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SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 1 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos – SBDG em parceria com as Faculdades Monteiro Lobato – FATO Coordenação: Saara Hauber e Crismeri Delfino Corrêa Processo de inclusão e exclusão em grupos de formação e desenvolvimento Clarice de Goulart Ismael Viezze Jamile Cruz Juliana Costa Beber Márcia Borges Fortes* Resumo – O presente trabalho tem por objetivo analisar os sentimentos e atitudes de participantes que já concluíram a formação em uma instituição de formação e desenvolvimento, em relação ao processo de inclusão e exclusão vivenciado durante esta experiência. A pesquisa enfoca o processo de inclusão nos grupos com base principalmente em Schutz, Moscovici e Bion, e o processo de exclusão, onde foram visitadas as teorias de Lewin e Mailhiot. Os resultados desta pesquisa demonstram que o comportamento de inclusão e exclusão vivenciado no grupo depende das respostas que o ambiente fornece e das escolhas de cada membro faz diante das situações. Além disso, o “sentir-se dentro, sentir-se pertencente” está ligado ao desejo de ser reconhecido e os esforços individuais que podem se repetir ou se transformar a cada momento. Percebeu-se que à medida que o grupo resiste a reconhecer-se como tal, lutando por desejos individuais, os integrantes não se integram. Nesta questão, observa-se que em função do desejo de sentir-se querido e incluído pelo grupo surgem sentimentos diversos que tem relação com a identificação. Somado a isto, também evidenciamos nos relatos a vivência de situações em que o participante pode se sentir dividido entre o reconhecimento de seu desejo e o desejo de reconhecimento. Palavras-chave – Grupo. Sentimentos. Atitudes. Inclusão. Exclusão. Abstract – This study seek to analyze the feelings and attitudes of participants who have completed training in an institution for training and development in relation to the process of inclusion and exclusion experienced during this experiment. The research focuses on the process of inclusion into groups based mainly in Schutz, Moscovici and Bion, and the exclusion process, where were visited the theories of Lewin and Mailhiot. The results of this research demonstrate that the behavior of inclusion and exclusion experienced in the group depends on the answers that the environment provides and of the choices that each member has done faced with situations. Besides that, the "feeling inside, feeling belonging" is linked to the desire to be acknowledged and to the individual efforts that can be repeated or transformed at each * Clarice de Goulart – Coordenadora de RH – Maiojama. Psicóloga formada na Universidade Luterana do Brasil. E-mail: claricedegoulart@gmail.com. Ismael Viezze – Sócio Proprietário – Atitude Turismo. Bacharel em Turismo formado na UCS. E-mail: ismael@atitude.tur.br. Jamile Cruz – Consultora Interna de RH – Grupo RBS. Psicóloga formada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E- mail: Jamile_londero@hotmail.com. Juliana Costa Beber – Analista de RH – ADP. Bacharel em Administração de Empresas formada na ESPM. Mestre em Administração e Negócios pela PUCRS. E- mail: jujucosta@yahoo.com. Márcia Borges Fortes – Consultora de Empresas Familiares – Instituto Sucessor Geyer Ehlers. Psicóloga formada na Universidade Luterana do Brasil. E-mail: marcia.fortes@hotmail.com. Orientação: Saara Hauber, Crismeri Delfino Corrêa e Vanice dos Santos. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 2 moment. It was noticed that in proportion that the group endures to recognize them as such, fighting for individual desires, the members don't integrate themselves. In this issue, it is observed that because of on the desire to feel loved and included by the group emerge many different feelings that are related to identification. Added to this, was also evidenced in the reports the experience of situations in which the participant may feel torn between their desire for recognition and the desire for recognition. Key words – Group. Feelings. Attitude. Inclusion. Exclusion. INTRODUÇÃO Ao longo da jornada na SBDG (Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos) participando como membros de uma turma de formação em dinâmica dos grupos, foram vivenciados diversos movimentos grupais que nos serviram como ponto de partida para este estudo. Alguns desses movimentos despertaram muitas fantasias e principalmente muitas indagações, tais quais: posso me mostrar para este grupo como eu realmente sou? Será que as pessoas irão me aceitar se assim fizer? E se eu me sentir excluído ou se o grupo me excluir, como será? Com base nesses questionamentos e na curiosidade para tentar respondê-los, surgiu a nossa motivação de pesquisa. Buscamos então refletir sobre estas questões criando assim a hipótese de que esses sentimentos são despertados pelo impacto da inclusão e exclusão vivenciadas durante o processo de desenvolvimento do grupo. