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Isabela Trarbach Gomes Complicações Sistêmicas dos Anestésicos Locais Urgência: quadro grave sem iminência de morte. Ex: fratura e angina de peito. Emergência: é quando há risco de morte e se não houver alguma ação o paciente morre em minutos. Ex: parada cardíaca, choque anafilático e infarto do miocárdio. Sempre avaliar o nível de consciência, avaliar atividade respiratória (orelha próximo a boca e olhos voltados para o tórax), avaliar pulso e pressão arterial, avaliar a atividade cardíaca, realizar a massagem cardíaca e a ventilação em uma superfície rígida, avaliar o pulso carotídeo Toxicidade: - É quando se tem uma substância em quantidade excessiva no circulando no corpo, uma quantidade maior do que ele pode metabolizar. - Causas: injeção da solução anestésica no vaso sanguíneo, injeção de grande quantidade de anestésico. - Princípios da toxicologia: 1. Nenhuma droga exerce apenas uma função/ação. Todas possuem efeito secundário. 2. Nenhuma droga clinicamente útil é desprovida de toxicidade. 3. A toxicidade potencial de uma droga está nas mãos do profissional e do usuário. - Como escolher o anestésico local? 1. Avaliar o tempo necessário para controle da dor. 2. Avaliar a necessidade de hemostasia. 3. Controle da dor pós-operatória. 4. Avaliar a possibilidade de automutilação pós-operatória (pacientes com deficiências mentais, idosos, crianças). 5. Contra-indicação do uso de anestésico local. Dosagens: 1. Lidocaína: - A dose máxima é de 4,4mg/kg com ou sem vasoconstritor. - Não exceder 300mg. - Epinefrina: a dose máxima é de 0,2 mg, o que corresponde a aproximadamente 11 tubetes de lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000. 2. Mepivacaína: - A dose máxima é de 4,4mg/kg - Não exceder 300mg. 3. Prilocaína: - A dose máxima é de 6mg/kg. - Não exceder 400mg. 4. Articaína: - a dose máxima é de 7mg/kg 5. Bupivacaína: - A dose máxima é de 1,3 mg/kg. - Não exceder 90mg. Em situações de toxicidade a conduta a ser tomada é de avaliação do paciente em casos de urgência e emergência. Sintomas: - Iniciais: há uma estimulação do sistema nervoso central seguido de depressão em intensidades semelhantes. - A estimulação cortical do SNC consiste em loquacidade, inquietação, apreensão, excitação e convulsões. - A depressão cortical do SNC consiste em sonolência, letargia e inconsciência. - A estimulação medular do SNC consiste em aumento da pressão sanguínea, pulso, frequência respiratória, náuseas que podem levar a vômitos ocasionais. - A depressão medular do SNC consiste em pressão arterial normal ou diminuída assim como o pulso e alterações respiratórias leves. Sinais: loquacidade, apreensão, fala arrastada, euforia, disartria, gagueira, tremor da face e desorientação. Sintomas: Delírio, tontura, inquietação, nervosismo, dormência, gosto metálico, distúrbios visuais (sem foco), sonolência, desorientação e perda da concentração. Na superdosagem de moderada a grave os sinais são: convulsões tônico-clônicas na fase excitatória seguido de queda da pressão sanguínea, frequência cardíaca e respiratória em resposta a depressão generalizada do SNC. Classificação da superdosagem: - Leve: a conduta consiste em descontinuação do anestésico e observação do paciente. - Moderada: a conduta consiste em administrar valium 10 mg ou midazolam 7,5 mg a fim de evitar convulsões. Além disso manter os pés elevados, observar a atividade respiratória, da circulação e realizar a oxigenoterapia. - Grave: a conduta consiste em manter a circulação e respiração e, portanto, faz-se a oxigenoterapia, respiração artificial, massagem cardíaca externa, ressuscitação cárdio-pulmonar (caso o paciente pare), uso de líquidos para o controle da hipotensão, uso de vasopressores como fenilefrina. Prevenção: - Avaliar o refluxo da carpule, usar o menor volume possível de anestésico, usar a concentração mais fraca possível, injetar o anestésico lentamente, fazer uso de anestésico com vasoconstritor quando não houver contra-indicação, fazer um planejamento e ter conhecimento. As técnicas anestésicas em que há mais risco de ocorrer uma injeção intravascular acidentalmente: técnica alveolar superior posterior, técnica alveolar inferior, técnica mentoniana, técnica infra-órbitária. Alergia: - Sempre que o paciente relatar alergia a algo, perguntar a ele como que esse quadro alérgico se caracteriza. - O antígeno vai desenvolver um quadro de sensibilização dos mastócitos que vão liberar histamina