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Bia Yamashita Fonseca 2018 Pediatria – 5º Ano Icterícia Neonatal A icterícia neonatal ocorre habitualmente por elevação da bilirrubina indireta, devido aos seguintes motivos: 1) As hemácias dos recém-nascidos apresentam uma vida média mais curta que as dos adultos. Enquanto uma hemácia adulta vive, em média, 120 dias, as hemácias dos bebês duram cerca de 80 dias apenas. 2) Os bebês têm proporcionalmente mais hemácias no sangue que os adultos. Enquanto 40% do sangue do adulto é composto por glóbulos vermelhos, nos recém-nascidos essa taxa chega a ser de 60%. 3) O fgado do recém-nascido é imaturo e sua capacidade de conuugação e excreção de bilirrubina é limitada. Portanto, a produção de bilirrubina nos bebês é bem maior que nos adultos e sua capacidade de metabolização e eliminação é bem menor. O resultado disso é uma hiperbilirrubinemia indireta (acúmulo de bilirrubina indireta no sangue) com consequente deposição de pigmentos amarelados na pele. Sintomas Nem todos os bebês desenvolvem hiperbilirrubinemia sufciente para que a pele fque claramente amarelada. Diagnóstico: Pressionar a testa ou o nariz do bebê, de forma a retirar o sangue dessa região. Nos bebês não ictéricos, a região pressionada torna-se temporariamente branca, enquanto nos bebês com hiperbilirrubinemia a pele fca amarelada. Outro local fácil de notar a icterícia é na esclera do olhos. De forma geral, os olhos fcam amarelados quando os níveis séricos de bilirrubina estão entre 2 a 3 mg/dl. A face torna- se amarela com valores entre 4 e 5 mg/dl, o tronco por volta de 10 mg/dl e corpo inteiro com mais de 15 mg/dl. A icterícia dita fsiológica, que é aquela que é considerada normal e esperada, inicia-se ao redor do 3º dia de vida e desaparece em até 2 semanas. Nos bebês prematuros, ela pode demorar um pouco mais. Em alguns recém-nascidos, os níveis de bilirrubina podem chegar até 15 mg/dl. A icterícia neonatal deve ser melhor investiada quando ela tver as seiuintes característcass • Inicia-se nas primeiras 24 horas de vida do bebê. • Apresenta concentrações sanguíneas acima de 20 mg/dl. • Demora mais de 2 semanas para desaparecer (exceto em prematuros). • Quando a bilirrubina direta também está muito elevada. 1 Bia Yamashita Fonseca 2018 A icterícia que apresenta uma ou mais das características acima pode estar sendo provocada por problemas do fgado, das vias biliares ou por hemólise (destruição anormal das hemácias). Icterícia do leite materno Alguns neonatos apresentam icterícia relacionada com a amamentação. A causa parece estar nas características químicas do leite de determinadas mães. A icterícia do leite materno pode ser a causa para uma ictericia neonatal prolongada, uma vez que a mesma pode durar por até 3 meses. A icterícia do leite materno é benigna e não provoca maiores problemas. Icterícia da amamentação insufciente Essa forma de icterícia neonatal costuma surgir quando o bebê não está sendo amamentado de forma correta ou em quantidades adequadas e acaba recebendo um aporte de calorias abaixo das suas necessidades. Ao contrário da hiperbilirrubinemia do leito materno, que ocorre sem que haua alterações no desenvolvimento ou no comportamento do bebê, a icterícia da amamentação defciente costuma vir acompanhada de um bebê irritado ou prostrado, que não ganha peso, urina e evacua pouco. Kernicterus Os primeiros sinais clínicos de intoxicação pela bilirrubina incluem sonolência, diminuição do tônus muscular e recusa alimentar. Com o tempo, o bebê passa a ter espasmos, choro inconsolável, vômitos e fca febril. Se o excesso de bilirrubina não for corrigido, o neonato pode evoluir para lesão permanente do cérebro, que é chamada de Kernicterus. Essa complicação ocorre, em geral, quando há níveis de bilirrubina acima dos 25 mg/dl. As principais complicações do Kernicterus podem só se tornar nítidas após o primeiro ano de vida e incluem: • Difculdade em sentar, engatinhar e, posteriormente, andar. • Tremores e movimentos involuntários. • Alterações na audição e visão. • Retardo do desenvolvimento neurológico. • Alterações na arcada dentária. Tratamento da icterícia neonatal Em geral, indica-se tratamento quando a bilirrubina ultrapassa o valor de 18 mg/dL a partir do 3º dia ou quando ela encontra-se acima de 12 mg/dl uá nas primeiras 24 horas. 2 Bia Yamashita Fonseca 2018 A fototerapia é o tratamento mais utilizado para baixar os níveis de bilirrubina. O recém-nascido é colocado sob uma luz azul fuorescente que age quebrando a molécula de bilirrubina depositada na pele em pedaços, facilitando a sua excreção na urina e nas fezes. Facomatoses Grupo heterogêneo de distúrbios caracterizado por alterações do tegumento e do SNC Defeito na diferenciação do ectoderma primitivo Tendência a formar tumores Neurofiromatose I Doença De oon Recklinihausen Distúrbio autossômico dominante multiforme e progressiva Alteração na migração da crista neural Neurofbromatose incidência: 1/4000-5000 Cromossomo 17q11.2 Neurofbrina Critérios diagnósticos Dois ou mais destes sinais: • Seis ou mais manchas café-com-leite 5 mm (pré-puberes) e 15 mm (pós-puberes) • Efélides axilares ou inguinais -sinal de Crowe • Dois ou mais nódulos de lisch • Dois ou mais neurofbromas/neurofbroma plexiforme • Lesões ósseas • Glioma óptico • Parente de primeiro grau com NF-I • Efélides axilares ou inguinais (3mm) – sinal de crowe Etnia : branca x negra difere na quantidades de lesões Diagnóstico diferencial : • Esclerose tuberosa • Sd. Mccune-albright • Ataxia-telangectasia 3 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Nevus basocelulares • complicações défcit de atenção • Crises tonico clônicas generalizadas / parciais complexas • Hidrocefalia • Estenose/aneurisma cerebral • Doença de moyamoya • Ataque isquêmico transitório • Puberdade precoce • Hipertensão – estenose da artéria renal/feocromocitomatumores: wilms, leucemia, rabdomiosarcoma Incidência: 1/50000 cromossomo 22q1.11 Neurofiromatose II Critérios diagnósticos: um ou mais destes sinais: • Neuroma do acústico ( viii par craniano) • Familiares com NF-II e neuromas do acústico ou:neurofbroma /meningeoma/ glioma/ schwanoma • Opacifcações lenticulares subcapsulares posteriores do cristalino – 50% • Neuroma do acústico Clínica Perda auditiva Paresia facial Cefaléia Perda do equilíbrio Complicações Tumores do SNC Diagnóstico anamnes eexame fsico 4 Bia Yamashita Fonseca 2018 imagem (tc/rm)eeg e potencial evocado NF-II: história familiar “+”= dna fetal Conduta • Identifcação precoce • Controle das manifestações / complicações • Exame oftalmológico anual • Aconselhamento genético “a NF reproduz-se felmente nas gerações sucessivas. Um dos pais com NF tem 50% de chance de transmitir a doença em cada gravidez.” Esclerose tuierosa Incidência: 1/6000 herança autossômica dominante cet 1 (cr 9q34) e cet 2 (cr 16p13) – hamartina e tuberina 50% dos casos são esporádicos Multissistêmica Patologia Tuberes na região subependimaria Calcifcação e proueção ventricular: “gota de vela” Microscopia: número reduzido de neurônios, proliferação de astrócitos e neurônios bizarros Relação tuberes x comprometimento neurológico Clínica Espasmos do lactente (Sd de West) Lesões hipopigmentadas – 90% Placa de chagrem (região lombossacra) Infância: epilepsia mioclônica- adenomas sebáceos- fbroma subungueais/periungueais Lesões hipopigmentadas Adenomas sebáceos Fibroma periungueal 5 Bia Yamashita Fonseca 2018 Complicações • Tumores da retina • Tumores cerebrais: astrocitoma • Rabdomioma cardíaco • Hamartomas / doença policistica renal • Angiomiolipomas pulmonares/pneumotórax espontâneo • Hipsarritmia Diagnóstico Anamnese Exame fsicoe ECG: hipsarritmia Lâmpada de wood Fundoscopia ocular Rx / rm / tc Conduta Vigabatrina / acthusg renalecocardiogramarx de tórax Doença de sturie-weier Alteração no leito vascular cerebral durante a embriogênese • Nevo facial : “ vinho do porto “ mancha facialunilateral • Buftalmia Glaucoma ipsilateral • Epilepsias / crises focais Complicações Hemiparesia Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor Retardo mental Glaucoma Diagnóstico Anamnese 6 Bia Yamashita Fonseca 2018 Exame fsico Crise refratária aos anticonvulsivantes Rx / tc : “ aspecto serpentiforme “ / atrofa cerebral / dilatação ventricular Atrofa cerebral Conduta • Freqüência das crises x tratamento hemisferectomia / lobectomia • Medir PIO regularmente • laserterapia • psicoterapia Sepse Neonatal Etoloiia A sepse neonatal pode ser de início precoce (nos 7 primeiros dias de vida) ou tardio (após os 7 dias). • Início precoce A sepse de início precoce deve-se geralmente a organismos adquiridos intraparto. Muitos lactentes têm sintomas nas primeiras 6 h de vida, e a maioria dos casos ocorre nas 72 h. Os SGB e os organismos entéricos gram-negativos (predominantemente Escherichia coli) correspondem à maioria dos casos das sepses de início precoce. Sepse por Haemophilus infuenzae não tipável tem sido identifcada cada vez mais em recém- nascidos, especialmente em prematuros. Outros bacilos entéricos gram-negativos (p. ex., Klebsiella sp) e organismos gram-positivos – Listeria monocytogenes, enterococos (p. ex., Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium), estreptococos do grupo D (p. ex., Streptococcus bovis), estreptococos a-hemolíticos e estaflococos – são responsáveis pela maioria dos outros casos. Streptococcus pneumoniae, H. infuenzae tipo b e, menos comumente, Neisseria meningitidis são isolados. A gonorreia assintomática ocorre ocasionalmente na gravidez, portanto a Neisseria gonorrhoeae pode ser um agente patogênico. • Início tardio 7 Bia Yamashita Fonseca 2018 A sepse de acometimento tardio é geralmente adquirida do meio ambiente ( Infecção neonatal hospitalar adquirida). Os estaflococos respondem por 30 a 60% dos casos de início tardio e devem-se mais