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo geral analisar a percepção dos processos de inclusão e exclusão de participantes que já concluíram a formação em uma instituição de formação e desenvolvimento situada no estado do Rio Grande do Sul. Definimos como objetivos específicos investigar de que forma a inclusão e exclusão são vivenciados no grupo, bem como, as atitudes dos participantes que já concluíram a citada formação frente aos sentimentos despertados por estes processos. Utilizamos como metodologia a pesquisa qualitativa e como ferramenta um roteiro de perguntas para orientar uma entrevista semiestruturada relacionadas aos objetivos investigados. Foram entrevistadas cinco pessoas que concluíram o curso de formação nesta instituição de formação e desenvolvimento situada Rio Grande do Sul. Para buscar um maior entendimento das respostas colhidas nos apoiamos em diversos autores, como Schutz, Moscovici, Bion, Lewin e Mailhiot, para aprofundar o tema em questão. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 3 O PROCESSO DE INCLUSÃO EM GRUPOS A necessidade de ter atenção dos outros, de interagir, de pertencer, de ser único, é o que todo o ser humano valoriza desde a tenra infância. Este desejo de sentir-se aceito e desejado pelos outros parece nos acompanhar em todas as relações que estabelecemos ao longo da vida. Segundo Schutz (1974), a necessidade de inclusão está presente em todas as relações humanas e pode ser marcada pelo desejo de receber atenção e de efetuar interações. Assim, o processo de inclusão pode iniciar desde o momento em que um grupo é formado, pois nessa fase, as pessoas procuram principalmente identificar-se com os demais membros do grupo, criando-se associações seja de aceitação ou de exclusão. De acordo com o mesmo autor, os principais momentos de necessidades interpessoais existentes nas dinâmicas dos grupos podem ser separados por três fases: a de inclusão, a de controle e a de abertura. Para que as necessidades interpessoais sejam supridas o autor destaca que é necessário haver um equilíbrio nas relações entre estas três dimensões. Assim, cada membro do grupo buscará seu lugar através de tentativas para encontrar e estabelecer os limites de sua participação no grupo. Dessa forma, os membros iniciam suas escolhas tais como: o quanto irão dar de si, o quanto esperarão receber, como se mostrarão ou que papéis desempenharão primordialmente. A fase de inclusão é marcada pela necessidade do indivíduo em sentir-se considerado pelo outro. Já a fase de controle refere-se à relação de poder, influência, autoridade entre as pessoas do grupo. Na fase de abertura, a necessidade está ligada ao sentimento de ser amado e querido pelas pessoas do grupo. Interessa para este estudo de formamais específica, considerando as fases citadas, a etapa de inclusão. Schutz (1970) descreve três tipos de características da fase de inclusão: subsocial, supersocial e sociável. O indivíduo com pouco espírito de inclusão tende a ser mais introvertido e reservado, mantendo-se distante do grupo preferindo não envolver-se com os demais. Porém, inconscientemente pode querer a atenção, pois teme que os outros o ignorem. Já os supersociais têm como características a extroversão, assim buscam insistentemente os outros e também desejam ser procurados. Seu comportamento está sempre voltado para atrair atenções para si mesmo. Por fim, para os indivíduos sociais, que são aqueles os quais resolveram as relações de inclusão na infância, o relacionamento com os outros não apresenta problemas. É capaz de ficar sozinho ou em grupo, podendo SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 4 comprometer-se ou não, dependendo do que julga mais adequado em cada situação, pois, inconscientemente, sente que tem valor. Neste sentido, verifica-se que a forma como cada integrante busca sua inclusão no grupo (subsocial, supersociável e sociável) está relacionada ao valor que julga ter e as vivências que teve durante sua vida (SCHUTZ apud MAILHIOT, 1970). Moscovici (1996) afirma que contrário do que se pode pensar, as dificuldades de inclusão nem sempre conseguem ser resolvidas pelo grupo nas fases iniciais, podendo se prolongar e assim, acarretarem em problemas para o funcionamento do grupo. Diz Schutz (1974) que os participantes buscam a abertura no grupo e esta está baseada na formação de ligações emocionais, vínculos e confiança no grupo. Na fase de inclusão as pessoas se encontram com as outras e pensam sobre a permanência e continuidade de seu relacionamento. Porém, ao passar para a fase de controle, o questionamento está ligado à confrontação entre as pessoas para checagem e a descoberta de como desejam se relacionar. Sendo assim, o autor complementa que para que os relacionamentos sigam em frente é necessário que se formem relações afetivas, aproximando as pessoas e criando vínculos duradouros. Do ponto de vista psicanalítico, fundamentado em Bion (apud ZIMERMAN, 1999), a conceituação de vínculo necessariamente requer as seguintes características: (a) são elos que unem duas ou mais pessoas ou duas ou mais partes de uma mesma pessoa; (b) estes elos são sempre de natureza emocional; (c) eles são imanentes (isto é, são inatos, existem sempre