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67Revista e-saúdecasu
Estudo sobrE contaminaçao 
microbiana Em aparElhos cElularEs 
dE EnfErmEiros quE trabalham Em 
um cEntro dE assistência à saudE no 
lEstE dE minas GErais
STUDY ON MICROBIAL CONTAMINATION IN CELLULAR 
APPLIANCES OF NURSES WHO WORK AT A HEALTH CARE 
CENTER IN THE EAST OF MINAS GERAIS
fabiana rosalina dutras1, Kelle Gomes cruz1, Elsa fernandes da silva2
1 Curso de Farmácia do Centro Universitário de Caratinga, Caratinga/MG, Brasil
2 Curso de Medicina do Centro Universitário de Caratinga, Caratinga/MG, Brasil
resumo
Objetivo- Coletar e identificar possíveis microrganismos em aparelhos ce-
lulares de profissionais da saúde em ambiente hospitalar de um centro de 
assistência á saúde do leste de Minas Gerais Métodos - Os estudos foram re-
alizados no centro de assistência à saúde no inicio do mês de agosto de 2017. 
As amostras foram coletadas em 36 aparelhos celulares de profissionais da 
enfermagem. Esfregou-se swab estéril umedecido com salina na superfícies 
dos aparelhos, em seguida estes foram semeados no meio de cultura para 
crescimento, isolamento e coleta dos resultados. Resultados - Foi observa-
do expressivo crescimento bacteriano nas amostras coletadas nos 36 apare-
lhos de celulares. Houve crescimento e formação de colônias e predomínio 
nas mesmas bordas amarelas indicando a presença de bactéria Staphilococ-
cus aureus em todas as amostras coletadas. O caldo contendo bactérias foi 
semeado em outros meios e realizados outras provas e testes neles foram 
identificados também E coli e coliformes fecais. Conclusão-Em virtude dos 
resultados apresentados concluímos que os aparelhos celulares podem ser 
veículos de contaminação aos seus usuários principalmente em ambiente 
hospitalar. Uma maneira de reduzir as contaminações bacterianas nos celu-
lares poderia ser o uso frequentes de soluções germicidas como álcool 70% 
para descontaminação dos mesmos e a higienização das mãos antes de ma-
nuseá-los.
Palavras-chave: contaminação, microrganismos, celulares.
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abstract
Objective -To collect and identify possible microorganisms in the cellular 
devices of health professionals in a hospital environment of a healthcare cen-
ter in the east of Minas Gerais. Methods - The studies were performed at the 
health care center at the beginning of August 2017. The samples were collec-
ted in 36 mobile devices of nursing professionals. Sterile swab was moiste-
ned with saline on the surfaces of the apparatus, then these were seeded into 
the culture medium for growth, isolation and collection of the results. Results 
- Significant bacterial growth was observed in the samples collected in the 36 
cell phones. There was growth and formation of colonies and predominance 
in the same yellow borders indicating the presence of Staphilococcus aureus 
bacteria in all collected samples. The broth containing bacteria was seeded 
in other media and other tests and tests performed on them were also iden-
tified E coli and fecal coliforms. Conclusion-Based on the results presented, 
we conclude that the cellular devices can be vehicles of contamination to 
its users mainly in hospital environment. One way to reduce bacterial con-
tamination in cell phones could be the frequent use of germicidal solutions 
such as 70% alcohol for decontamination of the same and the hygiene of the 
hands before handling them.
Keywords: contamination, microorganisms, cellular.
introdução
Aparentemente inofensivos, 
os aparelhos celulares estão entre 
os objetos de uso pessoal com alto 
nível de contaminação. Assim como 
as maçanetas das portas, xícaras e 
moedas. O fato dos telefones ce-
lulares serem objetos pequenos, 
portáteis, facilmente carregados em 
bolsas ou bolsos e, pelo modo de 
usá-lo fica em contato próximo com 
nosso rosto, estes expõe várias par-
tes do nosso corpo à contaminação.
A superfície dos celulares 
proporciona um ambiente oportu-
no para o crescimento de diversas 
espécies microbianas que proli-
feram a partir de resíduos e subs-
tâncias graxas das mãos. Todos os 
ambientes estão suscetíveis à conta-
minação de microrganismos em fô-
mites, estando relacionados com a 
higiene do local, sendo assim, obje-
tos que estão em contato com várias 
pessoas podem possibilitar a conta-
minação de superfície e causar in-
fecções em organismos debilitados 
.Os microrganismos são, geralmen-
te, causadores de diversas patolo-
gias graves em uma ampla gama de 
infecções. Num ambiente hospitalar 
os aparelhos celulares também são 
utilizados com frequência e se não 
forem bem higienizados e utilizados 
com moderação podem ser veícu-
los de microrganismos indesejáveis.