frequentemente a instrumentos intravasculares (particularmente cateteres na artéria ou na veia umbilical). E. coli está se tornando bastante reconhecida como causa da sepse de acometimento tardio, especialmente em lactentes de baixo peso. Isolamento de Enterobacter cloacae ou E. sakazakii no sangue ou no liquor sugere contaminação de alimentos. Equipamentos respiratórios contaminados são suspeitos nos casos de surtos de pneumonia ou sepse por Pseudomonas aeruginosa adquiridos em hospital. Embora a triagem universal e a proflaxia intraparto com antibióticos para SGB tenham diminuído de modo signifcativo a doença de início precoce por causa desse organismo, a taxa de sepse por SGB de início tardio permaneceu inalterada. O papel dos anaeróbicos (particularmente Bacteroides fragilis) em sepse de início tardio não está claro, embora casos de morte tenham sido atribuídos a bacteriemia por Bacteroides. Os anaeróbicos podem explicar alguns casos de culturas negativas em que os achados da necropsia indicam sepse. A Candida sp é causa cada vez mais presente nos casos de sepse de início tardio, ocorrendo em 12 a 13% dos lactentes de baixo peso. • Início precoce e tardio Certas infecções virais (p. ex., herpes simples disseminado, enterovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório) podem manifestar-se tanto nos casos de sepse de início precoce quanto tardio. Fisiopatoloiia • Início precoce ◦ Certos fatores perinatais maternos e obstétricos aumentam o risco, particularmente da sepse de início precoce: ◦ Ruptura prematura das membranas (RPM – Ruptura prematura das membranas), que ocorre ≥ 18 h antes do nascimento ◦ Sangramento materno (p. ex., placenta prévia, descolamento da placenta) ◦ Pré-eclâmpsia ◦ Parto repentino 8 Bia Yamashita Fonseca 2018 ◦ Infecção materna (particularmente do trato urinário ou do endométrio, com manifestação febril materna antes ou durante o parto). ◦ Intensa colonização por SGB ◦ Parto pré-termo A disseminação hematogênica e transplacentária da infecção materna ocorre na transmissão de certos vírus (p. ex., rubéola, citomegalovírus), protozoários (p. ex., Toxoplasma gondii) e treponemas (p. ex., Treponema pallidum). Algumas bactérias patogênicas (p. ex., L. monocytogenes, Mycobacterium tuberculosis) podem alcançar o feto através da placenta, mas a maioria é adquirida por via ascendente no útero, quando o feto passa através do canal de parto colonizado. O líquido amniótico contaminado com mecônio ou verniz caseoso promove o crescimento de SGB e E. coli. Portanto, os poucos organismos na cavidade vaginal são capazes de proliferar rapidamente após RPM, possivelmente contribuindo para esse paradoxo. Os microrganismos geralmente alcançam a circulação sanguínea do feto por aspiração ou deglutição de líquido amniótico contaminado, causando bacteriemia. • Início tardio O fator de risco mais importante na sepse de início tardio é o parto pré-termo. Outros fatores incluem: • Uso prolongado de cateter intravascular • Doenças associadas (que podem ser, entretanto, motivo para uso de procedimentos invasivos) • Exposição aos antibióticos (que dão lugar a cepas bacterianas resistentes) • Hospitalização prolongada • Equipamentos ou soluções IV ou enterais contaminados Organismos gram-positivos (p. ex., estaflococo coagulase-negativo e Staphylococcus aureus) podem ser adquiridos do meio ambiente ou da pele do paciente. Bactérias entéricas gram-negativas são geralmente derivadas da fora endógena do paciente, que pode estar alterada pelo uso antecedente de antibióticos ou por albergar organismos resistentes transferidos das mãos dos profssionais da área (o principal meio de disseminação) ou equipamentos contaminados. 9 Bia Yamashita Fonseca 2018 O foco inicial da infecção pode estar no trato urinário, nos seios paranasais, na orelha média, nos pulmões ou no trato GI e pode mais tarde disseminar para meninges, rins, ossos, articulações, peritônio e pele. Sinais e sintomas Os sinais iniciais são frequentemente sutis e não específcos e não distinguem os microrganismos (inclusive virais). Os sinais precoces particularmente comuns incluem: • Diminuição da atividade espontânea • Sucção menos vigorosa • Apneia • Bradicardia • Instabilidade térmica (hipo ou hipertermia) • A febre está presente em apenas 10 a 15%; porém, quando mantida (p. ex., por mais de 1 h), geralmente indica infecção. Outros sinais e sintomas incluem disfunções respiratórias, distúrbios neurológicos (p. ex., convulsões, irritabilidade), icterícia (especialmente se ocorrer nas primeiras 24 h sem incompatibilidade dos grupos sanguíneos Rh ou ABO e com níveis de bilirrubina direta maiores do que o esperado), vômitos, diarreia e distensão abdominal. A infecção anaeróbica é frequentemente suspeita pelo mau cheiro do líquido amniótico ao nascimento. Sinais específcos • A maioria dos neonatos com infecção por SGB de início precoce (e muitos com L. monocytogenes) apresenta-se com disfunção respiratória de difcil diferenciação com a síndrome do desconforto respiratório. • Eritema periumbilical, secreção ou sangramento sem diátese hemorrágica sugerem onfalite (a infecção impede a obstrução dos vasos umbilicais) • Coma, convulsões, opistótono ou abaulamento da fontanela sugerem meningite, encefalite ou abscesso cerebral • Diminuição dos movimentos espontâneos de uma extremidade, edema e articulação quente, eritematosa ou dolorida indicam osteomielite ou artrite piogênica • Distensão abdominal inexplicada pode indicar peritonite ou enterocolite necrosante (particularmente quando acompanhada de diarreia sanguinolenta e leucócitos nas fezes) 10 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Vesículas cutâneas, úlceras orais e hepatoesplenomegalia (particularmente com coagulação intravascular disseminada [CID]) podem identifcar o herpes simples disseminado • A infecção por SGB de início precoce pode manifestar-se com pneumonia fulminante. Diainóstco Alto índice de suspeita = Cultura de sangue, urina e liquor O diagnóstico precoce é importante e requeratenção para os fatores de risco (particularmente nos neonatos com baixo peso) e alto índice de suspeita quando qualquer recém-nascido se afasta dos padrões normais nas primeiras semanas de vida. Os recém-nascidos com suspeita de sepse e aqueles cuuas mães estão com suspeita de corioamnionite devem ser investigados, logo que possível, com a realização de hemograma, contagem diferencial de esfregaço, plaquetas, hemocultura, urocultura e PL, se factvel clinicamente. Aqueles com sintomas respiratórios devem submeter-se a radiografa de tórax. O diagnóstico é confrmado pela presença do organismo patogênico em culturas. Outros testes podem apresentar resultados anormais, mas não fazem, necessariamente, o diagnóstico. Para os pré-termos que estão bem aparentemente, mas cuuas mães receberam antibióticos inadequados intraparto para SGB, a Academia Americana de Pediatria recomenda avaliação limitada (hemograma e hemocultura e, pelo menos, 48 h de observação). Contagem diferencial de leucócitos e esfregaço (valores < 4.000/μl ou > 25.000/μl são considerados anormais) Queda súbita na contagem de eosinóflos absolutos e alterações morfológicas dos neutróflos (p. ex., granulações tóxicas, corpos de Döhle, vacuolização intracitoplasmática em sangue não citratado ou ácido etilenodiaminotetracético [EDTA]) sugerem o diagnóstico de sepse. A contagem de plaquetas pode cair horas ou dias antes do aparecimento do quadro clínico da sepse, porém mais frequentemente permanece elevada até 1 dia depois que o recém-nascido manifesta a doença. Essa queda é, às vezes, acompanhada de outros dados de CID (p. ex., aumento dos produtos de degradação da fbrina, diminuição do fbrinogênio, tempo de protrombina prolongado). Independentemente dos resultados do hemograma ou da PL, todos os lactentes com suspeita de sepse (p. ex., aqueles que parecem doentes, estão febris ou hipotérmicos) devem iniciar os antibióticos após as culturas (p. ex., sangue, urina e liquor [se possível]). • Punção lomiar Existe risco aumentado de hipoxia durante a PL em um recém-nascido uá hipoxêmico. Mas a PL 11 Bia Yamashita Fonseca 2018 deve ser realizada no neonato com suspeita de sepse assim que as condições do recém-nascido permitirem ( Diagnóstico). Suplemento de O2 é administrado antes da PL e durante o procedimento para prevenir hipoxia. Como a pneumonia por SGB que se manifesta no primeiro dia de vida pode ser confundida com a síndrome do desconforto respiratório, a PL é frequentemente realizada de rotina em recém-nascidos com suspeita de ter essas doenças. • Hemoculturas Os vasos umbilicais são frequentemente contaminados por microrganismos presentes no coto umbilical, especialmente após algumas horas, portanto a hemocultura dos vasos umbilicais pode não ser confável. Portanto, o sangue para a hemocultura deve ser obtido preferencialmente por punção de veias de dois locais diferentes, meticulosamente preparados com aplicação de solução de iodo. Em mais de 90% das hemoculturas para bactérias positivas, o crescimento acontece em 48 h de incubação. Uma pequena quantidade de sangue (p. ex., ≥ 1 ml) é geralmente sufciente para detectar microrganismos. • Análise urinária e cultura Amostras de urina devem ser obtidas por cateter ou aspiração suprapúbica, e não de bolsas de coleta. Embora somente a cultura seua capaz de fornecer o diagnóstico, a existência de mais de 5 leucócitos por campo de grande aumento na urina ou qualquer microrganismo presente em amostra recente de urina corada pelo gram levanta a suspeita de ITU. Ausência de piúria não afasta ITU. • Outros testes para infecção e infamação Numerosos testes são frequentemente anormais na sepse e foram avaliados como possíveis marcadores precoces. Destes, o mais útil é a proteína C-reativa quantitativa. Níveis elevados ocorrem no prazo de um dia, com picos em 2 a 3 dias, e