como essenciais em um dado indivíduo e são inseparáveis dele); (d) comumente atingem as dimensões inter, intra e transpessoal; (e) um vínculo estável exige a condição de o sujeito poder pensar as experiências emocionais na ausência do outro; (f) os vínculos são potencialmente transformáveis e por fim, (g) devem ser compreendidos por meio do modelo da inter-relação continente-conteúdo. Com isso, percebe-se a complexidade e a entrega necessária para ocorrer uma vinculação entre pessoas. Também se verifica que à medida que os vínculos interpessoais se fortalecem, mais membros sentem-se aceitos no grupo, superando a fase de inclusão e assim, abrindo espaço para ocorrerem os conflitos. Experimentam olhar as diferenças de vivenciar a fase controle. Para Castilhos (2002) e Moscovici (1996) os conflitos são inerentes à vida em grupo. A escassez de recursos para satisfazer todas as necessidades e desejos individuais, principalmente de poder e afetividade, podem gerar conflitos intermináveis entre os SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 5 membros. Além da frustração, verifica-se que os diferentes graus de carência ou satisfação que se encontram as necessidades das pessoas também podem promover tensão entre elas. Portanto, verifica-se que o desenvolvimento do grupo pode depender de como estes conflitos serão enfrentados e/ou resolvidos, pois, segundo os autores, uma frustração intensa, por exemplo, poderá fazer com que os indivíduos abandonem o grupo. Pichon-Rivière (1982) valida esta hipótese referindo que o vínculo se configura em uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, em que tanto o sujeito como o objeto se realimentam mutuamente. Para o autor, o vínculo é sempre um vínculo social, mesmo tendo uma só pessoa; o vínculo tem uma pauta de conduta e tende a se repetir automaticamente, tanto em relação interna quanto em relação externa com o objeto. Zimerman (1999) apresenta o conceito de vínculo de reconhecimento, o qual abrange quatro conceituações: (a) a de reconhecimento (de si próprio); (b) reconhecimento do outro (como alguém diferente dele); (c) ser reconhecido ao outro (como expressão de gratidão); (d) ser reconhecido pelos outros. As formas como cada individuo encontra para estabelecer vínculos nas suas relações na vida adulta vai depender das suas experiências anteriores nos seus grupos de referencia, a exemplo da família, grupo da escola, entre outros. Sendo assim, o autor destaca que cada indivíduo comparece a sessão grupal com seu potencial próprio para estabelecer possíveis vínculos. Mailhiot (1981) destaca que de forma circular, se encontram presentes na dinâmica grupal as emoções básicas de amor e ódio, afeto e exclusão, decisão e insegu- rança sempre presentes em todas as fases da vida de um grupo. Entretanto, o que diferencia um momento do outro é a forma como os participantes combinam e estruturam esses sentimentos. O PROCESSO DE EXCLUSÃO EM GRUPOS Segundo Schutz (1974), em qualquer ambiente social, as ideias de alienação, isolamento e solidão podem estar presentes. O autor afirma que a sensação de estar excluído de um grupo, ou de não pertencer ao grupo mais desejável, ou ainda, de não ser completamente aceito tende a ser compartilhada pela maioria da humanidade. O mesmo descreve que esta pode tratar-se de uma sensação tão aguda e desagradável tornando-se assim, objeto de muita negação e distorção para as pessoas e/ou grupos. Em SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 6 contrapartida, pode trazer complexidade e aprofundamento para quem se depara com esses sentimentos. Bion (1975) destaca que todo ser humano tem a tendência de entrar na vida de grupo, nos aspectos irracionais e inconscientes, e as pessoas variam na intensidade da tendência para esta direção. A questão da exclusão segundo o autor, na maioria das vezes, é interna às pessoas, pelo risco de incluir no grupo suas “questões” deficientes, e assim, de não ser perfeito. O processo de exclusão pode ser executado pelo grupo e reforçado pelas atitudes individuais, de forma consciente e/ou inconsciente, com relação a um ou mais elementos do grupo e com graus de intensidade diversa. O fenômeno de exclusão pode ser sentido tanto pelos elementos do grupo, como uma percepção em cima de constatações e fatos comprováveis, ou apenas como um sentimento do indivíduo que não corresponde ao que realmente acontece no grupo. Neste caso, o comportamento do indivíduo que se julga excluído poderá afetar o seu estado emocional, e assim, o grupo provavelmente perceberá esse comportamento com probabilidade agora de ser levado a produzir um movimento de exclusão de fato. Outro movimento que pode atenuar a vivência da exclusão é quando o grupo percebe um comportamento considerado inadequado para os seus membros ou mesmo as dificuldades de um indivíduo, e consegue dar um retorno para a pessoa. Dessa forma, o grupo pode tentar ajuda-lo a superar um problema e assim “resgata-lo”, minimizando suas fantasias e incluindo no grupo. Para Lewin (1965), a adaptação do indivíduo ao grupo se dá através das necessidades grupais e da liberdade