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Ciclo e Tipos de Cultivares da Videira

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1.1 Conhecendo as Videiras
É videira ou parreira? Conforme Diniz (2017), parreira e videira são sinônimas, que significam: planta da uva. Outra denominação comum é: vinha. Esta planta é uma trepadeira da família das vitáceas, que possuem tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes, flores esverdeadas em ramos que posteriormente se transformam no fruto que é a uva. Ao longo do curso você vai se deparar com dois termos muito presentes. Portanto, desde o começo vamos apresentá-los a você:
· Vitis Vinífera: são as videiras europeias:
· Uvas finas para mesa: Itália, Rubi, Benitaka.
· Vinhos finos: Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah.
· Vitis Labrusca: são as videiras americanas:
· Uvas rústicas para mesa: Niagara Rosada, Niagara Branca, Isabel.
· Vinhos comuns (de mesa, colonial) ou sucos: Isabel, Bordô, Concord.
Classificação botânica
Vamos conhecer a classificação botânica da videira?
· Ordem: Ramnidea
· Família: Vitaceaa
· Sub-família: Ampelidea
· Gênero: Vitis
· Sub-gênero: Euvitis
· Espécies: Vitis vinifera, V. rupestris, V. aestivalis, V. labrusca, V. riparia, V. cinérea.
1.2 Ciclo da Videira
Você sabe quais são as fases da videira? O texto a seguir, de autoria de Diniz (2017), apresenta o ciclo fenológico da videira. Vamos conhecer?
· Choro da Videira
O choro da videira acontece nos últimos dias do inverno ou no início da primavera e representa o fim do repouso vegetativo e o início de um novo ciclo vegetativo da videira. 
A planta começa através dos cortes da poda a perder sua seiva (“choro”), sendo que esse fenômeno se verifica quando a temperatura do solo, a 25 centímetros de profundidade, chega em torno de 10°C. Desta forma as hastes e ramos começam a recuperar a água e os minerais perdidos no inverno.
· Germinação (Broto de Videira)
De 20 a 30 dias após a fase do Choro da Videira, dependendo do tipo da uva, das condições climáticas, da natureza do solo e da quantidade de substâncias que ele retém, a videira começa a brotar: no início o broto da videira incha, em seguida, se abrem  até que aparecem as primeiras folhinhas.
· Vegetação
As folhas e ramos começam a crescer. Essa fase acontece até a metade do verão e alcançam seu pico no primeiro mês. Ainda na metade do verão ocorre a maturação dos ramos que mudam de cor.
· Floração
A videira começa a florescer, geralmente após oito semanas do início da germinação.  Existe uma grande importância em relação às condições climáticas: a floração pode ser afetada pela geada e chuva, e neste caso não é uma coisa boa, ou beneficiada por temperaturas de pelo menos 15 ° C (ideal como ao redor de 20 ° C) e pela quantidade de horas de luz durante o dia.
· Formação das frutas
É o momento em que as flores começam a se transformar em cachos de uva: a cada flor fecundada se desenvolve uma uva. Os elementos que definem a quantidade de uvas de um cacho variam de acordo com o tipo da uva, as condições climáticas, do solo, do cultivo e etc.
· Pintura da Videira
Enquanto os cachos se desenvolvem e ainda estão verdes, acontecem poucas transformações químicas neles. Quando a casca da uva começa a mudar de cor, aumenta a quantidade de açúcar e de ácido tartárico, enquanto que o ácido málico diminui, e os taninos começam a hidrolisar.
· Maturação da Videira
A maturação ideal depende do tipo da uva e pode ocorrer entre o último mês do verão e as duas primeiras semanas do outono. O tempo de colheita da uva efetuado nesse período é fundamental para produzir vinhos ricos e equilibrados. Somente as uvas “perfeitamente” maduras, época de colheita correta, contêm as substâncias responsáveis pelo equilíbrio dos sabores e aromas do vinho.
· Queda das folhas e o descanso no inverno
Após a colheita, as folhas caem e a videira entra no período de descanso de inverno. O frio tem uma função importante: promove a maturação do tronco e a eliminação de insetos e parasitas. E assim se encerra um ciclo, agora é esperar passar o inverno para que nossa videira possa acordar bem disposta e novamente nos dá belas uvas, consequentemente vinhos excepcionais. 
