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INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA CONCEITO Condição clínica na qual o sistema respiratório não consegue manter os valores da pressão arterial de oxigênio (PaO2) e/ou da pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) dentro dos limites da normalidade, para determinada demanda metabólica INSUFICIÊNCIA RESP CRÔNICA · alterações se instalam de maneira progressiva ao longo de meses ou anos; · as manifestações clínicas podem ser mais sutis, mecanismos compensatórios e as alterações gasométricas do equilíbrio ácido-base ausentes. Ex. DPOC avançado MANIFESTAÇÕES CLÍNICA · Hipoxemia crônica: sonolência, falta de concentração, apatia, fadiga e tempo de reação retardado. · Hipercapnia crônica: cefaleia matinal, distúrbios do sono, irritabilidade, insatisfação, sonolência, coma e morte. FISIOPATOLOGIA · Individual · Ventilação é um processo cíclico, responsável pela renovação do gás alveolar. · Resulta da ação integrada entre o centro respiratório (SNC), vias nervosas, caixa torácica (estrutura osteomuscular) e os pulmões. · A natureza periódica do processo de ‘inspiração e expiração’ é controlada por neurônios localizados no tronco cerebral – denominado centro respiratório · A concentração de CO2 no sangue regula a ventilação · PCO2 se eleva no sangue e difunde-se através da barreira hematoencefálica liberando íons H+ que estimulam os quimiorreceptores. PaCO2 altera o PH sanguíneo Acidificação do sangue e do conteúdo liquórico hiperventilação como resposta O centro respiratório – bulbo/MO - é altamente sensível a um aumento da PCO2 e queda do pH que estimulam via nervo frênico a contração do diafragma FISIOPATOLOGIA · O pH do líquor tem um efeito mais importante sobre a ventilação do que o arterial · O pH normal no líquor é 7,32 e como ele tem muito menos proteínas que o sangue possuiu uma capacidade baixa de tamponamento. · Se o PH do líquor é desviado por um período prolongado frequentemente ele não retorna para 7,32 · Pacientes pneumopatas crônicos podem ter uma ventilação anormalmente baixa para sua PCO2 arterial. Quimiorreceptores periféricos · Localizados no seio carotídeo, são sensíveis a variação da PaO2 (também do PH e da PaCO2) · São os responsáveis por todo o aumento da ventilação em resposta a hipoxemia arterial · Alterações da ventilação podem ocorrer de forma localizada ou global, levando a prejuízo da ‘lavagem’ do CO2 e ao aporte de O2 Estado de vigília/alerta – fisiológico – pessoas sadias · Influência: atividades comportamentais (fala, deglutição e ansiedade) · A PaCO2 geralmente estável, variando de 2 a 4mmHg (exceto mulheres pré-menopausa) · PaCO2 agudamente ↑ - ventilação aumenta bruscamente · PaCO2 ↓ - ventilação se altera muito pouco · PO2: interfere na ventilação somente abaixo de 65mmHg Durante o sono - NREM · Sistema metabólico dos quimiorreceptores que controlam a respiração · Responsividade ao aumento de CO2: - É necessário níveis mais elevados para obter resposta da ventilação (portanto CO2 estará aumentado) - Se a PCO2 estiver abaixo de um certo nível, a ventilação é inibida. · A resistência ao fluxo aéreo através das vias aéreas superiores aumenta por diminuição da atividade do m. dilatador da faringe. - Resultado: ventilação diminui Durante o sono – REM · Resposta ventilatória ao aumento de CO2 – diminuída · Influências comportamentais voltam a estar presentes · Por existir um controle ventilatório menos atuante durante o sono, muitos transtornos de hipoventilação se manifestam durante o sono antes mesmo de se manifestar em vigília. Relação com a insuficiência respiratória · Distúrbios hipercápnicos (cefaleia matinal...) · Desenvolvimento da insuficiência respiratória : · CONTROLE VENTILATÓRIO X TRABALHO DA RESPIRAÇÃO (DOENÇA PULMONAR OU DA CX TORÁCICA) · Alteração da quimiossensibilidade: - Ainda estão sendo feito estudos e identificando os genes responsáveis Diagnóstico Investigação da causa da IR: 1.história clínica; 2.exame físico detalhado; 3.exames complementares. Queixas atuais do doente, a ocorrência de sintomas semelhantes previamente, a presença de doenças de base, antecedentes pessoais, e o uso atual ou anterior de medicações com atuação no aparelho respiratório e SNC. · A confirmação da presença de IR só é feita pela análise dos gases sanguíneos → gasometria arterial é essencial em ar ambiente. · Oximetria de pulso: indicação rápida das condições das trocas