individual. O indivíduo precisa de suficiente espaço de movimento livre no interior do grupo para atingir e satisfazer suas necessidades individuais. Se este espaço de independência no grupo for pequenoa pessoa poderá tornar-se infeliz. Uma frustração poderá obrigá-la a deixar o grupo ou poderá destruí-la. Algumas vezes as restrições estabelecidas pelo grupo podem deixá-lo com muita ou pouca liberdade. As restrições podem basear-se no consentimento dos membros ou ser impostas pela vontade da força dominante do grupo que quer preservar valores e crenças e expulsar, consciente ou inconsciente, quem não as segue. O sentimento de exclusão pode estar presente em todos os grupos, principalmente nas etapas iniciais, quando a necessidade de se sentir integrado costuma ser mais intensa, SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 7 conforme verificamos no referencial teórico sobre inclusão desta pesquisa. Além disso, verifica-se que à medida que o grupo se depara com a responsabilidade de fazer escolhas para o seu funcionamento, o sentimento de exclusão pode tornar-se ainda mais exacerbado, pois ele tende a alimentar o temor da exclusão, que pode ocorrer de forma imaginária ou real. Em grupos, optar ou escolher um caminho que pode ser percebido como diferente pelos demais é arriscar-se. Porém, quando se pôde perceber, aceitar e, principalmente, incluir as diferenças individuais, esta ansiedade ou sentimento tende a diminuir sensivelmente. Moscovici (1996), referindo a teoria de Bion, ao falar sobre Luta e Fuga no grupo coloca que o modo luta predomina quando o grupo tende a atacar o que ou quem percebe como causador de uma situação conturbadora, estressante. A modalidade fuga ocorre quando o grupo procura evadir-se da situação-problema de forma física ou psicológica por meio de manobras variadas, tais como brincadeiras, fantasias, teorização, introdução de assuntos irrelevantes. Podem ocorrer em grupos de desenvolvimento movimentos de luta e fuga, oriundos de uma cultura de idealização de seus membros, de alta exigência e de cobrança de formas iguais de comportamentos a todos os participantes. Assim, verificam-se diversas situações as quais remetem os membros dos grupos aos sentimentos de exclusão e a todas as suas nuances que envolvem valores, formas de ser e de agir. Em função da riqueza presente neste processo é que definimos nosso método de pesquisa, que segue descrito com maior detalhamento no capítulo que segue. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO Para este trabalho foi escolhido o método de pesquisa qualitativo, visando ampliar e aprofundar o conhecimento sobre o fenômeno estudado. Segundo Patton (1986), o método de pesquisa deve ser coerente com os objetivos de pesquisa propostos. Um estudo qualitativo caracteriza-se por seguir uma tradição compreensiva e interpretativa, baseado no pressuposto de que as pessoas agem com base em suas crenças, percepções, sentimentos e valores, e seu comportamento sempre tem um significado que não pode ser conhecido de forma imediata, mas que precisa ser desvelado. Os estudos qualitativos buscam o aprofundamento das complexidades dos processos envolvidos no fenômeno estudado, e podem ser classificados, como exploratório, explanatório, descritivo, ou SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 8 preditivo. Os estudos exploratórios têm como objetivo identificar variáveis importantes para gerar hipóteses a futuras pesquisas, ou também, investigar fenômenos pouco conhecidos (MARSHALL; ROSSMAN, 1995). Para Gil (1994), as pesquisas de caráter exploratório são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral sobre determinado fato ou evento, quando esse é bastante amplo ou genérico, constituindo a primeira etapa de uma investigação mais aprofundada. A partir do objetivo deste trabalho de conhecer a percepção de participantes que já concluíram a citada formação, sobre o processo de inclusão e exclusão, buscou-se uma análise comparativa com a literatura existente, e assim, realizou-se uma pesquisa de caráter exploratório. De acordo com a definição de estudo exploratório proposta por Marshall e Rossman (1995), a presente pesquisa identificou variáveis importantes, gerando hipóteses e proposições para futuras pesquisas. A formação utilizada como referencia caracteriza-se pela frequência mensal através de vinte encontros, com número de participantes que varia entre 18 e 23 pessoas. Esta tem como alguns dos principais objetivos o aprofundamento das interações em grupo, entendimento dos processos grupais, ampliação do autoconhecimento, desenvolvimento de habilidades interpessoais e de manejo de grupos. É possível entender que “uma metodologia de pesquisa não-estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, proporciona insights e compreensão do contexto do problema” (MALHOTRA, 2001, p. 155). Gil descreve que “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vistas à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (1994, p. 44). Por tratar-se de uma questão que pretende aprofundar-se na complexidade dos processos envolvidos no fenômeno