1.3 Tipos de Cultivares
Cultivares para mesa
a) Brancas
Itália (Piróvano 65): planta é vigorosa, produtiva, muito sensível à antracnose e ao míldio. Os cachos são cônicos e semi-soltos. As bagas são grandes, de cor verde-amarelado e alongadas. Resiste bem ao transporte, podendo ser armazenada por um a dois meses em câmaras frias. Adapta-se bem a regiões quentes com baixa precipitação e, nestas condições, sob irrigação, permite até duas safras por ano.
Niágara branca: produz cachos pequenos a médios, com 12 a 15 cm de comprimento, de aspecto cilíndrico. As bagas são esféricas e branco-esverdeadas. É pouco susceptível ao míldio e à antracnose e moderadamente resistente ao oídio. Embora seja uma cultivar para consumo “in natura”, também é utilizada para produção de vinhos brancos de grande aceitação pelo consumidor brasileiro.
b) Rosadas
Niágara rosada: vigorosa, produtiva com cachos e bagas de boa aparência. É uma das cultivares mais plantadas no Brasil para consumo “in natura” e, em algumas regiões, é também utilizada na fabricação de vinho rosado doce.
Rubi (Itália Rosada): possui bagas de coloração rosada e alto teor de açúcar. Estas características agradam ao consumidor brasileiro, tendo estimulado grandemente a expansão desta cultivar no Brasil. 
c) Pretas
Diamante negro (Piróvano 87): a planta é vigorosa, produtiva e muito sensível ao oídio. Os cachos são grandes e alongados, as bagas grandes, arredondadas e de cor preta. Exige proteção dos cachos contra a insolação, por serem sensíveis à queimadura.
Ferral roxa: os cachos são grandes e longos. As bagas são grandes, ovaladas e de cor rosa-escuro. O teor de açúcar, quando a uva está bem madura, é bastante elevado. É uma uva de consumo “in natura”, recomendada para regiões quentes e de baixa precipitação.
Isabel (Isabella): é a cultivar mais difundida no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul para a produção de vinhos, devido à sua rusticidade. A planta é de grande vigor e produtiva, com cachos grandes e cilíndricos, com bagas pretas. Os frutos se prestam para fabricação de vinhos, consumo “in natura”, geleias e sucos.
Cultivares especialmente para vinho
a) Vinho branco
Couderc 13: planta vigorosa, produtora de cachos médios a grandes, semi-soltos e de formato cônico. As bagas são branco-esverdadas, de formato esférico. A planta é moderadamente susceptível ao míldio e à antracnose e moderadamente resistente ao oídio. É pouco susceptível à podridão dos cachos.
Niágara branca: descrita junto às cultivares brancas de mesa.
Riesling itálico: produz cachos de tamanho pequeno a médio, cilíndricos a cônicos e as bagas são brancas, com pontuações. Quando ocorrem chuvas na época da maturação, que é tardia, a podridão pode prejudicar a produção.
Trebbiano: é uma cultivar bastante vigorosa, produzindo cachos médios ou grandes, com bagas médias e esféricas, com coloração branco-esverdeado. A cultivar é susceptível ao míldio e moderadamente suscetível à antracnose e oídio.
b) Vinho tinto
Cabernet franc: produz cachos grandes, com bagas pretas, esféricas e pequenas. Apresenta relativa resistência ao míldio e ao oídio, sendo sensível à antracnose.
Concord (Niágara preta): planta é vigorosa e produtiva. Produz cachos de tamanho médio a grande, com bagas médias, redondas e pretas. Esta cultivar pode ser usada para mesa ou para suco.
Folha de figo (Bordô): é bastante cultivada na região Sul de Minas, rústica e produtiva. É resistente às principais doenças. A planta não tolera aplicações de produtos cúpricos em sua folhagem. Apresenta cacho pequeno a médio, com bagas médias e com maturação em fins de janeiro.
Isabel: descrita junto com as cultivares pretas de mesa. 
