (art. 92, parágrafo único, CP). Têm apenas caráter preventivo, 
assegurando a eficácia da reprimenda principal, prevenindo a reincidência. 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: 
I- Perda do cargo ou função pública: 
Ele anuncia efeitos da condenação de natureza administrativa (perda de cargo 
e função pública) e política (perda de mandato eletivo). 
OBS.: Não se fala da perda do mandato eletivo porque se submete à CF e não 
mais ao CP. 
MAS, há uma grande divergência na doutrina. Veja o resumo e descrição feita 
por Rogério Sanches: 
Efeitos políticos da condenação, com o advento da Constituição Federal de 
1988, mais precisamente em face do disposto no seu artigo 15, inciso III, a perda 
do mandato eletivo já não mais se submete às regras do Código Penal, sendo 
consequência de toda e qualquer condenação criminal transitada em julgado, 
mesmo que não declarada expressamente na sentença. Independe, ainda, da 
natureza do crime, da qualidade e quantum da pena efetivamente imposta. Nem 
mesmo o fato de ter sido o agente, eventualmente, beneficiado com a suspensão 
condicional da pena impede a perda do mandato eletivo. Apesar de 
reconhecerem a autoaplicabilidade do art. 15, III, da CF, encontramos decisões 
restringindo a sua aplicação, entendendo que a suspensão dos direitos políticos 
do condenado somente se permite quando o cumprimento da reprimenda 
corporal torne inviável o exercício de tais direitos, ou quando houver limitações 
que impliquem horários de recolhimento ao cárcere, não se aplicando, por 
exemplo, às hipóteses de sursis. 
Especificamente com relação aos congressistas (deputados federais e 
senadores) que, no exercício dos mandatos, forem condenados criminalmente, 
a Constituição é dúbia. 
O art. 55, ao elencar as hipóteses de perda do mandato eletivo, estabelece, no 
inciso IV, que tal ocorre em relação ao parlamentar "que perder ou tiver 
suspensos os direitos políticos"; em seguida, no inciso VI, impõe idêntica 
consequência para aquele "que sofrer condenação criminal em sentença 
transitada em julgado". 
Para a hipótese do inciso IV, o § 3° do art. 55 dispõe que "a perda será declarada 
pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer 
de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, 
assegurada ampla defesa", ao passo que em decorrência da condenação 
criminal definitiva (inciso VI) o § 2° estabelece que "a perda do mandato será 
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria 
absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político 
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
Ocorre que o art. 15, inciso III, da Constituição Federal elege a condenação 
criminal transitada em julgado como causa de suspensão dos direitos 
políticos (trata-se de suspensão porque a privação dos direitos políticos 
vigora apenas enquanto incidentes os efeitos da condenação). Diante disso, 
instala-se a celeuma: a perda do mandato eletivo é consequência natural da 
condenação criminal definitiva, bastando à Mesa da Casa Legislativa respectiva 
declará-la, ou deve haver deliberação do Plenário para decretar a perda do 
mandato? 
A controvérsia foi intensamente debatida pelo Supremo Tribunal Federal em 
duas ações penais originárias. Na primeira delas, a ação penal 470, por 
unanimidade, concluiu aquela Corte pela suspensão dos direitos políticos de 
todos os condenados, em decorrência do disposto no art. 15, inciso III, da 
Constituição Federal. Por maioria (5x4), decidiu pela decretação da perda dos 
mandatos dos parlamentares condenados, cabendo à respectiva Casa 
Legislativa apenas e tão somente declará-la, sem qualquer votação sobre o 
mérito da cassação. Assim foi sintetizada a decisão do tribunal: ''Assinalou-se 
que as hipóteses de perda ou suspensão de direitos políticos seriam taxativas 
(CF, art. 15) e que o Poder Legislativo poderia decretar a perda de mandato de 
deputado federal ou senador, com fundamento em perda ou suspensão de 