voltam ao normal em 5 a 10 dias nos neonatos que se recuperam. Na sepse, a VHS está frequentemente elevada. A micro-VHS correlaciona-se bem com o método- padrão Wintrobe, mas tem as mesmas altas taxas de falso-negativos (especialmente no início do processo e com CID) e lento retorno ao normal bem depois da cura clínica. Proinóstco A taxa de mortalidade é 2 a 4 vezes maior nos nascidos com baixo peso do que nos nascidos de termo. Em geral, a taxa de mortalidade na sepse de acometimento precoce é de 3 a 40% (infecção pelo SGB de início precoce é de 2 a 30%), e na sepse de acometimento tardio é de 2 a 20% (para SGB tardio é cerca de 2%). Tratamento • Antibioticoterapia empírica rápida 12 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Terapia de suporte (manobras respiratórias e hemodinâmicas, adicionam-se à antibioticoterapia.) Se as culturas de bactérias não revelarem crescimento em até 48 h (embora alguns agentes patogênicos necessitem de 72 h) e o neonato esteua aparentemente bem, os antibióticos podem ser suspensos. • Antmicroiianos Na sepse de início precoce, a terapia inicial deve incluir ampicilina ou penicilina G mais um aminoglicosídio. Se houver suspeita de meningite, a cefotaxima pode ser adicionada ou substituída pelo aminoglicosídio. Se, ao nascimento, o líquido amniótico exalar odor fétido, deve-se acrescentar terapia para anaeróbicos (p. ex., clindamicina, metronidazol). Se houver suspeita de meningite por gram-negativo, podem-se utilizar ampicilina, cefotaxima e um aminoglicosídio. Nas sepses de início tardio adquiridas em ambiente hospitalar, o tratamento inicial deve incluir vancomicina (ativa contra S. aureus meticilina-resistente) mais um aminoglicosídio. Como a Candida pode demorar 2 a 3 dias para crescer em hemocultura, o início da terapia com anfotericina B e a remoção do cateter infectado, mesmo com resultado negativo para o sangue ou liquor, podem salvar a vida da criança. • Outros tratamentos A exsanguinotransfusão é utilizada em recém-nascidos gravemente enfermos (particularmente hipotensos e com acidose metabólica). O obuetivo é aumentar os níveis de imunoglobulinas circulantes, diminuir as endotoxinas circulantes e aumentar os níveis de Hb (com níveis mais elevados de 2,3-difosfoglicerato) e melhorar a perfusão. Prevenção A administração de imunoglobulina IV ao nascimento pode prevenir a sepse em certos recém- nascidos de alto risco e de baixo peso, mas não auuda nos casos de infecção uá estabelecida. Como as doenças invasivas por SGB costumam se manifestar nas primeiras 6 h de vida, mulheres que anteriormente deram à luz crianças com doença por SGB devem receber antibióticos intraparto, e mulheres com bacteriúria por SGB sintomática ou não devem receber antibióticos na ocasião do diagnóstico e no intraparto. 13 Bia Yamashita Fonseca 2018 Cardiopatas Coniênitas Defnição: anormalidade na estrutura ou função cardiovascular que está presente ao nascer, mesmo quando descoberta mais tarde. Epidemioloiia: • Incidência: Aproximadamente 0,8% dos nascidos vivos têm uma malformação cardiovascular. Nesta estatstica não se incluem duas anomalias congênitas mais comuns: valva aórtica bicúspide e prolapso da valva mitral. • Mais comuns no sexo feminino: persistência do canal arterial(PCA), anomalia de Ebstein, comunicação interatrial(CIA). • Mais comuns no sexo masculino: estenose aórtica, coarctação da aorta, hipoplasia do coração esquerdo, atresia pulmonar e tricúspide, e transposição das grandes artérias(TGA). • Anomalias extracardíacas ocorrem em 25% dos lactentes com cardiopatia signifcativa. Destes, 1/3 se inclui em alguma síndrome conhecida. Etoloiia: • Genética: herança mendeliana, mutações genéticas ou alterações cromossomiais(ex: trissomia) • Ambiental: doenças adquiridas ou drogas utilizadas durante a gestação. Por exemplo: Síndrome da rubéola congênita > PCA, estenose da valva e/ou artéria pulmonar e CIA. Lítio > anomalia de Ebstein. Síndrome alcoólica fetal > defeitos do septo ventricular(45% dos neonatos afetados). Emirioloiia: • Desenvolvimento normal: no 1o mês de gestação o tubo cardíacoé reto e composto de sinoátrio(mais cefálico), ventrículo primitivo, bulbo cardíaco, e tronco arterial(mais caudal), dispostos em série. No 2o mês o tubo dobra-se formando 2 sistemas em paralelo, cada um com 2 câmaras e uma grande artéria. O sinoátrio origina os átrios, o canal AV é dividido pelos coxins endocárdicos em orifcio tricúspide e mitral, o ventrículo primitivo e o bulbo cardíaco originam VD e VE. O sinoátrio divide-se pelo septum primum que cresce a partir de seu teto em direção ao canal AV, criando uma abertura inferior, o ostium primum. O septo secundum forma-se para a direita do primeiro, e começam a surgir perfurações neste. Elas coalescem formando o ostium secundum. O 14 Bia Yamashita Fonseca 2018 septum secundum não divide completamente os átrios, deixando uma abertura central(fossa oval), que é coberta por tecido do septum primum, formando a válvula do forame oval. A porção inferior do septo atrial, superior do septo ventricular e porções dos folhetos septais das valvas AV são formados pelo coxim endocárdico. Avaliação ierals A) Síndromes associadas a cardiopatias congênitas: • S. Alagille(deleção no cormossomo 20p): colestase intra-hepática, anomalias • vertebrais(forma de borboleta) e estenose periférica/hipoplasia da artéria pulmonar e seus ramos. S. DiGeorge(microdeleção no cromossomo 21q11): hipoplasia do timo, fenda • palatina, hipocalcemia, interrupção do arco aórtico, tetralogia de Fallot, truncus arteriosus, dupla via de saída do VD. • S. Down(trissomia do cromossomo 21): baixa estatura, braquidactilia, instabilidade atlanto-axial, alterações tireoidianas, defeito do septo AV, comunicação interventricular(CIV), persistência do canal arterial(PCA). • S. Holt-Oram(autossômica domintante): anomalias radiais no antebraço e mão, comunicação interatrial(CIA) ostium secundum, CIV S. LEOPARD(autossômica dominante): lentiginose, alteraçõeseletrocardiográfcas, hipertelorismo ocular, estenose pulmonar, anomalias genitais, retardo de crescimento e surdez(deafness). • S. Noonan(autossomica dominante): baixa estatura, dismorfsmo craniofacial, criptorquidia, pescoço alado, alterações de coagulação, estenose de valva/artéria pulmonar, CIA, cardiomiopatia hipertrófca(CMH). • S. Rubéola congênita: catarata, retinopatia, surdez, alterações ósseas, estenose da artéria pulmonar, PCA, tetralogia de Fallot, CIV. S. Turner(45, X0): baixa estatura, pescoço alado, amenorréia primária, coarctação da aorta pós ductal, drenagem anômala das veias pulmonares(sem CIA). • S. Williams(autossômica dominante): fácies de “duende”, hipercalcemia, estenose aórtica supravalvar e estenoses pulmonares periféricas. Exame Físicos Pulsos: Importante comparar os pulsos periféricos. O braquial esquerdo pode estar comprometido devido a cirurgias e coarctação da aorta(que pode causar também diferença entre os pulsos dos 15 Bia Yamashita Fonseca 2018 MMSS e MMII). Pulso hepático/hepatomegalia pode estar presente em disfunção diastólica ou insufciência tricúspide. Tórax: Pode-se encontrar abaulamentos e pulsações devido ao crescimento de câmaras cardíacas. Cicatrizes podem indicar que o paciente uá fez cirurgias de correção anteriormente. Tiragem intercostal pode ser sinal de insufciência cardíaca(edema é raro em crianças). Cianose: Defnição: A cianose central é a coloração azul-arroxeada da pele/mucosas(ex: boca) e ocorre quando há 5g/dl de hemoglobina desoxigenada(reduzida) no sangue e a saturação de oxigênio é aproximadamente 80%. Pode variar de acordo com o hematócrito do paciente(ex: a cianose não será visível em casos de anemia). É causada por shunt(mistura) do sangue venoso ao arterial na circulação sistêmica. A cianose periférica é restrita às extremidades(mãos e pés) e pode estar ou não acompanhada da cianose central(hipoxemia). Fisiopatoloiia: A hipoxemia estimula a produção de eritropoietina nos rins, o que estmula a medula óssea a produzir eritrócitos para aumentar a capcidade de transporte de oxigênio. Isso aumenta a viscosidade do sangue, impedindo a liberação de oxigênio das hemácias. A Síndrome de Hiperviscosidade pode causar cefaleia, tontura, sonolência, fadiga, alteração mental, distúrbios visuais, parestesias, zumbidos, mialgia. Ocorrem alterações hematológicas(tendência hemorrágica) por decréscimo dos fatores V, VII, VIII, IX, distúrbios plaquetários, aumento da fbrinólise e disfunção endotelial. Há maior risco de hemorragia cerebral, embolia paradoxal(devido ao shunt direita-esq) e abcesso cerebral. Observa-se alterações renais como proteinúria, hiperuricemia(por aumento de reabsorção do ácido úrico, levando a nefrolitase e gota) e insufciência renal. Cardiopatas: a) Não-cianóticas: 1) Comunicação Interatrial(CIA) Mais freqüente no sexo feminino(2:1) Tipos: Ostium secundum(mais comum, 75% ocorre por excessiva reabsorção do septum primum ou crescimento defciente do septum secundum); Ostium primum(15- 20% ocorre por fusão incompleta do septum primum com o coxim endocárdico); Seio venoso(5-10% ocorre por fusão anormal do seio venoso com o átrio) e seio coronariano(muito raro). Manifestações clínicas: Ocorre shunt da esquerda para direita, pois a pressão no átrio esquerdo é maior. Dessa forma, o fuxo sangüíneo para o AD e VD aumenta, causando sobrecarga de volume do VD, o que causa desdobramento amplo de B2, por atraso do componente pulmonar(P2). A 16 Bia Yamashita Fonseca 2018 inspiração quase não provoca variação desse desdobramento, por isso ele é considerado fxo. O aumento dos fuxos através da artéria pulmonar e da valva tricúspide podem gerar um sopro de eueção audível no 2o espaço intercostal esquerdo e um rufar mesodiastólico presente na borda esternal inferior esquerda. Também é possível palpar impulsões sistólicas do VD na borda esternal esquerda e na área subxifóide. O ritmo cardíaco pode ser irregular, pois pode haver fbrilação atrial associada. 