Jacques ou Jacquez: a planta é vigorosa, produtiva e os cachos são de tamanho médio a grande, com bagas esféricas, de cor preta. É muito sensível à antracnose, ao míldio e às podridões da uva madura.
Merlot: é uma cultivar bastante cultivada no Rio Grande do Sul e considerada uma das melhores para a produçãode vinho tinto. Possui vigor médio e é bastante resistente a doenças, exceto ao oídio. O cacho é de tamanho médio a pequeno e cônico. As bagas são de tamanho médio, redondas e pretas. Nos anos chuvosos, recomenda-se eliminar um pouco das folhas próximas aos cachos para se evitar a ocorrência de podridões.
c) Vinho rosado
Niágara rosada: descrita junto com as cultivares rosadas de mesa.
Cultivares para suco
Folha de figo: descrita junto com as cultivares para vinho tinto.
Concord: descrita junto com as cultivares para vinho tinto.
Isabel: descrita junto com as cultivares pretas de mesa.
2.1 Escolha da Área
No texto a seguir, adaptado de Melo (2003), podemos saber mais sobre como escolher e preparar a área para o plantio da videira. Vamos ler?
A videira se adapta em amplas variedades de solos, dá-se preferência a solos com textura franca e bem drenados, com pH variando de 5,0 a 6,0 e com teor de matéria orgânica com pelo menos 20 g dm-3.
A topografia influencia na drenagem das águas e na temperatura ambiente. Solos planos e argilosos tendem a ter menor capacidade de drenagem das águas, enquanto que os solos declivosos tendem a não apresentar problemas com encharcamento. A exposição do vinhedo para o norte permite que as plantas recebam os raios solares por mais tempo e ainda ficam protegidas dos ventos frios do sul.
2.2 Preparo e Manejo do Solo
Ainda em Melo (2003), o preparo da área tem por finalidade assegurar que as mudas de videira sejam plantadas em condições que possam expressar todo o seu potencial produtivo. Ele consta das operações de roçagem, destocamento, lavração, gradagem, abertura das covas ou sulcamento.
· Roçagem - Consiste na eliminação da vegetação existente. Esta prática pode ser executada manualmente ou com tratores. Em ambos os casos, não se aconselha a queima da vegetação, apenas retiram-se os arbustos e galhos maiores, sendo o restante incorporado ao solo através de uma ou mais lavrações.
· Destocamento - Caso a área seja coberta por mata ou outra vegetação maior, com sistema radicular mais desenvolvido, aconselha-se executar o destocamento após a roçagem da vegetação. Esta prática tem por objetivo a retirada dos tocos maiores para facilitar os demais trabalhos. Ela é feita com implementos mais pesados tracionados por tratores e eventualmente por animais.
· Lavração - Esta prática visa a mobilização total do solo. A profundidade em que esta mobilização é feita depende do tipo de solo e dos trabalhos nele executados anteriormente. É mais comum fazer a lavração à profundidade de 20 a 25 cm.
· Gradagem - Esta prática visa nivelar o terreno que foi revolvido. Este nivelamento permite a distribuição mais uniforme dos adubos e facilita a demarcação das covas para o plantio.
· Preparo das covas ou sulcamento - As covas são preparadas após o nivelamento do solo, tendo as dimensões de 50 x 50 x 50 cm. Quando a topografia permite, no lugar das covas, faz-se a abertura de sulcos com profundidade de 20 a 25 cm.
3.1 Calagem
Conforme Silva, Faria e Albuquerque (2003), a calagem tem como finalidade eliminar prováveis efeitos tóxicos dos elementos que podem ser prejudicial às plantas, tais como alumínio e manganês, e corrigir os teores de cálcio e magnésio do solo. Para a videira o pH do solo deve estar próximo de 6,0. Ainda, deve-se dar preferências para o uso do calcário dolomítico (com magnésio), sendo que o mesmo deve ser aplicado ao solo, pelo menos, 3 meses antes do plantio, distribuindo-se em toda área.
É recomendado que somente se aplique calcário quando a análise de solo indicar necessidade e/ou os teores de cálcio e magnésio forem menores que 4,0 e 2,0 cmolc, respectivamente.
