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1 CAPÍTULO 5 CÁLCULOS DE FALTAS SIMÉTRICAS 5.1 Considerações Iniciais Uma das mais importantes informações quando do planejamento de um sistema, é o valor da corrente de curto-circuito que circula nos diversos pontos de uma rede elétrica. Essas correntes são utilizadas, dentre outros aspectos, para: a) Os dimensionamentos dos transformadores de corrente que alimentarão os diversos tipos de relés; b) Para calibração dos relés de sobrecorrentes, relés diferenciais, etc.; c) Dimensionamento de disjuntores. A seguir, na figura 5.1 são ilustradas situações de curtos circuitos que podem ocorrer no sistema, independentemente de suas classes de tensão. aE c b F aI bE cE bI cI Z Z Z aE c b F aI bE cE bI cI Z Z Z aE c b aI bE cE bI cI Z Z Z aE c b F aI bE cE bI cI Z Z Z F Curto circuito trifasico Curto circuito bifasico Curto circuito bifasico-terra Curto circuito monofasico Figura 5.1 - Ilustrações dos tipos de curtos circuitos 2 Não se pode, a priori, estabelecer qual dos diversos tipos de curtos-circuitos mostrados acima é o mais severo. De um modo geral, os curtos-circuitos trifásicos apresentam maiores níveis de corrente, mas há situações em que estes níveis são superados por aquelas dos curtos-circuitos monofásicos. Para o profissional que trabalha na área de sistemas de potência, não só as correntes de curto circuito são importantes, mas também como, e em que proporção se dará a distribuição destas correntes pelos componentes da rede. É a partir desta análise que se desenvolve o processo de coordenação e seletividade da proteção, minimizando, assim, os desligamentos descoordenados e as interrupções desnecessárias. Neste capítulo será mostrada a forma de cálculo para o curto trifásico simétrico, o qual, por ocorrer igualmente nas três fases, mantém o circuito balanceado, mesmo durante esta falta. 5.2 Cálculo da Falta Trifásica Para efetuar os cálculos das correntes de curto-circuito, será necessária a determinação do circuito equivalente de Thevenin, visto a partir do ponto da falta. Para tal, os seguintes procedimentos devem ser seguidos: a) Determina-se a impedância total entre o ponto do curto-circuito e os geradores, com estes em repouso (as fontes de tensão são curtos-circuitadas): esta impedância é denominada de impedância de Thevenin (ZT). b) Em seguida calcula-se a Tensão de Thevenin (ET), que é a tensão no ponto de curto, estando o circuito sem carga antes da ocorrência do curto. A partir da impedância e da tensão de Thevenin (obtidos nos itens “a” e “b”), a corrente de curto será calculada por: T n T T falta Z V Z E I 3 (5.1) Sendo Vn = a tensão de Thevenin, entre linhas. O processo descrito pode ser um pouco trabalhoso. No entanto, para estudos de curtos, as seguintes simplificações podem ser feitas, sem grandes prejuízos à qualidade dos resultados: 3 a) Todos os geradores geram a mesma f.e.m., tanto em magnitude como em fase. Isso fará com que, em todas as barras, a tensão seja sempre a mesma. b) O sistema é considerado sem carga, ou seja, a impedância de Thevenin não considera as impedâncias das cargas. O valor da corrente total de curto (Ifalta = ICC), em uma barra, usualmente é denominado de nível de curto, ou nível de defeito daquela barra. Muitos preferem mencionar, além da corrente de curto, a potência associada a essa corrente. Para tal, basta usar a seguinte equação: 2 3 nF CC n falta T V S S V I Z (5.2) Obs.: A unidade usual da potência de curto é [MVA]. Para valores em pu, se a tensão base for a tensão nominal do sistema, a equação (5.2) torna-se: 2 ( ) 1 [ ]F CC T pu s s pu z (5.3) Se for considerada a Potência Base, em [MVA], como sendo “m”, tem-se: ( ) ( ) 1 [ ]F CC T pu T pu m S S m MVA z z (5.4) Como se vê, a potência de curto-circuito, em [MVA], pode ser calculada simplesmente dividindo a Potência Base, “m”, [MVA] pela Impedância de Thevenin (pu). 