direitos políticos, bem assim em condenação criminal transitada em julgado (CF, 
art. 55, IV e VI). Ressaltou-se que esta previsão constitucional estaria vinculada 
aos casos em que a sentença condenatória não tivesse decretado perda de 
mandato, haja vista não estarem presentes os requisitos legais (CP, art. 92), ou 
por ter sido proferida anteriormente à expedição do diploma, com o trânsito em 
julgado ocorrente em momento posterior. Afastou-se, na espécie, a incidência 
de juízo político, nos moldes do procedimento previsto no art. 55 da CF, uma vez 
que a perda de mandato eletivo seria efeito irreversível da sentença 
condenatória. Consignou-se, ademais, a possibilidade de suspensão do 
processo, com o advento da EC 35/2001, para evitar que o parlamentar fosse 
submetido à perseguição política. Entretanto, não ocorrida a suspensão, o feito 
seguiria trâmite regular. Frisou-se que esses réus teriam cometido crimes contra 
a Administração Pública quando no exercício do cargo, a revelar conduta 
incompatível com o exercício de mandato eletivo" - Informativo 693. 
Em sua intervenção, o Min. Celso de Mello asseverou que a regra impositiva da 
votação sobre a perda do mandato "aplicar-se-ia a condenações criminais que 
não envolvessem delitos apenados com sanções superiores a 4 anos ou que, 
embora inferiores a este patamar, não dissessem respeito a infrações cujo tipo 
penal contivesse como elementar ato de improbidade administrativa. Destacou 
competir à Casa a que pertencesse o congressista meramente declarar o fato 
extintivo já reconhecido e integrado ao próprio título condenatório" - Informativo 
693. 
Em outra oportunidade, passados poucos meses, o Supremo Tribunal 
Federal voltou a se debruçar sobre a perda do mandato de parlamentares 
condenados, agora na ação penal 565. Ocorre que, nesta ocasião, o tribunal 
estava com sua composição modificada, pois dois novos ministros haviam sido 
empossados. Desta feita, a anterior minoria transmudou-se em maioria (6x4), 
pois se decidiu competir à Casa Legislativa deliberar a respeito da perda do 
mandato do parlamentar condenado. Aqueles ministros que haviam votado, na 
ação penal 470, pela deliberação do Parlamento a respeito da cassação, 
reiteraram seus argumentos, lastreados, basicamente, na separação dos 
Poderes da República. Para tais julgadores, a decretação da perda do mandato 
pelo próprio tribunal constituiria ingerência do Judiciário em seara exclusiva do 
Legislativo. Os dois novos ministros que não haviam votado na ação penal 
anterior assentaram: a) "que a condenação criminal transitada em julgado 
conteria como efeito secundário, natural e necessário, a suspensão dos direitos 
políticos, que independeria de declaração. De outro passo, ela não geraria, 
necessária e naturalmente, a perda de cargo público. Avaliou que, no caso 
específico dos parlamentares, essa consequência não se estabeleceria. No 
entanto, isso não dispensaria o congressista de cumprir a pena (Teor i Zavascki); 
h) a literalidade do art. 55, § 2°, da Constituição Federal não se coaduna com a 
orientação anteriormente adotada pela Corte (Luís Roberto Barroso) -Informativo 714. Parece-nos mais acertada a primeira conclusão a que chegou 
o Tribunal. Data maxima venia, não se afigura razoável admitir que um 
parlamentar tenha seus direitos políticos suspensos em decorrência de 
condenação criminal e, ao mesmo tempo, mantenha seu mandato legislativo até 
que haja pronunciamento da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal a 
respeito da perda. E não é razoável porque se instaura o sério risco de que 
tenhamos a escatológica figura do parlamentar-presidiário diante da 
possibilidade de que a Câmara ou o Senado votem contrariamente à cassação, 
como, aliás, ocorreu em passado recente, em que o Supremo Tribunal Federal 
condenou um deputado federal (AP 396), mas não se pronunciou sobre a perda 
