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USO DE ALIMENTOS RICOS EM LIPÍDEOS PARA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE: RECOMENDAÇÕES DE USO, LI MITAÇÕES E IMPACTOS NA QUALIDADE DA CARNE Sergio Raposo de Medeiros1 e Tiago Zanett Albertini2 1 Pesquisador A - Embrapa Gado de Corte; sergio@cnpgc.embrapa.br 2 Pos-doc PNPD/CNPq - Embrapa Gado de Corte; tiagoza@cnptia.embrapa.br INTRODUÇÃO Nenhum nutriente de bovinos de corte tem tantas implicações como a gordura. Ele interfere desde a mistura de ingredientes da dieta até o tempo de prateleira da carne. Entre esses dois extremos, ela modifica a fermentação ruminal, influi no aproveitamento de energia da dieta, afeta o metabolismo intermediário, altera a composição nutricional da carne e, até, interfere no número de acidentes nos frigoríficos. O objetivo deste texto é trazer informações multifacetadas sobre o uso desse fascinante nutriente para possibilitar o entendimento de suas restrições e potencialidades e, assim, permitir o melhor uso possível de qualquer que seja o ingrediente rico em lipídeos. IMPLICAÇÕES NO USO DA GORDURA NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS Implicações no Manejo da Alimentação de Bovinos Alimentos ricos em lipídeos, representados por grãos de oleaginosas e seus óleos, apresentam vantagens e desafios desde a operacionalização de seu fornecimento aos animais. Quando usados como óleo, tem a vantagem de reduzirem o fino das rações (pó), que, além do desconforto do animal ao consumir pode levá-lo a ter problemas respiratórios.Por outro lado, há o desafio de obter uma mistura homogênea desse óleo com os demais ingredientes. Aquecer o óleo e ir dosando aos demais ingredientes já misturados ou em processo de mistura melhora o processo. O aquecimento - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 238 deve ser brando (temperaturas inferiores à 50º C), pois o calor excessivo pode gerar a produção de peróxidos (CHRISTIE, 1981), especialmente os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI). Se, em vez de óleo, a própria semente da oleaginosa é utilizada, a facilidade na mistura depende de cada ingrediente. O grão de soja moído, por exemplo, é adequado para misturar com os demais ingredientes, apenas devendo evitar misturar com ureia por conta da urease provocar a liberação de amônia que, além de ser uma perda, reduz a palatabilidade da mistura. Já o caroço de algodão não se presta a moer, pois, ocorre seu emplastramento, sendo comum colocá-lo como um ingrediente à parte ao concentrado e pré-misturando ambos antes de juntá-los ao volumoso. Outro desafio no uso de ingredientes ricos em gordura é a menor estabilidade da mistura, pois a oxidação das gorduras (rancificação) reduz o tempo de estocagem. Há alguma preocupação com a ingestão dos radicais livres formados no processo (FERRARI, 1998), mas o grande problema com alimentos rancificados é sua baixa palatabilidade e consequente menor consumo. O uso de antioxidantes ajuda a retardar esse processo e aumentar a vida de prateleira do produto. Algum dos produtos utilizados pela indústria são o Butilhidroxianisol (BHA, máximo 200mg/kg), o Butilhidroxitolueno (BHT, máximo 100mg/kg). Podem ser usadas vitaminas lipossolúveis, também, especialmente a Vitamina E. A estocagem em local coberto e ventilado ajuda na conservação, pois luz e calor interferem na peroxidação. Implicações Ruminais Gordura e Rúmen Os caminhos evolucionários que moldaram os ruminantes foram baseados em consumo de forragens, cujos teores de gordura médios ficam, em geral, abaixo de 30 g/kg de MS (VAN SOEST, 1994). Portanto, não surpreende a dificuldade que o ecossistema ruminal tem em lidar com altos teores de gordura. Os ácidos graxos, principais componentes das gorduras, são tóxicos para os microrganismos ruminais, sendo particularmente negativos para IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 239 bactérias gram positivas, metanogênicas e protozoários (PALMQUIST e MATTOS, 2006). A degradação da fibra costuma ser prejudicada e acreditava-se que o principal efeito seria por recobrimento das partículas de alimento que dificultaria a colonização pelas bactérias celulolíticas. Todavia, a toxicidade dos ácidos graxos aos microrganismos ruminais, particularmente as celulolítica se o fator principal (HENDERSON, 1973; MACZULAK et al., 1981). Quando o excesso de ácidos graxos no rúmen é grande, ocorre redução na ingestão de MS (IMS) total do animal (URANO et al., 2006; SOUZA et al., 2009; JORGE et al., 2009). Em dietas com maior relação volumoso:concentrado, pode ocorrer redução da taxa de passagem pela mais lenta redução do tamanho das partículas de fibra. Já em dietas ricas em concentrado, a explicação mais lógica para menor IMS recai sobre o controle quimiostático de mecanismos regulatórios de consumo, com efeito da maior quantidade de ácidos graxos na corrente sanguínea reprimindo no sistema nervoso central o desejo de ingestão. Nesta sinalização, a capacidade limitada de ruminantes em oxidar ácidos graxos tem importante papel. Seja qual for a razão da redução de IMS, o maior tempo de permanência no trato digestivo pode compensar a menor taxa de digestão ruminal (que ocorre especialmente na fração fibrosa) com o efeito final sendo um aumento na digestibilidade da dieta. Essa pode ser uma das explicações para melhoria da eficiência alimentar com uso de dietas ricas em gordura. AGPI, Rúmen e Biohidrogenação Em sua evolução, o ruminante teve que criar estratégias para lidar com uma parcela dos ácidos graxos que é especialmente tóxica e que pode ocorrer em quantidades