2) Comunicação Interventricular (CIV): Tipos: • Muscular: margeada inteiramente pelo miocárdio • Perimembranosa: margeadas em parte pela continuidade fbrosa entre os folhetos de uma valva AC e uma valva atrial. Fisiopatoloiias • Restritiva: há gradiente de pressão signifcativo entre o VE e o VD, o shunt é pequeno. Não causa alteração hemodinâmica importante, e pode até se fechar espontaneamente. • Moderadamente restritiva: o gradiente de pressão e o shunt são moderados. Ocorre sobrecarga hemodinâmica sobre o VE e AE, levando à sua dilatação e disfunção. Também causa aumento da resistência vascular pulmonar. • Não Restritiva: grande shunt. Ocorre sobrecarga de volume do VE, aumento progressivo da pressão da artéria pulmonar, que futuramente causa reversão do shunt(direita-esquerda). Manifestações Clínicas: Ocorre sopro holossistólico que pode ser acompanhado de frêmito, melhor auscultado na borda esternal esquerda, 4o-5o EIC. Quanto menor a CIV, maior é o gradiente e maior o sopro. Assim, as CIV pequenas geram poucos sintomas, mas um sopro mais intenso. Pacientes com CIV moderadas e grandes podem ter sintomas como fadiga, sudorese, restrição de crescimento. Ocorre também congestão pulmonar, o que favorece infecções respiratórias. 3) Persistência do Canal Arterial(PCA): • No feto normal o canal arterial permite que o sangue não oxigenado passe do VD para a aorta descendente e chegue à placenta, onde receberá oxigênio. Após o nascimento ocorre o fechamento funcional do canal por vasoconstrição, e semanas depois o fechamento anatômico, por proliferação da íntima e fbrose. É um achado freqüênte nos prematuros, nos quais pode-se 17 Bia Yamashita Fonseca 2018 esperar o fechamento espontâneo tardio. Em neonatos a termo a persistência do canal representa uma malformação congênita. • Pode ser classifcado de acordo com o grau do shunt em: silenciosa(não apresenta sopro), pequena, moderada, grande(nos quais ocorre sopro contnuo). Fisiopatoloiias Ocorre shunt daaorta para o tronco pulmonar, pois a pressão da aorta(120/60 mmHg) excede a pressão arterial pulmonar(30/15mmHg) durante todo o ciclo cardíaco, por isso o sopro é contnuo. Isso gera hiperfuxo pulmonar, podendo causar hipertensão arterial pulmonar futuramente Manifestações Clínicass Sopro contnuo com pico no fnal da sístole(B2), melhor audível no 1o ou 2o EIC esquerdo. Em PCAs moderados o paciente pode apresentar dispneia ou palpitações(por arritmias atriais). Há aumento da pressão de pulso(PA sistólica – PA diastólica) por fuga do fuxo aórtico para o tronco pulmonar na diástole. Há também sinais de sobrecarga de volume ventricular esquerda como ictus desviado para esquerda e B3. Os pulsos encontram-se com amplitude aumentada. OBS: Síndrome de Eisenmenger É uma doença obstrutiva vascular pulmonar que se desenvolve em conseqüência de um grand shunt esquerda-direita preexistente. Assim, as pressões arteriais pulmonares aproximam-se dos níveis sistêmicos e o fuxo do shunt passa a ser bidirecional ou invertido(direita-esquerda). Pacientes com as cardiopatias uá citadas(CIA, CIV, PCA) podem desenvolver esta síndrome. Manifestações Clínicas: • Palpitações(Fibrilação/Fluter atrial), hemoptise(ruptura de vasos bronquicos ou infarto pulmonar), tromboembolismo pulmonar, síncope, angina, cianose central, baqueteamento digital. • Sinais de Hipertensão Arterial Pulmonar como impulsão de VD e P2 palpáveis, hiperfonese de P2, B4 de VD, estalido de eueção pulmonar e sopro sistólico de eueção devido à dilatação do tronco pulmonar e sopro diastólico de alta freqüência em crescendo-decrescendo(Graham-Steell) devido a insufciência pulmonar. • No PCA com Eisenmenger: o sopro contnuo não é mais ouvido. O sangue não-oxigenado chega à aorta distal às artérias subclávias, dessa forma os membros superiores recebem sangue oxigenado e os inferiores não, causando cianose diferencial(mãos rosadas e pés cianóticos e com baqueteamento). 18 Bia Yamashita Fonseca 2018 i) Cianótcass 1) Tetralogia de Fallot Defnição: CIV de via saída + obstrução na via de saída do VD + cavalgamento da aorta + hipertrofa do VD. Fisiopatologia: Ocorre cianose proporcional ao grau de obstrução da via de saída do VD e à resistência vascular sistêmica. Há também shunt direita-esquerda através da CIV. A cianose/hipoxemia é progressiva ao longo da vida, e pode se manifestar por crises que ocorrem devido a espasmo no infundíbulo do VD. Os pacientes podem adotar a posição de cócoras(squatng), que por aumentar a resistência vascular periférica, reduz o shunt e consequentemente a hipóxia. Manifestações Clínicass Cianose, baqueteamento digital em mãos e pés. Pode-se palpar impulsões sistólicas de VD e frêmito na borda esternal esquerda. Sopro sistólico de eueção no foco pulmonar e borda esternal esquerda, inversamente proporcional ao grau de obstrução da via de saída do VD. Durante as crises de cianose o sopro desaparece. B2 é única(P2 geralmente não é ouvido). Há click de eueção aórtico audível na borda esternal inferior. 2) Anomalia de Ebstein Defnição: Deslocamento apical dos folhetos septal e às vezes o posterior da valva tricúspide, com displasia destes. Pode ocorrer em vários graus. Pode estar associado a CIA. Fisiopatologia: Ocorre “atrialização” do ventrículo direito e insufciência da valva tricúspide. Há sobrecarga de volume do VD pela regurgitação. Manifestações Clínicas: Ocorre insufciência cardíaca devido à disfunção do VD. Isso pode causar fadiga, dispnéia, edema de MMII e ascite. A cianose é causada por shunt direito- esquerdo(CIA) ou pela insufciência cardíaca. O paciente pode ter palpitações causadas por taquicardia supra ventricular, ou arritmias fatais. B1 encontra-se desdobrada amplamente e com hiperfonese do componente tricúspide(“som em vela de barco”), há também desdobramento de B2 devido a bloqueio do ramo direito associado. Pode-se encontrar B3 e B4 também. O sopro de insufciência tricúspide é 19 Bia Yamashita Fonseca 2018 holossistólico e melhor audível na borda esternal inferior esquerda. Este aumenta com a inspiração(Manobra de Rivero- Carvalho). TBC Doença infectocontagiosa e endêmica, provocada pelo mycobacterium tuberculosis, também dito bacilo de koch, caracterizada pela formação de tubérculos caseosos. Aientes etolóiicos • Mycobacterium tuberculosis • Mycobacterium bovis • Mycobacterium africanum Incidência Elevada em países subdesenvolvidos principalmente em decorrência da desnutrição e falta de acesso à saúde. África - 40% da tuberculose acontece em crianças. Relacionada ao hiv Brasil - 5% da tuberculose acontece em crianças Infecção O bacilo chega por via inalatória na maioria das vezes. Ao tossir, o indivíduo contaminado espalha partculas infectantes. Essas são aspiradas e alcançam porções terminais da árvore respiratória. O número de bacilos pode ser grande e levar a múltiplos focos de inoculação no pulmão. O bacilo alcança o alvéolo, determina um processo infamatório e depois forma cancro de inoculação. O bacilo se multiplica e passa a haver participação da imunidade celular. Inicialmente há mecanismos de defesa pela imunidade natural, mas essa varia conforme a imunidade preexistente. Primoinfecção É a primeira apresentação pulmonar da infecção pelo bacilo de koch. Forma de granuloma: constituído por massa sólida celular composta por macrófagos. Por volta da décima semana, o granuloma é cercado por linfócitos e começa a ocorrer necrose caseosa central. Se a população bacilar continuar aumentando, há migração pelos vasos linfáticos até o mediastino. Lá desenvolvem-se as mesmas etapas ocorridas no pulmão. 20 Bia Yamashita Fonseca 2018 Imunidade x TBC Há resposta dos linfócitos B e IgG específca e em paralelo a esses eventos, vêm-se estabelecendo a imunidade adquirida do tipo celular, o que leva o hospedeiro a combater a primoinfecção. Esta, geralmente, não evolui para a doença e determina positividade à prova tuberculínica. No entanto, crianças além da imaturidade imunológica, formam menos granulomas e têm tendência a disseminação extrapulmonar. Manifestações clínicas 75% têm acometimento pulmonar • Febre insidiosa • Irritabilidade • Astenia • Emagrecimento • Tosse úmida ou produtiva O quadro de tuberculose é mais brando que o de pneumonia (que é um quadro agudo). Os sinais e sintomas dependem do estado nutricional e maturidade do sistema imunológico Os demais sintomas dependem dos órgãos atingidos pela via hematogênica e linfática Diainostco • Suspeitar se pneumonia de evolução lenta sem resposta aos antimicrobianos • Crianças sintomáticas ou não mas em contato com adultos com tuberculose História epidemiolóiica de contato com TBC Quanto maior o tempo, maior a exposição ao bacilo. Investigar a família pois pode ser que não haua diagnóstico mas haua infecção. Exame radioloiico Pode ser feito RX ou TC Achados: Padrão miliar - imagem do tipo reticulonodular difusa bilateralmente. Pouco comum. É impedido pela BCG. Adenomegalias hilares ou mediastinais associadas ou não a processo de condensação pulmonar. 21 Bia Yamashita Fonseca 2018 Na tuberculose pós primária (reinfecção) na infância, o padrão radiológico se assemelha ao de adulto. Lesões mais extensas, tendência a cavitação e com localização preferencial no terço superior. Prova tuierculínica - ppd A vacinação de BCG infuência no resultado Como é feita: Inueta ppd Aguardar 72 horas. Analisa o tamanho da pápula formada: • Não reator - abaixo de 5mm • Reator fraco - entre 5 - 9mm • Reator forte - acima de 10mm .Diainóstco por sistema de pontuação A OMS valoriza dados clínicos, radiológicos e epidemiológicos. Tópicos para investigar: • História clínica, história de contato e sintomas sugestivos de TBC • Exame clínico, com avaliação de crescimento 22 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Prova tuberculínica • Confrmacao bacteriologica, se possível • Investigar TBC extrapulmonar• Exame de HIV (áreas de alta incidência) Fatores de risco • Contato intradomiciliar • Idade inferior a 5 anos • Infecção pelo hiv • Desnutrição grave Segundo o Guidance For National Tuberculosis Programmes On The Management Of Childhood Tuberculosis In Children, o achado de, pelo menos, três dos seguintes elementos permite diagnóstico de TBC na infância: • Sintomas crônicos sugestivos de tuberculose • Exame fsico • Prova tuberculínica positiva • Rx de tórax sugestiva de tb Sistema de pontos Em 2002 o ministério da saúde adotou o sistemas de pontuação descrito na tabela. 