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Rossana Pierangeli Godinho Silva Características das Carnes CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DA CARNE Atratividade relacionada a cor e a presença de exsudação Cor: principal aspecto no momento da comercialização mioglobina – substância na determinação da cor da carne – proteína conjugada contendo Fe – vermelho púrpura quantidade de mioglobina varia com a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e atividade física exercida pelo animal. carne do frango tem menos mioglobina do que a carne do boi. As cores típicas da carne de algumas espécies são: bovino adulto: vermelho cereja brilhante equino: vermelho escuro ovino: vermelho pálido a vermelho ladrilho suíno: rosa acinzentado aves: branco cinza a vermelho pálido Mioglobina – presença de oxigênio – oximioglobina – vermelho brilhante Mb.H2O + O2 MbO2 + H2O (Fe ++) (Fe++) mioglobina oximioglobina Carne armazenada ou exposta à venda – oxidação da miglobina a metamioglobina (marrom) Mb.H2O MMb.H2O (Fe ++) (Fe+++) mioglobina metamioglobina Obs.: carne cozida – aquecimento – desnaturação da oximioglobina (caramelização de carboidratos e reação de Maillard). Problemas na Coloração da Carne Carnes PSE (pálida, flácida e exsudativa) problemas de estresse no momento do abate – acúmulo de lactato (rápida queda do pH – 15 a 20 min post -mortem) – juntamente com a alta temperatura no músculo (37ºC) – carne libera água, torna-se flácida e com coloração amena Carnes DFD (escura, firme e seca) estresse prolongado antes do abate – esgotam reservas de glicogênio impedindo que o pH decline – músculo retém mais água (seco) ficando estruturado e de coloração escura Exsudação ligada – capacidade de retenção de água da carne durante a aplicação de forças externas, como corte, aquecimento, trituração e prensagem – menor capacidade de retenção de água (parte da água presente na carne encontrar-se na forma livre). - cortes para a venda – maior perda de água - aumento de superfície muscular exposta à atmosfera 2. Aroma e sabor - foram identificados mais de 1000 componentes responsáveis pelo aroma e sabor da carne. - podem ser determinados por fatores antes do abate como espécie, idade, sexo, raça, alimentação e manejo (teor de gordura) - Outros fatores como pH final do músculo, condições de resfriamento e armazenamento, e procedimento culinário também afetam estes parâmetros sensoriais. - Gordura – associada a aroma e sabor (rancificação maior problema) 3. Suculência (capacidade de retenção de água) é a sensação de umidade observada nos primeiros movimentos de mastigação, devido à rápida liberação de líquido pela carne a sensação de suculência é mantida pelo teor de gordura na carne A carne de animais mais jovens costuma ser suculenta no início da mastigação, mas pela falta de gordura torna-se seca ao final. o tempo de congelamento prejudica a suculência o processo de cozimento é fator determinante. Carne cozida que atinge 70ºC mais rapidamente apresenta maior suculência 4. Maciez É o principal quesito de avaliação por parte do consumidor sentida como um conjunto de impressões: Consistência da carne: conforme o contato com a língua e bochechas pode-se sentir se a carne é mole ou firme. Resistência à pressão dental: força necessária para a penetração dos dentes na carne. Facilidade de fragmentação: capacidade dos dentes para cortar ou desagregar as fibras musculares. - Resíduo ou restos de mastigação: restos de carne que permanecem após o processo mastigatório, geralmente tecido conjuntivo. Muitos fatores interferem na maciez da carne - inerentes (ante-mortem) ou não inerentes (post-mortem). Ante-mortem - genética, fisiologia, alimentação e o manejo do animal. Com a idade do animal há a formação de ligações cruzadas entre as moléculas de colágeno que as tornam indissolúveis e endurece a carne. Animais inteiros apresentam carne menos macia - O marmoreio (gordura intramuscular) ajuda na maciez por lubrificar a mastigação e diluir o teor de tecido