apreciáveis nas forragens:ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) e poli-insaturados (AGPI). Além disso, quanto mais insaturada a gordura, mais tóxica ela é para os microrganismos ruminais (MACZULAK et al., 1981) devido a maior solubilidade dos AGPI (PALMQUIST e MATTOS, 2006). Como forma de defesa à toxidez, o rúmen tem microrganismos muito competentes em produzir enzimas extracelulares que colocam átomos de H nas duplas ligações tornando-as simples (saturadas), - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 240 processo chamado de biohidrogenação. A biohidrogenação é extensa e, em geral, apenas 10-35% dos ácidos graxos insaturados escapam da biohidrogenação (PALMQUIST, 1988). Assim, apesar do ácido linoleico (18:2) e linolênico (18:3) serem os principais AGPI na dieta de ruminantes, a biohidrogenação faz com que o principal ácido graxo que saia do rúmen seja o esteárico (C18:0) (WOODS e FEARON, 2009). Esse é o motivo pelo qual a gordura da carne do ruminante é mais saturada do que a do monogástrico (Figura 1). 2,21 51,14 17,46 20,46 6,19 41,3 52,31 10,25 3,9 0 10 20 30 40 50 60 Dieta Digesta Marmoreio Te or (% ) C 18:0 C 18:1 C 18:2 Figura 1 - Teores dos ácidos graxos em três situações: antes da ingestão, no duodeno (digesta) e o marmoreio resultante (Duckett, 2000). Uma maneira de tentar fazer os ácidos graxos serem menos expostos à biohidrogenação no rúmen seria através da própria proteção pela planta (ou parte da planta) que os contêm (PALMQUIST, 1988; CHILLIARD et al., 2001). Ainda outra estratégia para reduzir a biohidogenação é o aumento na concentração de ácidos graxos na dieta (BEAM et al., 2000). O uso de ionóforos e a redução do pH ruminal também reduzem a biohidrogenação (DEMEYER & DOREAU, 1999). IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 241 Gordura no Rúmen e Produção de Metano Conforme já comentado, as bactérias metanogênicas também são mais sensíveis aos ácidos graxos, o que abre a possibilidade de usar a suplementação com gordura para obtenção de uma fermentação ruminal mais eficiente, com maior produção de ácido propiônico e consequente maior retenção de carbono (CLARY et al., 1993; LANA & FOX, 2001). Já HESS et al. (2008) alertam que em dietas em que o óleo de soja suplementar a dieta em 30 g/kg de MS, a redução da relação acetato:propionato estaria maisrelacionada ao milho presente na dieta do que ao próprio óleo em si, havendo também contribuição da fermentação do glicerol que resulta em produção de propionato. Há, portanto, um confundimento de efeitos difíceis de serem isolados.TEDESCHI et al. (2003) comentam que a suplementação com gordura pode alterar a resposta ao ionóforo, pois seus modos de ação se sobrepõe, mas que, por outro lado, o efeito do ionóforo em reduzir a lipólise dos triglicerídeos no rúmen poderia ser benéfico ao animal, pois menos ácidos graxos não esterificados haveriam no rúmen. Apesar do grande interesse em se reduzir a emissão de metano com a suplementação de gordura, ainda há um grande confundimento de quanto o efeito é por alteração qualitativa da fermentação ruminal (rotas metabólicas alternativas mais eficientes como discutido acima) ou, além disso, por um efeito decorrente da menor atividade fermentativa, que pode reduzir o desempenho. BEAUCHEMIN et al, (2008), agregando o resultado de trabalhos com inclusão de gordura de várias fontes em diversas situações, estimaram que o metano (g CH4/kg IMS) seria reduzido em 5,6% para cada 1% de adição de gordura a mais na dieta (1% = 10 g de gordura suplementar/kg de MS, Figura 2). Esses autores, além de determinarem que a gordura suplementar explicava 67% da redução de metano em relação aos tratamentos controle, fizeram observações interessantes: d di i d ( ) - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 242 Girassol, semente Linhaça, grão Côco, óleo Soja, óleo Peixe/Girassol, Canola, semente Soja, semente Caroço de algodão Caroço de algodão/Canola semente Canola,óleo Girassol, óleo Peixe/LInhaça, Ácido mirístico puro Farelo de Côco % R ed uç ão M et an o/ IM S Figura 2 - Efeito da gordura adicional na redução de emissão de metano por quilograma de MS ingerida em relação ao controle sem suplementação de gordura (Beauchemin et al., 2011). Gordura Adicionada (%MS) (i) a variação entre as diversas fontes foi muito grande, chegando a reduções de até 63,8% com 70 g gordura/kg MS óleo de coco a mais na dieta; (ii) óleos contendo altos teores de ácidos graxos de cadeia média (AGCM) (C12:0 e C14:0), como o óleo de coco e o óleo de palma são os que mais reduzem o metano, mas tem pouco apelo comercial por serem caros e (iii) os ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) provenientes de algumas fontes de grãos de oleaginosas que não são extensamente mastigadas (linhaça, por exemplo), precisam ser mecanicamente processadas para que IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 243 exerçam o efeito redutor de emissão e (iv) parte da redução ocorre por degradação da fibra e parte por redução de IMS. Conforme já comentado, se essa redução de IMS for grande, pode resultar em pior desempenho. Nesse caso, apesar de ocorrer a redução da emissão de metano, o resultado pode não ser vantajoso, uma vez que a produção de metano por quilograma de carne pode menor ao tratamento sem a gordura suplementar. BERCHIELLI et al. (2011), por exemplo, concluíram que soja grão e óleo de linhaça produziram menores valores de produção de metano por quilograma de carcaça de bovinos da raça Nelore (menos 15% e 20%, respectivamente) em relação a uma dieta controle sem adição de gordura suplementar