gasosas. · Pneumopatias crônicas (DPOC especificamente enfisema, vai ter critérios para o tratamento): níveis acentuados de hipoxemia e hipercapnia, em condições basais. · Quadros neuromusculares: hipoxemia e elevações acentuadas do CO2 com pH arterial normal. · Ritmo de instalação da IR muito lento. · Indicação de suporte respiratório baseia-se: 1.presença de sintomas clínicos; 2.alterações espirométricas Tratamento · Individualizado Oxigenoterapia 1. PaO2 ≤ 55 mmHg ou saturação ≤ 88% em repouso; 2. PaO2 entre 56 e 59 mmHg com evidências de cor pulmonale ou policitemia (Ht> 55%). · O uso de sistemas de administração de oxigênio poderá melhorar significantemente a PaO2, mas não promoverá a necessária lavagem do CO2 podendo em alguns casos agravar a retenção de CO2!!! Ventilação não invasiva · CPAP (Continuous Positive Airway Pressure): pressão positiva contínua por meio de dispositivo apropriado. · Bipap (Bilevel positive airway pressure) - dispositivos que permitem a administração de altos fluxos de gás através de máscara facial ou nasal, e a simultânea regulação das pressões inspiratórias e expiratórias de maneira independente. · Auto-CPAP: constitui uma variante do método clássico ficando reservado a situações mais específicas · O volume corrente é gerado em função do gradiente de pressão, inspiratório e expiratório e do padrão respiratório dos indivíduos. Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) SAHOS · DOENÇA COMUM-> ALTA PREVALÊNCIA!!! · SAOS em adultos -> prevalência de 1,2-7,5%; · Estudo recente feito em SP -> 32,8%; · Cerca de 90% dos casos NÃO SÃO DIAGNOSTICADOS!!! -> mulheres, idosos e não obesos. · Academia Americana de Medicina do Sono: É caraterizada por eventos recorrentes de obstrução da via aérea superior durante o sono, associado aos sinais e sintomas clínicos. · Essa redução do fluxo aéreo pode ser parcial (hipopneia) ou completa (apneia) com duração > ou = a 10 segundos, acompanhados de microdespertares relacionado ao esforço respiratório. · Os despertares durante o sono são desencadeados com a função de restabelecer o fluxo da VAS; · A interrupção periódica da ventilação resulta, em geral, em dessaturação da oxi-hemoglobina e, ocasionalmente, com hipercapnia. Fisiopatologia · VÁRIAS TEORIAS TEM SIDO PROPOSTAS PARA EXPLICAR - FATORES ANATÔMICOS; - FATORES NEUROMUSCULARES->Teoria do balanço das pressões; Modelo da VAS como um tubo colapsável; - FATORES associados a alterações em receptores locais; - FATORES neuroventilatórios; - FATORES Genéticos; - OUTROS->volume pulmonar, alterações hemodinâmicas; História clínica · RONCOS, APNEIAS TESTEMUNHADAS e SONOLÊNCIA EXCESSIVA DIURNA · HAS ou Hipertensão pulmonar, AVE/IAM prévio, Cor pulmonale e acidentes automobilísticos; · Boca seca ao despertar, salivação excessiva -> respiração oral; · Sono agitado, sudorese noturna; · Distúrbios do humor, irritabilidade, impacto na atenção, memória e concentração, cefaleia matinal; Diagnóstico · História Clínica, exame físico e teste de registro do sono (POLISSONOGRAFIA) · A Polissonografia de noite inteira, realizado no laboratório sob supervisão de um técnico habilitado -> MÉTODO PADRÃO!!! Polissonografia Classificação da gravidade · LEVE: 5-14 eventos/hora. · MODERADA: 15-29 eventos/hora. · GRAVE: > ou = 30 eventos/hora. · 5-15 · 15-30 · >30 · TRATAMENTO · Higiene do sono – respeitar o ciclo circadiano. · Perda de peso; · Retirada de drogas sedativas (BZD, Barbitúricos e narcóticos);· Evitar bebida alcoólica; · Mudança postural durante o sono (evitar dec.dorsal); · Doenças otorrinológicas, DRGE, Hipotireoidismo devem ser tratados; Terapia de reposição hormonal em mulheres no Climatério; · FARMACOLÓGICO: sem comprovação! Terapia de escolha · CPAP · Casos moderados e grave Outros APARELHOS INTRA ORAIS (AIO): · · Aparelhos retentores linguais /Avanço mandibular: Aumentam o volume da VAS pela tração da mandíbula e/ou da língua. · Indicado: Ronco primário/SAHOS leve; CIRURGIAS: · >Cirurgias nasais: Septoplastia, Turbinectomia, Cauterização linear, Radiofrequência das conchas nasais inferiores; · >>UVULOPALATOFARINGOPLASTIA; · >>Cirurgias Craniofaciais; · >>Traqueostomia; Síndrome da Hipoventilação da Obesidade (SHO) · A Hipoventilação alveolar é o principal prejuízo causado à função respiratória à obesidade. · Diferentes termos têm sido empregados para dar nome à síndrome, tais como, Síndrome de Pickwick, hipoventilação da obesidade, síndrome