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DIREITOS DAS COISAS – 1ª AVALIAÇÃO SUBJETIVA · CONCEITO: “É o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de APROPRIAÇÃO pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de DOMÍNIO”. Clóvis Beviláqua · DIFERENÇA ENTRE OS DIREITOS PESSOAIS E OS DIREITOS REAIS. Sabemos que há diversas diferenças, porém é necessário saber apenas das principais. DIREITO REAL: consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Elementos: sujeito ativo + coisa + relação ou poder do sujeito sobre a coisa (domínio). DIREITO PESSOAL - relação de pessoa a pessoa. Elementos: os sujeitos ativo e passivo + prestação. Os Direitos Reais: confere ao indivíduo poder de titularidade sobre os bens apropriáveis. ELEMENTOS: SUJEITO ATIVO (titular do direito): sempre determinado. COISA/ OBJETO: bem jurídico passível de apropriação pelo sujeito ativo. DOMÍNIO: relação do sujeito sobre a coisa. SUJEITO PASSIVO – coletividade! (indeterminado). DIREITO REAL DIREITO PESSOAL Objeto – coisa determinada Objeto - coisa determinada ou coisa genérica (determinável). Gozo permanente – perpetuidade. Gozo eminentemente transitório. Somente os direitos reais podem ser adquiridos por usucapião Não são objetos de usucapião. Dirige-se contra todos (coletividade). Sujeito passivo se encontra somente quando violado o direito Dirige-se à pessoa determinada e somente contra ela. Obs: DIREITO DE SEQUELA: é a fortaleza da propriedade; Se é proprietário poderá buscar o bem onde quiser; O dono poderá exigir o bem de volta. AQUISIÇÃO POR USUCAPIAO: é uma forma diferente de aquisição de direitos; age como se tivesse o direito, mas não tem; forma inversa de aquisição de dir. reais; exclusivamente os reais. DIREITO DE PREFERÊNCIA: reforça a possibilidade de alguém receber um valor de uma divida; o credor que tem garantia real, terá preferência; mesmo que essas dividas sejam anteriores. · PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS DIREITOS REAIS: · DIREITO ERGA OMNES: oponibilidade erga omnes decorrente da eficácia absoluta. Contra todos, que devem se abster de molestar o titular. PUBLICIDADE OU VISIBILIDADE: oponíveis erga omnes, faz-se necessário que todos possam conhecer seus titulares para não molestá-los (registro de imóveis e tradição). · ADERÊNCIA IMEDIATA AO BEM: relação de senhoria entre sujeito e coisa. Art. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Jus persequendi: o direito segue a coisa. · DIREITO DE SEQUELA · OBEDIÊNCIA AO NUMERUS CLAUSUS: os direitos reais são enumerados de forma taxativa. Art. 1.225, CC · PERMANENTE: a propriedade é um direito perpétuo. Não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais. · EXCLUSIVO: não pode haver dois direitos reais sobre a mesma coisa. Cada bem com um único dono, salvo no condomínio. · CLASSIFICAÇÃO · Direito real sobre coisa própria (jus in re própria): é a propriedade, o direito real originário. · Direito real sobre coisa alheia (jus in re aliena): decorre do vínculo jurídico com coisa que NÃO lhe pertence. · FIGURAS HÍBRIDAS Figuram que se situam entre o direito pessoal e o real. · Obrigação propter rem: é uma relação entre o atual proprietário e/ou possuidor do bem e a obrigação decorrente da existência da coisa. Obrigação que recai sobre uma pessoa por força de um direito real. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título translativo. Transmissão automática. O adquirente do direito real não pode recusar-se a assumi-la. Exemplos: Obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (artigo 1.315); A do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (artigo 1.336, III); · Ônus reais : Obrigações que causam limitações ao uso e ao gozo da propriedade. Por ex. a renda constituída sobre imóvel. Adere e acompanha a COISA, e não a pessoa. Quem deve é a coisa e não a pessoa. Ex: rendas constituídas sobre imóveis, obrigação de pagar impostos, hipoteca, etc. · Obrigações com eficácia real: Algumas obrigações resultantes de contratos alcançam, por força de lei, a dimensão de direito real. Tratamento preventivo. Exemplo: Locatário que possui contrato de locação averbado no CRI e é preterido em seu direito de preferência possui direito real de haver para si o imóvel de qualquer pessoa que venha a adquirir o imóvel locado. · DA POSSE · FUNDAMENTO DA POSSE Situação de fato protegida pelo legislador. · Jus Possessionis: posse independente de título. Posse formal. · Jus Possidendi: conferido ao portador de título transcrito/ Direito de posse + propriedade. Posse causal. Posse X Propriedade. Jus Possessionis perdura até que o Jus Possidendi o extinga. · SITUAÇÃO JURIDICA> Propriedade e direitos reais limitados; proteção petitória (jus possidendi). · SITUAÇÃO DE FATO> COM consequência jurídica: Posse. SEM consequência jurídica: detenção · SENTIDOS TECNICOS DA POSSE (TEORIAS): · TEORIA SUBJETIVA (SAVIGNY). · A posse seria a conjugação de dois