ou dietas com óleo de palma ou gordura protegida. Todavia, o ganho de peso do tratamento com óleo de linhaça (0,79 kg/cab.dia) foi significativamente inferior ao controle e ao de gordura protegida (1, 15 e 1,03 kg/cab.dia) Implicações Metabólicas Um dos aspectos mais interessantes do uso da gordura é o aumento da eficiência alimentar decorrente da inclusão deste nutriente. Há basicamente dois motivos para o aumento da eficiência: (i) ácidos graxos pré-formados dispensam síntese de novo a partir do acetato, evitando parte do incremento calórico associado à esta rota metabólica (economia no anabolismo) e (ii) a geração de energia por oxidação de AGCL é cerca de 10% mais eficiente que a oxidação de acetato (economia no catabolismo). A gordura no animal foi vista por muito tempo apenas como fonte de energia e insulante corporal, mas, a essencialidade de alguns ácidos graxos levou a descoberta deles serem importantes precursores de compostos reguladores do metabolismo como as prostaglandinas, tromboxanas e leucotrientos, conhecidos como eicosanóides (PALMQUIST & MATTOS, 2006).Também foi reconhecida importante ação de ácidos graxos individualmente na lipogênese (GRIINARI et al., 1998) já com trabalhos realizados no Brasil (GAMA et al., 2008; MEDEIROS et al., 2010). Ainda mais surpreendente foi a descoberta que o tecido adiposo era o produtor de um importante hormônio com efeitos drásticos em consumo e uma série de outros importantes efeitos, a - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 244 Leptina (JI et al., 1998). A leptina é um pequeno hormônio proteico (16 kDa) secretado pelo tecido adiposo branco que regula a ingestão de matéria seca (IMS), o dispêndio energético, a homeostase do peso corporal e, consequentemente influencia a deposição de gordura em animais e humanos (HOUSEKNECHT et al., 1998) Entre os efeitos metabólicos que os ácidos graxos podem influenciar um dos mais bem documentados são as melhorias na reprodução animal. A quantidade que parece fazer diferença seria algo em torno de 400 g por vaca por dia e identificou-se que fontes de gordura vegetal dão melhores resultados que fontes de gordura animal. Isto está ligado a maior proporção de AGPI (particularmente ácido linoleico) das fontes vegetais. Uma das explicações metabólicas para isso é que a Prostaglandina F2α, quando não bloqueada pelo embrião, resulta em morte embrionária. A enzima responsável por esse bloqueio é a Ciclooxygenase-2 (COX-2), cuja enzima limitante para sua produção é regulada por AGPI (18:2, EPA = 20:5, DHA = 22:6, CLA) (STAPLES et al, 1998; MATTOS et al., 2002 ). Portanto, teores baixos desses ácidos graxos podem predispor a morte embrionária. No Brasil-Central, onde temos estacionalidade pronunciada e devemos ter menor ingestão de AGPI, por conta das forrageiras tropicais terem um perfil de ácidos graxos mais saturados (O’KELLY e REICH; 1976), pode-se esperar resultados na exploração desta técnica. HESS et al. (2008) comentam situações em que excesso de suplementação fez com que as novilhas engordassem demais e resultados negativos fossem observados. Eles sugerem a suplementação de gordura para novilhas de 90 a 60 dias antes da estação de monta, porque as concentrações de colesterol aumentada pela suplementação atingiram seu plateau entre essas datas. Uma estudo contendo uma meta análise de cinco estudos envolvendo a suplementação de CLA no inicio da lactação demonstra a melhoria no desempenho reprodutivo (DE VETH et al. 2009). Interessantemente, as melhorias na reprodução foram relacionadas a dose do CLA t10, c12, mas não a melhoria no balanço energético, o que sugere que o efeito do CLA seria independente do balanço de energia. Resultados positivos na reprodução também foram obtidos com vacas de leite em pastagem por MEDEIROS et al (2010). IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 245 Implicações na Qualidade da Carne Dietas com Gordura e Qualidade da Carcaça Dietas ricas em gordura podem ter efeitos na qualidade da carne por vários motivos. O primeiro deles, seria decorrente do efeito da gordura na terminação da carcaça, usualmente medida pela espessura de gordura subcutânea (EGS) na altura da 13ª costela. A EGS é importante por reduzir a chance de resfriamento rápido da carcaça que causa o encurtamento das fibras da carne, comprometendo fortemente a maciez (FELÍCIO, 1997). O valor mínimo de 3 mm é recorrente em programas de qualidade de carne, como no caso do programa do Novilho Precoce de Mato Grosso do Sul. Também há uma forte relação entre EGS e os mercados internacionais que melhorremuneram a carne. Com relação a isso, não se trata da carcaça em si, mas que há uma remuneração maior do mercado para carnes com maiores teores de gordura marmorizada (LANNA e ALMEIDA, 2005) e, quanto mais intensa a terminação, maior o marmoreio (SCOLAN et al., 2006, SMITH et al., 2009).