5.3 Sequência de cálculo para o cálculo da corrente de curto Diante do que já foi mostrado até aqui, para se obter a corrente de curto de um sistema, pode ser adotada a seguinte seqüência de cálculos: a) Estabelecer um diagrama unifilar do sistema, com todas as impedâncias em uma base convenientemente escolhida. b) Reduzir toda a rede à uma impedância simples, entre o ponto de falta e o neutro do sistema. c) Cálculo do nível de curto-circuito ou corrente de curto-circuito no ponto de defeito. d) Se outras informações são requeridas sobre a circulação de corrente em partes individuais do circuito (como a circulação de corrente em partes individuais do 4 circuito ou as tensões pós-falta nas barras), as diversas partes da rede devem ser montadas e os fluxos de corrente calculados. 5.3 Escolha de disjuntores A corrente de falta determinada pela equação (5.1), reescrita aqui como a equação (5.5). 3 n T falta T T V E I Z Z (5.5) é a corrente simétrica e não inclui a componente contínua. Assim, na determinação da corrente que um disjuntor deve suportar imediatamente após a ocorrência da falta (chamada corrente instantânea inicial do disjuntor), recomenda-se multiplicar a corrente simétrica, obtida pela equação (5.5), por seguintes fatores de multiplicação, apresentando na sequência. a) Para tensões acima de 5 kV: 1,6 b) Para tensões iguais ou inferiores a 5 kV: 1,5 Por outro lado, no cálculo da corrente que passa pela câmara de extinção do disjuntor, durante a abertura do mesmo, a qual é denominada de corrente nominal de interrupção, os fatores de multiplicação sugeridos para que a componente contínua seja considerada, dependerão da velocidade do disjuntor. Em geral, adotam-se os seguintes valores: a) Disjuntor cujo tempo de abertura é 8 ciclos (ou mais lentos): multiplicar a corrente simétrica, por 1,0; b) Disjuntor cujo tempo de abertura 3 ciclos: multiplicar a corrente simétrica, por 1,2; c) Disjuntor cujo tempo de abertura 2 ciclos: multiplicar a corrente simétrica, por 1,4. 5.3 Notas Importante Para a obtenção da corrente inicial do disjuntor, as reatâncias a serem consideradas para as máquinas síncronas presentes no diagrama de impedância serão as reatâncias subtransitórias. Por outro lado, para o cálculo da corrente nominal de interrupção, as reatâncias das máquinas deverão ser aquelas compatíveis com o tempo de abertura do disjuntor. 5 Assim, para um disjuntor cujo tempo de abertura é de 8 ciclos, as reatâncias das máquinas poderá ser a do tipo permanente. No entanto, para um disjuntor de tempo de abertura entre 2 e 5 ciclos, as máquinas deverão ser representadas por suas reatâncias transitórias. 5.4 Exemplo Resolvido 1 Considere o sistema apresentado na figura 5.2, onde todos os dados já se encontram em pu nas bases de 13,8 kV (gerador e linhas) e 230 kV (alta tensão do transformador) e 100 MVA. Admita a chave S aberta e calcule o curto-circuito trifásico na barra F. 1 2 0,1G Gz z j pu F S G 0 0,05Gz j pu 1 2 0,2L Lz z j pu 0 0,4Lz j pu 1 2 0,2L Lz z j pu 0 0,4Lz j pu 1 2 0 0,05T T Tz z z j pu Figura 5.2 - Diagrama unifilar de um sistema radial de pequeno porte Solução: Esquema trifilar a c b F aFi aEi bEi cEi cDi bDi aDi Figura 5.3 - Diagrama trifásico do sistema radial de pequeno porte A corrente de curto ( a1i ) é calculada dividindo-se a tensão da fonte pelo somatório das impedâncias até o ponto de falta F, ou seja: 6 aN a1 1 e 1 0 i j3,33 pu 3,33 90º pu 0,3 90z Logo, as correntes nas 3 fases serão: a b c i 3,33 90º pu i 3,33 150º pu i 3,33 30º pu A figura a seguir mostra o diagrama fasorial das correntes para o curto-circuito trifásico. 