Normalmente após três a quatro anos após a implantação do vinhedo há necessidade de fazer uma nova calagem. O modo de aplicação do calcário é bastante controverso, pois em regiões de ocorrência de fusariose, o corte do sistema radicular pode aumentar a mortalidade de plantas infectadas por fusarium, e, em vinhedos sob Litossolos, há afloramento de rochas. Nas duas situações é proibitivo a prática da incorporação do calcário, sendo então necessário a aplicação do calcário na superfície sem a necessidade de incorporação.
3.2 Adubação de Correção, Plantio e Manutenção
Segundo Silva, Faria e Albuquerque (2003), existem três tipos fundamentais de adubação: a de correção, efetuada antes do plantio, a de plantio ou crescimento, realizada na ocasião do plantio do porta-enxerto ou da muda até 2 a 3 anos, e a de manutenção, realizada durante a vida produtiva da planta. A primeira é feita para corrigir a fertilidade do solo para padrões de fertilidade preestabelecido, a segunda é feita para permitir o crescimento inicial das plantas, a terceira é para repor os elementos absorvidos pela planta durante o ano.
1 Adubação de Correção
Como o nome já diz, é feita para corrigir possíveis carências nutricionais. Nela procura-se corrigir os teores de fósforo, potássio e do micronutriente boro.
Os indicadores da disponibilidade de K e P para os solos do RS é o Mehlich 1, enquanto que para boro é a "Água Quente". A quantidade de nutriente a ser aplicada baseia-se em análise de solo e segue-se a tabela 2. Os fertilizantes devem ser aplicados 10 dias antes do plantio e devem ser distribuídos em toda área.
As fontes utilizadas para fósforo são os superfosfatos, enquanto que para o potássio recomenda-se o uso do cloreto de potássio ou sulfato de potássio. Em condições de pH menor que 6,0 há possibilidade de utilização de fosfatos naturais, mas deve-se comparar custo dessa aplicação com a aplicação de um fosfato mais solúvel. Para o boro recomenda-se a utilização de bórax, ácido bórico e ulexita.
2 Adubação de Plantio ou Crescimento
Esta adubação tem finalidade fornecer nitrogênio às plantas durante os dois a três primeiros anos após a implantação. Utiliza-se esterco e/ou fertilizante químico à base de nitrogênio.
 A quantidade de nitrogênio a ser aplicada está relacionada com o teor de matéria orgânica do solo e segue-se a tabela 3. A fonte de N a ser utilizada deve ser aquela mais fácil de ser encontrada na região. Quando for utilizado uréia deve-se tomar o cuidado para evitar perdas por volatilização, assim o solo deve estar úmido e/ou incorporar o fertilizante ao solo.
 Em solos com menos de 25 g kg-1 de matéria orgânica recomenda-se a aplicação de esterco de frango na ocasião do plantio, na dose 15 t ha-1, que deve ser colocado no fundo das covas das plantas e bem misturado com o solo.
3 Adubação de Manutenção
Tem a finalidade de repor os nutrientes que são exportados na forma de frutos. A recomendação para nitrogênio, fósforo e potássio é feita na expectativa da produtividade a ser alcançada e se utiliza três classes de produtividade que são: < 15, 15 a 25 e > 25 t ha-1. O Boro é o micronutriente que mais comumente se apresenta em concentrações abaixo do normal nas plantas da videira.
4.1 Aquisição da Muda Pronta
Conforme Kuhn (2003), “quando se adquire mudas prontas para implantar um vinhedo deve-se tomar muito cuidado. É imprescindível que se adquira as mudas de viveirista credenciado pela Secretaria da Agricultura e que tenha a origem do porta-enxerto e produtora com garantia de sanidade e a correta identificação varietal. A introdução de material contaminado (mudas, estacas, etc.) na propriedade pode comprometer a viabilidade econômica do empreendimento através do estabelecimento de focos de doenças e pragas de difícil controle. As mudas adquiridas devem ser de raiz nua, bem formadas, com comprimento mínimo de 20 cm e bem lavadas de forma que se possa observar a presença da praga "pérola-da-terra" e outros sintomas como engrossamento, nódulos, escurecimento e necroses causados por patógenos de solo. Também é importante que a muda apresente o calo de soldadura do enxerto bem formado, sem fendas e nem engrossamento excessivo. Além destes problemas que são visíveis, existem outros, especialmente aqueles causados por vírus que não são visíveis em mudas de um ou dois anos, quando são adquiridas, daí a importância de se conhecera origem do material de propagação que originaram as mudas.”