É curioso observar que alguns confinadores vem sendo orientados a fornecer gordura, principalmente como gordura protegida para aumentar a espessura de gordura subcutânea, sem qualquer suporte dos resultados obtidos na literatura, que mostram haver pouco efeito da inclusão de gordura na dieta na terminação da carcaça. O efeito da gordura tem sido indireto: em dietas com gordura acima do limite ruminal, que reduzem o consumo de energia e resultam em ganhos menores, a EGS da carcaça é menor, ocorrendo o oposto, quando a energia da gordura aumenta o ganho. Esse é o motivo para o menor teor de gordura de animais criados em pastagens. WARREM et al (2008), por exemplo, observaram maior teor de gordura na carcaça comparando dieta com silagem de gramínea do que dietas com concentrado porque a oferta destes foi restrita de forma a resultar em mesmo ganho. Portanto, não é necessariamente o tipo de dieta que causa a maior deposição de gordura, mas a taxa de ganho (SCHOONMAKER et al.; 2004). Maiores taxas de ganho resultam em aumento na taxa de deposição - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 246 de gordura quando se ultrapassa a capacidade de deposição de proteína muscular (OWENS et al. 1993, REEDS e MERSMANN, 1991). Dietas com Gordura e Marmoreio Outro aspecto fundamental para qualidade da carne é a quantidade de gordura intramuscular da carne que se deposita particularmente na terminação dos animais, por uma manutenção de síntese de gordura e declínio no crescimento muscular (SCOLAN et al. 2006). Sua valorização está relacionada, principalmente, a dois aspectos: maciez e sabor. No caso da maciez, a gordura tem efeito direto modesto (SCOLLAN et al. 2006), especialmente quando medida fisicamente (Warner-Bratzler, por exemplo), mas, como ela aumenta a sensação de maciez por sua ação lubrificante, é melhor identificada pelos painéis sensoriais. Na questão do sabor, por sua vez, a importância se dá principalmente em função de que os compostos que dão flavor (aroma + sabor) solubilizam-se na gordura e pela própria participação dos ácidos graxos, inclusive pós-cocção quando resultam em vários compostos que alteram a palatabilidade da carne (CALKINS e HODGE, 2007). Uma hipótese que a inclusão da gordura na dieta poderia atrapalhar o marmoreio é que a maximização da energia para ganho como carboidrato (glucose, particularmente) aumentaria a deposição de gordura. Isso ocorreria por ação de hormônios (especialmente a insulina) que estimulariam a lipogênese e/ou a preferência dos adipócitos responsáveis pelo marmoreio pelos carbonos de carboidratos, em contraste com os adipócitos da carcaça (SCOLLAN et al. 2006). Os resultados de GUNN et al. (2009), que observaram maior marmoreio nas dietas com maior ganho quando estudavam dietas com diferentes proporções de DDGS (Dried distillers grains with solubles) e dietas com alta proteína (21-22% na MS) ou alta gordura (9% da MS), poderiam indicar o efeito do carboidrato, mas na verdade houve efeito do ganho na marmorização, pois as dietas com altos teores de gordura e proteína tinham níveis nutricionais problemáticos em termos de fermentação ruminal e custos de excreção de proteína, respectivamente. Assim, de forma geral, dietas com elevada porcentagem de gordura que resultem em ganhos IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 247 equivalentes às dietas convencionais parecem não ter grande influência no marmoreio (RULE & BEITZ, 1986; ANDRAE et al., 2001) Dietas com Gordura ePerfil de Ácidos Graxos O ponto em que a suplementação com gordura mais pode influenciar na qualidade da carne, sem dúvida, é o perfil de ácidos graxos. Uma elevada ingestão de ácidos graxos insaturados pode exceder a capacidade dos microrganismos do rúmen em biohidrogenar, o que aumenta a absorção intestinal de ácidos graxos insaturados (RULE & BEITZ, 1986). A mera adição de grandes quantidades de ácidos graxos na dieta não garante a alteração do perfil lipídico produzido, como relatado por HUERTA-LEIDENZ et al.(1991) que usaram altas porcentagens de caroço de algodão (15 e 30% da MS da dieta) obtendo apenas discretas alterações na composição de gordura perirenal e subcutânea. Um dos motivos seria a presença de ácidos graxos ciclopropenos, que inibem a ação das dessaturases e, portanto, aumentariam a saturação dos ácidos graxos (KELLY et al., 2001), o que ilustra bem que a alteração do perfil lipídico tem particularidades dependendo de cada fonte de gordura. Outro motivo de não ter alterado o perfil de ácidos graxos é a extensa biohidrogenação dos ácidos graxos do caroço que, uma vez protegidos com caseína (GULATI et al.; 1996) e variando de 3,5 a 7,5% da MS da dieta, aumentaram em 5 a 8 vezes no valor de 18:2 na gordura perirenal, omental e subcutânea de animais britânicos. CHANG et al. (1992), também usando semente de girassol (9,57% da MS), observaram aumento de oleico (18:1), mirístico (14:0) e esteárico (18:0) na gordura da base da cauda de animais. Além de sementes de oleaginosas, milho de alto teor de óleo (7% de gordura na MS) também podem ser usados para mudar o perfil lipídico e, assim, ANDRAE et al. (2001), substituindo milho convencional, obtiveram aumento de linoleico (18:2), araquidônico (20:4) e AGPI, com redução nos ácidos graxos saturados no Longissimus dorsi. A gordura de marmoreio pode ser mais difícil de ser alterada, como em trabalhos com 14% de sementes de soja extrusada que não causaram alteração na composição da gordura de marmoreio, apesar de causarem aumentos de ácido linoleico - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 248 (18:2) e α-linolênico (18:3 n-3, ALC) de mais de 24% na gordura subcutânea (RULE & BEITZ, 1986; ANDRAE et al., 2001). O perfil lipídico alterado por quantidades crescentes de soja extrusada pode ser visualizado na Tabela 1. Tabela 1 - Concentração de ácidos graxos na carne de bovinos alimentados com soja extrusada: baixa soja (2,7% EE na MS) e alta soja (5,6% EE na MS) mg/g de gordura Controle baixa soja alta soja C18:0 141,3 b 155,2 a 165,2 a C18:1 c9 392,8 a 385,2 ab 377,5 b C18:1 t10 8,5 b 11,7 a 12 a C18:1 t11 13,3 b 14,2 b 17,1 a C18:2 c9,c12 16,1 b 16,7 ab 19,1 a C18:3 c9,c12,c15 2,1 c 2,3 b 2,8 a C18:2 c9,t11 (CLA) 6,6 b 6,9 b 7,7 a Fonte: Madron et al (2004) citados por Ladeira e Oliveira(2006). Dentro da mesma linha médias acompanhadas por letras