estudado, justifica-se a opção por uma pesquisa qualitativa, por ser este um método que permite uma melhor compreensão do contexto de um problema estudado (MALHOTRA, 2001). Para Scarparo (2000), a pesquisa qualitativa tem a preocupação voltada para a profundidade do que é descoberto possuindo algumas características básicas. Dessa forma, essa tem a preocupação voltada para a profundidade do que é descoberto. Esta pesquisa analisou a percepção de participantes que já concluíram a formação, sobre o processo de inclusão e exclusão, vivido durante o transcorrer dos encontros de SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 9 desenvolvimento. A pesquisa foi realizada com a utilização da técnica de amostragem não-probabilística, com amostragem por conveniência. Foram escolhidos para esta amostra cinco ex-participantes de diferentes grupos de formação do Rio Grande do Sul com as seguintes características: conclusão da formação há até dez anos, ensino superior completo, idade entre 28 e 51, de ambos os sexos, participantes de grupos de formação em Porto Alegre/RS. Tabela 1 – População pesquisada Participante Sexo Idade Tempo de Formação A Masculino 31 03 anos B Feminino 29 02 anos C Masculino 51 10 anos D Feminino 35 08 anos E Feminino 33 06 anos Fonte: Elaborada pelos autores desta pesquisa. O instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista com roteiro semi-estruturado, ou seja, perguntas abertas que possibilitaram maior aprofundamento em relação fenômeno estudado. Essa escolha está fundamentada na busca de uma análise profunda em relação ao tema que essa técnica de entrevista oferece, bem como na possibilidade de identificar pontos comuns e distintos presentes na amostra escolhida, que não é obtida a partir de critérios estatísticos. Assim, o foco foi levantar e conhecer a percepção/sentimentos do público-alvo da pesquisa. O roteiro foi desenvolvido na forma de perguntas para orientar uma entrevista semiestruturada buscando, através de um propósito definido, explorar tópicos gerais que ajudem a desvendar a perspectiva apresentada por cada entrevistado (MARSHALL; ROSSMAN, 1995). Inicialmente foram convidados cinco participantes que já concluíram a citada formação em uma instituição de desenvolvimento. Os sujeitos aceitaram participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e as entrevistas ocorreram nas residências ou nas dependências dos locais de trabalho dos participantes. Após uma breve introdução a respeito do tema da pesquisa, as entrevistas, que duraram cerca de 45 minutos, foram gravadas e posteriormente transcritas para análise de conteúdo conforme Bardin (1977). Para Yin (2005), a coleta de dados tem por objetivo elevar o grau de conhecimento, compreensão e auxiliar na determinação das variáveisrelevantes para o SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 10 fenômeno em estudo, considerando as variáveis identificadas através da literatura. Marshall e Rossman (1995) definem que uma entrevista é uma conversa com um propósito definido, por meio da qual o pesquisador explora tópicos gerais que ajudam a desvendar a perspectiva apresentada pelo entrevistado. Ainda, é necessário um grau de sistematização, principalmente, quando estão se estudando vários casos ou entrevistando mais de uma pessoa. ANÁLISE DOS RESULTADOS De acordo com Yin (2005), a etapa de análise dos dados consiste em examinar, categorizar e classificar os dados levantados, ou recombinar as evidências em função das proposições iniciais do estudo. O pesquisador deve começar esta etapa a partir de uma análise geral e estabelecer os porquês e as prioridades do que vai ser analisado. O método utilizado para a análise dos dados obtidos através das entrevistas foi à análise de conteúdo. Segundo Flick (2004), a análise de conteúdo é um dos procedimentos mais utilizados em pesquisa para tratar dados textuais provenientes das mais diversas origens, desde materiais impressos até transcrições de entrevistas. O método da análise de conteúdo, segundo Bardin, pode ser definido como “um conjunto de técnicas de analises das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (1977, p. 38). Dessa forma, o método permite evidenciar indicadores, bem como inferir sobre outras realidades, fornecendo uma diretriz, isto é, uma linha para o estudo em questão. A análise por categoria, de acordo com Richardson (1985), entre as diversas técnicas de análise de conteúdo é a mais utilizada, sempre que se aplique em conteúdos diretos. A análise por temas consiste em isolar um texto e extrair as partes utilizáveis, de acordo com o problema pesquisado. Assim, as categorias ligam-se entre os objetivos de pesquisa e os resultados de forma a se obter conclusões e/ou novas informações por meio do exame detalhado dos dados. Assim, foram criadas nessa pesquisa categorias com base na fundamentação teórica para organizar as respostas obtidas durante as entrevistas. Com isso, buscou-se através da análise de conteúdo, a categorização por eixos temáticos para analisar os discursos dos entrevistados, além da observação da comunicação não verbal, visando SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 11 “conhecer aquilo que está por trás das palavras” (BARDIN, 1977). Com base nas entrevistas realizadas destacamos duas categorias: (a) sentimentos e atitudes no processo de inclusão e (b) sentimentos e atitudes no processo de exclusão. Quadro 1 – Categorias e variáveis da pesquisa Categoria Variáveis Sentimentos e atitudes no processo de inclusão – Aceitação/importância – Confiança – Autenticidade – Ser agente – Entrega – “Armas” de conquista – Ser comprometido – Ser autêntico – Evitar conflitos Sentimentos e atitudes no processo de exclusão – Distanciamento – Falta de autenticidade – Rejeição – Apatia/covardia – Raiva – Aborrecimento – Ser diferente dos demais membros. Fonte: Elaborado pelos autores desta pesquisa. Através do Quadro 1 é possível verificar as categorias e variáveis identificadas por meio desse estudo. No item a seguir, encontram-se a primeira categoria que foi analisada, os sentimentos e atitudes no processo de inclusão em grupos. Sentimentos e atitudes no processo de inclusão Esta categoria refere-se à visão que os entrevistados têm sobre os sentimentos de inclusão despertados e as suas atitudes durante o processo de formação e desenvol- vimento. Verificou-se por meio das entrevistas que o sentimento de aceitação e importância foi referido pelos entrevistados como uma necessidade de pertencer e ser valorizado no grupo. Esse relato encontra-se em consonância com Schutz (1974), pois o autor afirma que a fase de inclusão é marcada pela necessidade de ter atenção e aceitação dos outros SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 12 membros. Para o mesmo autor, cada participante procura seu lugar através das tentativas de encontrar seu espaço e ser considerado pelas suas atitudes. Ao buscar abertura no grupo, os membros procuram formar vínculos de confiança. O entrevistado A relata: “senti confiança em poder compartilhar sentimentos com o grupo e assim permiti que as pessoas participassem dos meus aspectos emocionais e de vida”. Vinculado a isso, o entrevistado B referiu-se ao sentimento de aceitação no grupo: “aos poucos os vínculos foram se fortalecendo e a inclusão, para mim, era percebida pela aceitação da minha percepção sobre algum fato e pela escuta do grupo”. Schutz (1974) destaca que para que os relacionamentos sigam em frente é preciso à formação de relações afetivas, baseadas na união, resultando em vínculos que se perpe- tuem. Percebe-se que a autenticidade é muito valorizada e se destaca como fundamental para as relações interpessoais, bem como para o processo de inclusão no grupo. Isto pode ser observado em uma das falas do entrevistado B: “a inclusão se deu quando eu consegui ser mais autêntica e assim estar mais presente no grupo para construir vínculos”. Identificou-se que a maior parte dos entrevistados referiu que participar ativamente no grupo reforçou seus sentimentos de inclusão e pertença. Conforme o entrevistado C relatou: “o participante do grupo não é só sujeito, ele é agente também. Acredito que a inclusão é conquistada a partir de comportamentos participativos, interagindo, opinando, sendo afetivo e posicionando-se”. Também foi verificado por meio das entrevistas que o comprometimento e o sentimento de entrega estão ligados ao desejo de ser reconhecido e acima de tudo se sentir incluído no grupo. À medida que o grupo vai aprofundando os vínculos os mem- bros passam a sentir-se mais integrados e conseguem falar de aspcetos pessoais, sendo mais autênticos e agindo com mais naturalidade. Durante a entrevista o participante A complementa: “assumi no grupo um compromisso pessoal de ser autêntico e não forçar comportamentos”. Além da autenticidade existem alguns comportamentos que facilitam o processo de inclusão no grupo. Para Schutz (apud MAILHIOT, 1970), o indivíduo supersociável se comporta atraindo as atenções para si mesmo, buscando na extroversão ser mais atrativo e prestativo perante o grupo. Estes aspectos ficam evidentes na fala do entrevistado E: “Claro que procurei usar das minhas ‘armas’ de conquista, tais como: ser mais descontraída do jeito que sempre sou, um pouco mais ‘palhaça’, tentando passar algo de bom, fazendo as pessoas rirem. Acho que tentei conquistar a todos do meu jeito”. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 13 Um dos movimentos comuns aos participantes para conquistar o grupo é manter a homogenidade, desta forma alguns conflitos podem ser evitados. Isto ficou evidente na fala do entrevistado B: “No início a tendência era não conflitar, não assumir tanto a diferença de acordo com o comportamento entendido como o normal. Seria como um movimento de deixar rolar, ir conforme o movimento do grupo”. Entretanto, verificou-se no referencial teórico que é na diferenciação que o indivíduo consegue criar laços de reciprocidade. Porém, percebe-se que se deparar com a diferença nesta fase, pode representar um ameaça para o grupo, gerando assim, mecanismos para que estas não apareçam. No item a seguir, encontram-se a segunda categoria a ser analisada, o sentimentos e atitudes no processo de exclusão em