O Staphylococcus aureus é 
uma das espécies bacteriana mais 
comuns, e é a mais virulenta do seu 
gênero. A disseminação endógena 
desta bactéria é a mais corriqueira, 
sendo responsável por muitas das 
infecções adquiridas no hospital, re-
69Revista e-saúdecasu
sultado da presença de Staphilococ-
cus na pele e na nasofaringe de 15% 
dos indivíduos saudáveis.
O S. aureus é classificado 
como uma bactéria altamente pa-
togênica, embora esteja presente 
como parte da microbiota da maio-
ria dos indivíduos. É causador de 
diversos gêneros de infecções, tais 
como endocardites, pneumonias, 
septicemias entre outras. Pode ser 
encontrado em diversos sítios ana-
tômicos, sendo os principais a cavi-
dade nasal e as mãos. 
Tal bactéria, além de ser uma 
das causas mais comuns de infec-
ções nosocomiais, pode, ainda, 
evidenciar resistência aos antimi-
crobianos; o fenômeno pode ser 
mediado por plasmídeos ou codi-
ficado cromossomicamente. Para o 
S. aureus, são três os mecanismos 
de resistência a meticilina: modifi-
cações na capacidade de ligação 
às proteínas ligadoras de penicilina 
(protein binding penicilin – PBP), 
hiperprodução de betalactamases 
e produção de uma PBP alterada 
denominada PBP2a, codificada 
cromossomicamente pelo gene 
mecA. Estes isolados são chamados 
de S. aureus meticilina resistentes 
(MRSA). 10 Fatores como internação 
em unidades de terapia intensiva 
(UTIs), hospitalização prolongada, 
procedimentos invasivos e exposi-
ção repetida a antibióticos propi-
ciam o contato com o agente. 
A presença de determina-
dos microorganismos em aparelhos 
celulares pode indicar condições 
higiênico sanitárias insatisfatórias, 
representando, também, uma im-
portante fonte de transmissão de 
enfermidades. Frente a isso, o pre-
sente trabalho tem o propósito de 
analisar a presença de microrganis-
mos nos aparelhos celulares dos 
enfermeiros, por ser um objeto que 
proporciona, de forma facilitada, a 
transmissão de tal agente infeccioso.
métodos
Esta é uma pesquisa explo-
ratória transversal realizada num 
centro de assistência a saúde numa 
cidade do interior de Minas Gerais 
Este estudo contou com participa-
ção de 36 profissionais da enferma-
gem incluindo enfermeiros, técni-
cos e auxiliares.
As amostras dos celulares fo-
ram coletadas através de Swab estéril 
umedecido com salina também esté-
ril através de movimentos circulares. 
Em seguida, o swab foi colocado em 
um tubo estéril, devidamente identi-
ficado contendo meio de crescimen-
to tioglicolato e, levado ao laborató-
rio de analises clinicas onde foram 
incubados a 35ºC por 24 horas. Após 
período de incubação as amostras 
foram semeadas em meio de Agar 
sangue, seguindo-se a incubação 
em estufa bacteriológica por 24 a 48 
horas. Depois de observado o cresci-
mento bacteriano, as mesmas foram 
submetidas à coloração de Gram, 
prova da catalase, coagulase, cresci-
mento em Agar Manitol salgado
Deste modo foi possível cons-
tatar a presença de S. aureus nos ce-
lulares avaliados .Também a amostra 
foi inoculada no meio de identifica-
ção Rugai também conhecido como 
IAL, para verificar presença de Esche-
richia coli. Também a amostra foi co-
locada no meio Ágar MacConkey, 
a leitura realizada 24 horas após a 
semeadura.para quantificação de 
colônias de coliformes fecais.
70Revista e-saúdecasu
resultados
Foram coletadasamostras 
dos celulares dos profissionais da en-
fermagem e das 36 amostras (100%), 
todas apresentaram colonização 
por estafilococos. Após a análise de 
Gram e catalase foi realizada a prova 
da coagulase e leitura do crescimen-
to em manitol salgado para todas as 
amostras. Verificou-se que em todas 
as amostras cresceram Staphylococ-
cus. Destaca-se que em 24% das 
amostras eram coagulase negativo, 
ou seja, Staphylococcus coagulase 
negativo (SCN), ou seja, Staphylo-
coccus spp. E, 76% amostras eram 
coagulase positiva (Staphylococcus 
aureus). Todas as amostras coagu-
lase positivo cresceram em manitol 
salgado e acidificaram o meio. 