23 Bia Yamashita Fonseca 2018 Esse quadro destina-se a primeira abordagem a criança que é levada a consulta com quadro infeccioso de evolução lenta. Geralmente trata-se de pneumonia de evolução lenta, febre de origem desconhecida ou suspeita de TBC. Caso não seua possível se chegar a um diagnóstico por meio do quadro, a realizar de exames. Tratamento Quimioterapia padronizada R (rifampicina), H (isoniazida), Z (pirazinamida), E (etambutol) O tratamento de curta duração foi instituído no brasil desde a década de 1980, tendo boa tolerância às drogas nas crianças. O esquema básico para adolescentes (indivíduos com 10 anos ou mais) e adultos é 2RHZE/4 RH. Já em crianças (com menos de 10 anos) é 2RHZ/4 RH. Aspectos operacionais O paciente pediátrico com TBC precisa ser internado, quando há: • Desnutrição grave • Meningoencefalite • Intolerância às drogas (como vômitos ou hepatotoxicidade) Proflaxia • Tratamento dos bacilíferos • BCG Diminui a ocorrência de formas graves da doençam (Meningoencefalite tuberculosa e da TBC miliar.) Deve ser administrada logo nos primeiros dias de vida, preferencialmente após o RN deixar a maternidade. • Quimioproflaxia ou tratamento da infecção latente (iltb) Administrar isoniazida no sentido de deter a progressão da primoinfecção por TBC. Assim, o infectado não passaria a ser doente. • Controle de contatos Todas as pessoas que tenham convívio próximo com o indivíduo infectado devem ser investigadas. Na criança, recomenda-se PPD e RX. Lembrar que as crianças não são bacilíferas se menores de 10 anos. 24 Bia Yamashita Fonseca 2018 Crise Asmátca Anamnese Há quanto tempo iniciou com os sintomas? (chieira e/ou tosse e/ou cansaço); Apresenta febre associada? Há quantos dias? Está apresentando outros sintomas como vômitos, diarréia, secreção nasal, espirros, etc? Quais medicações está usando? (verifcar dose e intervalo) Faz controle médico? Onde? Usa “bombinhas”? Quais? Quando foi a última crise? O que usou? (perguntar sobre uso de corticóide oral) Já esteve internado? Quando? Apresenta outra(s) doença(s)? Apresenta história familiar para asma ou atopia? Exame Físico Temperatura axilar Frequência Respiratória Frequência Cardíaca PFE Estado de consciência / Prostração Estado geral Hidratação Exame Físico Cianose Palidez Orofaringe Otoscopia AR: Intensidade do esforço respiratório Ausculta: MV alterado? Sibilos, crepitações, roncos? ACV: Arritmia? Sopros? Pulsos periféricos fnos? Medidas ierais no paciente com difculdade respiratória • Oxigênio O oxigênio deve ser administrado a todo o paciente com hipoxemia. Como regra geral, a saturação deve ser mantida acima de 93%, porém todo paciente com sibilância e difculdade respiratória que chega a uma sala de emergência ou unidade de terapia intensiva deve receber suplementação de oxigênio. • Hidratação Alguns poucos pacientes com asma aguda grave apresentam-se desidratados em razão de vômitos, febre, recusa alimentar e aumento das perdas insensíveis decorrentes da 25 Bia Yamashita Fonseca 2018 taquipnéia. Nesses casos, é comum a infusão de soro glicosado 5% ou soro glicofsiológico, numa velocidade de infusão de 10 a 20 ml/kg/h, conforme o grau de desidratação e perdas, o qual é administrado por período de uma a quatro horas, seguido de uma fuidoterapia de manutenção para suplementação da ingesta oral e para manutenção do acesso para as medicações. No esquema de hidratação, incluir suplementação de potássio uma vez que o uso continuado de broncodilatadores e corticóides está associado a hipopotassemia. A maioria das crianças com asma aguda severa que chega à sala de emergência não necessita instalação de acesso venoso. Em geral, elas encontram-se hidratadas adequadamente e podem receber medicações por via inalatória ou oral, com vantagens iguais à via endovenosa. Medicamentos usados em asma aiuda severa • Broncodilatadores inalatórios Os ß2 agonistas constituem-se na primeira linha de tratamento nos pacientes com asma aguda grave. Os broncodilatadores inalatórios mais utilizados são o salbutamol e o fenoterol. A dose recomendada de Salbutamol é de 0,15 mg/kg/dose (0,03 ml/kg/ dose até o máximo de 5 mg/dose ou 20 gotas), diluídos em 4 ml de soro fsiológico, com fuxo de oxigênio de 6 a 8 l/ min, podendo ser administrados até a cada 20 minutos. Tem sido utilizada também a nebulização com volumes fxos de Salbutamol: pacientes de até 10kg utilizariam 0,25 ml; pacientes com 10 a 20 kg, 0,5 ml; e acima de 20 kg, 0,75 ml, até uma dose máxima de 1,0 ml em pacientes maiores. Recomenda-se a administração do broncodilatador com oxigênio sempre que o intervalo das nebulizações for menor do que 3 horas, devido ao risco de indução de vasodilatação maior do que broncodilatação, resultando em desequilíbrio na ventilação-perfusão e piora da hipóxia. • Corticóides É fundamental entender que a obstrução da via aérea que ocorre na asma é causada não somente pelo espasmo da musculatura lisa brônquica mas também por edema da mucosa, acúmulo de secreção e infamação da via aérea. Portanto, corticóides sistêmicos são mandatórios em toda criança com episódio agudo grave, especialmente em pacientes que apresentam discreta resposta inicial ao broncodilatador ou com uso prévio de corticóides em crise de asma. 26 Bia Yamashita Fonseca 2018 Essas medicações potencializam a ação broncodilatadora dos beta-agonistas 4 a 6 horas após a sua administração, e apresentam ação específca em vários mediadores envolvidos no processo infamatório da asma. Além disso, diminuem a permeabilidade vascular e a produção de muco. Dependendo da situação, o corticóide sistêmico pode ser administrado por via oral (prednisona ou prednisolona 1-2 mg/kg/dia) ou intravenosa (hidrocortisona 4-6 mg/kg ou metilprednisolona 1-2 mg/kg a cada 4-6 horas). A via oral sempre deve ser a preferencial, uma vez que não existe diferença em termos de efcácia ou rapidez de ação, quando comparada com a via parenteral. Toda a criança que chega à sala de emergência e tem diagnóstico de asma aguda severa deve receber corticóide por via oral e manter esse tratamento por 3-7 dias, independentemente da resposta clínica inicial. • Brometo de Ipatrópio O brometo de ipatrópio é um derivado atropínico aprovado para uso como broncodilatador. O início de ação é relativamente longo (~ 20 min), e o efeito máximo ocorre em 60 min. Quando usado isoladamente a sua ação broncodilatadora é fraca, por isso recomenda-se a sua associação com os simpaticomiméticos a cada 4 horas na asma aguda grave ou até a cada hora em alguns casos. A dose recomendada é de 125 a 250 µg/dose em crianças abaixo de quatro anos e 250 a 500µg em crianças acima de quatro anos ou 5-7 µg/kg (1 ml da solução tem 250 µg). A associação de brometo de ipatrópio está indicada naquelas situações em que a resposta aos simpaticomiméticos associados a corticóides não for satisfatória. • Beta adrenérgicos endovenosos Estão indicados no tratamento de asma aguda grave quando a) há retenção progressiva de pCO2 (hipoventilação); b) não se observa melhora clínica com o tratamento conservador e há pouco aproveitamento com as nebulizações em razão do diminuto volume corrente; c) há sinais iminentes de fadiga respiratória que, se progredirem, levarão a exaustão e necessidade de ventilação mecânica. Existem três tipos de solução de beta adrenérgicospara infusão endovenosa: isoproterenol (mais antiga e com maior ação beta1), salbutamol e terbutalina. Como na maioria de outros centros, damos preferência ao emprego de salbutamol e à terbutalina por terem ação seletiva beta 2, causando menos taquicardia e fenômenos vasomotores. Todos os beta- adrenérgicos têm como um de seus paraefeitos a capacidade de produzir queda acentuada 27 Bia Yamashita Fonseca 2018 nos níveis séricos de potássio, que devem, então ser mantidos sob monitorização rigorosa. Outra preocupação, quando da utilização dessa terapêutica é a sua infuência sobre a freqüência e o ritmo cardíaco. Espera-se que, após a infusão inicial (dose de ataque), haua uma elevação da freqüência cardíaca de 10 a 15%, e, posteriormente, mesmo com aumentos progressivos da droga, essa freqüência cardíaca mantenha-se estável. À medida que vai ocorrendo a broncodilatação, há uma melhora do volume corrente, do volume minuto, da oxigenação, da diminuição do esforço respiratório e, conseqüentemente, de diminuição da taquicardia mesmo que ainda em uso de salbutamol ou terbutalina endovenoso. Esquema de tratamento PS 28 Bia Yamashita Fonseca 2018 29 Bia Yamashita Fonseca 2018 Distúriio Hidroeletrolítco Distúriios da áiua • Desidratação Depleção signifcativa da água do corpo e, em geral, de eletrólitos. Sinais e sintomas incluem sede, letargia, mucosa seca, oligúria e, à medida que o grau de desidratação progride, taquicardia, hipotensão e choque. Tipos de desidrataçãos Hipotônico Sódio sérico < 130 mEq/l. Perda maior de sódio. Gera gradiente osmótico com movimentação de água do espaço extracelular para o espaço intracelular, agravando o défcit extracelular e acentuando os sinais e sintomas da desidratação. Isotônica Sódio sérico entre 135 mEq/l e 150mEq/l. Há uma depleção de sódio e água, com uma perda proporcional à concentração do fuido extracelular. É o tipo mais