30 Eixo de referência 30 3,33aFipu 3,33bFi pu 3,33cFi pu .seq Figura 5.4 – Diagrama fasorial das correntes de falta para o curto trifásico simétrico Observe que, no curto-circuito trifásico, as correntes estão defasadas de 120° entre si. Por esta razão, esta falta é considerada simétrica. 5.5 Exemplo Resolvido 2 Na figura a seguir, tem-se uma parte de um sistema de potência. Os valores das impedâncias mostradas estão todas nas bases nominais de tensão e potência do equipamento. Pede-se: a) Calcular a falta no ponto “F”; b) Calcular o valor de um reator a ser inserido entre o disjuntor e a barra “A”, para que o disjuntor possa ter apenas 250 MVA de capacidade de curto-circuito; c) Para o caso “b”, calcular as contribuições dos geradores. 7 1G 0,12j pu F 0,10j pu 0,18j pu 0,15j pu 0,025j pu 0,766j 0,12j pu 0,05j pu 0,05j pu 20 MVA 15 MVA 50 MVA 30 MVA 25 MVA 15 MVA15 MVA Local da falta 2G 3G 4G 5G Linha aerea L in h a a er ea 15 MVA 0,05j pu 20 MVA 0,06j pu A 33 kV Figura 5.5 - Sistema elétrico com 5 unidades geradoras Solução: Escolhendo como bases: ATda lado kV33V MVA10M base base Gerador de 20 MVA: pu 0,06j 20 10 j0,12 V M V V a n 2 n a aG1 zz Gerador de 15 MVA: pu 0,067j 15 10 j0,10G2 z Gerador de 25 MVA: pu 0,048j 25 10 j0,12G3 z Gerador de 30 MVA: pu 0,05j 30 10 j0,15G4 z Gerador de 50 MVA: G5 10 j0,18 j0,036 pu 50 z Linha aérea: considerando que: ,9 108 10 332 baseZ Então a impedância da linha, em pu, será: LT j0,766 0,00703 pu 108,9 z j 8 Transformador de 20 MVA: pu 0,03j 20 10 j0,06T1 z Transformador de 15 MVA: pu 0,033j 15 10 j0,05T2 z As figuras a seguir ilustram a seqüência de redução do circuito a uma única impedância, entre a referência (neutro) e o ponto de falta (F): 1G 0,06j pu F 0,0667j pu 0,036j pu 0,05j pu 0,025j pu 0,00703j pu 0,033j pu 0,033j pu Local da falta 2G 3G 4G 5G 0,033j pu0,03j pu A 0,048j pu Neutro Figura 5.6 - Sistema elétrico com as impedâncias na bases adequadas 1G F 0,036j pu 0,05j pu 0,025j pu 0,00703j pu 0,0165j puLocal da falta 2G 3G 4G 5G 0,10j pu0,09j pu A 0,048j pu Neutro Figura 5.7 - Sistema elétrico de impedâncias após as primeiras simplificações 9 1G F 0,036j pu 0,05j pu 0,025j pu Local da falta 2G 3G 4G 5G 0,10j pu0,09j pu A 0,0715j pu Neutro Figura 5.8 - Sistema elétrico de impedâncias após simplificações intermediárias 1G F 0,0162j pu 0,025j pu Local da falta 2G 345G 0,10j pu0,09j pu A Neutro Figura 5.9 - Sistema elétrico de impedâncias agrupado os geradores 3, 4 e 5 Redução de toda a rede a uma impedância simples, entre o ponto de falta e o neutro do sistema: 10 F 0,0221j pu Local da falta 12345G Neutro A Figura 5.10 - Sistema elétrico de impedâncias totalmente simplificado a) Nível de Curto-Circuito: pu 45,25- 0221,0 1 pu 1 F j jz s T Potência de Curto-Circuito: 2 F V 10 MVA 452,5 MVA pu 0,0221T m s z b) Limitação do curto-circuito em 250 MVA: Esta potência de 250 MVA, transformada em pu, na base de 10 MVA corresponderá a 250 25 pu 10 . F 0,0221j pu Local da falta 12345G Neutro A jX 25CCi j pu Figura 5.11 - Sistema elétrico de impedâncias ilustrando a corrente de curto circuito 11 Para esta potência, a correspondente corrente de curto será: pu 52 pu1 pu pu CCCC j s i Sendo a tensão