minúsculas diferem (P<0,05). O uso de óleos vegetais na dieta de ruminantes é bem menos comum do que o uso de sementes de oleaginosas pelas dificuldades operacionais, preço e por serem mais desafiadoras ao ambiente ruminal como já comentado. Todavia, exatamente por proporcionarem maior disponibilidade dos ácidos graxos no rúmen, podem resultar em maiores alterações lipídicas. OLIVEIRA et al. (2008) demonstraram bem isso na terminação de novilhos bubalinos, pois não obtiveram aumento de ácido linoleico conjugado (18:2 c9, t11, CLA) com 13% de grão de soja em relação ao controle (~ 2 mg CLA/g gordura), mas obtiveram 4,6 mg CLA/g gordura com o uso de 2,5% de óleo de soja, aporte equivalente ao proporcionado pelo grão. Neste mesmo trabalho, apenas com o aumento da disponibilidade dos ácidos graxos no rúmen (por ser como óleo) houve redução de palmítico (16:0) e esteárico (18:0; ~25 para 23 g/100 g gordura). Já o aumento de gordura, independente do tipo de IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 249 oferta (grão vs. óleo), aumentou a quantidade de vacênico (18:1 t11; ~0,7 para 0,9). O uso do óleo aumenta a relação AGI/AGS, especialmente pela redução do 16:0 e do 18:0. Os AGPI têm uma maiorcapacidade para inibir a síntese de novo de lipídeos do que os AGS. Portanto, além do efeito de reduzir ácidos graxos de maneira relativa, quando se aumenta oferta de AGPI, pode ocorrer também uma redução na síntese de AGS de cadeia curta e média, o que é positivo em termos de perfil de ácidos graxos uma vez que o láurico (12:0) e o mirístico (14:0) são os principais ácidos graxos hipercolesterolêmicos. SCOLLAN et al. (2001) utilizaram óleo de linhaça na alimentação de bovinos, suplemento rico em ácido α-linolênico, resultando em um aumento de 100% na concentração deste no músculo bovino. O óleo de linhaça tem se mostrado o alimento mais interessante para alterar o perfil lipídico da carne, mas seu uso esbarra no seu elevadíssimo custo quando comparado às demais fontes. Perfil de Ácidos Graxos e Sabor Ácidos graxos individualmente podem interferir com o sabor da carne. Foi detectada correlação positiva entre sabor favorável os seguintes ácidos graxos: miristoleico (14:1); palmítico (16:1); esteárico (18:0); oleico (18:1 c9); linoleico (18:2 c9,c12) e linolênico (18:3 c9,c12,c15) (Davis e Backus, 1982 citado por CALKINS e HODGEN, 2007). Forante o 14:1 e o 18:0, o aumento no teor dos demais está em linha com um perfil de ácidos graxos mais saudável. O teor de oleico (18:1 c9) foi positivamente relacionado com qualidade sensorial da carne em vários trabalhos (WESTERLING & HERDRICK, 1979; DRYDEN & MARCHELLO, 1970; MELTON et al., 1982). Isto poderia ser por um efeito indireto: HAUSMAN et al.(2009) afirmam que, em parte, o melhor sabor pode estar ligado ao oleico (18:1 c9) conferir menor rigidez da gordura em função do seu menor ponto de fusão, o que faria a gordura mais solubilizável e, portanto, mais fácil de ser sentida pelas nossas estruturas gustativas. Todavia, ter mais AGPI, não resulta necessariamente em melhorias no sabor, como observado por ANDRAE et al. (2001). Neste trabalho,apesar - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 250 do Longissimus dorsi produzido com milho de alto teor de óleo ter significativamente mais AGPI que o controle (4,7% vs. 5,7%), não houve diferença no sabor pelas notas de um painel sensorial. Estabilidade da Carne com Perfil mais Insaturado O aumento de AGPI predispõe a rancificação da carne. (RULE et al., 1995; NURNBERG et al., 1998; CALKINS e HODGE, 2007), pois eles são mais susceptíveis à oxidação, sendo por vezes negativamente correlacionados com notas de flavor dadas em painéis sensoriais (DUCKETT et al., 1993; CALKINS e HODGE, 2007). O linolênico (18:3) seria duas vezes mais susceptível à oxidação do que o linoleico (18:2) (SHAIDI, 1992 citado por YANG et al., 2002). MANDELL et al. (1997) observaram que o aumento de AGPI contribuiu para menor vida de prateleira e problemas de flavor típicos daqueles encontrados em animais com dieta à base de forragem. A inclusão de Vitamina E na dieta é uma das maneiras de tentar reduzir o problema. JUAREZ et al. (2012) usando vários tratamentos nutricionais (controle, alto teor de vitamina E, 10% linho moído ou alto teor de vitamina E e 10% linho moído) encontraram que, enquanto os tratamentos não tiveram efeito na composição da carne ou sua maciez, o aumento na ocorrência de produtos de oxidação foram menores na carne de novilhos suplementados com vitamina E os valores mais elevado ocorreram na carne de novilhos suplementados com a linhaça, rica em 18:3. Os dados de composição em ácidos graxos, em geral, é obtida do tecido in natura, levantando dúvidas quanto ao que efetivamente o consumidor iria ingerir após o preparo que envolve altas temperaturas. Neste sentido, o trabalho de ALAFAIA et al (2010) confirma a boa estabilidade do AGPI da carne após processamentos térmicos. IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 251 LIMITES NO USO DE LIPÍDEOS EM DIETAS DE BOVINOS DE CORTE E RECOMENDAÇÕES DE USO DE ALIMENTOS RICOS EM GORDURA A recomendação usual, como limite crítico a partir do qual piores resultados são obtidos, fica entre 50 a 60 g de gordura/kg de MS (5 a 6% da MS). Quanto se ultrapassa esse nível crítico efeitos negativos em eficiência alimentar, desempenho e atributos de carcaça, podem ocorrer (ZINN & PLASCÊNCIA, 1993; HUERTA-LEIDENZ et al., 1991; GUNN et al., 2009). Em uma interessante revisão com suplementação em pastagem e confinada, HESS et al. (2008) sugerem inclusão de menos de 30 g/kg de MS da dieta de gordura