freqüente de desidratação. Hipertônica Sódio sérico > 150 mEq/l. Perda maior de água. A maior tonicidade do meio extracelular leva à desidratação celular com graves sintomas secundários, principalmente ao comprometimento do sistema nervoso central. Etoloiias Trato GI, por meio de vômitos, diarreia ou de ambos (p. ex., gastrenterite). Mais Comum. Perdas renais (p. ex., cetoacidose diabética) Cutâneas (p. ex., sudorese abundante, queimaduras) Terceiro espaço (p. ex., para o interior do lúmen intestinal nos casos de obstruções). Atenção! Pode ser sinal de negligência. Sinais e Sintomass Variam conforme o grau de desidratação e da idade. Mais notáveis: Anúria Letargia Incapacidade de ingerir líquidos Olhos encovados Tratamentos Se desidratação leve, fazer reposição oral com líquidos usuais ou SRO. Se moderada, optar pelo SRO. Se grave, encaminhar ao hospital para reidratação venosa. • Fase de reparação ou expansão É a primeira fase do tratamento, obuetiva o restabelecimento rápido dos níveis normais de água e eletrólitos. As soluções isotônicas podem ser sempre empregadas, sendo o soro fsiológico a 30 Bia Yamashita Fonseca 2018 solução de eleição. Inicia-se a expansão com volume de 100ml/kg na velocidade de 50ml/kg/hora, reavaliando-se a criança ao fnal de cada hora. A velocidade poderá ser reduzida para 25ml/kg/h ou repetida na velocidade inicial de 50ml/kg/hora se os sinais de desidratação grave persistirem. A fase de reparação termina quando desaparecerem os sinais clínicos de desidratação e quando a criança apresentar duas micções com urina clara. • Fase de manutenção Essa fase tem por obuetivo repor as perdas fsiológicas normais de água e eletrólitos da criança. As quantidades de água, eletrólitos e glicose necessárias para a manutenção em 24 horas são estimadas em função da atividade metabólica provável, conforme a regra de Holliday. Como regra prática, uma vez calculado o volume de manutenção (100 ml/100 kcal/dia), as necessidades diárias basais de glicose, sódio e potássio serão fornecidas em uma solução de quatro partes de SG 10% e uma parte de SF, acrescida de 1 ml de KCl 19,1% para cada 100 kcal (1 ml de KCl 19,1% = 2,5 mEq de K). Distúriios do Sódio • Hiponatremias Caracterizada por Na+ sérico < 135 mEq/l, assume maior gravidade em situações em que os níveis de sódio encontram-se abaixo de 120 mEq/l, ocasião em que necessita de correção imediata e cuidadosa. Etoloiias • Hiperosmolar ◦ Hiperilicemia • Hiposmolar ◦ Hipovolêmicas Vômitos, hemorragias, Tiazídicos, Hipoaldosteronismo. ◦ Hipervolêmicas ICC, Cirrose. ◦ Normovolêmica SIAD (Síndrome da antidiurese inapropriada ou Síndrome da secreção inapropriada do ADH) • Pseudohiponatremia 31 Bia Yamashita Fonseca 2018 Nessas situações, o que ocorre é um artefato na dosagem do Na+, pois como há aumento do teor lipídico na amostra de sangue, há uma conseqüente redução na quantidade de sódio por unidade de volume, sem que haua excesso de água em relação ao soluto (a osmolaridade medida é normal) Sinais e Sintomas. Assintomática até que Na+ plasmático < 125 mEq/l. Quando há sintomas, o quadro é principalmente neurológico (leves alterações do estado mental, como incapacidade de concentração e sonolência.) Nos quadros mais graves podem ocorrer náuseas, vômitos, convulsões, alterações do estado mental, estupor e coma. De um modo geral, quando a instalação é aguda, predominam hiperexcitabilidade, irritabilidade, cãimbras e convulsões. Quando a instalação é insidiosa, predominam fraqueza, apatia, confusão, letargia, torpor e coma. Ocasionalmente, pacientes com hiponatremia crônica podem se apresentar assintomáticos. Tratamento. A hiponatremia assintomática (geralmente Na+ 125 a 135 mEq/l) não requer tratamento imediato com soluções de sódio, apenas correção da causa básica. Na presença de hipovolemia, deve-se realizar a reposição volêmica conforme indicado na seção Distúrbios da Água. Na hiponatremia hipervolêmica (presença de edema) ou normovolêmica por SSIHAD deve-se restringir o aporte de líquidos em 50 e 75% das necessidades basais e avaliar o uso criterioso de furosemida em alguns casos. Por outro lado, a hiponatremia grave (Na+ < 120 mEq/l ou sintomátca) é uma emergência médica, e o seu tratamento deve ser imediato. Calcula-se inicialmente a quantidade de Na+ a ser administrada, através da fórmula: [Na+ (mEq) = (Na+ deseuado - Na+ atual) x peso x 0,6] Recomenda-se para todos os casos não se elevar os níveis de Na+ mais que 12 mEq/l nas primeiras 24 horas. • Hipernatremias Na+ sérico >145 mEq/l, costuma assumir maior gravidade quando os níveis de Na+ ultrapassam 150 a 155 mEq/l, com grande potencial de mortalidade e risco de seqüelas. Etoloiias Incapacidade de pedir líquidos. Diabetes insipidus. Sinais e Sintomas. Cefaleia, vômitos, convulsões, sonolência, torpor, coma. Tratamento. Fornecer água potável (via oral ou enteral). Soro glicosado 5% ou salina 0,45% (IV) Reduzir o Na em 10 mEq/L nas primeiras 24 horas. 32 Bia Yamashita Fonseca 2018 Pacientes com hipernatremia a mais de 48 horas ou em caso de dúvidas sobre o período de instalação do quadro, essa reposição não deve ultrapassar a metade do défcit calculado nas primeiras 24 horas, face ao risco de edema cerebral e deterioração do quadro neurológico associado a reposições rápidas Distúriios do potássio • Hipopotassemias Caracterizada por K+ <3,5 mEq/l Etoloiias Perda de K urinárias ◦ Hiperaldosteronismo ◦ Alcalose Vômitos também podem levar à hipocalemia. • Entrada de K na célula ◦ Insulina ◦ Adrenalina ◦ Beta 2 agonista Atentar aos pacientes diabéticos e asmáticos. Sinais e Sintomas. Fraqueza muscular, Arritmias. Tratamento. Repor potássio Via oral em média 90 mg por quilo de peso Se grave sintomático: ◦ Manter oral se condições ◦ Fazer IV: Salina 0,45% 210 ml + Kcl 10% 40 ml. Correr em 4 horas. Não usar soro glicosado. Não fazer rápido, pode fazer arritmia. • Hiperpotassemias Caracterizada por K+ > 5 mEq/l Etoloiias Saída de K na célula: Rabdomiólise/ Síndrome da lise tumoral/AcidoseRetenção de K pelo Rim: Insufciência renal/Hipoaldosteronismo/IECA e espironolactona Sinais e Sintomas. Fraqueza muscular, Manifestações cardíacas. Tratamento. 33 Bia Yamashita Fonseca 2018 1ª Medida: reposição rápida de Ca (Gluconato de cálcio), para proteção cardíaca por estabilização da membrana. 2ª Medida: Abaixar os níveis de K+. Glicoinsulinoterapia/Bicarbonato de Sódio (mais utilizado se acidose concomitante)/Beta 2 agonista inalatório 3ª medida: Manutenção ◦ Diurético de alça ◦ Poliestirenossulfonato de cálcio (SorCal™) O potássio ingerido é completamente absorvido, por isso deve-se manter a medicação. Distúriios do Cálcio • Hipocalcemias Níveis séricos de cálcio < 7 mg/dl, muitas vezes é assintomática, porque o cálcio iônico (fração que participa dos mecanismos neuromusculares) pode estar normal apesar do cálcio total baixo. Etoloiia Hipoparatireoidismo Sinais e Sintomas Predominam as manifestações neuromusculares, podendo-se observar abalos, tremores, espasmos musculares, clônus, fasciculações e convulsões, principalmente em recém-nascidos, até manifestações cardiovasculares como hipotensão, bradicardia, bloqueio e arritmias. Em crianças maiores pode-se observar tetania e os sinais clássicos de Trosseau e Chevostek. Tratamento. Nos casos sintomáticos, o tratamento deve ser feito por via venosa, com 200 mg/kg de gluconato de cálcio a 10 % (2 ml/kg) em infusão lenta, não se ultrapassando a velocidade de 50 mg/kg/min, pelo risco de bradiarritmias (suspender a infusão se FC < 80 bpm). Nos casos assintomáticos, deve-se aumentar o aporte de cálcio para 400-800 mg/kg/dia de gluconato de cálcio durante 3 a 4 dias, até a correção da hipocalcemia. Lembrar que a hipomagnesemia ou hiperfosfatemia concomitantes precisam também ser corrigidas para que se possa controlar a hipocalcemia. • Hipercalcemias Caracterizada por cálcio >11 mg/dl. 34 Bia Yamashita Fonseca 2018 Etoloiia Hiperparatireoidismo primário Sinais e Sintomas. Associados a alterações do estado mental (letargia, psicose), fraqueza muscular e arrefexia profunda, redução da peristalse e constipação, além de arritmias cardíacas. O ECG mostra encurtamento do intervalo QT. Tratamento. Tratar casos com cálcio >13 mg/dl (sintomáticos ou não) e de todos os sintomáticos (independentemente do nível sérico), deve obuetivar a redução dos níveis de cálcio através da diminuição do aporte; do aumento da excreção renal, utilizando-se soro fsiológico (20 ml/kg associado à furosemida, 1 mg/kg/dose de 6/6 h); da redução da mobilização do cálcio ósseo e da redução da absorção intestinal, além do tratamento da causa básica. Distúriios do Mainésio • Hipomainesemias Etoloiias. Diarreia, pancreatite, DM.,hiperaldosteronismo. Sinais e Sintomas. Náuseas, vômitos, letargia, fraqueza, espasticidade, hiperrefexia, tetania (sinais de Trousseau e Chevosteck), manifestações neurológicas (confusão, psicose, depressão, delírios, apnéia e coma), assim como arritmias cardíacas, em geral graves (taquicardia ventricular, fbrilação ventricular e atrial, torsades de pointes). As alterações do ECG incluem prolongamento do intervalo PR e QT, onda T achatada e invertida, depressão do segmento ST e alargamento do QRS. Tratamento. Nos assintomáticos se faz pela reposição oral ou aumento do aporte venoso, e, nos casos sintomáticos, administrando-se 0,25 mEq/kg IM, a cada 6 horas ou 1 mEq/kg EV em 24 horas. Na presença de fbrilação ventricular ou torsade de pointes, utiliza-se o sulfato de magnésio a 50% (0,05 a 0,1 ml/kg, equivalentes a 2,5 a 5 mg/kg) por via venosa em 1 minuto. Em caso de outras arritmias ventriculares, tetania ou convulsões, usar a mesma dose em 30 minutos. Pesquisar sempre associação com hipocalcemia, hipopotassemia e hipofosfatemia e corrigir esses défcits específcos • Hipermainesemias Etoloiias. HIpoaldosteronismo,Iatrogênica: administração excessiva