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TRABALHO BASE

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RESTRIÇÃO LEGISLATIVA À ABERTURA DE FARMÁCIAS 
Trabalho base para a atividade avaliativa do primeiro bimestre. 
 
Em 13 de junho de 1991, a Câmara Municipal da cidade de São Paulo promulgou a Lei n.10.991. Em seu artigo 
1o, esta Lei dispunha o seguinte: 
“Art. 1o. A Instalação de estabelecimentos de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, em 
cidades com mais de 30.000 habitantes, deverá respeitar a distância mínima de um raio de 200 m (duzentos metros) com 
relação a estabelecimentos congêneres já instalados.” 
Na justificativa do projeto de lei que deu origem à norma em questão, o Prefeito de São Paulo argumentava 
que a medida seria necessária para promover o adequado zoneamento urbano no âmbito do Município, nos 
termos do artigo 182 da Constituição Federal. Sem nenhuma concorrente instalada por perto por ocasião da 
entrada em vigor da Lei, os donos da DROGARIA SÃO LUCAS já começavam a comemorar quando, contrariando 
a Lei Municipal n.10.991/91, foi inaugurada a DROGARIA SÃO PAULO a menos de 25 metros de distância da 
DROGARIA SÃO LUCAS. Imediatamente, a DROGARIA SÃO LUCAS ingressou na justiça pedindo o fechamento 
do estabelecimento da DROGARIA SÃO PAULO. O argumento era simples: a Lei Municipal regulando o uso do 
solo urbano em São Paulo estava sendo frontalmente violada. O juiz de primeira instância acolheu o pedido e 
determinou o fechamento da DROGARIA SÃO PAULO. Inconformada, a DROGARIA SÃO PAULO recorreu da 
decisão junto ao Tribunal de Justiça. Sofreu, porém, mais uma derrota: a Segunda Câmara Cível do TJ-SP 
confirmou a decisão de 1a instância, nos seguintes termos: 
“Não há inconstitucionalidade na Lei Municipal mencionada. Ela não estabelece reserva de mercado ou afronta ao artigo 
170 da Constituição Federal. Simplesmente disciplina o uso do solo, distribuindo as farmácias de forma tal que atenda todas 
as camadas da população, evitando a concentração delas em determinado local, com evidentes prejuízos ao povo, visto 
como um todo. E assim agindo o Município trata de questão referente ao seu peculiar interesse, devidamente autorizado 
pela Carta da República. Nem existe afronta ao princípio da isonomia pois trata igualmente todas as pessoas jurídicas que 
se dedicam ao ramo da farmácia e drogaria”. 
Em uma última tentativa de reverter a decisão, a DROGARIA SÃO PAULO ajuizou Recurso Extraordinário junto 
ao Supremo Tribunal Federal. Segundo a autora do Recurso, o Supremo teria competência para avaliar o caso, 
na medida em que a Lei 10.991/91 violava diversos princípios da ordem econômica, especialmente a 
liberdade de iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor. Em parecer sobre o caso, o Ministério 
Público opinou pelo não provimento do recurso da DROGARIA SÃO PAULO, concluindo não ter havido 
qualquer afronta ao princípio constitucional do art. 170. Disse o Procurador-Geral: 
“Quando a Carta Republicana atual dispõe, no caput do seu artigo 170, que ‘A ordem econômica, fundada na valorização 
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça 
social (…)’ não está a impedir, de forma alguma, que os Estados e Municípios legislem sobre o tema, no intuito de atender 
as peculiaridades locais, o que é, a nosso ver, o caso dos autos.” 
Após a análise dos fatos, coloque-se no papel de Ministro do Supremo Tribunal encarregado de relatar o caso. 
Dê o seu voto (seu posicionamento pessoal - nada de cópias), posicionando-se criticamente INCLUSIVE a 
respeito dos seguintes tópicos: 
1. Competência do Município de São Paulo para promulgar a Lei 10.991/91; caso considere ser o 
Município incompetente para adotar a medida, indique de qual ente seria a competência, nos termos 
da Constituição; 
2. Os princípios e conflitos constitucionais em jogo? Conceitue cada um deles; 
3. A aplicabilidade e o peso desses princípios neste caso específico, de acordo com seu voto; 
4. Se, no lugar de farmácias, a Lei Municipal em questão fixasse uma distância mínima de 200 metros 
entre outro tipo de atividade comercial qualquer (que não farmácias), a sua decisão seria diferente? 
Caso sim, Por quê? 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/740759/recurso-extraordinario-re-193749-sp 
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