e ela vai agir em diferentes órgãos-alvo, que poderão ser: gastrointestinal, vasos sanguíneos, brônquios, pele, sistema respiratório e cardiovascular. - Reações cutâneas ou dermatológicas: urticária (pápulas, prurido intenso), angiodema e eritema. - Alterações na mucosa: piloereção, edema, coriza, edema conjuntival, -Alterações gastrointestinais: náusea, vômito, diarréia, cólicas abdominais intensas, incontinência fecal e urinária. - Alterações respiratórias: broncoespasmo→ consiste em angústia respiratória, dispneia (alterações cardíacas que levam a palidez e tontura), sibilos, rubor, cianose, sudorese, taquicardia, aumento da ansiedade, uso de músculos acessórios da respiração (tudo para tentar fazer com que mais ar entre nos pulmões), edema de laringe. - Choque anafilático: → Efeito imediato: administração de adrenalina 1:1000 - 1ml. → Ação tardia: prometazina (fernegan) 25mg/ml, além de corticoide intramuscular ou intravenoso que seria o succinato sódico ou hidrocortisona 100mg. → anti-histamínico via oral: Celestamine (betametasona 0,25mg e maleato de dexclorfeniramina 2mg) 1 a 2 comprimidos 3 a 4 vezes ao dia; Polaramine (maleato de dexclorfeniramina) 2mg, 3 vezes ao dia; Allegra (cloridrato de fexofenadina) 180mg, 1 comprimido 1 vez ao dia. - Na clínica, os pacientes só serão atendidos em casos de emergência ou urgência. - Reações cutâneas tardias, após 1 hora normalmente. A conduta consiste em fazer o medicamento anti-histamínico oral (celestamine, polaramine, allegra, loratadina) e aconselhar que o paciente procure um médico para que possa ser investigada a real causa da reação alérgica. - Lembrar ao paciente que coçar estimula a liberação de histamina. - Tratamento: - As reações cutâneas imediatas ocorrem antes de 1 hora e por isso faz-se necessário observar e avaliar quais sistemas estão sendo envolvidos podendo ser que a terapêutica escolhida tenha que ser mais agressiva - Adrenalina 1:1000 IM ou SC sendo que 0,3mg - 0,5mg para o adulto e cerca de 0,15 mg para crianças. - Depois complementar a ação com anti-histamínico via oral por 3 dias e manter um corticóide para evitar contenção de líquido, congestão, aumento de volume das vias aéreas. - Fazer o parecer médico podendo até ser pelo telefone. - O paciente deve saber definir a causa da alergia antes do próximo atendimento. - Tratamento da anafilaxia generalizada: - Improvável com anestésico local. Os principais agentes que podem causar são o bissulfito e o metilparabeno . - Sinais e sintomas de alergia - Urticária, eritema, prurido, sibilos, inconsciência. - solicitar assistência médica. - Adrenalina 1:1000IM ou SC. - Repetir as drogas se o quadro não melhorar em 10 a 15 minutos - Pode-se realizar oxigenoterapia com o ambu de oxigênio. - Broncodilatador inalatório. - Monitorar sinais vitais (temperatura, respiração, PA, pulso). - Massagem cardíaca caso ocorra uma parada - Realizar a administração e prescrição de farmacologia adicional após melhora da fase aguda e aconselhar a procura de um especialista. Vai ocorrer aumento da PA e diminuição do broncoespasmo. - Lembre-se que as drogas de fase aguda são oxigênio e adrenalina. Pacientes usuários de crack e cocaína: - Por conta de uma grande estimulação do sistema cardiovascular por conta da droga mais estimulações advinda dos fármacos são pacientes de alto risco de parada cardíaca. Paciente que passa mal: - A primeira coisa é parar a cirurgia. - Na clínica é comum por conta do estresse. - Quadros de hipoglicemia por insulina ou falta de alimentação no pré-operatório. - A insulina combinada com falta de alimentação pode causar umahipoglicemia grave. É uma situação pior que um paciente com hiperglicemia porque quadros de cetoacidose demoram a acontecer. Lipotímia: - É a sensação de desmaio sem que que necessariamente o desmaio aconteça. É a sensação de desfalecimento súbito sem perda de consciência. - Ocorre vasodilatação periférica. - Caracteriza-se por hipóxia cerebral transitória com perda do tônus muscular. As funções cardíaca e respiratória são mantidas, - Sinais e sintomas: sensação de desfalecimento, palidez cutânea e sudorese fria, pulso filiforme, zumbido no ouvido, midríase (pupila dilatada), diminuição dos batimentos cardíacos e da frequência respiratória, vasodilatação periférica, hipóxia cerebral transitória. - Causas: solução anestésica, dor abrupta ou administração rápida de solução anestésica, estímulos olfativos, sonoros ou visuais como sangue e instrumentais. - Tratamento: manter