de magnésio exógeno; Renal: a oligúria ou anúria Sinais e Sintomas. Quadro clínico tem relação com os níveis de magnésio, podendo-se observar náuseas (4-8 mEq/l), 35 Bia Yamashita Fonseca 2018 sonolência, hipoventilação, hiporrefexia, fraqueza muscular (15-30 mEq/l), hipotensão, bradicardia, vasodilatação difusa (20-40mEq/l), arrefexia, coma e parada respiratória (40- 60mEq/l). As alterações do ECG são o prolongamento do espaço PR, alargamento do QRS, aumento de amplitude da onda T, bloqueio AV e parada cardíaca Tratamento. Tratada com a restrição ou supressão do aporte de magnésio, reposição com soro fsiológico e furosemida (aumenta a excreção de Mg++), gluconato de cálcio EV (200 mg/kg) e diálise nos casos graves, podendo-se em recém-nascidos, optar pela exsangüíneotransfusão. Distúriio Ácido-Básico Gasometria arterial • Valores de referência Ph= 7,35 – 7,45 Pco2 = 35 - 45 mmHg Hco3 act = 22- 26 mEq/L (considerar 24) Hco3 std = 22 – 26 mEq/L (Usar o standard se os dois estiverem divergindo. É calculado a partir do pCO2 normal, elimina chance de interferência pelo Hco3) BB ecf= 48 mEq/L BE ecf= -3 - +3 (mEq/L) (Mede o excesso ou a falta de base, em relação ao BB) A partir do BB e do BE, é possível estabelecer se o distúrbio aconteceu há mais ou menos de 48 horas, uma vez que eles só se alteram tardiamente. Quando ph for normal, considerar duas hipóteses: • Normalidade • Distúrbio misto (acidose respiratória + alcalose metabólica ou vice-versa)u seua, diferenciam Agudo e crônico. 36 Bia Yamashita Fonseca 2018 Acidose Metabólica Causas Principais • Cetoacidose diabética (acúmulo de cetoácidos) • Medicamentos e substâncias, tais como acetazolamida, álcool e aspirina • Acidose lática (acúmulo de ácido lático que ocorre como resultado de choque ou uso de determinados medicamentos) • Perda de bases, tais como bicarbonato, através do trato digestivo, decorrente de diarreia ou ileostomia • Doença renal grave • Venenos, tais como etilenoglicol e metanol • Acidose tubular renal (uma forma de disfunção renal Sintomas de acidose Na acidose metabólica leve, as pessoas podem não apresentar sintomas, mas normalmente têm: • Náusea • Vômitos • Fadiga A respiração se torna mais profunda e um pouco mais rápida (quando o corpo tenta corrigir a acidose exalando mais dióxido de carbono). À medida que a acidose se agrava, a pessoa começa a se sentir extremamente fraca e sonolenta e pode se sentir confusa e com náusea. Em casos graves, problemas cardíacos podem se desenvolver e a pressão arterial pode cair, levando ao choque, coma e morte. Tratamento Na acidose metabólica, o tratamento depende principalmente da causa. Por exemplo, pode ser necessário tratamento para controlar o diabetes com insulina ou para eliminar substâncias tóxicas do sangue em caso de intoxicação. Algumas vezes, líquidos com bicarbonato são administrados por via intravenosa Alcalose Metaiólica Causas principais • Perda de ácido devido a vômito ou drenagem do estômago 37 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Glândula suprarrenal hiperativa (devido a síndrome de Cushing e alguns tumores suprarrenais) • Uso de diuréticos (por exemplo, tiazidas, furosemida, ácido etacrínico) Sintomas de alcalose A alcalose pode causar: • Irritabilidade • Contração muscular e cãibras • Formigamento nos dedos das mãos e dos pés e ao redor dos lábios Formigamento (parestesias) é uma queixa comum na hiperventilação devido à ansiedade. Às vezes, a alcalose não provoca nenhum sintoma. Se a alcalose for grave, espasmos musculares dolorosos (tetania) podem se desenvolver. Tratamento Na alcalose metabólica, a reposição de água e eletrólitos (sódio e potássio) enquanto tratam a causa. Raramente, quando a alcalose metabólica é muito grave, administra-se ácido diluído por via intravenosa. Acidose Respiratória Causas principais • Distúrbios pulmonares, tais como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC, que inclui enfsema e bronquite crônica), asma grave, pneumonia ou edema pulmonar • Distúrbios respiratórios do sono (por exemplo, apneia do sono) • Distúrbios dosnervos ou músculos do tórax que preuudicam a respiração, tais como síndrome de Guillain-Barré ou esclerose lateral amiotrófca • Superdosagem de medicamentos tais como álcool, opioides e sedativos fortes Sintomas: • Dor de cabeça • Sonolência Sonolência pode progredir para estupor e coma, uma vez que o oxigênio no sangue se torna inadequado. A sonolência e o coma podem evoluir em pouco tempo se a respiração for interrompida ou gravemente preuudicada ou em horas se a respiração for preuudicada menos signifcativamente. 38 Bia Yamashita Fonseca 2018 Tratamento: Na acidose respiratória, o tratamento auuda a aprimorar o funcionamento dos pulmões. Os medicamentos que abrem as vias aéreas (broncodilatadores, como albuterol) podem auudar as pessoas que têm doenças pulmonares, tais como asma e enfsema. A sedação devido a medicamentos e outras substâncias pode, às vezes, ser revertida por antdotos. As pessoas que têm funcionamento pulmonar ou respiração gravemente comprometidos, por qualquer motivo que seua, podem necessitar de ventilação mecânica para auxiliar a respiração. A acidose grave pode também ser tratada diretamente quando a mesma não responde a esforços para tratar a causa. Em tais casos, o bicarbonato pode ser administrado por via intravenosa. Contudo, o bicarbonato proporciona apenas alívio temporário e pode se tornar nocivo — por exemplo, ao sobrecarregar o corpo com sódio e água. Alcalose Respiratória Quando a alcalose respiratória é provocada por ansiedade ou um ataque de pânico, um esforço consciente para relaxar e diminuir a respiração pode fazer com que o quadro clínico desapareça. O reconforto e apoio emocional podem auudar, e respirar em um saco de papel (não de plástico) pode auudar a aumentar a concentração de dióxido de carbono no sangue, visto que a pessoa inspira novamente o dióxido de carbono anteriormente expirado. Causas principais • Ansiedade ou ataques de pânico • Superdosagem de aspirina (estágios iniciais) • Febre ou infecção • Baixos níveis de oxigênio no sangue • Dor Sintomas: Estão relacionados à diminuição dos níveis sanguíneos de dióxido de carbono, e incluem: • Dormência de mãos e pés (parestesia periférica); • Confusão mental; • Mais ansiedade; • Tontura. Além disso, a alcalose pode desestabilizar o balanço do cálcio iônico, e causar sintomas de hipocalcemia (como tetania e desmaios) sem queda nos níveis séricos totais de cálcio. 39 Bia Yamashita Fonseca 2018 Tratamento: Na alcalose respiratória, a primeira etapa é garantir que a pessoa tenha oxigênio sufciente. O médico, então, procura uma causa séria, como uma infecção. Se a dor estiver fazendo com que a pessoa respire rapidamente, o alívio da dor normalmente é sufciente. Paralisia Cereiral A PC é a alteração motora mais comum em crianças, cerca de 1 a 2 crianças de cada 1000 nascidas, sendo mais comuns entre: • Bebês prematuros • Crianças com peso menor que 1,5 kg ao nascer • Problemas durante o estado gestacional • Doenças que causem anormalidades no fuxo sanguíneo da placenta ou útero. Causas: • Mal formações genéticas • Traumatismo craniano, prematuridade • Infecções como meningite, sepse e encefalite • Doenças como rubéola, síflis, aids, toxoplasmose • Consumo de drogas como o álcool, cigarros e outras drogas durante a gestação Indivíduos com PC têm como prevalente aspecto o comprometimento motor, com repercussão no seu desempenho funcional. Há quatro tipos básicos de paralisia cerebral: • Espástica — caracterizada por movimentos duros e difceis, • Discinética ou atetóide — onde são comuns movimentos involuntários e descontrolados; • Atáxica — cuua a Coordenação e equilíbrio são debilitados; • Mista — Além do distúrbio motor, obrigatório para a determinação de uma paralisia cerebral, o quadro clínico pode incluir também outras manifestações. Sintomas Os sintomas da PC se diferenciam em cada indivíduo devido a região cerebral envolvida com a lesão, dentre os mais comuns estão o retardo mental, fraqueza muscular generalizada, difculdade respiratória, transtorno de humor, problemas com linguagem e no desenvolvimento motor. O diagnóstico da paralisia cerebral pode ser feito pelo médico após realizar exames fsicos e de 40 Bia Yamashita Fonseca 2018 imagem que comprovam a condição do indivíduo. Tratamento Um dos tratamentos possíveis é a fsioterapia visto que esta auuda na melhora postural da criança, no tônus muscular e na função respiratória e geralmente auudam no quadro geral O tratamento farmacológico é basicamente feito por medicamentos anticonvulsivantes, medicamentos para controle de distúrbios afetivos e controle da agitação decorrente da Defciência mental. Prevenção Como as causas da PC são geralmente indefnidas, a prevenção se torna difcil de realizar. Apesar das difculdades é aconselhado o acompanhamento pré natal, desde a primeira semana de gestação. Pesquisas são necessárias para elucidar as diversas causas de PC, facilitando futuramente o desenvolvimento de métodos preventivos. PTI Púrpura trombocitopênica idiopática ou rombocitopenia imune (PTI) é a principal causa de trombocitopenia na infância, sendo um diagnóstico de exclusão e eminentemente clínico. Incidência 3-8 casos por 100.000 crianças/ano, sendo o pico entre 2 e 5 anos de idade e um leve predomínio no sexo masculino. Classifcação: • Quanto ao tipo: ◦ Primária Plaquetopenia isolada (contagem de plaquetas periférica < 100 x 109/l), sem identifcação de fator precipitante. Apesar de ser de etiologia desconhecida, alguns fatores, como mutações gênicas, drogas ou doenças infecciosas podem afetar o fenótipo da doença. ◦ Secundária • Quanto ao tempo: ◦ PTI aguda (plaquetopenia por até 3 meses) ◦ PTI persistente (plaquetopenia por 3-12 meses) ◦ PTI crônica (plaquetopenia por mais de 12 meses) Diainóstco 41 Bia Yamashita Fonseca 