entre N e F igual a 1,0 pu: Pela Lei de Ohm: pu 52 0,222 0,1 puCC j xj i pu 0179,0jx Sendo base 108 ,9Z , a reatância “X”, em () será: 0.0179*108.9 1,95X j j . c) Para determinar a contribuição de cada um dos geradores, para o curto no ponto “F” após colocação do reator, o circuito deverá ser reconstruído a partir da reatância final: F 0,0221j pu Local da falta 12345G Neutro A jX 25CCi j pu 1G 0,0162j pu 0,025j pu 2G 345G 0,10j pu0,09j pu A Neutro F Local da falta jX 25CCi j pu 1i 2i 3i Figura 5.12 - Sistema elétrico de impedâncias ilustrando as contribuições dos geradores 1 e 2 Aplicando a equação: NA 1 . CCv z i entre os terminais do neutro e a barra “A”: NA 1 0,0221 25 1 0,525 puv j j Reaplicando a mesma equação ( NA 1 . CCv z i ), agora para os ramos dos geradores: 1 NA1 0,09 1 1 0,525 0,09 6,1388 pui v j j j 2 NA1 0,10 1 1 0,525 0,10 5,525 pui v j j j 3 NA1 0,0162 0,025 1 1 0,525 0,0162 0,025 13,410 pui v j j j 12 Obs.: 1 2 3 25 pui i i j 1i = contribuição do gerador “1”; 2i = contribuição do gerador “2”; 3i = soma das contribuições dos geradores “3”, “4” e “5”. Calculando-se a tensão entre o ponto de Neutro (N) e o ponto X: 2i 3i 1G 0,036j pu 0,05j pu 0,025j pu 2G 3G 4G 5G 0,10j pu0,09j pu A 0,0715j pu Neutro F Local da falta jX 25CCi j pu 1i 4i 6i5i X Figura 5.13 - Sistema elétrico de impedâncias ilustrando as contribuições dos geradores 3, 4 e 5 NX 31 0,0162 1 13,410 0,0162 1 0,2172 puv i j j j Agora as correntes nos ramos dos geradores 3, 4 e 5 podem ser calculadas: 4 NX1 0,036 6,345 pui v j j (contribuição do gerador 3) 5 NX1 0,05 4,4484 pui v j j (contribuição do gerador 4) 6 NX1 0,0714 3,02605 pui v j j (contribuição do gerador 5) 5.6 Cálculos sistemáticos de curto circuito Os cálculos de curto circuito em grandes sistemas elétricos tornam-se impraticáveis quando feitos manualmente. Nesses casos, torna-se necessário sistematizar uma maneira que possa ser programada em computador. As figura 5.14 e 5.15, relativas a um sistema de 3 barras, serão utilizadas para mostrar o desenvolvimento de uma 13 técnica geral, que pode ser aplicada a qualquer sistema elétrico de “n” barras. Para tanto, este sistema está inicialmente operando em condições normais, isto é, em regime permanente e, conhecemos as grandezas tensões nas barras. Os objetivos na análise de um curto trifásico solido, como neste caso, são determinar a corrente de falta na barra 3; determinar a capacidade de curto circuito; como ocorrerá distribuição das correntes no sistema após a falta e, finalmente, as tensões pós-falta nas demais barras do sistema. Para procedermos ao processo de cálculos, devemos seguir os seguintes passos: 1) Construir o circuito equivalente da rede antes da falta; 2) A partir do estudo de fluxo de carga, visto no capítulo, determinar a distribuição de correntes e as tensões em todas as barras do sistema; 3) Determinar as variações das correntes e das tensões do sistema causadas pelo efeito do curto circuito; 4) Efetuar a superposição das variações nas correntes e tensões calculadas no passo c), às correntes e tensões antes da falta, calculadas no passo 2). Isto permitirá obter os parâmetros elétricos do sistema na condição pós-falta. 1 2 3 Z Z Z 1G 2G 1Linha 2 Linha 3 Lin ha 1T 2T Falta 3Ds 1Ds Figura 5.14 - Sistema elétrico com 3 barras 14 1G 2G 1 2 3 y=j0,02 0,1z j y=j0,02 y=j0,02 y=j0,02 y=j0,02 y=j0,02 0,1 z j 0,1 z j 1 0,1Gz j 2 0,050Gz j 1 0,05Tz j 2 0,025Tz j 1e 2e 3y =j0,5D 1y =1,0 j0,5D Figura 5.15 - Ilustração das impedâncias do sistema elétrico de 3 barras Como já mencionado diversas vezes anteriormente, para cálculos de curtos, as capacitâncias das linhas podem ser desprezadas. Tem-se assim um diagrama de reatâncias mais simplificado, como a seguir ilustrado através da figura 5.16. 