a tranquilidade do ambiente e combater o suprimento sanguíneo cerebral insuficiente, manobra em L que consiste em deixar a cabeça mais baixa que o coração, manobra de Vasalva que põe o paciente sentado e consciente, e então flete-se o tronco contra os membros inferiores afastados várias vezes, amônia para inalação, oxigenoterapia, suspensão do atendimento cirúrgico e dirigir o paciente para um tratamento médico se necessário. Síncope: - Episódio súbito de perda de consciência por período breve e com perda do tônus muscular. - Pode ser acompanhada de parada cardiorespiratória. - Relacionada com a presença de enfermidades cardíacas. - Tratamento: combater a anóxia, realizar a manobra em L, oxigenoterapia, vasopressores via endovenosa e não utilizar medicamentos por via oral. - Receptores adrenérgicos Crise Hipertensiva: - Pode ocorrer em um paciente já hipertensivo ou em um que sofre com a ansiedade no pré-operatório (sistema simpático estimulado liberando mais adrenalina endógena o que aumenta a atividade cardíaca e a PA). - A hipertensão pode acarretar em aumento do sangramento, evoluir para angina, arritmias, infarto do miocárdio, parada cardíaca, e acidente vascular cerebral. - Hipertensos são aqueles paciente com a pressão diastólica acima de 100mm/Hg. - Receptores adrenérgicos: o alfa quando estimulado existe a contração da musculatura lisa dos vasos sanguíneos e hemostasia. Os receptores beta promovem a vaso e broncodilatação (a adrenalina faz broncodilatação e vasoconstrição - por isso ela é usada na anafilaxia). Os receptores beta ainda aumentam a atividade cardíaca. - Os pacientes que tomam beta-bloqueadores: a adrenalina faz estimulação do receptor beta mas com os beta bloqueadores isso não ocorre, já que os receptores beta estão bloqueados. - Os beta 1 se localizam no coração e intestino delgado e são responsáveis pela estimulação cardíaca e lipólise já os beta 2 estão nos brônquios, leitos vasculares e útero promovendo bronco e vasodilatação. - O beta faz estimulação cardíaca e faz vasodilatação por b2. - A medicação beta-bloqueador bloqueia a adrenalina mas se houver mais adrenalina circulando ele pode fazer uma vasoconstrição maior e o coração está protegido pela medicação, mas quando o anestésico local com adrenalina é administrado, há uma sobrecarga de medicação. - Na terceira ou quarta ampola a possibilidade de problema triplica. - Sinais e sintomas: cefaleia occipital, visão turva, zumbidos palpitações e taquicardia. - A conduta em casos de crise hipertensiva deve-se folgar as vestes e colocar o paciente em posição confortável. Deve-se administrar Nifedipina 1 comprimido sublingual, valium 10 mg como benzodiazepínico e a furosemida como diurético. - Angiotensina ao ser inibida há o controle da contração do vaso e por isso a pressão arterial diminui. - Muitos pacientes tomam diuréticos porque ao reduzir a quantidade de líquidos nos vasos a pressão arterial diminui. - Passando a crise deve-se observar o paciente e aconselhar a consulta com o médico especialista. - Obs: hipotensão ortostática Acidente vascular cerebral: - Dividido em hemorrágico e isquêmico. 1. Hemorrágico: - É o mais provável de ocorrer na clínica por conta de um pico hipertensivo. - Aneurisma consiste em uma dilatação anormal e localizada de um vaso sanguíneo - Ocorre por conta de um aneurisma intracraniano que se rompe fazendo um extravasamento de sangue na região cerebral por causa de um pico hipertensivo, por exemplo, levando a um acidente vascular cerebral hemorrágico. - Ele causa maior déficit porque além de uma área do cérebro não estar tendo o suprimento de sangue adequado, o acúmulo de sangue aumenta a pressão intracraniana. 2. Isquêmico: - Ocorre por conta de obstrução de alguma artéria cerebral levando a uma diminuição de suprimento sanguíneo em uma do cérebro gerando déficit motor e sensorial. - A obstrução é decorrente de um trombo que para em alguma bifurcação de artéria. - Dessa forma, faz-se necessário estar atento a pacientes com episódios anteriores de trombose. Causas do AVC: pode resultar da ruptura de um vaso sanguíneo cerebral a partir de um aneurisma → AVC hemorrágico, ou pode ser por trombose ou embolismo em vasos cerebrais → AVC isquêmico. Sinais e sintomas: confusão mental, cefaleia, vômito, hemiplegia, pulso lento e oscilante, respiração lenta e com estertores. Tratamento: oxigenoterapia e levar o paciente ao hospital. Tratamento de aneurisma antes da ruptura: o cateter entra pela perna até que