grupos. Sentimentos e atitudes no processo de exclusão Esta categoria compreende todos aqueles sentimentos e atitudes de exclusão percebidas pelos entrevistados durante as suas experiências naformação em dinâmica dos grupos. Dentre estes sentimentos que apareceram durante as entrevistas estão o distanciamento, a falta de autenticidade e rejeição. Para Schutz (1974), o temor de não ser aceito e ser rejeitado é compartilhado por todos os seres humanos em suas relações. Para o participante B um sentimento de não estar em sintonia foi significativo: No primeiro encontro quando queria falar sobre a gente eu me senti excluída. Com a sensação de estar no lugar errado e na hora errada, depois quando tinha expectativas e desejo diferentes do grupo, o que dava uma sensação de não estar sintonia com o grupo ou não estar incluída no grupo por buscar coisas diferentes. Ser excluída é uma sensação muito ruim. Para mim está muito ligada a rejeição, como se eu não fosse bem quista pelo grupo. Para Bion (1975), o sentimento exclusão é vivenciado de forma individual. Cada pessoa evita expor este sentimento que faz parte do seu mundo interno, pois acredita que expondo suas fragilidades acabam explicitando suas imperfeições e assim não correspondendo as expectativas do grupo. Desta forma as diferenças podem gerar percepções errôneas, que contribuem para a exclusão. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 14 Em uma das falas o entrevistado B destaca: Em alguns momentos ficava chateada com o grupo, em outros me isolava ou me distanciava das discussões. Aos poucos fui entendendo e diferenciando o que era meu e o que era do grupo e tentando compre- ender as possibilidades e dificuldades de cada um. Esse movimento facilitou o meu processo de aprendizagem e desenvolvimento das relações interpessoais no grupo. A dificuldade de lidar com o sentimento de exclusão, frente às expectativas que o participante havia idealizado, apareceu na fala do entrevistado A: Me senti incompetente por não conseguir agir com naturalidade enquanto via claramente que uma série de pessoas buscava assumir papéis de destaque no grupo e interagiam com frequencia com os demais participantes. Como sou muito competitivo e gosto de assumir o papel de liderança, tambem me senti confuso e divido, pois, precisava lidar com a expectativa de estar nesse papel, mas não estar conseguindo efetivamente exercê-lo no grupo. Para auxiliar na minimização desses sentimentos, o entrevistado D relata que sempre buscava atitudes para sair desse do papel de rejeitado ou bode expiatório: Para reverter à situação, assumi o papel de escuta ativa e aos poucos, fazia tentativas de inserção em tópicos que eu me sentia mais confor- tável para aprofundar. Depois, comecei a observar mais o funciona- mento das pessoas, o funcionamento do próprio grupo frente às reações que apareciam. Para isso, exercitei bastante a minha paciência e tole- rência para encontrar a minha melhor maneira para interagir com o grupo. O entrevistado B destaca a importância de ser agente nesse processo na seguinte afirmação: acredito que as atitudes dependem do contexto: Em alguns momentos minha atitude era ficar chateada com o grupo, pois, nao me sentia respeitada ou ouvida. Em outros momentos, tive que me impor perante a sensação de exclusão, para sair de um movimento de anestesia, sem saber como agir. Conforme o grupo vai se desenvol- vendo e a gente se conhecendo, as atitudes perante essa sensação vão se alterando, perpassando o afastamento, a raiva para o desejo de aproxi- mação e de tentar fazer diferente. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 15 Com base em tudo que foi apresentado nesta seção, pode-se dizer que diversas falas são repetidas e bastante comuns aos participantes envolvidos nesta pesquisa. E fica evidenciado no que foi relatado neste capítulo, a importância dos participantes como agentes de sua história no grupo, bem como o impacto que estes movimentos causam no grupo e a influência que este mesmo grupo pode ter para determinar algumas ações e escolhas de seus participantes. Por fim, encontram-se na seção a seguir, as considerações finais verificadas através dessa pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta pesquisa foram apresentados enfoques e considerações a respeito dos processos de inclusão e exclusão, bem como a visão de participantes que concluíram a formação em uma instituição de formação e desenvolvimento situada no estado do Rio Grande do Sul. Verificou-se através dessa pesquisa que estes processos são naturais e comuns, experienciados na vida de todos os grupos. Nesta dinâmica são envolvidos temores, fantasias, desejos e anseios que podem nos acompanhar durante todas as relações estabelecidas ao longo da vida. Verificou-se que o comportamento de incluir-se/excluir-se depende da escolha do membro do grupo em questão, dos impactos causados por esta escolha no grupo e as mensagens que este grupo fornece a cada momento. O “sentir-se dentro, sentir-se pertencente” está ligado ao desejo de ser reconhecido e os esforços podem estar associados a muitas experiências que