15 1G 2G 1 2 3 0,1j 0,1 j 0,1j 0,15j 0,075j 1 1,0e 2 1,0e Fz Figura 5.16 - Ilustração das impedâncias do sistema após as considerações adotadas Sabemos que o teorema de thevenine extremamente útil na determinação das variações que ocorrem nas correntes e nas tensões de um circuito linear, quando é adicionada uma impedância entre dois nós do circuito. Vale ressalta que o Teorema de Thevenin afirmar que: “As variações que ocorrem nas tensões e correntes de um circuito, devido à adição de uma impedância entre dois nós do circuito, são idênticas às tensões e correntes causadas por uma fonte f.e.m. colocada em série com a impedância e com valor e polaridade iguais à tensão pré-falta que existiu entre os nós em questão, com todas as demais fontes ativas “zeradas””. De uma maneira mais simples podemos afirmar que todas as fontes de tensão são removidas e os respectivos terminais curto circuitados, isto pra as fontes de tensão, enquanto que as fontes de correntes são abertas. Conforme pode ser observado na figura 5.17 a) as variações nas tensões e nas correntes do sistema causadas pela adição de um ramos, neste caso o curto circuito sólido, ou seja com impedância de curto igual a zero, são equivalentes àquelas causadas pela adição de uma com f.e.m., para esta situação ( 1,0E pu ) com todas as 16 outras unidades geradoras curto circuitadas. De posse da figura 5.17a, podemos efetuar as simplificações ilustradas da mesma, nas etapas de b) a e). 1 2 3 0,1j 0,1j 0,15j 0,075j 1,0e 0,1j Fi 1Gi 2Gi 1 2 3 0,15j 0,075j 1,0e 0,0333j Fi 1Gi 2Gi 0,0333j 0,0333j 1 0,1833j 1,0e Fi 1Gi 2Gi 0,0333j 1 0,1083j 1,0e Fi 0,1015j 0,0681j 1,0e Fi 0,0333j a) b) c) d) e) 0Fz Figura 5.17 - Ilustrações das simplificações do circuito relativo ao sistema A corrente de curto total será: 1 9,85 pu 0,1015 Fi j j 17 O cálculo da contribuição dos dois geradores poderá ser feito através dos circuitos da figura 5.18 apresentada na sequência, conforme abaixo descrito: 1 2 3 0,1j 0,1j 0,15j 0,075j 0,1j F 1Gi 2Gi 1 2 3 0,15j 0,075j 0,0333j Fi 1Gi 2Gi 0,0333j 0,0333j 0,1833j Fi 1Gi 2Gi 0,0333j 0,1083j Fi 0,1015j 0,0681j Fi 0,0333j a) b) c) d) e) F F . . . F. `N `N N N N N N F. Fi 3 3 Figura 5.18 - Ilustrações das simplificações do circuito visando o cálculo das contribuições dos geradores Na etapa “d” da figura 5.18 ilustrada anteriormente, calcula-se NN’v : NN’ 1 0,0682 9,85 1 0,6718puv j j Na etapa “c” da mesma figura obtém-se a corrente do gerador G1 ( 1Gi ): 1 NN’1 0,1833 1 1 0,6718 0,1833 3,665 puGi v j j j A corrente do gerador G2 será: 2 1 9,85 3,665 6,185 puG F Gi i i j j 18 Com o auxílio das correntes de curto nos geradores e da etapa (b) da figura, os afundamentos de tensão causados nas 3 barras, devido a este curto, poderão também ser obtidos: N1 0,15 3,665 0,55 puv j j N2 0,075 6,185 0,463 puv j j N3 0,1015 9,85 1,0 puv j j Estes valores constituirão o “vetor tensão de barra de Thevenin”: N1 T N2 N3 0,550 0,463 pu 1,000 v v v v Com auxílio da figura 5.19 as correntes em cada linha podem, agora, também ser determinadas: 1 2 3 0,1j 0,1j 0,15j 0,075j 1,0e 0,1j Fi 1Gi 2Gi Figura 5.19 - Circuito ilustrativo do sistema utilizado no cálculo das correntes nas linhas N2 N1 21 0,087 0,87 pu 0,1 0,1 v v i j j j N1 N3 13 0,45 4,50 pu 0,1 0,1 v v i j j j N2 N3 23 0,537 5,37 pu 0,1 0,1 v v i j j j 19 Correntes e tensões pós-falta a) Tensões Antes da falta, as