elementos: corpus + animus. · Sem animus = detenção. · Animus> intenção de ter a coisa como sua. CRÍTICAS: · A supervalorização do elemento subjetivo. · Para essa teoria não haveria o desmembramento da posse. · TEORIA OBJETIVA (IHERING). O elemento objetivo (corpus) é suficiente. Não significa o contato físico. Affectio Tenendi (ânimo de ter). A posse não é o poder físico, mas a exteriorização da propriedade. Tem que ter CONDUTA DE DONO (usar, fruir (gozar), dispor e reaver). · Teoria adotada pelo CC: Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. · TEORIA SOCIALISTA (Saleilles, Gil, Perozzi). Considera a sua função social. Art. 5º, XXIII, CF: “A propriedade atenderá a sua função social”. · Função social: o indivíduo tem a obrigação de cumprir na sociedade uma função em razão do lugar que ele ocupa. OBS: não será esquecida a teoria subjetiva, pois será lembrada para fins de usucapião. OBS: existe uma presunção favorável de que quem tem posse tem propriedade sobre a coisa. Se não for verdadeira cabe ao proprietário provas. · CONCEITO · Posse é uma situação de fato, em que uma pessoa, que pode ou não ser proprietária, exerce sobre uma coisa atos e poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. · É o exercício dos poderes de fato, inerentes à propriedade. · Posse X Detenção: · Detenção não gera efeitos jurídicos possessórios, são considerados FÂMULOS DA POSSE (detentor/servidor da posse), ou seja, não tem direito de ação. · Art. 1.198 do CC: “Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. · Art. 1.208, CC, dispõe: “Não induzem posse os atos de mera PERMISSÃO ou TOLERÂNCIA assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”. · Observações para realçar a diferença: · Para a Teoria Subjetiva de Savigny: só corpus = detenção. · Para a Teoria Objetiva de Ihering: posse e detenção = corpus + animus/ Diferença = conduta de dono. · Posse: o indivíduo se comporta como proprietário. · Detenção: o indivíduo exerce o poder em nome de outrem. · ATOS DE PERMISSÃO E TOLERÂNCIA: · Art. 1.208, CC: “Não induzem posse os atos de mera PERMISSÃO ou TOLERÂNCIA assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” PERMISSÃO TOLERÂNCIA Consentimento expresso do possuidor Atitude espontânea de inação Diz respeito a atividade que ainda deve ser realizada. Atividade já se desenvolveu. · Atos violentos ou clandestinos: detenção independente (detenção sem dependência para como possuidor). · Cessada essa violência ou clandestinidade – posse injusta (apenas para com o esbulhado). · Posse violenta - mediante o emprego da força (coação física ou moral). A posse só pode ser violenta no início da sua aquisição. (ROUBO) · Posse clandestina - se dá às ocultas. A aquisição da posse é obtida sorrateiramente. (FURTO) · Posse precária - decorre de uma relação de confiança. Momento em que o possuidor se nega a restituir a posse ao proprietário. (APROPRIAÇÃO INDEBITA) OBS: Não há posse de bens públicos. Arts. 183, § 3º e 191, § único, CF: Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. · NATUREZA JURÍDICA DA POSSE · Posse é um fato (Windscheid) – Ela existe por si só; é autônoma, se traduz do fato. · Posse é um fato e um direito (savigny): essa dualidade é indissociável, dois pesos iguais. Considerando-a em si mesmo é um fato e sobre os efeitos é um direito. · Posse é um direito (Ihering) – Mas que direito seria esse? Personalíssimo ? Não. Pessoal? Não. Lembre-se que para o processo ela é tratada como um dir pessoal. A posse consiste em um interesse juridicamente protegido. Ela constitui condição da econômica utilização da propriedade e por isso o direito a protege. É relação jurídica, tendo por causa determinante um fato. · Posse é um direito especial? (Clóvis Bevilaqua) – Sui generis, um direito diferente. Pois ela não se encaixa em nenhuma outra. Posse não é um direito real, mas sim um direito especial. Também não quer dizer que ela é direito pessoal. Em verdade, no direito moderno, a posse é um instituto jurídico sui generis... Sendo instituto sui generis, não só não se encaixa nas categorias dogmáticas existentes, mas também não dá margem à criação de uma categoria própria que se adstringiria a essa figura única. “Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado”. · OBJETO DA POSSE · Todas as coisas que puderem ser objeto de propriedade, sejam corpóreas, ou incorpóreas. · Bens materiais e direitos reais. · CLASSIFICAÇÃO DA POSSE · Quanto a Extensão (art 1197, cc) · Posse Indireta: Titular do direito real · Posse Direta: (terceiro) O simples fato de alguém está só utilizando o bem não tem posse direta; É necessário alguém está utilizando um bem por meio de um acordo; temporário; Não exclui a posse indireta; Lembre-se que a posse direta nasceu de um acordo. Pode utilizar ação possessória contra terceiros. · Art. 1.197, CC. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. · Desdobramentos sucessivos. Ambos podem invocar a proteção possessória contra terceiro, mas apenas o possuidor indireto pode adquirir a propriedade pela usucapião. OBS: Somente possui a posse direta aquele que tiver a coisa consigo (desdobramentos sucessivos da posse). · Obs: O proprietário de um bem quando colocar para alugar seu bem tem posse indireta em relação ao seu domínio. · Obs: O sublocatário é possuidor direto e o sublocador indireto. · Obs: Só quem está usando o bem tem posse direta, todos os outros têm posse indireta. · Obs: Tem Posse Plena o proprietário que usa o bem, ou seja, tem posse direta e indireta. · Quanto a Simultaneidade (art. 1.199, CC) · Exclusiva - posse de único possuidor. · Composse - duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Art. 1.199, CC: · Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. · Todos possuem o direito de praticar todos os atos possessórios que não excluam a posse dos outros compossuidores. · Composse pro diviso – utilização pacífica de cada um. Ex: 3 pessoas dividem em conjunto uma casa. Cada um tem poderes apenas sobre uma parte definida da casa. · Composse pro indiviso – todos exercem ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa os poderes de fato. Ex: 3 pessoas dividem um carro. Se o bem for indivisível tem que ter o cuidado bem maior para que cada um tenha seu direito. · POSSES PARALELAS: direta e indireta. · EXTINÇÃO DA COMPOSSE: · Pro diviso: Se desfaz quando divide o bem. · Pro indiviso: Se desfaz com a venda do bem. · Quanto aos Vícios (art 1200, CC) · Art. 1.200, CC: É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. · Posse justa - isenta de vícios. · Posse injusta - adquirida por vícios (violência, clandestinidade ou precariedade). · A violência deve ser exercida diretamente no ato do estabelecimento da posse. · Posse violenta - mediante o emprego da força (coação física ou moral). A posse só pode ser violenta no início da sua aquisição. · Posse clandestina - se dá às ocultas. A aquisição da posse é obtida sorrateiramente. · Posse precária - decorre de uma relação de confiança. Momento em que o possuidor se nega a restituir a posse ao proprietário. Obs: a precariedade não gera detenção, mas somente posse injusta, pois passa da justa para a injusta. Obs: Dizer que a posse é justa não é dizer que a posse é perfeita. · Quando a Subjetividade (art 1.201, CC) · Posse de boa-fé: Não sabia o vício que tinha. Crença do possuidor. · É de BOA-FÉ a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. · Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento dos vícios. · Posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé: CC, art. 1.202. · Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente · JUSTO TÍTULO: Ato formalmente adequado e hábil para trasferir o domínio e a posse se não contiver nenhum vício impeditivo dessa transmissão. · Presunção juris tantum – relativa, admitindo prova em contrário. · Quanto aos Efeitos · POSSE “AD INTERDICTA”: pode ser defendida por meios das ações possessórias. É uma posse que tem defesa judicial, mas não serve para usucapião. · POSSE “AD USUCAPIONEM”: se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. · Deve ter 3 características: · Pacífica> Sem oposição do dono. · Continua> Cada espécie tem prazo diferente, mas tem que ser exercida ininterruptamente. · Ânimo de Dono> Ele possuidor que decide o que vai fazer. Obs: posse direta não pode usucapir, pois não tem ânimo de dono. · Quanto a Idade · Posse nova – menos de ano e dia. · Posse velha – ano e dia ou mais. · Leva em consideração a idade da posse. · OBS: Diferem de ação de força nova e velha. · Leva em consideração o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou do esbulho. · AQUISIÇÃO DA POSSE · Art. 1.204, CC: Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. · TIPOS DE AQUISIÇÃO: · ORIGINÁRIA – Não há relação entre o possuidor atual e o antigo. Não há relação de casualidade entre a posse atual e a anterior. Surge uma nova situação de fato, sem os vícios anteriores. · DERIVADA- há anuência do anterior possuidor, conservando o mesmo caráter de antes, com todos os vícios que já possuía. · Art. 1.203, CC. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. · Art. 1.206, CC. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. · OBSTÁCULOS A AQUISIÇÃO DA POSSE Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. · AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA: · Apreensão ou ocupação : Apropriação unilateral de coisa SEM DONO. Coisa abandonada(res direlicta) ou que não for de ninguém(res nullius). A coisa é retirada de outrem sem a sua permissão. Bens móveis - contato físico ou deslocamento da coisa. Bens imóveis - ocupação da coisa. OBS: coisa perdida é diferente de coisa abandonada, a coisa perdida deve ser devolvida ao dono. · Exercício de um direito real : Art. 1.379, CC: O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Exercício dos direitos reais sobre coisa alheia (somente os