Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Título I: Dos Crimes contra a Pessoa Capítulo I: Dos Crimes contra a Vida Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 1. Dignidade da pessoa humana. 2. Por que se pune mais brandamente o aborto que o homicídio? ABORTO 1. Conceito: aborto é a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção. (Cleber Masson). 2. Espécies de aborto: a) natural: b) acidental: c) criminoso: d) legal ou permitido: e) eugênico ou eugenésico: f) econômico ou social: 3. Objetividade jurídica: protege-se a vida humana. 4. Sujeito ativo: é a gestante, nas modalidades tipificadas pelo artigo 124 do Código Penal (crime próprio), e qualquer pessoa, nos demais casos (crime comum). 5. Sujeito passivo: é o feto, sempre. E, no aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (artigo 125 do Código Penal), há duas vítimas: o feto e a gestante (Cleber Masson). 6. Meios de execução: 7. Elemento subjetivo: é o dolo direito ou eventual. 8. Consumação: dá-se com a morte do feto, resultante da interrupção dolosa da gravidez. Pouco importa tenha a morte se produzido no útero materno ou depois da prematura expulsão provocada pelo agente (Cleber Masson). 9. Tentativa: é possível, em todas as modalidades de aborto criminoso. Importante: Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. 1. Provocar aborto em si mesma: trata-se do autoaborto, em que a gestante efetua contra si própria o procedimento abortivo por qualquer modo capaz de levar à morte do feto (exemplos: golpes com instrumento contundente, quedas propositais, ingestão de medicamentos abortivos) - Cleber Masson. 2. Consentir para que terceiro lhe provoque o aborto: cuida-se do consentimento para o aborto. A grávida não pratica em sim mesma o aborto, mas autoriza um terceiro qualquer, que não precisa ser médico, a fazê-lo (Cleber Masson). A gestante deve ter capacidade e discernimento? Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. 1. Características do crime: duas hipóteses: a) não houve realmente o consentimento da gestante. b) a vítima prestou consentimento, mas sua anuência não surte efeitos válidos, por se enquadrar em alguma das situações indicadas pelo artigo 126, parágrafo único, do Código Penal: “se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. ” 2. Crime de dupla subjetividade passiva: feto e a gestante. Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 1. Considerações: o presente dispositivo pune a forma de aborto praticado por terceiro com o consentimento da gestante. Qualquer pessoa pode praticar este deleito (crime comum). O concurso de agentes é possível? 2. Conduta: pode ocorrer por ação ou omissão. 3. Consentimento válido da gestante: Aborto qualificado Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 1. Natureza jurídica: o artigo 127 do Código Penal previu duas hipóteses de crimes qualificados pelo resultado, de natureza preterdolosa. Pune-se o primeiro crime (aborto) na modalidade dolosa, e o resultado agravador, que pode ser morte ou lesão corporal de natureza grave, a título de culpa. O agente quer matar o feto, mas por culpa acaba produzindo lesão corporal de natureza grave ou mesmo a morte da gestante (Cleber Masson). 2. Importante: se em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo a gestante sofre lesão corporal de natureza leve, o terceiro responde somente pelo aborto simples, sem ou com o consentimento, restando absorvida a lesão corporal (Cleber Masson). 3. Prova da gravidez: Aborto legal ou permitido Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. I) Aborto terapêutico: trata-se de uma hipótese específica de estado de necessidade. Entre os dois bens que estão em conflito (vida da gestante e vida do feto ou embrião), o direito fez clara opção pela vida da mãe (Guilherme de Souza Nucci). II) Aborto humanitário ou piedoso: em nome da dignidade da pessoa humana, no a mulher que foi violentada, o direito permite que pereça a vida do feto ou embrião. São dois valores fundamentais, mas é melhor preservar aquele que já existe (Guilherme de Souza Nucci). Quem pode praticar o aborto? Entende-se que somente o médico pode providenciar a cessação da gravidez nessas duas hipóteses. IMPORTANTE Anencefalia:
Compartilhar