do mandato. Coube, pois, à Câmara dos Deputados votar a respeito, e, diante 
da falta de votos suficientes, a cassação do mandato não prosperou e o 
condenado iniciou o cumprimento da pena em regime fechado mantendo seu 
status de parlamentar. Ademais, a interpretação literal da Constituição conduz 
tanto num como noutro sentido. Ora, o art. 15, inciso III, da Constituição Federal 
é expresso ao determinar a suspensão dos direitos políticos dos criminalmente 
condenados em definitivo, moldando-se, pois, ao disposto no art. 55, § 3°, no 
sentido de que basta a declaração da perda pela Mesa da Casa Legislativa. Já 
o art. 55, § 2° impõe a deliberação do Plenário nos casos de condenação 
criminal. Compete ao Supremo Tribunal Federal, em casos tais, conferir a 
interpretação que mais bem se harmonize com o sistema constitucional. Nesse 
contexto, considerada a suspensão dos direitos políticos como consectário da 
condenação criminal, é decorrência lógica a perda do mandato, devendo o 
Parlamento apenas declará-la. Como podemos aceitar que um parlamentar 
exerça seu ofício sem estar no pleno gozo dos direitos políticos se, nesta 
condição, sequer poderia se lançar candidato? Esta interpretação certamente 
não favorece a unidade da Constituição Federal, tratada na seara constitucional 
como princípio segundo o qual a Lei Maior deve ser interpretada de forma que 
se lhe confira plena efetividade na medida em que se afastam eventuais 
antinomias. 
Deve-se ressaltar que este tema se estende aos parlamentares estaduais e 
distritais, ex vi do disposto nos artigos 27, § 1 o e 32, § 3°, ambos da CF. Não 
tendo a Carta Maior previsto regra específica sobre os parlamentares municipais, 
aplica-se a regra geral do afastamento automático, cabendo ao Presidente da 
Câmara apenas declarar a sua extinção. 
Por fim, deve ser observada a "Lei da Ficha Limpa", que dispõe sobre diversas 
situações de inelegibilidade decorrentes da prática de crimes, reconhecidas em 
decisão com trânsito em julgado ou decisão por órgão colegiado (art. 1°, I, "e", 
da Lei Complementar no 64/90, alterada pela Lei Complementar n°135/10). 
a- Crimes funcionais: 
- DEVE SER APLICADA PPL, se imposta restritiva de direitos ou multa este 
efeito não é gerado. 
- Tempo de pena igual ou superior a um ano. 
b- Crimes comuns: 
- DEVE SER APLICADA PPL. Do mesmo modo, restritiva de direitos ou multa 
não geram esse efeito. 
- Tempo de pena superior a quatro anos. Cuidado: não abrange pena igual a 4 
anos, mas apenas superior. 
II- incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela: 
Pressupõe agente condenado definitivamente por crime doloso, punido com 
reclusão (não importando o quantum), praticado contra filho, tutelado ou 
curatelado. 
A incapacidade não exige como requisito o abuso do poder familiar, tutela ou 
curatela, presumindo-se a incompatibilidade para o seu exercício. 
obs.: Discute-se se a incapacidade se estende aos outros filhos (não vítimas do 
crime): 
 GUILHERME DE Souza Nucci entende que a presente consequência da 
condenação incide somente sobre a relação entre o condenado e a vítima, 
não alcançando outros filhos. - Deve se tratar de crime doloso. 
 CLEBER MASSON, não sem razão, discorda, argumentando: "Essa 
incapacidade pode ser estendida para alcançar outros filhos, pupilos ou 
curatelados, além da vítima do crime. Não seria razoável, 
exemplificativamente, decretar a perda do poder familiar somente em 
relação à filha de dez anos e idade estuprada pelo pai, aguardando fosse 
igual deliro praticado contra as outras filhas mais jovens, para que só 
então se privasse o genitor desse direito". 
Essa segunda corrente ganha força com o advento da Lei 12.962/14 que, 
alterando o Estatuto da Criança e do Adolescente, anuncia no seu art. 23, § 2°: 
'í1 condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder 
familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de 
reclusão, contra o próprio filho ou filha'. 
 