conjuntivo da carne. Post-mortem Encurtamento pelo frio: quando um músculo é resfriado imediatamente após o abate, apresenta energia para contrair-se fortemente sob ação do resfriamento. Rigor pelo descongelamento: quando um músculo congela antes de atingir o rigor mortis, posteriormente, quando do descongelamento ocorre o encurtamento pelo frio e uma excessiva perda de suco. Eletroestimulação: uma corrente elétrica que, provocando contrações, faz com que os músculos consumam energia e no momento do resfriamento não possam contrair-se demasiadamente. - Maturação: mantendo-se os cortes cárneos em embalagem a vácuo e em temperatura de 1ºC a 2ºC por cerca de 14 dias, ocorre desnaturação protéica – enzimas - desagrega as fibras musculares - maciez. Cocção: a maciez é dependente da temperatura e da velocidade de cozimento. Carnes bem cozidas - maior rigidez - "endurecimento protéico“ (coagulação das proteínas miofibrilares). Entre 57ºC e 60ºC - amaciamento do tecido conjuntivo – sem ação sobre as proteínas miofibrilares (sem endurecer a carne). Obs.: Recomenda-se o cozimento prolongado a temperaturas baixas para a carne rica em tecido conjuntivo e o contrário para aquelas pobres em colágeno. Substâncias amaciantes amaciamento artificial da carne: vinagre, suco de limão, sal e enzimas vegetais - papaína (mamão), bromelina (abacaxi) e ficina (figo) Alterações das carnes Biológicas microrganismos – bactérias, fungos e leveduras odores estranhos, limo superficial e alterações na cor (marrom, verde) quanto menor o pedaço de carne – maior intensidade de alterações Principais microrganismos: Staphylococcus aureus, Clostridium botulinum, Salmonella, Pseudomonas Vermes: Taenia solium, Taenia saginata Químicas: - ranço oxidativo das gorduras - oxidação do pigmento da carne - formação de acroleína – aquecimento exagerado da gordura Físicas: - congelamento lento: Velocidade em torno de 0,05°C/min. Tempo necessário de 3 a 72h Formação de cristais de gelo extracelulares grandes Provoca maior perda de água no descongelamento - descongelamento lento: tecidos musculares absorvem líquido extravasado – menor qualidade Métodos de Conservação aplicados às Carnes a) Refrigeração (após instalação do rigor mortis) Temperatura de 0-4°C : vida útil até 2 semanas Geladeira : 72 horas Resfriamento rápido: - Temperatura: -1 a 2ºC - UR: de 85-90% - Circulação de ar : 2 a 4m/s - Tempo de resfriamento: - Carcaças bovinas atingem ≤ 4°C em 18- 24h - Carcaças suínas atingem ≤ 4°C em 12-16h - Perda de peso: 1,8% Resfriamento Super-rápido: - Temperatura antecâmara: -8 a -5ºC - Temperatura câmara: 0 a 2ºC - UR: 90% - Circulação de ar : 2 a 4 m/s na antecâmara, e 0,1m/s na câmara - Tempo de resfriamento: - Carcaças bovinas atingem ≤ 4°C em 12- 18h - Carcaças suínas atingem ≤ 4°C em 8-12h - Perda de peso: 1,3 a 1,4% Armazenamento da carne refrigerada 1) Carne não acondicionada: - Temperatura: -1 a 2ºC - UR: 85 a 95% -Velocidade do ar: 0,1 a 0,2 m/s 2) Carne Acondicionada (envoltório plástico, à vácuo ou com atmosfera modificada) - Temperatura: -1 a 2ºC - UR e Velocidade do ar: insignificantes b) Congelamento - aproximadamente 12% da água não congela mesmo em TºC muito baixa a -5ºC : 75% da água congela a -20ºC : 85% da água congela a -65ºC : 88% da água congela Ponto de congelamento da água da carne: -1,5 a -1,8ºC c) Salga e cura - reduz a atividade de água, altera as características do produto, dificultando a proliferação de microrganismos patogênicos. - salga: utiliza de cloreto de sódio (sal de cozinha) em salmoura ou salga a seco - cura: cloreto de sódio (sal de cozinha), açúcar, nitrito de sódio (o de potássio) e nitrato de sódio (ou de potássio). produtos: charque, carne de sol d) Defumação - fumaça: inibe o crescimento bacteriano, retarda a oxidação de gorduras e fornece aroma e sabor as carnes. - ação bactericida se deve ao conteúdo em aldeído fórmico da fumaça. - tempo de permanência e temperatura nos fumeiros ou defumadores variável
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