4 4.2 Material de Propagação
Kuhn (2003), relata que o material de propagação para o preparo de mudas, seja de pé-franco (estacas da produtora) ou enxertada (gema da produtora e estaca do porta-enxerto), deve ser obtido em órgãos oficiais ou viveiristas credenciados. Outra opção e, neste caso, somente para material das produtoras é a obtenção do material em vinhedos comerciais que tenham sido formados com mudas de procedência conhecida onde deve-se proceder à seleção das plantas para a retirada do material.
No caso do produtor optar em fazer a seleção das plantas de cultivares produtoras para a retirada de estacas para o plantio de pé-franco ou garfos (gemas) para enxertia, deve escolher vinhedos adultos, com idade mínima de quatro anos, de preferência acima de 8 anos e que tenha sido formado com material de boa procedência em relação à sanidade e identidade varietal. Na seleção deve-se marcar as plantas com bom vigor, produtivas e boa maturação da uva e sem qualquer tipo de sintoma que possa ser causado por doenças ou pragas. A observação das plantas deve ser feita em diversas épocas do ano, visto que os sintomas da maioria das doenças se expressam melhor em determinados estádios do ciclo vegetativo. As épocas mais aconselhadas para observar as plantas são: a) Na primavera, quando os ramos alcançam em torno do 50 cm, verificar se as folhas apresentam sintomas de deformações, amarelamentos e manchas cloróticas de contorno variado e nos ramos se há anomalias como bifurcações, entrenós curtos, achatamentos e nós duplos; b) Na fase de maturação da uva, antes da colheita, verificar se as plantas apresentam cachos com falhas e mal formados, maturação irregular (presença no mesmo cacho de uvas maduras e verdes), e também, se aquelas plantas que embora tenham boa produção apresentam maturação atrasada ou incompleta; c) No fim do ciclo vegetativo, antes da queda das folhas, observar se as folhas apresentam aspecto rugoso e coreáceo, avermelhamento nas cultivares de uva pretas ou rosa e amarelamento pálido nas cultivares de uva branca; d) No período de dormência, antes da poda, época que a planta está sem as folhas, verificar a presença de achatamento nos ramos, nós duplos (gemas opostas), bifurcações, entrenós curtos, engrossamento nos entrenós, amadurecimento irregular do lenho e morte de ramos.
No caso de porta-enxertos é difícil selecionar plantas sadias na propriedade, pois mesmo infectadas, as plantas não mostram sintomas de muitas doenças importantes. Desta forma recomenda-se obter as estacas ou matrizes de porta-enxerto de fonte segura que tenham material certificado ou fiscalizado. Não utilizar para propagação, estacas retiradas de rebrotes de porta-enxerto que, eventualmente, brotam de plantas em vinhedos comerciais em plena produção.
4.3 Coleta e Conservação do Material
A coleta do material propagativo do porta-enxerto (estacas) e da produtora (gemas), deve ser feita no inverno, quando a planta está em dormência (sem folhas) e com os ramos bem lignificados (amadurecidos). Somente devem ser aproveitados os ramos que vegetaram na última estação (ramo do ano) e que nasceram de ramos do ano anterior, ou seja, ramos de dois anos. Recomenda-se que a coleta do material seja feita o mais próximo possível da época do plantio ou da enxertia.