III- A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso: 
Obs.: o veículo a que se refere não necessariamente é o automotor. 
- Veículo utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
A inabilitação para dirigir veículo utilizado como meio para a prática de crime 
doloso é também efeito extrapenal não automático estampado no art. 92, inc. III, 
do CP. São requisitos desta consequência: 
a) condenação definitiva por crime doloso; 
b) veículo utilizado como instrumento do crime. 
OBS.: a inabilitação não se restringe aos veículos automotores, alcançando 
embarcações e aeronaves. 
 
EFEITO DA CONDENAÇÃO NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE 
 
A legislação extravagante pode também cuidar das consequências da 
condenação. Veja alguns exemplos mais relevantes: 
Lei de Tortura: A Lei n° 9.455/97,199 em seu artigo 1°, §5°, prevê "a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro 
do prazo da pena aplicada" do torturador. 
Apesar de haver corrente em sentido contrário, prevalece que o presente efeito 
é automático, dispensando declaração do juiz sentenciante. O tema é pacífico 
perante os Tribunais Superiores: STJ "A perda do cargo, função ou emprego 
público é efeito automático da condenação pela prática do crime de tortura, não 
sendo necessária fundamentação concreta para a sua aplicação". 
Lei de Organização Criminosa: A Lei 12.850/13, no seu art. 2°, § 6°, cuida de 
importante efeito extrapenal da sentença penal definitiva, anunciando que a 
condenação acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, 
emprego ou mandato eletivo. Como já ocorre na Lei de Tortura, o efeito previsto 
é automático, dispensando motivação do magistrado sentenciante (diferente da 
regra geral estampada no art. 92, parágrafo único, do CP). 
Preconceito racial 
Ao definir os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, este diploma 
previu como efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o 
servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular 
por prazo não superior a três meses (art. 16 da Lei). 
Aqui o efeito não é automático, devendo ser devidamente declarado na sentença 
(com a respectiva motivação), nos termos do artigo 18 da Lei especial. 
Lei de Lavagem de Capitais 
A Lei n° 9.613/98 prescreve como efeitos da condenação: 
(A) a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto dos crimes 
de lavagem de dinheiro, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; 
e 
(B) a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e 
de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas 
jurídicas referidas no artigo 9° daquele diploma, pelo dobro do tempo da pena 
privativa de liberdade aplicada. 
Lei de Falência 
Os crimes previstos no artigo 168 a 178 da Lei n° 11.1 O 112005 terão como 
efeito da condenação: 
(A) a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; 
(B) impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de 
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a Lei; e 
(C) a impossibilidadede gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. 
O diploma consigna expressamente que os efeitos da condenação não serão 
automáticos, devendo ser motivados na sentença. 
Lei n° 10.695 - alteração ao Código de Processo Penal 
A lei n° 10.695/2003 inseriu no capítulo que trata do dos crimes contra a 
propriedade material o artigo 530-G, que dispõe: "O juiz, ao prolatar a sentença 
condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos 
ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que 
precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da 
Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e 
Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência 
social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao 
patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio. 
Fim do tema. 
 
REABILITAÇÃO 
Está prevista nos artigos 93 a 95 do CP. 
Notam-se, em suma, duas finalidades da medida: a) assegurar o sigilo da 
condenação; b) suspender condicionalmente os efeitos específicos 
(secundários) da condenação previstos no art. 92 do CP. 
Assim, a reabilitação é o instituto declaratório que garante ao condenado: 
a) Sigilo sobre o processo e condenação. 
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença 
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo 
e condenação. 
Nos termos do artigo 202 da LEP, o sigilo não depende mais da reabilitação, 
tratando-se de garantia automática com o cumprimento ou extinção da pena. 
VEJA: 
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, 
atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares 
da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir 
processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos 
em lei. 
Ora, se a LEP já assegura o sigilo, bastando o cumprimento ou extinção da pena, 
qual é a utilidade da reabilitação nesse ponto? 
Para ROGÉRIO GRECO, não há nenhuma: 
"Muito mais vantajosa a aplicação imediata do art. 202 da Lei de Execução Penal 
após cumprida ou extinta a pena aplicada ao condenado do que esperar o 
decurso do prazo de dois anos do dia em que foi extinta a pena, ou terminar a 
sua execução, para solicitar a reabilitação. Verifica-se, portanto, que a 
orientação contida no caput do art. 93 do Código Penal cairá no vazio, pois o art. 
202 da Lei de Execução Penal regula a mesma hipótese, só que de forma mais 
benéfica e menos burocrática para o condenado." 
MAS: CLEBER Masson discorda, enxergando nos dois dispositivos (arts. 93 do 
CP e 202 da LEP) diferenças quanto ao alcance do segredo: 
"O sigilo assegurado pela reabilitação é mais amplo, pois as informações por ele 
cobertas somente podem ser obtidas por requisição (ordem), não de qualquer 
integrante do Poder Judiciário, mas exclusivamente do juiz criminal. É o que se 
extrai do art. 748 do Código de Processo Penal": 
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão 
mencionadas na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão 
extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz criminal. 
 