suplementar para maximizar o uso de dietas baseadas em forragem. Considerando a dieta basal com valores próximos a 30 g/kg de MS, isso equivaleria a manter a dieta com 3 a 6% da MS como gordura. O outro extremo seria a recomendação de uso de 80 a 100 g/kg de MS em locais de elevado estresse calórico, onde o consumo é comprometido pelo calor e, assim, esse aporte permite aumento de consumo de energia (além da vantagem do menor incremento calórico da gordura). O valor crítico de inclusão de gordura não leva em consideração a fonte de gordura, nem a sua forma de apresentação, sendo que ambas influem neste efeito. Assim, grãos de oleaginosas têm perfil altamente insaturado, mais deletério (PALMQUIST & JENKINS, 1980), que é um pouco aliviado pelo fornecimento dos grãos inteiros, uma vez que o óleo fica inicialmente isolado do ambiente ruminal e tem sua liberação mais lenta no tempo (CHILLIARD et al., 2001). Todavia, mesmo a gordura ingerida dentro dos grãos costuma ser extensamente biohidrogenada (PALMIQUIST, 1988; ZINN e PLASCENCIA, 1993; CHILLIARD et al., 2001). Há trabalhos com valores bem acima dos limites sugeridos, sem grandes problemas. Assim, apesar do fornecimento como óleo costumar ser mais danoso ao ambiente ruminal, há trabalhos como o de BEAULIEU et al. (2002) em que novilhas Angus x Wagyu receberam dietas com 0% ou 5% de óleo de soja e apesar da dieta com o óleo de soja ter 10,7% de gordura na MS, a ingestão foi a mesma. Um dos fatores que parece ser muito importante para explicar resultados que contrariam os limites usuais é a relação volumoso:concentrado. - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 252 JORDAN et al (2006) observaram que, em suas dietas experimentais com relação volumoso:concentrado (V:C) de 10:90, apesar de altos níveis de inclusão de gordura suplementar, a redução de ingestão não foi tão grande quanto em outros trabalhos com relação V:C maiores, o que faz sentido ao se focar o efeito da menos IMS na redução da digestibilidade da fibra. Outro aspecto interessante, é que em dietas com maiores teores de concentrado a menor taxa de biohidrogenação faz aumentar o fluxo ruminal de AGI, cuja absorção intestinal é maior, o que faz com que haja aumento do teor de energia metabolizável (PLASCENCIA et al, 2003). Ainda com relação à relação V:C na dieta, quando ela é alta o efeito dos lipídeos da dieta é menos negativo, pois a interação dos ácidos graxos com as regiões hidrofóbicas das partículas de alimento reduzem sua toxicidade (PALMQUIST e MATTOS, 2006). A composição lipídica basal da dieta também pode influir. No caso dos países tropicais, por exemplo, seria lógico esperar uma maior margem de segurança, uma vez que as forragens tropicais seriam menos insaturadas (O’KELLY & REICH, 1976), permitindo, assim, maiores níveis de inclusão dos nutrientes ricos em gordura. O sebo, por ser menos insaturado, é menos prejudicial que o óleo (ZINN e PLASCENCIA, 1993; PALMQUIST e JENKIS, 1980). Todavia, o uso de sebo no Brasil está proibido1. O motivo da proibição seria o risco de disseminação da BSE (doença da vaca louca). A lei intenciona abranger o risco de sebo que contenha ainda restos de tecido nervoso que poderiam conter o príon defeituoso causador dessa doença. Há críticas no sentido dessa proibição ser severa demais, mas tem prevalecido o entendimento mercadológico que o rigor demonstra uma posição sanitária firme necessária frente aos nossos importadores. O uso de suplementos contendo gorduraem pastagem é pouco comum, o que deve ocorrer principalmente pelos desafios operacionais comentados no item 2.1. Com o uso de forragens temperadas, HESS et al (2008) sugerem não incluir mais de 20 g/kg de MS da dieta de gordura suplementar para evitar efeito de substituição da forragem pelo suplemento, o que equivaleria a não ter esse efeito até cerca de 5% de gordura da MS somada da pastagem (3 unidades percentuais) com a 1Instrução Normativa no. 8 de 25 de Março de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 253 do suplemento (2 unidades percentuais). Esses mesmos autores comentam que para o objetivo de aumentar a ingestão de energia digestível, não se deve passar dos 40 g/kg de MS da dieta de gordura suplementar (dieta final com cerca de 7% de gordura na MS). No Brasil, ainda há menos estudos, dos quais se destacam os trabalhos desenvolvidos por PAULINO et al. (2002, 2006) que avaliaram o efeito da utilização de suplementos contendo soja em grão, bem como caroço de algodão, na terminação de bovinos durante a época seca e das águas. De acordo com PAULINO et al. (2002) na estação seca os animais foram manejados sobre pastagem diferida com 4 kg/animal.dia de suplementos(7,9% EE, na MS). O pH ruminal para um suplemento tradicionalmente formulado com farelo de soja (3,2% EE) foi menor que nos suplementos contendo soja em grãos e caroço de algodão, todavia, os autores não observaram para os diferentes tratamentos reduções de pH abaixo do nível crítico (i.e. pH 6) onde iniciariam os efeitos deletérios sobre a microbiota celulolítica ruminal. Esse efeito dos suplementos contendo grão de oleaginosas pode ser interessante e estaria mais ligado a substituição do amido pela gordura do que um efeito tamponante propriamente dito. O desempenho dos animais na estação seca para ganho e rendimento de carcaça foram 1,07 kg/d e 52,9%, respectivamente. Já no estudo realizado no período das águas (PAULINO et al, 2006), em que os suplementos foram oferecidos na quantidade de 500 g/animal/dia (82% NDT e 59,6% PDR) em intervalos não frequentes (3 vezes/semana) houve ganhos adicionais de até 143 g/animal.dia