Quando for necessária a conservação do material, antes do plantio ou da enxertia, deve ser feito, de preferência, em câmara fria. Caso a câmara fria não disponha de controle de umidade, os feixes devem ser cobertos com papel jornal úmido e envolvidos em plástico bem vedados, para evitar a perda de umidade do material. Não dispondo de câmara fria, conservar em local fresco (porão) sob areia ou serragem úmida. Quando for estacas (40-45 cm) a conservação pode ser feita em feixes, em pé, com a base das estacas enterrada (10-20 cm) em areia com bastante umidade e em local bem sombreado e fresco, onde pode permanecer por até duas ou três semanas. Se os ramos da videira perderem água equivalente a 20% do seu peso, podem se tornar inviáveis para o plantio ou enxertia. O ideal é que todo o material, antes de ser colocado na câmara fria, seja hidratado por 24 horas por imersão ou em pé na água. Quando o material destinado ao plantio é retirado da câmara fria ou da areia, deve ser hidratado por dois ou três dias, antes de ser plantado. No caso de material de produtora destinado a fornecer gemas para enxertia é suficiente uma hidratação de 24 horas antes da enxertia.
4.5 Enxertia e Plantio
A enxertia é um método propagação vegetativa de plantas, que consiste em juntar os tecidos de uma planta aos tecidos de outra planta, normalmente da mesma espécie, passando a formar uma única planta com as duas partes: o enxerto (copa, base) e o porta-enxerto (cavalo, topo) (Lenz, 2012).
A seguir, trazemos alguns tipos de enxertia aplicados às videiras:
Enxertia de Garfagem no Campo
Segundo Kuhn (2003), a enxertia de garfagem no campo é a prática mais utilizada no Brasil. A enxertia é feita um ano após o plantio das estacas do porta-enxerto (enxertia de inverno). Em regiões sujeitas à ocorrência de geadas tardias, a enxertia deve ser feita na última quinzena de agosto. O tipo de enxertia feita no campo é a garfagem simples, executada do seguinte modo: inicialmente, faz-se uma limpeza em torno do porta-enxerto para facilitar a operação de enxertia. A seguir elimina-se a copa a uma altura de 10 cm a 15 cm acima do solo, ficando, assim, um pequeno caule ou cepa. Após, com o canivete de enxertia, é feita uma fenda de 2 cm a 4 cm, na qual será introduzido o garfo da videira que se deseja enxertar.
Enxertia verde
Esta modalidade de enxertia é efetuada durante o período vegetativo da videira, sendo recomendada para a reposição de falhas da enxertia de inverno. Pode também ser empregada na renovação do vinhedo. A enxertia é feita por garfagem simples na primavera, nos meses de novembro e dezembro. Se feita mais tarde poderá ocorrer problema na maturação (lignificação) das brotações, principalmente em localidades onde o outono é bastante frio. Consiste dos seguintes procedimentos: selecionar dois brotos do porta-enxerto conduzindo-os junto ao tutor e eliminando as demais brotações. Quando os ramos do porta-enxerto atingirem em torno de 5mm de diâmetro e estiverem com boa consistência, verdes mas rígidos, já poderão ser enxertados Kuhn (2003).
Enxertia de mesa
Na enxertia de mesa, utilizam-se bacelos de porta-enxertos não enraizados. Podem ser utilizados métodos manuais ou mecânicos no processo de enxertia de mesa. No Submédio do Vale do São Francisco, predomina a enxertia manual. Por outro lado, a enxertia mecânica com cortes do tipo ômega tem a vantagem de permitir um alto rendimento e funciona em dois tempos, efetuando-se primeiramente, o corte do porta-enxerto e do enxerto e, logo em seguida, a união das duas partes (Leão e Soares, 2010).
Enxertia de campo
Na enxertia de campo, os porta-enxertos são plantados no local definitivo, onde permanecem por, aproximadamente, 4 a 6 meses, até apresentarem diâmetro e maturação adequados para serem enxertados. Quando se utilizam estacas não enraizadas, seu plantio pode ser feito diretamente no campo. Neste caso, maior atenção deverá ser dada para o umedecimento do solo nas proximidades das estacas, pois qualquer deficiência hídrica durante as fases de enraizamento e brotação levará à perda das mesmas. O plantio de mudas de porta-enxerto enraizadas ou em raiz nua é mais recomendado, pois reduz os riscos de perdas de plantas no campo (Leão e Soares, 2010).

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