direitos que podem ser objeto da relação possessória). · Esbulho: Retirar posse contra a vontade do outro, gera posse injusta. · Disposição da coisa: Conduta normal do titular da posse ou do domínio. Ex.: Venda e cessão. Fato que melhor traduz a intenção de ser proprietário. · AQUISIÇÃO DERIVADA: Decorre de negócio jurídico. Há o consentimento do primeiro possuidor. · Tradição: Pressupõe acordo de vontades. Entrega da coisa, passando do antigo ao novo possuidor. · Espécies de tradição · -Efetiva(real): envolve a entrega efetiva e material da coisa. Há uma causa negocial. · -Simbólica: ato que traduz a alienação, por ex., a entrega das chaves de uma casa. Ou seja, a coisa propriamente não é entregue, mas a partir de uma simbologia é possível sabe que a coisa está a sua disposição. · -Consensual – traditio longa manu: Negócios em que alguém adquire uma extensa área; Se a pessoa recebeu uma parte presume-se ter recebido o todo. - traditio brevi manu: Situação em que o adquirente da propriedade já era possuidor do bem. · Constituto Possessório: Situação em que alguém de proprietário passa a ser um mero possuidor; não é presumido, deve vir expresso em uma cláusula contratual; o novo dono terá a posse indireta. · Sucessão Hereditária: O herdeiro passa a ser possuidor do bem que foi deixado pelo parente que perdeu a vida; isso acontece automaticamente, isto é, desde a abertura da sucessão (desde que ocorre a morte). · TRANSMISSÃO DA POSSE · A TÍTULO SINGULAR: O adquirente recebe uma ou algumas coisas individualizadas; acontece nos negócios jurídicos. · A TÍTULO UNIVERSAL: Aquele onde o adquirente recebe toda uma universalidade de bens; acontece na sucessão hereditária. A posse do herdeiro continua com as mesmas características daquela que pertencia ao de cujus. O sucessor singular, por sua vez, poderá escolher dar continuidade a mesma posse ou não. · Sucessor universal: Herdeiro; · Sucessor singular: adquiriu a posse mediante um negócio jurídico. · Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. · QUEM PODE ADQUIRE A POSSE Art. 1205 do CC: a) a própria pessoa que a pretende, desde que capaz; b) o seu representante legal ou convencional; c) terceiro sem mandato (gestor de negócio, dependendo de ratificação). O elemento de vontade é essencial (vontade natural). “Capaz” – simples vontade natural. · PERDA DA POSSE · Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. · a) PELO ABANDONO: não-uso da coisa + ânimo de renunciar o direito. Perece tanto o corpus quanto o animus. · OBS: quando alguém desocupa uma casa de praia, por ex, não há abandono, pois aqui não há o ânimo de renunciar o direito. · b) PELA TRADIÇÃO: intenção definitiva de transferir a coisa a outra pessoa. Gera a demissão da posse e sua consequente perda. · c) PELA PERDA PROPRIAMENTE DITA DA COISA: com a perda da coisa, o possuidor se vê privado da posse sem querer (Ex. pássaro que foge da gaiola). · d) PELA DESTRUIÇÃO DA COISA: se a coisa perece, não há mais direito sobre ela. · e) PELA COLOCAÇÃO DA COISA FORA DO COMÉRCIO: quando a coisa se torna inaproveitável ou inalienável por razões de ordem pública. · f) PELA POSSE DE OUTREM: nos casos de esbulho. · Perda da posse para o AUSENTE: · Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. · Ausente - pessoa que NÃO PRESENCIOU O ESBULHO: · Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. · EFEITOS DA POSSE · PERCEPÇÃO DOS FRUTOS: · Frutos: são utilidades que uma coisa periodicamente produz. · Quanto a Origem: · Natural: é aquele que a coisa principal oferece sem precisar de outra. Ex: frutos naturais. · Industrial: Retirada da coisa principal pela fabricação. Ex: calçados. · Civil: Nasce da disposição do bem. Ex: aluguel; juros. · Quanto ao Estado: forma que o fruto se apresenta em determinado momento. · Pendente: ainda está ligado a coisa principal; · Percebido: é aquele que já foi separado da coisa principal; · Estante: aquele que tá armazenado ou guardado; · Percipiendos: aquele que deveria ser colhido e não foi; ex: estragados. · Consumido: aqueles que já foram utilizados; · EFEITOS QUANTO AOS FRUTOS · Possuidor de BOA-FÉ: desconhece o vício. · Art 1214,CC. · Direito aos frutos percebidos: aquele que já se separou. (colhido) · Direito às despesas de produção e custeio: direito ao ressarcimento pelos gatos de produzir. Obs: o limite é dado pelos frutos que colheu. (princípio do enriquecimento sem causa) · Possuidor de MÁ-FÉ: conhece o vício. · Não tem direitos aos frutos: todos os frutos que existirem seguirá a regra (o acessório segue o principal) · Responde pelos frutos percipiendos: estragados; aqui é uma certa punição, o prejuízo fica para o dono. · Direito às despesas de produção e custeio: terá direito ao ressarcimento pelos gatos da produção; o reivindicante só vai receber pelo o que foi produzido; · Art. 1.216, CC. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. · Ex: Se um invasor de um imóvel colhe as mangas da mangueira do terreno, deverá indenizá-las, mas será ressarcido pelas despesas realizadas com a colheita. Por outra via, se deixaram de ser colhidas e, em razão disso, vierem a apodrecer, o possuidor também será responsabilizado. · · QUANTO AS BENFEITORIAS: Melhoras ao que já existia; exige a atividade humana; valor existe em todas; é necessário analisar a finalidade. · NECESSARIAS: conservação do bem. Tem por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Ex: o primeiro piso é tipo como necessário. · ÚTEIS: dar utilidade à coisa. Aumentam ou facilitam o uso do bem. Ex: piso antiderrapante · VOLUPTUÁRIAS: aformoseamento, embelezamento. De mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Ex: Um segundo piso mais bonito. · DIREITO A INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS · Possuidor de BOA-FÉ: art. 1.219, CC. · Direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis. · Direito de levantamento das benfeitorias voluptuárias: desde que não prejudique a coisa principal; prevalece o interesse do dono desde que ele pague. · Direito de retenção das benfeitorias úteis e necessárias: as benfeitorias aderem o bem; o dono só terá o bem se pagar pelas benfeitorias feitas. · Possuidor de MÁ-FÉ: art. 1.220, CC · Não tem direito a indenização pela benfeitoria útil. · Não pode fazer o levantamento das benfeitorias voluptuárias; · Não tem direito de Retenção; · Direito a indenização pelas benfeitorias necessárias. OBS: Existe uma diferença quanto ao valor> art. 1.222, CC. Na má-fé o dono tem direito de optar entre o valor atual e o seu custo. Na boa-fé indenizará pelo valor atual. · RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DO BEM. · Possuidor de BOA-FÉ: responsabilidade subjetiva, pois terá que provara culpa. Art. 1.217, CC · Não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa. · Possuidor de MÁ-FÉ: responsabilidade objetiva. · Responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidental: foi privado de dizer se foi caso fortuito ou coisa maior – Pois não suficiente. · SALVO, se provar que aconteceria a mesma coisa se o bem estivesse com o dono (reivindicante). · OUTROS EFEITOS DA POSSE CONDUZ A USUCAPIÃO ÔNUS DA PROVA COMPETE AO ADVERSÁRIO DO POSSUIDOR A POSSE DE BENS MÓVEIS PRESUME-SE DO MESMO POSSUIDOR DO IMÓVEL ONDE ELE É ENCONTRADO. · DEFESA DA POSSE · AUTOTUTELA: È uma exceção. · HETEROTUTELA: É regra, isto é, as ações possessórias. Existem dois modos de autotutela: · Legítima defesa e desforço imediato (autotutela); · Legítima defesa – turbação de posse (diminuir um poder sobre a coisa). · Desforço imediato – esbulho de posse (perda da posse). · Art. 1.210, § 1º, CC – O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contato que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. LEGITIMA DEFESA DESFORÇO IMEDIATO Posse mantida – turbação Posse perdida - esbulho Somente enquanto a turbação perdurar Fato já consumado, praticado no calor dos acontecimentos. Possuidor age com suas próprias forças. · As características necessárias para esses casos: · Reação imediata ou logo que possível reagir + · Métodos proporcionais à agressão. (ação limitada ou indispensável para a retomada da posse). · Excesso de defesa – indenização pelos danos causados. · Obs: Se for usado armas para a defesa da posse, só será legitima defesa se ocorrer um confronto. · INTERDITOS POSSESSÓRIOS (ou ações possessórias) · MANUTENÇÃO DE POSSE · REINTEGRAÇÃO DE POSSE · INTERDITO PROIBITÓRIO DIFERENÇAS: TURBAÇÃO Manutenção de Posse ESBULHO Reintegração de Posse AMEAÇA Interdito Proibitório TURBAÇÃO: · Embaraça ou dificulta o livre exercício da posse. · Turbação de fato – agressão material. · Turbação de direito – ataques judiciais (ex. descrição de imóvel em inventário). · Direito brasileiro – somente turbação de fato. · Turbação de direito: mera ameaça – interdito proibitório. · Turbação direta – comum, sobre o bem. · Ex. corte de árvores no terreno. · Turbação indireta – praticada externamente. · Ex. turbador prejudica possuidor em alugar o imóvel. · Turbação positiva – atos materiais sobre a coisa. · Ex. entrar na propriedade alheia para retirar água. · Turbação negativa – dificulta, embaraça ou impede o livre exercício da posse. · Ex. Impedir que o possuidor utilize sua porta de entrada. ESBULHO: · Tomada da posse por violência, clandestinidade ou precariedade. · Esbulho pacífico – resultante de precariedade. · INTERDITO PROIBITORIO: · Caráter preventivo - impedir que se concretize uma ameaça à posse. · Criado pelo Direito Romano; Fica definida uma multa se caso ocorrer; Requisitos: · POSSE ATUAL: pode ser tanto a posse direta quanto à indireta e a posse deve ser atual; · AMEAÇA DE TURBAÇÃO OU ESBULHO: não é qualquer ameaça, deve-se demonstrar o justo receio; · JUSTO RECEIO DE SER CONCRETIZADA A AMEAÇA: indícios suficientes/ capacidade da ameaça de incutir num espírito normal o justo receio de dano iminente à