Os cocos Gram-positivos ae-
róbicos, representam cerca de 76% 
dos microrganismos isolados na 
pequisa . Nesta identificação, uma 
atenção maior deve ser dada aos 
Streptococcus spp e Staphylococcus 
aureus como agentes causadores 
de doenças infecciosas. Nos últimos 
anos, a presença de outros cocos 
Gram-positivos, catalase positiva 
(Staphylococcus coagulase negativa, 
e os chamados estafilococóides: Al-
loicoccus, Microccus, Macrococcus 
e Stomatococcus), associados com 
diferentes patologias humana.
Realizou-se também leitu-
ra da amostra que foi colocada no 
Rugai/IAL comparando com tabela 
especifica e comprovando presença 
de Escherichia coli. 
discussão
Diversos trabalhos de todo 
o mundo já tentaram demonstrar a 
possibilidade de telefones celula-
res poderem agir como veículos de 
contaminação seja em ambientes 
hospitalares, ou não. Microbiolo-
gistas defendem que a combinação 
de manuseio constante associado 
ao calor gerado pelos telefones 
cria um caldo de cultura ideal para 
muitos microrganismos que são 
normalmente encontrados na pele. 
Os estafilococos, especialmente S. 
epidermidis, são membros da mi-
crobiota normal humana. O trans-
porte nasal de S. aureus ocorre em 
20-50% dos seres humanos. Estafi-
lococos também são encontrados 
regularmente em roupas comuns, 
de cama, e outros ambientes hu-
manos. Historicamente, enquanto 
as espécies coagulase-positivas fo-
ram consideradas como patógenos 
oportunistas, as espécies coagulase
-negativas têm sido geralmente con-
sideradas como não-patogênicas.
No entanto, esta visão está mudan-
do, especialmente porque tem havi-
do uma crescente evidência de que 
algumas destas espécies podem ser 
potencialmente patogênicas para o 
ser humano através da produção de 
enterotoxina, causando infecções 
nosocomiais. As taxas de infecção 
relacionadas a assistência à saúde 
continuam sendo uma preocupa-
ção crescente para profissionais de 
saúde. Diversas orientações têm 
sido dadas em relação à limpeza 
das mãos, descontaminação de su-
perfícies, e limpeza de instrumentos 
utilizados. 
O estudo realizado nesse 
centro de assistência também cons-
tatou a presença de coliformes fe-
cais, confirmando contaminações li-
gadas a uma higiene pessoal ruim. O 
71Revista e-saúdecasu
nível de contaminação dos celulares 
pode ser comparado ao de tampas 
sanitárias e maçanetas de portas.
Alguns micróbios patogêni-
cos podem sobreviver nas superfí-
cies dos telefones celulares, sendo 
as bactérias mais comuns a Escheri-
chia coli, Enterococcus spp e alguns 
tipos de Staphylococcus. Tais bacté-
rias são responsáveis, principalmen-
te, por diarréia, infecções e intoxica-
ção alimentar, respectivamente 4.
conclusões
Os resultados do presente 
estudo mostram a contaminação 
bacteriana por S. aureus em todos os 
aparelhos celulares dos profissionais 
do centro de assistência a saúde. Tal 
situação merece destaque, pois os 
celulares podem veicular agentes 
infecciosos e atuar na disseminação 
destes microrganismos. Destaca-se 
também, o desconhecimento dos 
profissionais da necessidade de 
higienização de seus aparelhos ce-
lulares. Pretende-se com os dados 
obtidos neste estudo, sensibilizar, 
quanto aos riscos que estão sendo 
impostos tanto aos pacientes quan-
to a própria equipe. Também, susci-
tar discussões não só no ambiente 
hospitalar, acerca da prevenção de 
infecção hospitalar. Considerando a 
elevada contaminação de aparelhos 
celulares por estafilococos neste es-
tudo, faz-se necessário alertar a insti-
tuição para a importância de adotar 
novos programas de controle de in-
fecções hospitalares que norteiem 
as ações dos profissionais de saúde, 
sobretudo no que se refere ao con-
trole do uso de aparelhos celulares 
dentro da instituição. Torna-se ne-
cessário orientar os profissionais de 
saúde que atuam em unidades in-
tensivas, para a adoção de compor-
tamentos preventivos com relação à 
disseminação da infecção cruzada, 
através do uso de celulares dentro 
destes setores. Estas orientações 
podem contribuir para a redução 
de gastos com tratamento e hospi-
talização prolongada. Entendemos 
que a realização de campanhas que 
conscientizem estes profissionais 
quanto à importância de seguir as 
normas de segurança, incluindo 
a higienização de objetos de uso 
pessoal, como os telefones celula-
res, possam impedir ou minimizar 
a veiculação desta infecção. E prin-
cipalmente adotar medidas simples 
como higienização das mãos.
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Endereço de correspondência
Fabiana Rosalina Dutra
Rua Raimundo Brum 265, Centro, 
Caratinga Minas Gerais
Tel: (33)99907-6735. E-mail: fabia-
nadutrasouza@outlook.com
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