 
 
 
 
 
b) Atingir os efeitos da condenação previstos no artigo 92, incisos I, II 
e III. 
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da 
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação 
anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. 
 
Observe que nos casos dos incisos I e II é vedada a reintegração à situação 
anterior, ou seja, se está incapacitado para o exercício do poder familiar, pode-
se exercê-lo, mas não com relação àquela vítima; se perdeu o cargo ou função 
pública, não poderá para ela voltar, tendo que prestar novo concurso público. 
No caso do inciso III, porém, a reabilitação é total. 
Assim, A reabilitação só é integral na hipótese do inciso III (inabilitação para 
dirigir veículo). 
OBSERVAÇÃO: A reabilitação impede a reincidência de crime futuro? Resposta: 
NÃO!!! 
A medida da reabilitação não rescinde a condenação. Logo, permanecem todos 
os seus efeitos penais secundários, dentre eles, a reincidência. 
 Requisitos: 
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em 
que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, 
computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, 
se não sobrevier revogação, desde que o condenado: 
I - tenha tido domicílio no país no prazo acima referido; 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom 
comportamento público e privado; 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta 
impossibilidade de fazê-lo, até o dia do pedido, ou exiba documento que 
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. 
PERCEBA que são requisitos cumulativos. 
Nos termos do artigo 94, §ú, negada a reabilitação poderá ser pleiteada a 
qualquer tempo, desde que sejam apresentadas novas provas. 
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer 
tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos 
comprobatórios dos requisitos necessários. 
 
 Reabilitação e a pluralidade de penas: 
Prevalece na doutrina e na jurisprudência que no caso de várias condenações o 
pedido deve aguardar o cumprimento de todas as sanções, findo o qual começa 
a correr o prazo de 2 anos a partir do qual se pode pleitear a reabilitação. 
 
 Revogação: 
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, 
a pena que não seja de multa. 
Esse dispositivo permite que seja revogada a reabilitação se for condenado 
definitivamente como reincidente, ou seja, menos de 5 anos após a extinção ou 
cumprimento da pena, desde que a condenação não seja a pena de multa. 
ASSIM, a reabilitação segue o espírito da cláusula rebus sic stantibus. Uma vez 
concedida, por ser revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, 
se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena 
que não seja de multa (art. 95 do CP). 
Admite-se reabilitação em caso de MS, lembrando-se que o semi-imputável é 
condenado. 
 
 Competência e recurso: 
Cuidado: os dispositivos do CPP sobre o direito material da reabilitação foram 
revogados com a reforma em 84 da parte geral do CP. Deve-se, assim, estudar 
apenas os dispositivos processuais. 
- Competência para julgar pedido de reabilitação: 
É do juiz da condenação, lembrando-se que não há mais juiz da execução, já 
que a pena já foi cumprida ou extinta. 
É isso que estabelece o artigo 743 do Código de Processo Penal. 
Quando indeferido do pedido, o pretenso reabilitado pode interpor recurso de 
apelação, com fundamento no artigo 593, II, do Código de Processo Penal. Da 
decisão que concede, caberá recurso de apelação (amparado no mesmo 
dispositivo) e o recurso de ofício, como dispõe o art. 746 do CPP (embora haja 
corrente doutrinária que ensina que o recurso oficial não foi recepcionado pela 
CF/88). 
Assim: Recursos: 
Diferencia-se a decisão que nega a reabilitação da que concede a reabilitação. 
Da decisão que nega reabilitação cabe apelação. Da decisão que concede 
reabilitação cabem apelação e recurso de ofício, nos termos do artigo 746 do 
CPP.

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