em relação ao grupo testemunha apenas recebendo sal mineral. Com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação de gordura por um período curto de tempo (flushing), MULLER et al. (2008) suplementaram vacas de corte no período pós-parto e avaliaram a taxa de ganho dos mesmos. As vacas foram suplementadas ad libitum (30% grãos de soja e 70% de milho, com 8% EE) durante 15 dias após o parto, contudo, não verificaram diferença significativa quando comparada ao grupo controle. Por outro lado, o número de estudos de suplementação com gordura em animais terminados em confinamento no Brasil é mais expressivo ( Tabela 2). - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 254 Tabela 2 - Alguns resultados de experimentos que avaliaram os efeitos de suplementados contendo gordura em confinamento no Brasil Autor N° animais Objetivo Tratamento Resultados JAEGER et al. (2004) 32 Verificar o efeito da gordura protegida sobre as características de carcaça. Dieta contendo gordura protegida1. Dieta controle (9,5% PB, 2,4% EE em base de MS); dieta com gordura (11% PB, 6,16% EE). Não houve efeito do tratamento. SILVA et al. (2007) 48 Avaliar os efeitos dos sais de cálcio de ácidos graxos no desempenho, características de carcaça de novilhos e na população de protozoários no rúmen. Duas dietas (com 45% de grão seco ou úmido de milho, 78% NDT, 13,9%PB e 6,57% EE) contendo de sais de cálcio de ácidos graxos2 em base de MS. Os animais tratados com sais de cálcio de ácidos graxos apresentaram maior consumo comparados ao grupo controle, contudo, não foi detectada diferença na eficiência alimentar. A população de protozoários ciliados reduziu em função das dietas contendo os sais de ácidos graxos. WADA et al. (2008) 24 Avaliar a influência de sementes de linhaça e grãos canola no consumo, digestibilidade de nutrientes e desempenho. Dietas contendo sementes de linhaça (inclusão de 9,25% em base de MS) e grãos de canola (inclusão de 9,2%). A ingestão de energia bruta foi 5% maior para as dietas contendo grãos de linhaça e canola em relação ao tratamento controle (sem a inclusão de oleaginosas), contudo, não houve melhoria na eficiência alimentar. JORGE et al. (2009) 48 Avaliar o consumo, desempenho e características de carcaça. Dieta contendo caroço de algodão (15% de inclusão em base de MS), com 71,6% NDT, 12,6% PB e 5,7% EE. A ingestão de MS foi 8% menor para os animais que ingeriram caroço de algodão, contudo, não houve melhoria na eficiência alimentar, desempenho ou características de carcaça. IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 255 Tabela 2 – Continuação... SOUZA et al. (2009) 29 Avaliar o desempenho com dietas contendo diferentes teores de gordura. Dietas contendo baixo (3,15% EE e 72,8% NDT) e alto teor de gordura (7,28% de EE e 71,7% NDT). O nível de EE foi elevado com grãos de soja moídos. A ingestão de MS (como % PV) foi 7,3% menor para os bovinos que ingeriram a dieta de alto teor de gordura e para um dos genótipos avaliados melhorou a eficiência alimentar (kg ganho/kg consumo MS) em 8%. COSTA et al. (2011) 36 Desempenho e características de carcaça Foram utilizados níveis crescentes de inclusão de caroço de algodão: 0, 14,3, 27,5 e 34%(em base de MS). Houve redução linear no consumo e no tamanho do músculo Longissimus dorsi. MARGARID O et al (2011) 60 Desempenho e qualidade de carne Sais de cálcio de ácidos graxos4 foram acrescidos em dietas contendo baixo (46,7% da MS, 65% NDT e 12% PB) e alta teor de concentrado (76,6%, 71% NDT e 13,9 % PB) Os sais de cálcio de ácido graxo aumentaram 18% da taxa de ganho de peso e 2% do rendimento de carcaça de animais que ingeriram a dieta com maior proporção de concentrado. 1 5% de inclusão (em base de MS) do produto comercial LAC 100 – Yakult® com 88% EE à base de óleo de soja. 24% de inclusão (em base de MS) do produto comercial Lactoplus® (Dalquim Indústria Química Ltda, Itajaí, SC, Brasil). 3Dieta com a proporção 30:70 (volumoso:concentrado) contendo 46% de grãos de soja ou 5% de gordura protegida e dieta 70:30 contendo 6,5% de grãos de soja ou 5% de gordura protegida. 43% de inclusão (em base de MS) de Lactoplus®. - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 256 Dietas com Uso de Gordura Protegida O uso de gordura protegida para alterar a composição de ácidos graxos na carne é uma saída óbvia, uma vez que o perfil lipídico mais saturado dos bovinos ocorre, exatamente, pela ação de biohidrogenação ruminal. Ao se reduzir a ocorrência da hidrólise das ligações ésteres estáveis no rúmen, evita-se a biohidrogenação que só ocorre no ácido graxo livre. A busca por sistemas que, além de eficazes na proteção dos lipídeos, sejam economicamente viáveis é um dos grandes desafios do setor. A única forma comercialmente empregada com sucesso há mais de 20 anos são sais de cálcio de ácidos graxos. Ocorre que esse tipo de proteção é eficiente apenas quando o óleo vegetal usado como matéria prima tem elevada porcentagem de ácidos graxos saturados, como o óleo de palma, rico em ácido palmítico (16:0). Hoje existe a variante, feita com o óleo de soja como matéria prima. Como o óleo de soja é bastante insaturado, com cerca de 50% de linoleico (18:2), a proteção como sais de cálcio é bem menos eficaz. Resultados do trabalho de JENKINS & PALMQUIST (1984) explicam isso: o sal de cálcio produzido com óleo de soja apresentou valores de 80% de dissociação, em função do menor pKa dos AGI,enquanto que os sais de ácidos graxos com óleo de palma apresentaram menos de 1% de dissociação em pH 6,5 ou menos de 10% em pH 5,5. Outras formas de proteção à biohidrogenação