posse. · Objetivo – impedir que se efetive a turbação ou o esbulho · Pressuposto – fundado receio · Pedido – cominação de pena pecuniária em caso de turbação ou esbulho: Deve ser requerida pelo autor para desestimular o réu de transgredir o veto. Montante razoável fixada pelo autor – discricionariedade do juiz para reduzir ou aumentar. · AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE: Pede para permanecer na coisa. · Objetivo- cessar a turbação · Turbação – é todo ato que embaraça o livre exercício da posse · Turbação positiva e negativa Positiva: Agir, fazer algo; Negativa: Omissão, ex, o vizinho deixou de fazer uma cerca e os seus animais turbaram as plantações dos vizinhos. · Turbação direta e indireta Direta: sobre o bem; Indireta: externamente. · Turbação de fato (regra) e de Direito. Obs: os tipos de turbação estão descritas acima. · AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE · Objetivo- obter a recuperação da coisa · Esbulho – ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse · Alegar ter melhor posse que do outro; · Ocorre essa ação quando se perde a posse; · Um cidadão sofre a perda da posse e ele quer ela de volta. · CARACTERÍSTICAS COMUNS ÀS AÇÕES POSSESSÓRIAS · FUNGIBILIDADE: Art. 554, CPC. Uma posse pode ser substituída por outra. Ex, Interdito proibitório para a reintegração. O juiz conhecerá o pedido da mesma forma. Justificativa: a busca é pela paralisação da ação molestadora/ proteção possessória. Princípio que se aplica somente entre as 3 ações possessórias. Admissível tanto na fase de conhecimento como na fase recursal. · CUMULAÇAO DE PEDIDOS: Art. 555, CPC. É possível a junção de pedidos tanto do procedimento comum como do rito especial. Cumulação facultativa. Provar a existência do dano ainda na fase de conhecimento. · CARÁTER DÚPLICE: Art. 556, CPC. O juiz pode olhar tanto o pedido feito na inicial e o pedido feito na contestação. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. JURISPRUDÊNCIA: “A ação possessória somente é dúplice se o réu também demandar, na contestação, proteção possessória; se assim não proceder, a declaração de improcedência do pedido do autor não define com autoridade de coisa julgada a posse do réu sobre a área litigiosa” · JUÍZO POSSESSÓRIO: Art. 557, CPC. A ação possessória irá discutir posse e não propriedade; Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Possibilita a propositura de ação possessória fundada exclusivamente na posse. Art. 1.210, § 2º, CC – Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. OU seja, a ação do proprietário nem sempre vai ganhar a ação. Juízo Possessório Juízo Petitório AMEAÇA, TURBAÇÃO OU ESBULHO – TUTELA DA POSSE TUTELA DOS DIREITOS REAIS SOBRE A PROPRIEDADE IUS POSSESSIONIS IUS POSSIDENDI SOMENTE SE DISCUTE A POSSE SOMENTE SE DISCUTE O DOMÍNIO · AÇÃO DE FORÇA NOVA: Tem rito especial (dar maior celeridade); Iniciada a pouco tempo após a ofensa. 1 ano e 1 dia. · Se após de um 1 ano e 1 dia será de força velha e perderá seu rito especial, será comum ( menos célere). Art. 558, CPC. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. · AÇÕES AFINS: não se aplica o principio da fungibilidade; o pedido se funda ou no direito de propriedade, ou no direito obrigacional de devolução da coisa; · · AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE: (ação petitória); ( fundada na propriedade) Casos em que alguém é proprietário e não consegue usa pela primeira vez; ou seja, o proprietário que a posse que nunca teve. Hipótese mais frequente: o autor da ação é o proprietário da coisa, mas não possuidor, por haver recebido do alienante só o domínio (jus possidendi) pela escritura, mas não a posse. Como nunca teve posse, não pode vale-se dos interditos possessórios. · AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA: Serve para paralisar para que se determine alguma medida para só depois a obra continuar; é pressuposto inicial que a obra seja nova, isto é, não se encontre em fase final. Legitimidade para propor ação: Proprietário ou Possuidor Legitimidade passiva é o dono da obra, podendo ser o dono do terreno ou terceiro responsável; · AÇÃO DE DANO INFECTO: Utilizada diante de uma situação que existeum dano eminente (ex, ruina de um prédio vizinho/ vício em uma constituição); é uma ação preventiva e cominatória; Legitimidade ativa: Proprietário/ Possuidor; Legitimidade Passiva: Dono do prédio vizinho que provoca a interferência judicial; Pede-se uma caução/ garantia para caso o dono aconteça se saiba como será pago. Defende a posse. Lembre-se: não pode iniciar essa ação e substitui-la por outra possessória. Não existe fungibilidade nessas ações afins. · DIREITO DE PROPRIEDADE · O art. 1.228 do Código Civil não oferece uma definição de propriedade, limitando-se a enunciar os poderes do proprietário, nestes termos: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. · O poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. · Natureza