tensões entre as barras e a referência “N” são tomadas como sendo de valores iguais a 1,0 pu. Com o surgimento da falta no barramento “3, as enormes correntes provocarão grandes quedas de tensão. Isso faz com que as tensões não mais tenham os valores de 1,0 pu. As novas tensões, nos 3 barramentos, serão as seguintes: 1 1 N1 1 0,550 0,450 pu final inicialv v v 2 2 N2 1 0,463 0,537 pu final inicialv v v 3 3 N3 1 1 0 pu final inicialv v v b) Correntes: Será assumido que, antes da falta, as correntes são desprezíveis. Logo, os valores finais serão: 9,85 puFi j 1 1 1 1 0 3,665 3,665 pu final inicial final G G Gi i i i j j 2 2 2 0 6,185 6,185 pu final inicial final G Gi i i j j 13 13 13 0 4,5 4,5 pu final inicial finali i i j j 23 23 23 0 5,37 5,37 pu final inicial finali i i j j 21 21 21 0 0,87 0,87 pu final inicial finali i i j j Na prática é muito provável que se desejasse estudar os curtos circuitos também nas barras 1 e 2. Assim, toda a rotina anterior deveria ser repetida, tanto para a barra 1 como para a barra 2. Este fato, combinado com a impossibilidade de se usar, manualmente, os métodos de redução de circuitos em grandes sistemas (com muitas linhas, transformadores, barras, etc.) conduziu ao uso do computador digital. 5.6.1 Cálculos de Curtos Trifásicos através de Computador Para utilizar o computador nos cálculos de curto-circuito é necessário desenvolver procedimentos sistemáticos. A técnica de “redução de circuitos”, usada até aqui só pode ser usada em sistemas pequenos. A seguir será apresentada uma técnica de maior generalidade, isto é, aplicável a um sistema de “n” barras. 20 5.6.1.1. As tensões pós-falta serão dadas por: final inicial bus bus Tv v v (5.6) 1 2 3 1 1 pu 1 inicial inicial inicial bus inicial v v v v N1 T N2 N3 v v v v 5.6.1.2. Obtenção de Tv : finalT busv z i (5.7) Sendo busz a matriz de impedância, 3×3, da rede anterior. 0 0final F i i Obs.: Fi a corrente “injetada” na barra 3. Levando a equação (5.7) na equação (5.6), temos: final inicial final bus bus busv v z i (5.8) Para um sistema de “n” barras, o vetor corrente de falta será: 0 0 final F i i Sendo finali a corrente total na barra “q” para um curto na barra “q”. Assim expandindo a equação (5.8), temos: 11 11 1 1 1 0 . 0 final inicial n final inicial q qn Fq q final inicial n nnn n z zv v z z iv v z zv v 21 Separando-a em diversas expressões: 1 1 1 1 . . . final inicial q F final inicial q q q qq F final inicial n n n nq F v v v z i v v v z i v v v z i (5.9) Por enquanto a corrente Fi é desconhecida. Generalizando este desenvolvimento para um curto circuito não sólido (ou seja, onde haja impedância fZ ), a tensão pós-falta na barra em curto, pode ser expressa por: finalq F Fv z i (5.10) Isso está ilustrado na figura 5.20. Fz Sistema Barra q final qv Fi Figura 5.20 - Representação simplificada de um sistema elétrico de grande porte Levando a equação (5.10) na equação (Vq) e tirando Fi temos: inicial q F F qq v i z z (5.11) Assim, “ Fi ” está determinada pois “ inicial qv ” é conhecido (≅ 1,0 pu). Os valores de “ Fz ” e “ qqz ” (impedância de Thevenin, a ser retirada da matriz de “ busz ”) também são conhecidos. Finalmente, levando a equação (5.11) em (5.9) obtém-se as seguintes equações finais para as tensões pós-falta nas barras: 22 iqfinal inicial inicial i i q F qq final inicialF q q F qq z v v v para i q z z z v v z z (5.12) Para um curto-circuito sólido ( 0Fz ) as equações (5.11) e (5.12) se tornam: 0 inicial q F qq final q iqfinal inicial inicial i i q qq v i z v z v v v para i q z (5.13) 5.6.2. Notas Importantes: 1. As tensões pré-faltas, inicial iv e inicial qv podem ser obtidas pelo programa do fluxo de carga ou, como anteriormente, podem ser tomadas como iguais a 1,0 pu. 2. As impedâncias “ iqz ” e “ qqz ” são retiradas da matriz busz , a qual, por sua vez, é obtida pela inversão da matriz de admitância de barra busy . Obs.: Se os cálculos forem feitos através de um computador digital, as admitâncias das linhas de transmissão (e quaisquer outras admitâncias), não precisam ser eliminadas. 