podem se repetir ou se transformar. Na medida em que o grupo resiste a reconhecer-se como tal, lutando por desejos individuais, os membros não se integram, acabam por se excluir e se distanciar ainda mais. Nesta questão, observa-se que os sentimentos gerados pela falta de identificação podem ser algo natural do indivíduo, que vive dividido entre o reconhecimento de seu desejo e o desejo de reconhecimento. Analisou-se também que pode ser na diferenciação que o indivíduo consegue construir laços de reciprocidade. Mas no grupo, quando inicia a diferenciação entre seus membros, cada participante pode se sentir ameaçado em seus desejos individuais e assim, partir para a exclusão. Como abordado na teoria de Schutz (1974), o deslocamento da responsabilidade para outros membros, assim como o esquecimento, o baixo envolvi- SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 16 mento, a depreciação e desqualificação, e outros mecanismos, é um dos caminhos para a construção da separação. O grupo que não vive o confronto parece não conseguir se estruturar na dimensão básica do controle. Com isto reafirmam-se as fraquezas e de forma inconsciente o grupo se depara com sua própria baixa autoestima. Verificou-se que na exclusão, o grupo não encontra a unidade. Na falta do autoconhecimento, recurso primordial, não se permite a construção de um novo caminho. Assim, na medida em que não se conhece o outro e nem é reconhecido, não há confiança e não há significados comuns, não há identificações e, portanto, há a exclusão, a desconstrução do vínculo iniciado entre os membros. Também se averiguou que a autenticidade no grupo está relacionada com a interioridade e muitas vezes se contrapõe a racionalidade, existir de modo autêntico é assumir a sua essência. Uma das maiores vantagens em agirmos com autenticidade é possibilidade de encarar a si mesmo com realismo e, com isso, conhecer mais ao fundo nossa realidade e sermos nós mesmos sem sofisticação e sem hipocrisia em defesa da própria identidade. Se a autenticidade consiste em fidelidade a si mesmo, em recuperar o próprio sentimento de existência, pode-se alcançá-lo em sua integridade reconhecendo que este sentimento coloca cada um em relação com um todo mais amplo, construindo relações pautadas na autenticidade e formando grupos mais saudáveis. Assim, pode-se dizer que a autenticidade é fator determinante para o processo de inclusão de membros em grupos e fundamental para a criação de intimidade. Apesar de haver um pouco de resistência nas respostas dos participantes e ficar clara a dificuldade de falar sobre os processos de exclusão, algumas manifestações apontam a intensidade com que este processo é vivenciado no âmbito grupal. Portanto, nota-se a forma como cada participante se coloca no grupo e interage, sendo que a exclusão está intimamente ligadaao desejo e a capacidade de entrega e vínculo de cada um. É indispensável o enfrentamento dos conflitos para que todas as fases sejam vivenciadas, possibilitando um verdadeiro amadurecimento, aprofundamento e desenvol- vimento do grupo. Entende-se como limitação desta pesquisa o número pequeno da amostra. Contudo, conteúdos pertinentes foram trazidos e percepções comuns foram evidenciadas corroborando com a revisão bibliográfica. Sugere-se para a continuidade da pesquisa que sejam investigados mais ao fundo a resistência que se percebeu para falar da exclusão. SBDG – Caderno 126 Processo de inclusão e exclusão em grupos... 17 A questão da exclusão segundo Mailhiot (1970), tambem pode ser analisada como uma escolha pessoal para determinar limites no relacionamento com o grupo. Podem ocorrer em grupos de desenvolvimento movimentos de luta e fuga, oriundos de uma cultura de idealização de seus membros, de alta exigência e de cobrança de formas iguais de comportamentos a todos os participantes. Assim, quando esses “contratos” não são aceitos por alguns membros (por serem diferentes) pode observavar-se a exclusão e/ou a autoexclusão de pessoas. Em suma, percebe-se que a exclusão passa pelo exercício de escolher o quanto contato/desejo de se manter com o grupo e a frequência e intensidade de interação que o individuo se propoem a ter com o grupo. Contudo, exclusão é algo que pode estar em constante movimento, ela pode gravitar em momentos em que o individuo se inclui ou se exclui deliberadamente. Há momentos em que se sente incluído ou excluído pelo grupo e há momentos em que se inclui ou se excluem os outros. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Paris: PUF, 1977 BION, W. R. Experiências com grupos. Rio de Janeiro: Imago, 1975. CASTILHO, A. A dinâmica do trabalho em grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994 p.78. LEWIN, K. Teoria de campo em ciência social. São Paulo: Pioneira, 1965. MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. Duas Cidades, São Paulo: 1970, ______. Dinâmica e gênese dos grupos. 4. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1981. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre, Bookman, 2001. MARSHALL, C.; ROSSMAN, G. 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