se chegue no aneurisma e então é depositado um fio metálico para preencher a região e evitar o turbilhonamento do sangue dentro do aneurisma e, portanto, diminuir as chances de ruptura. - Pacientes hipertensos, diabéticos e com casos anteriores de trombose possuem maior chance de possuir um descolamento de trombo que possa desencadear um AVC. Além disso, podem possuir um estreitamento dos vasos. Angina de peito: - Se caracteriza por ser uma doença isquêmica cardíaca decorrente de obstrução parcial (geralmente uma placa ateromatosa) de uma artéria coronária, causando dor na região do peito. - Dependendo do local da obstrução maior ou menor a dor que vai ocorrer. - Esforço ou emoção são fatores desencadeantes da angina. - Os pacientes atendidos em ambulatório são os que possuem angina estável. - A dor se caracteriza por compressão do peito dependendo do nível de obstrução do vaso. - Pode se irradiar para braço e mão esquerda e em alguns casos para mandíbula. - Desconforto abaixo do esterno, palidez, suor frio. Tratamento: - Uso de vasodilatadores. Nitroglicerina 0,6mg (sublingual) e Nitrato de Amilo (inalatório). - Caso ele não tenha, colocar o paciente em posição de repouso, diminuir o estresse → isso fará com que o coração bata menos e que a frequência e o débito sejam menores, fazendo com que a necessidade de oxigênio no coração seja menor e ele poderá sair do quadro álgico. Quadro comum: paciente com dor no peito após esforço ou emoções fortes. Fármacos usados por pacientes com angina: - Nitroglicerina - Betabloqueadores que podem levar a alterações do gosto e reações liquenoides. Propranolol - Bloqueadores de canal de cálcio pode levar a hiperplasia gengival e hipotensão ortostática. Nifedipina - Inibidores de agregação plaquetária como aspirina e clopidogrel (age no sistema de adp) → podem ser usados em conjunto por aumentarem a reação anticoagulante. Arritmias: - Alterações no circuito nervoso e elétrico que coordenam os batimentos cardíacos. - Pacientes com arritmia em conjunto de situações de estresse (adrenalina endógena), anestésico local e medicamentos pode ter uma parada cardíaca. - Estar atento aos medicamentos que o paciente toma e as possibilidades de interação medicamentosa. - Fármacos: inibidores dos canais de cálcio, beta-bloqueadores, digitálico (digoxina - de difícil faixa terapêutica). - No máximo 2 tubetes de lidocaína 2 % com epinefrina 1:100.000. Infarto do miocárdio: - Ocorre através da obstrução total da artéria coronária o que causa isquemia levando a região afetada a necrose tecidual e a ausência de funcionalidade da área podendo fibrosar com o tempo além de haver a possibilidade dodesenvolvimento de arritmias e insuficiência cardíaca congestiva (sequelas). - O paciente com episódio de infarto prévio pode ser atendido a nível ambulatorial após 3 meses. - Sinais e sintomas: palidez, dor de contração no peito muito intensa, pode irradiar dando sensação de azia além poder irradiar para regiões como abdome superior, costas, cervical, mandibular (dor contínua), ombro, braço e mão esquerda; dor subesternal (sinal mais comum), dificuldade para respirar, indigestão por conta de reflexos do diafragma. - Casos mais leves de obstrução coronariana pode ser relatada a azia ou indigestão, sudorese, desconforto geral e fraqueza. - Tratamento: administrar oxigênio (avaliar miocárdio), posição supina com cabeça e tórax elevados, essencial o alívio da dor e ansiedade (morfina 8-15mg ou meperidina 50-100mg IM ou EV, lentamente), encaminhar e aconselhar a consulta com o médico especialista. Parada Cardíaca: - A principal causa é um paciente que já possui doença cardíaca. - Dividida em assistolia e fibrilação ventricular. - Na assistolia o coração para, na fibrilação ventricular (ação desordenada e deficiente não havendo parada total), onde a circulação não é mantida sendo necessário o uso do desfibrilador. - Fatores agravantes: anóxia, overdose de drogas e estimulação vagal. - Na parada cardiorespiratória o pulso está ausente, pressão não pode ser mantida, não há sangramento na loja cirúrgica (o sangue fica escuro) - O tratamento é transportar o paciente para que tenha um tratamento hospitalar, realizar massagem cardíaca caso necessário e oxigenoterapia. CPR: 30 massagens e 2 ventilações com o ambu de oxigênio. Deve-se pressionar a mão sobre o esterno até uma profundidade de 5 cm. Lembrando que o mais importante é manter a circulação sanguínea.
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