jurídica: Tem caráter essencialmente dominial e por isso só pode ser utilizada pelo proprietário, por quem tenha jus in re. É, portanto, ação real que compete ao senhor da coisa. · ELEMENTOS: · Direito de usar : O primeiro elemento constitutivo da propriedade é o direito de usar (jus utendi), que consiste na faculdade de o dono servir-se da coisa e de utilizá-la da maneira que entender mais conveniente, sem, no entanto, alterar-lhe a substância, podendo excluir terceiros de igual uso. A utilização deve ser feita, porém, dentro dos limites legais e de acordo com a função social da propriedade · Direito de gozar: O direito de gozar ou usufruir (jus fruendi) compreende o poder de perceber os frutos naturais e civis da coisa e de aproveitar economicamente os seus produtos. · Direito de dispor da coisa: O direito de dispor da coisa (jus abutendi) consiste no poder de transferir a coisa, de gravá-la de ônus e de aliená-la a outrem a qualquer título. Não significa, todavia, prerrogativa de abusar da coisa, destruindo-a gratuitamente, pois a própria Constituição Federal prescreve que o uso da propriedade deve ser condicionado ao bem-estar social. · Direito de reaver a coisa: O quarto elemento constitutivo é o direito de reaver a coisa (rei vindicatio), de reivindicá-la das mãos de quem injustamente a possua ou detenha, como corolário de seu direito de sequela, que é uma das características do direito real. Envolve a proteção específica da propriedade, que se perfaz pela ação reivindicatória. · DIREITO ROMANO: (Caráter absoluto e individualista). · Caráter absoluto: se alguém fosse dono, só era considerado o seu interesse. Não considerava o direito dos outros. · A propriedade foi tida como um mal no mundo. Tinha um exercício exacerbado; · Foi com esse forte individualismo que começou a surge questionamentos; e com esses questionamentos novas disciplinas, começando a restringir tais direitos. · DESCOMPLICANDO: No direito romano, a propriedade tinha caráter individualista. Na Idade Média, passou por uma fase peculiar, com dualidade de sujeitos (o dono é o que explorava economicamente o imóvel, pagando ao primeiro pelo seu uso). Havia todo um sistema hereditário para garantir que o domínio permanecesse numa dada família, de tal forma que esta não perdesse o seu poder no contexto do sistema político. Após a Revolução Francesa , a propriedade assumiu feição marcadamente individualista. No século passado, no entanto, foi acentuado o seu caráter social, contribuindo para essa situação as encíclicas Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, e Quadragésimo Ano, de Pio XI. O sopro da socialização acabou, com efeito, impregnando o século XX, influenciando a concepção da propriedade e o direito das coisas. · ATUALIDADE: cumpridora de uma função social. · A atual Constituição Federal dispõe que a propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII). Também determina que a ordem econômica observará a função da propriedade, impondo freios à atividade empresarial (art. 170, III). Nessa ordem, o Código Civil de 2002 proclama que “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas” (art. 1.228, § 1º); e que “são defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem” (§ 2º). · FUNÇÃO SOCIAL: se exige uma consideração do interesse do dono + o interesse coletivo; Que sociedade é essa que tem que cumprir sua função social? TODA E QUALQUER PROPRIEDADE. Obs: a terra é tida como bem de produção, produzindo coisas novas, por isso há uma maior preocupação; a propriedade sobre um celular, também tem que sabe se está cumprindo sua função social. Ex, se o celular toca e atrapalha pessoas, não estará cumprindo sua função social. · CONSTITUIÇÃO FEDERAL: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade; Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. > Único critério: Cumprir o plano diretor; Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; Saber fazer uma boa utilização da coisa. II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; Respeitar o meio ambiente e as normas ambientais; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; Ex: trabalho escravo; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Esse inciso acaba juntando todos os outros Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. · CÓDIGO CIVIL · Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. · § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. · § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. · § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. · § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. · § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.· AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE · Aquisição da Propriedade Imobiliária: · Hipóteses legais (CC, arts. 1.239/1.259 e 1.784) · a) usucapião; b) registro do título de transferência no Registro do Imóvel; c) acessão; d) direito hereditário. · Classificação quanto à causa ou procedência da aquisição · a) originária: não há transmissão de um sujeito para outro, como ocorre na acessão natural e na usucapião; · b) derivada: a aquisição resulta de uma relação negocial entre o anterior proprietário e o adquirente. · Classificação quanto ao objeto · a) a título singular: quando tem por objeto bens individualizados, particularizados; · b) a título universal: quando a transmissão da propriedade recai num patrimônio, como ocorre na sucessão hereditária (única forma admitida pelo nosso direito). · SUCESSÃO HEREDITÁRIA: após a morte fica aberta a sucessão do De Cujus; Em que momento o herdeiro será proprietário? AUTOMATICAMENTE no momento da morte. O inventário é preciso, mas apenas para dividir. · REGISTRO (ART. 1.245, CC) · SISTEMA FRANCÊS: o negocio jurídico sozinho já transfere a propriedade do alienante para o adquirente. O registro só existe para dar publicidade. · SISTEMA ALEMÃO: além do negócio é necessário o registro imobiliário; Atribui ao registro o efeito de presunção absoluta de veracidade. (não admitindo prova em contrário). Esse sistema alemão é o mais parecido com o adotado pelo CC/02. Porém, a presunção é relativa (admitindo prova em contrário). · Art. 1.245, CC. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. · § 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. · § 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. · Registro – publicidade + tradição solene (transferência de domínio). · Sem valor absoluto/admite prova em contrário. · O registro confere apenas presunção juris tantum de domínio: uma vez efetuada a matrícula, presume-se pertencer o direito real à pessoa em cujo nome se registrou (CC, art. 1.245, § 2º). · PRINCÍPIOS OU EFEITOS DO REGISTRO. · GERAIS: (APLICÁVEIS A TODO E QUALQUER REGISTRO PUBLICO) · PUBLICIDADE: efeito erga omnes. Qualquer pessoa poderá requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido (LRP, art. 17). O registro, assim, salvo exceções relativas a direitos alusivos à família e à filiação, torna público o que nele se contém, criando a presunção de seu conhecimento. · LEGALIDADE: uma vez que o oficial efetuou o registro é porque não encontrou quaisquer irregularidades. Incumbe ao oficial do cartório, por dever de ofício, examinar a legalidade e a validade dos títulos que lhe são apresentados para registro, nos seus aspectos intrínsecos e extrínsecos. · PRESUNÇÃO DE VERACIDADE/ FORÇA PROBANTE - se funda na fé pública do registro/ presunção juris tantum. Art. 1.247, CC. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. · ESPECÍFICOS: ( APENAS DETERMINADOS REGISTROS) · CONTINUIDADE: determina o encadeamento entre os assentos pertinentes a um dado imóvel e às pessoas nele interessadas. Só quem pode transferir a propriedade é quem tem registro no cartório imobiliário; Quando dessa transmissão é necessário essa continuidade, tendo que ambas irem ao cartório para que transfira de um nome para o outro. Pois é necessário verificar se está negociando com o real dono. OBS: Somente se admite o registro de um título se a pessoa que nele aparece como alienante é a mesma que figura no registro como o seu proprietário. · TERRITORIALIDADE: o imóvel deve ser registrado na circunscrição imobiliária onde estiver situado. Mais de uma circunscrição imobiliária na mesma comarca – verificar as leis de organização judiciária. Bens situados em comarcas diversas – registro feito em todas elas. · PRIORIDADE: proteção de quem primeiro registrou o título (prenotação de 30 dias). Caso a parte interessada, em trinta dias, não atenda às exigências formuladas pelo oficial, cessam os efeitos da prenotação, podendo ser examinado e registrado, se estiver em ordem, o título apresentado em segundo lugar. O que é prenotação? É a anotação prévia e provisória no protocolo, feita por oficial de registro público de um título apresentado para registro, passando a gozar de prioridade no registro em relação àquele protocolado posteriormente; Obs: DIREITO REAL AO PROMITENTE COMPRADOR: depende do registro do contrato de compra e venda, sem clausula de arrependimento. Dar maior segurança, pois garante que depois de efetuado o pagamento, o promete terá direito ao registro antes(primeiro). · ESPECIALIDADE: exigência da plena e perfeita identificação do imóvel nos documentos. Busca dar a certeza ao ato registral. Trata dos dados geográficos do imóvel, especialmente os relativos às suas metragens e confrontações. Objetiva proteger o registro de erros que possam confundir as propriedades e causar prejuízos aos seus titulares. Todo registro deve recair sobre um objeto precisamente individuado. · CONSTITUTIVO: é o registro que cria a propriedade para o adquirente; em regra é assim que se apresenta; Porém há exceções: tem situações que o registro só serve pra dar publicidade como: na sucessão hereditária e na usucapião.
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