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Argumentação Carta de Atenas

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Universidade de Caxias do Sul 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Bento Gonçalves 
Teoria e História da Arquitetura III 
 
Docente: Matheus Gomes Chemello 
Acadêmica: Rudiane Zacaria 
 
Leitura e Argumentação 
Carta de Atenas – 1933 
 
Os princípios do urbanismo moderno estabelecem que a cidade deve 
assegurar a liberdade individual e o benefício da ação coletiva, levando sempre 
em consideração a escala humana. O urbanismo reivindica suas quatro funções: 
habitar, trabalhar, recrear-se e circular. Funções cuja são desfavorecidas com as 
aglomerações atuais e, para contrariar este aspecto negativo, as relações locais 
devem ser calculadas de forma a proporcionar uma relação justa entre cidade x 
moradores, para se trazer ordem e condições habituais de vida, trabalho e 
cultura. 
Por mais que as cidades eram de formatos incertos, a cidade antiga era 
organizada com eixos. Tudo nela era ordenado proporcionalmente, 
hierarquicamente e conviventemente. Existiam graus de civilizações, como hoje 
existem graus de classes em todo o mundo. Antigamente, por mais que as 
cidades fossem “escassas” de áreas verdes nas partes internas das muralhas, 
ao abrir os portões, existiam espaços verdes acessíveis, dando um ar de 
qualidade. Por mais que a população estivesse “pressa” a muralha, as condições 
de vida eram melhores, mas ao passar do tempo, trocaram o verde, pelo “caos”. 
 A carta descreve que as habitações deveriam seguir os princípios de 
orientação solar favorável para todas. Os métodos estudados seriam os 
afastamentos mínimos, para que fosse possível que a luz solar e o ar puro 
entrassem em algum horário durante o dia. Porém, como acontecem nos dias de 
hoje, as pessoas com maior poder aquisitivo, acabam ficando com casas e 
terrenos mais favorecidos. As cidades com matriz axial, não seriam uma melhor 
resposta, mas com planejamento e desenvolvimento determinariam outras 
maneiras, a que todas as habitações tivessem condições favoráveis de 
habitabilidade. 
O advento das máquinas foi visto como um grande mal ao planejamento 
urbano, já que incentivaram que as cidades crescessem “sem controle e sem 
freio”. A era da máquina veio e com ela trouxe mudanças significativas no todo, 
a população aumentou, novos meios de transportes surgiram, a zona de trocas 
ampliou. Porém, com ela também veio a desordem e confusão, rompendo algo 
que já existia a bastante tempo, terminando com o artesanato local, esvaziando 
o campo e enchendo as cidades, sem condições de abrigar toda a população, 
vieram as doenças, a decadência e a revolta. 
Como grande preocupação urbanística, antes de mais nada, deveria ter 
um planejamento de acordo com as necessidades fundamentais da população. 
Os subúrbios não tinham planejamento algum, tornando-se o erro 
urbanístico na cidade, conforme Le Corbusier descreve. Já o patrimônio histórico 
das cidades, notou-se uma elevada densidade populacional, impossibilitando o 
conforto e a saúde das pessoas devido à escassez de espaços livres. O 
patrimônio histórico de uma cidade deve ser mantido, por mais que tenham 
problemas, são esses edifícios que fazem parte da nossa história e cultura e, 
nada melhor de podermos ter acesso a isso como algo físico e não apenas em 
documentos. 
O lazer sempre demonstrou não ocupar um espaço significante nas 
cidades, fazendo com que os centros das cidades abrangessem esses espaços 
verdes e equipamentos para servir toda a população, por exemplo as escolas. 
Acredito que a ideia era propor “cidades jardins”, são fundamentais para os 
cidadãos, mas além disso, é preciso escolher os lugares certos, que haja 
segurança e transporte eficaz para que a população possa chegar a tais lugares, 
caso esses não forem acessíveis caminhando. Tudo deve ser planejado, sem 