3. A análise mostrada forneceu, até aqui, a corrente de falta Fi na barra em curto e as tensões pós-falta em todas as demais barras não em curto e naquela em curto. No entanto, para o estudo ficar completo, ainda é preciso conhecer os valores das correntes pós-falta em todos os ramos da rede: 23 Barra 1 Barra v 1vZ final 1V Barra uBarra q 0finalqV final vV final 1V vuZ qvZ 1qZ Falta Figura 5.21 - Esquema elétrico de um sistema de 4 barras No sistema ora estudado, a corrente pós falta é vu Fi e pode ser dada pela equação (X): final final v u vu F vu v v i z (5.14) 24 5.6.3 Fluxograma para o Cálculo de Curto Circuito, em computador digital Ler os Dados: Forme a Matriz INÍCIO Ybus 1) Corrente de falta: Fi Calcule a Matriz Zbus Calcule: 2) Tensão pós-falta de barra: finaliv 3) Corrente pós-falta de linha: vui 1) Matriz de admitância 2) Dados pré-falta FIM Figura 5.22 - Fluxograma do processo de cálculo de um curto circuito 5.6.4 Exemplo Resolvido Recalculando-se o curto na barra 3 para o sistema de 3 barras, utilizando o fluxograma anterior, tem-se: 25 1G 2G 1 2 3 0,1j 0,1 j 0,1j 0,15j 0,075j 1 1,0e 2 1,0e Fz Figura 5.23 - Sistema elétrico de 3 barras Solução Formação da matriz de admitâncias: 11 1 1 1 26,67 0,15 0,1 0,1 y j pu j j j 13 31 1 10 0,1 y y j pu j 22 1 1 1 33,33 0,075 0,1 0,1 y j pu j j j 12 21 1 10 0,1 y y j pu j 33 1 1 20 0,1 0,1 y j pu j j 23 32 1 10 0,1 y y j pu j 26 11 12 13 21 22 23 31 32 33 26,67 10 10 10 33,33 10 10 10 20 bus y y y j j j y y y y j j j pu y y y j j j Invertendo-se busY (inverter esta matriz é a maior dificuldade deste cálculo), obtém-se a matriz busZ . Se o sistema possuir muitas barras, Isso requer muito tempo e muita memória do computador. 0,073 0,0386 0,0558 0,0386 0,0558 0,0472 0,0558 0,0472 0,1014 bus j j j z j j j pu j j j Nota: Sabe-se que a inversão de uma matriz A é dada por: 1 1 A A A . Sendo: A =determinante de A e A = matriz adjunta. As tensões pós-falta e a corrente de falta obtidas pelas equações (5.13) serão: 13 1 1 3 33 0,0558 1,0 1,0 0,450 0,1014 final inicial inicialz jv v v pu z j 23 2 2 3 33 0,0472 1,0 1,0 0,535 0,1014 final inicial inicialz jv v v pu z j 3 0 finalv 3 33 1 9,86 0,1014 inicial F v i j pu z j Para comparações, o cálculo “manual” inicial forneceu: 1 0,450 finalv pu ; 3 0,0 finalv pu e 1 9,85 0,1015 Fi j pu j . Uma vez montada a matriz busZ , pode-se obter os valores das correntes de curto e das tensões nas barras para as hipóteses de curtos em qualquer barra. Por exemplo, Barra 1 em curto: 11 1 13,7Fi j pu z 1 0 finalv 21 2 2 3 22 0,0386 1,0 1,0 0,471 0,073 final inicial inicialz jv v v pu z j 27 31 3 3 3 22 0,0558 1,0 1,0 0,236 0,073 final inicial inicialz jv v v pu z j 5.7 Considerações Finais 5.8 Exercícios 5.9 Referências Elgerd, O. I., “Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica”, Tradução: Cotrim, A. A. M. B., Albuquerque, P. M. C., Editora McGraw-Hill do Brasil LTDA, 1981. Stevenson, W. D., “Elementos de Análise de Sistemas de Potência”, 2a Ed., São Paulo, Editora McGraw-Hill, 1986.
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