ruminal como a reação de ácidos graxos com aminas primárias para produzir amino-acil graxos (JENKINS et al., 1996) e a mistura com caseína e proteção (GULATI et al., 2000) são relatadas na literatura. Este último, desenvolvido originalmente na Austrália nos ano 1970, tem alto grau de proteção, entre 79–84% para uma gama de suplementos ricos em gordura n-3 (GULATI et al. , 2002). Apesar do sucesso técnico, essas tecnologias não se estabeleceram na prática particularmente por serem caras. Já existe tecnologia para a proteção ruminal de ácidos graxos com uso de nanotecnologia (CHO et al., 2010) e essa é uma vertente que poderá mudar radicalmente a possibilidade de alterar o perfil de ácidos graxos da carne. Em um trabalho com terminação de vários grupos genéticos comparando um tratamento controle com outro contendo gordura IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 257 protegida como sais de cálcio de ácidos graxos, JAEGER et al. (2004) não obtiveram efeito na terminação com os animais sem diferença significativa para EGS: 7,46 mm e 8,04 mm, respectivamente para dieta controle e com a gordura protegida (Tabela 2). Isto mostra, também, que a gordura per se também não altera o grau de acabamento, pois, o tratamento com gordura protegida tinha mais de 2,5 vezes mais gordura (6,16% vs 2,40%). PIRES et al. (2008) obtiveram aumento de AGPI nas dietas com gordura protegida (5% da MS como sais de cálcio de ácido graxo) tendo 5,41% contra 4,21% do controle, todavia isso provavelmente ocorreu porque a dieta controle continha apenas 2,4% de gordura e a dieta com a gordura protegida 6,2%. Recentemente, SCHIAVON et al (2011) realizaram trabalho usando CLA protegido da fermentação ruminal (produto comercial: SILA, Noale, Itália), no qual ésteres metílicos de ácidos graxos estão ligados à uma matriz de sílica e, recobrindo esse complexo, óleo de soja hidrogenado. A proteção alterou ligeiramente o perfil de ácidos graxos músculo e em tecidos gordurosos quando oferecido (80 g/cab.dia ou ~0,9% MS) por sobre o alimento no cocho por longo período, mas sem alterar o teor de gordura. Os CLA foram significativamente aumentados e o isômero t10, c12 aumentou muito mais no músculo (20 vezes mais que o controle) em relação ao tecidos gordurosos (de 0,2 a 0,9 vezes mais), mostrando que ele é preferencialmente depositado no músculo. Dietas com Caroço de Algodão É comum as pessoas associarem a inclusão de caroço de algodão na dieta de bovinos de corte com o desenvolvimento de sabor desagradável na carne, todavia isso ainda não foi reproduzido em condições experimentais, mesmo com dietas contendo 20% de caroço de algodão (PESCE, 2008). Em um trabalho conduzido na Embrapa Gado de Corte com a suplementação de 9% de gordura na MS por 178 dias não foi detectado diferença por painel sensorial quanto a sabor ou aroma (MEDEIROS et al, 2005). Isto pode estar ligado ao fato que as análises são feitas apenas com o músculo Longissimus dorsi. Adicionalmente, há relatos de ocorrência de - VIII Simpósio de Produção de Gado de Corte 258 graves problemas com o sabor da carne com o uso elevados teores de gordura que não o caroço de algodão. Os fatores, isoladamente ou em conjunto que podem levar a problemas de sabor com oleaginosas seriam: a) Inclusão acima dos limites nutricionais (6-7% da MS); b) uso de oleaginosas em mal estado de conservação; c) acúmulo de algum componente aromático na gordura e d) peroxidação dos ácidos graxos da carne durante seu armazenamento. O gossipol, um composto polifenólico solúvel em lipídeos mais conhecido por sua ação tóxica para animais é também um composto aromático e poderia esta envolvido no problema. Como seu teor no caroço de algodão é muito variável, ajudaria a explicar o problema ser intermitente. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de alimentos ricos em gordura tem se mostrado compensador seja por motivos econômicos (R$/unidade de energia), seja por terem vantagens nutricionais como menor incremento calórico ou menor estresse ao pH ruminal. Por isso, eles têm sido bastante usados e devem continuar sendo. Já quanto a alterar o perfil de ácidos graxos, de forma geral, as estratégias de suplementação mais efetivas são caras e causariam impacto negativo na rentabilidade. Seria, então, imperativo que fosse pago um bônus para viabilizar economicamente sua produção, o que faz com que apenas alguns nichos de mercado ou condições especiais viabilizem produzir carne assim diferenciada. Soma-se a isso, a incerteza se o mercado estará disposto a pagar a mais por essa carne mais saudável. Por fim, o fato de serem ricos em gordura tem pouca influência no teor de gordura da carcaça ou no da gordura intramuscular, que são bem mais influenciados por fatores genéticos e pela taxa de ganho, sendo, portanto, fundamental o correto balanceamento da dieta como um todo. IV Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 259 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFAIA, C.P.M.; ALVES, S.P.;MARTINS S.I.V., FERNANDES, M.J.E.; COSTA, A.S.H.; FONTES, C. M.G.A.; CASTRO, L.M.F.;BESSA, R. J.B.; PRATES, J. A.M. Effect of cooking methods on fatty acids, conjugated isomers of linoleic acid and nutritional quality of beef intramuscular fat. Meat Science, vol.84, p. 769–777, 2010. ANDRAE, J.G., DUCKETT, S. K., HUNT, C. W., PRITCHARD, J.T., OWENS, F. N. Effects of hig-oil corn to beef steers on carcass characteristics and meat quality. Journal of Animal Science,vol. 79, p. 582-588, 2001. BEAM, T.M.; JENKINS, T.C.; MOATE, P.J.; KOHN, R.A.; PALMQUIST, D.L. 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