2018 Exclusão e eminentemente clínico. Assim sendo, antes de se afrmar o diagnóstico de PTI devem ser descartadas causas secundárias de púrpuras agudas, como infecções bacterianas ou virais, neoplasias hematológicas, disfunções medulares e colagenoses. Diagnóstico laboratorial Hemograma P < 100 000mm³ (ausência de outras alterações) Contagem de reticulocitos : se Síndrome de Evans (AHAI) Avaliação do esfregaço do SP: número e forma Mielograma : hiperplasia de megacariocitos (alguns casos – não ação dos autoanticorpos) coombs direto (sd Evans) sorologia: h. Pylori, hcv (hbv?), HIV Teste para detecção de ac. Anti -gp: não de rotina Ac. Antifosfolipídeos, ac. Antinuclear, ac. Antitireóide e função tireoideana PCR para CMV e parvovírus TS prolongado, prova do laço positiva, testes de coagulação normais. Fisiopatologia Doença autoimune caracterizada pela destruição imunológica e pela supressão da produção das plaquetas resultando em trombocitopenia e pre disposição ao sangramento . A enfermidade afeta uma em cada 10 mil pessoas e incide mais nas mulheres em idade fértil do que nos homens. Crianças podem apresentar uma forma aguda e autolimitada de PTI, em geral decorrente de um quadro infeccioso viral. Por aumento da destruição das plaquetas e por redução da produção das plaquetas linfócitos b : produção de auto-anticorpos (igg) contra proteínas da membrana das plaquetas e dos megacariocitos e produção de il2 e tnf α linfócitos t: efeitos citotóxicos e outros trombopoetina (tpo): frequentemente está baixa na PTI 42 Bia Yamashita Fonseca 2018 Res umindo : tem-se destruição periférica de plaquetas, diminuição na produção na MO e diminuição de trombo poetina. Sintomas Os sintomas surgem quando a queda do número de plaquetas compromete o processo de coagulação do sangue a ponto de provocar sangramentos. Os mais tpicos são os sangramentos que se localizam na pele ou nas mucosas sob a forma de petéquias (manchas puntiformes) ou equimoses (manchas maiores). Podem ocorrer também sangramentos nasais (epistaxes), nas gengivas, gastrintestinais e no trato urinário.A ocorrência de edemas, dor nas pernas e hemorragias menstruais são mais difceis de controlar. A intensidade dos sintomas varia muito de um paciente para outro. Em alguns casos, eles podem ser assintomáticos e dispensam tratamento. Tratamento Na infância, pode ocorrer remissão espontânea da doença, o que raramente acontece na vida adulta. Tratar se: • Sintomatologia: sangramentos + cp < 20- 30 000/mm³ Associado ou não às variáveis : idade/sexo, ocupação/atividades, c o mo r bid ade s/tr atamento , gestação e outr os Obuetivos : Prevenção de sangramento: alcançar uma cp que este ua associada a adequada hemo stasia > 30000/mm³ Cura: > 100 000/mm³ Tratamentos específcos Redução da produção de IgG: corticosteróide, azotioprina, ciclofosfamida, rituximabe, ciclosporina Remoção do sitio de destruição : esplenectomia Redução da destruição mediada pelos receptores fc: corticosteróide, ivig, danazol, anti-d aumento na produção das plaquetas: agonistas da tpo Tratamento da pti em crianças e adolescentes Sem sangramento ou sangramento moderado (petéquias, equimoses) independente da cp : somente observação. Atentar à quedas. • Sangramento mais grave e /ou outros (1ª linha ): 43 Bia Yamashita Fonseca 2018 ◦ Prednisona: período curto ◦ Imunoglobulina (ivig): 1 dose • Não respondedores (2ª l inha ): ◦ Rituximabe ( anti-c d c 20) – ação nos linfócitos b ◦ Dexametazona em altas doses ◦ Esplenectomia: com PTI persistente ou crônica, com sangramentos signifcativos ou persistentes e não responsivos ou intolerantes a outras terapias. Deve ser retardada por pelo menos 12 meses (potencial risco de infecção e morte) Tratamento da PTI em adultos Cp < 30000mm³ (1ª linha) • Prednisona (tratamento de escolha): 80% de resposta inicial *1-2 mg/kg/dia : resposta em 4 – 6 meses - redução lenta e gradual (> recai em 6 meses). O adulto até responde, mas depois sem corticóide, cai de novo . • Prednisona e ivig: aumento rápido da cp (também perde efeito depois de um tempo) Não respondedores ou que recaem ou dependentes de corticóide (2ª linha ) • Esplenectomia: 70% de resposta a longo prazo (esc o lha. Esplenectomia: vacinar o pac iente 15 dias antes para pneumococcus, meningococcus e infuenza e 10 anos depois vacina de novo. • Rituximabe • Agonistas dos receptores da trombopoetina (tras): eltrombopag e romiplostim Terceira linha: isolados ou em combinação para pacientes que não responderam a tratamentos de 1ª ou 2ª linha Azotioprina/Ciclosporina/Ciclofosfamida/Danasol/Dapsona/Vincristina Tratamento de emergência sangramento agudo em snc, tgi, intensa trombocitopenia (< 10000) – mortal idade (5%) • Internação • Corticóides em altas doses metilprednisolona: 1g iv 3 dias; após prednisona 2mg/kg/dia prednisona: 2mg /kg/dia ivig : concomitante: 0,5-1g/kg/dia (paciente muito grave) • Transfusão de plaquetas : 6-6 u 4 a 3 x/dia ( se houver sangramento descontrolado) • Plasmaférese : efcácia limitada (retirada do plasma do sangue) 44 Bia Yamashita Fonseca 2018 • Esplenectomia (ultimo caso ) Em geral, a púrpura trombocitopênica imunológica tem bom prognóstico, desde que devidamente tratada. Pneumonia As pneumonias são doenças infamatórias do TRI, em geral, com evolução aguda, que acomete alvéolos, árvore brônquica e interstcio. As Pneumonias estão entre as mais graves infecções do TRI e fazem parte das principais causas de morbidade e mortalidade na infância. Fatores de risco para a iravidade das Pneumonia na infância: • Baixa idade e condições socioeconômicas; • Baixa cobertura vacinal; • Convívio em aglomerações; • Baixo peso ao nascer; • Desmame precoce; • Desnutrição; • Exposição à fumaça de tabaco. Aspectos fsiopatolóiicos O aparelho respiratório é protegido por diversos mecanismos de defesa naturais (função mucociliar, refexo da tosse, fagocitose, anticorpos). A quebra dessa proteção (adquirida ou congênita) é importante para a aquisição da pneumonia. EX.: As IVAS virais assumem papel relevante nessa quebra de mecanismos de defesa. Quando isso ocorre, torna-se possível o acesso de bactérias nos alvéolos, geralmente pela aspiração de secreção da orofaringe, forma mais frequente de aquisição das Pneumonias. Etoloiia Pneumonia adquirida na comunidade: • Pneumonia no período neonatal; • Pneumonia no lactente e no pré-escolar; • Pneumonia no escolar e no adolescente. • Pneumonia nosocomial 45 Bia Yamashita Fonseca 2018 Mais frequentemente por vírus, sendo o VSR em quase todas faixas etária (exceção neonatos); S. pneumoniae, H. infuennae, S. aureus possuem um papel crítico como causa de pneumonias graves e de mortalidade por pneumonias; Etiologia da pneumonia varia com a idade. Pneumonia no período neonatal As bactérias são a causa mais frequente; No RN, a Pneumonia geralmente faz parte de um quadro de sepse decorrentes de ruptura prematura das membranas ou corioamnionite; Após 48 horas de vida, a prematuridade e uso de ventilação mecânica constituem importantes fatores de risco. • Streptococcus do grupo B (70%) • E. Coli Pneumonia no lactente e pré-escolar VSR é o principal agente; Entre os agentes bacterianos: Pneumococo; Entre 3 semanas e 3 meses podem ocorrer Pneumonia intersticiais causadas por Chlamydia trachomats, vírus respiratórios, Ureaplasma urealytcum. Pneumonia no escolar e no adolescente Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae são patógenos responsáveis por infecções com espectro variável de gravidade; Em países desenvolvidos, 33 a 50% das Pneumonia após a idade escolar, são causados por esses patógenos. Pneumonia nosocomial A Pneumonia Nosocomial é defnida como a infecção do trato respiratório inferior que ocorre 48 horas ou mais após a internação no hospital, desde que não esteua presente ou em incubação na admissão hospitalar. Fatores de risco: • Internação prolongada; • Internação em uti; • Intubação; • Queimaduras; • Pós-operatórios. O VSR é um agente comum; Em lactentes imunocompetentes: em geral não contraem quadro grave, mas há aumento considerável do tempo de hospitalização; Em lactentes imunocomprometidos: a infecção por VSR pode ser grave e evoluir para óbito; S. aureus e bactérias gram-negativas: importantes agentes de pneumonia intra-hospitalar. Diainóstco clínico 46 Bia Yamashita Fonseca 2018 Todas as crianças com tosse e/ou difculdade respiratória devem ser avaliadas considerando-se o diagnóstico de pneumonia. Quadro clínico geralmente composto por febre, tosse e taquipnéia; Sinal clínico de maior sensibilidade é taquipnéia. Taquipnéia: 0 a 2 meses - FR maior ou igual 60 ipm; 2 meses até 11 meses - FR maior ou igual 50 ipm; 1 ano a 4 anos - FR maior ou igual 40 ipm Crianças menores de 2 meses: taquipnéia e/ou tiragem subcostal = Pneumonia Crianças entre 2 meses e 5 anos: Taquipnéia = Pneumonia Taquipnéia + tiragem subcostal = Pneumonia GRAVE Diainóstco radiolóiico Confrma o diagnóstico clínico. Esclarece extensão do acometimento, presença de complicações como derrame pleural, abscessos, pneumatoceles e outros. Porém, não existe alterações radiológicas patognomônicas de determinados agentes etiológicos. Diainóstco etolóiico Desafo em virtude do grande número de agentes infecciosos e difculdade de obtenção de material de VA. Mesmo quando um agente é isolado, existe a necessidade de diferenciação entre colonização e patogenicidade. Porém, a etiologia da Pneumonia deve ser considerada pois baseia-se nela para indicação e o início da antibioticoterapia. MÉTODOS LABORATORIAIS Métodos microiiolóiicos • Lavado broncoalveolar • Aspirado traqueal: Fraca associação com a presença do agente em VAI. • Biópsia pulmonar: Alta positividade, altamente invasivo. • Punções aspirativas: Positividade em 60%, alto risco, não é utilizada • Líquido pleural: 50-70% de positividade • Hemocultura: Alta especifcidade, porém baixa positividade. 47 Bia