obesidade-hipoventilação alveolar, síndrome de hipoventilação da obesidade Conceito · O conceito é funcional ! · Reflete a incompetência do aparelho respiratório para eliminar CO2 na mesma proporção que o ar chega aos pulmões Fatores de risco · Obesidade · o tecido adiposo que reveste o tórax e o abdome atua adversamente contra o trabalho respiratório desenvolvido pelo diafragma e outros músculos da respiração. · SAHOS Quadro clínico · Estereótipo: indivíduo “volumoso”, cianótico, com fácies cansada e carregada de certa indiferença pelo mundo ao seu redor, com sonolência intensa que conduz o paciente a cair no sono em situações impróprias como durante uma conversa, ou tentando alimentar-se ou na posição de pé · Tem cansaço fácil aos esforços e podem apresentar edema, perceptível em membros inferiores. · Estes pacientes apresentam também distúrbios do humor, e cefaleia noturna ou matinal. Diagnóstico Obesidade (IMC>30kg/m2) + Hipoventilação alveolar crônica diurna (PaCO2>45) e PaO2 <70 De exclusão! · Sem qualquer outra doença pulmonar que justifique o distúrbio de trocas gasosas · Deve-se excluir: doença pulmonar obstrutiva subjacente, limitações respiratórias mecânicas (cifoescoliose), doenças cerebrovasculares, doenças neuromusculares e hipotireoidismo. Tratamento · Tratamento da obesidade · CPAP ou BiPAP, aplicado no período noturno, durante o sono. · O BiPAP é indicado sempre que o paciente mantém hipoxemia sustentada após correção das apneias do sono com CPAP. Doenças neuromusculares e da caixa torácica Musculatura inspiratória enfraquecida diminui amplitude de movimentos respiratórios hipoventilação (retenção de CO2) Hipoxemia: ◦Pela hipoventilação ◦Microatelectasias A falência ventilatória ocorre inicialmente durante o sono REM (diafragma se responsabiliza pela quase totalidade da ventilação) CVF menor que 40% do predito Retenção de CO2 e dessaturação noturna podem ocorrer Durante o dia PaCO2 > 45mmHg ou BE > 4mmol/l são sinais indiretos de hipoventilação noturna. Indicações de VNI - PaCO2 > ou = 45mmHg - Oximetria noturna demonstrando saturação de oxigênio < ou = 88% por 5 minutos consecutivos - Pressão inspiratória máxima: < 60 cmH20 - Capacidade vital forçada (CVF) < 50% do predito Uso de VNI Segundo a Muscular Dystrophy Association o valor de CVF < ou = 50% do valor predito indica auxílio ventilatório apenas no período noturno CVF < 30%: indicação de ventilação por 24 horas Efeitos da VNI Estabiliza os sintomas Estabiliza ou melhora as trocas gasosas Previne hipoventilação noturna Melhora a qualidade do sono Reduz o número de complicações respiratórias e hospitalizações Adia a necessidade de ventilação invasiva Melhora a qualidade de vida Aumenta a sobrevida No Brasil: Em 2001: lei 1531 ou “portaria do BIPAP” garantiu legalmente o direito a ventilação não invasiva a todos os portadores de distrofia muscular. Em 2008: portaria 1370 substituiu a 1531 e estendeu direito a todos os pacientes com doenças neuromusculares. Objetivos da aula · Reconhecer Insuficiência Respiratória Crônica (sinais e sintomas) · Saber indicar tratamento Caso clínico 1 RPU, 61 anos, DPOC com diagnóstico há 05 anos e em tratamento com Salmeterol+ Fluticasona 50/250mcg 12/12h, Tiotrópio 2,5mcg 2 doses 1x/dia, Teofilina 200mcg 12/12h. Procura o pronto atendimento devido a quadro de piora da dispneia basal há 03 dias, que no momento está com dispneia ao repouso, acompanhado de tosse produtiva crônica com secreção amarelada e uma quadro de febre não aferida. Ao EFG: REG, descorado +/4, emagrecido, desidratado +/4, cianótico em extremidades, taquipneico em uso de musculatura acessória – FR: 36 irpm, FC: 121 bpm, PA: 130/80mmHg. AP: MV reduzidos globalmente com estertores finos em base direita. Sat: 78% ar ambiente. Glasgow: 15. ACV: BRNF 2T s/s. Abdome: RHA +, indolor. MMII: ausência de edema, pulsos presentes, panturrilhas livres. Exames Rx tórax PA e perfil: consolidação com broncograma aéreo em base direita. pneumonia Hemagrama: Hb: 16,5 Ht: 48 VCM: 91 GB: 14,300 Seg: 83% Bast: 3% Linf: 12% Plaq:215,000 PCR: 20 Ureia: 55 Creatinina: 1,3 Na: 135 K: 4,0 Gasometria arterial: pH: 7,21 pO2: 45 pCO2: 75 BIC: 26 BE: -6 SatO2: 70,0% acidose respiratória não compensada Qual a melhor indicação no tratamento das trocas gasosas? a) Cateter de O2 – 5l/min b)Máscara de O2 com reservatório – 10l/min c)VNI por 4 horas d)Intubação orotraqueal – ventilação mecânica 1
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