planejamento, nada se cria. Mas, infelizmente os terrenos com esses intuitos 
normalmente são mal articulados a cidade (os lotes que “sobram”). Contudo se 
bem estudada e organizada podem se tornar facilmente acessíveis. Não basta 
apenas colocar áreas verdes, mas sim abranger atividades de todo tipo para todo 
faixa etária. 
Os locais de trabalho não estão mais dispostos racionalmente no 
complexo urbano: indústria, artesanato, negócios, administração e comércio. As 
indústrias estão longe das zonas centrais e rodeadas de áreas verdes, sendo 
estas o elo de ligação entre a habitação da classe operária e as indústrias. 
Devido ao grande desenvolvimento industrial em que a cidade depende dos 
meios de abastecimento de matérias-primas e das facilidades de escoamento 
dos produtos, as indústrias deveriam ser inseridas ao longo das vias férreas. A 
ligação entre a habitação e os locais de trabalho não é mais normal: ela impõe 
percursos desmesurados. Surge então o reajuste da circulação rodoviária, de 
maneira a que o automóvel pudesse circular de maneira mais rápida não 
havendo engarrafamentos e sem prejudicar os demais. De modo em que surgem 
a hierarquia ao nível das estradas, tem-se relacionando as distâncias percorridas 
com a velocidade do automóvel e a sua natureza, sendo que quanto maior a 
velocidade que se poderia atingir, maior seria o afastamento e da habitação e 
zonas de lazer, utilizando as zonas verdes para criar esse afastamento. Desde 
então foram rompidas as relações normais entre duas funções essenciais da 
vida: habitar e trabalhar. 
Por mais que as indústrias produzem ruídos e poluição, considero que as 
distâncias entre locais de trabalho e locais de habitação devem ser reduzidas ao 
mínimo. Isto supõe uma nova distribuição, conforme um plano cuidadosamente 
elaborado, de todos os lugares destinados ao trabalho. Desde o artesanato na 
própria casa (uso misto), desde indústrias de porte maior. 
A rede das vias urbanas é um conjunto de ramificações desenvolvidas em 
torno das grandes vias de comunicação. Destinadas a múltiplos usos, devem 
permitir a passagem de automóveis, de pedestres, ônibus e todos os demais 
meios de locomoções. Devem contar com o planejamento urbano, analisando o 
conjunto de circulação da cidade e região. Ao meu entendimento a carta 
descreve e propõe circulações isoladas do restante da cidade, para “abafar” os 
ruídos causados pelos meios de transporte, mas, acredito que isso não seja 
possível (não em todas vias), pois acaba desconectando a cidade como um todo. 
Sintetizando as formulações documentadas, faço uma consideração 
positiva, a iniciativa da formulação da carta, pois as cidades apresentavam sérios 
problemas que por outra forma afetavam as condições sociais. Entretanto a 
Carta de Atenas assentou em quatro funções básicas na cidade: habitação, 
trabalho, lazer e circulação, propondo em termos sociais, que cada indivíduo 
tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem-estar do lar e à beleza da 
cidade, já que é a arquitetura que organiza as unidades habitacionais, os locais 
de trabalho e as áreas ligadas ao entretenimento nos territórios e, que estabelece 
as redes de ligação com as diversas zonas da cidade. A arquitetura torna-se 
assim, como uma ciência fundamental para o ordenamento de território das 
cidades. 
No que diz respeito as análises feitas, julgo corretas pois, ajudam a 
compreender o funcionamento da cidade e de qual modo pode se pensar em 
projetar uma cidade. Por mais que veja algumas fragilidades, como a 
dependência de veículos, poucas possibilidades para os pedestres transitarem 
e maior expansão urbana. O que difere consideravelmente da visão atual, onde 
destaca-se o conceito de “novo urbanismo”, que prega maior densidade urbana 
e acessibilidade para ciclistas e pedestres.

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