Buscar

Civil 4 - Direitos Reais - aula 1


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 54 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL IV
DIREITOS REAIS
PROF. PABLO DOMINGUEZ MARTINEZ
Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal Fluminense - UFF.
Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade Federal Fluminense – UFF.
Professor do Curso de Graduação em Direito Civil, Constitucional e Introdução ao Estudo do Direito da Universidade Estácio de Sá.
Advogado e Consultor Jurídico. 
Coordenador do curso de Direito, Relações Internacionais e Comércio Exterior da Unidade P. Vargas.
Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4326859P2
E-mail: pdmartinez@gmail.com.br
CURSO DE DIREITO CIVIL IV
a importância da disciplina;
metodologia de ensino;
utilização do material didático;
Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina;
CURSO DE DIREITO CIVIL
Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina
1) UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS E POSSE
Do Direito das Coisas, conceito, características
Diferença entre direitos reais e obrigacionais
Titularidade e obrigações propter rem
Classificação dos direitos reais
2) Da Posse
3) Da propriedade
4) Usucapião
CURSO DE DIREITO CIVIL
Plano de Ensino e o Mapa Conceitual da Disciplina
5) Direitos da vizinhança
6) Condomínio
7) Direitos reais sobre coisa alheia
8) Direitos reais de garantia
9) Direito real de laje
CURSO DE DIREITO CIVIL IV - Bibliografia
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 7. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010. Vol. 5.
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das Coisas. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Coisas. 4. ed. revista e atualizada. São Paulo: Método, 2012. Vol. 4.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Coisas. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
 
VIANA, Marco Aurelio S. Curso de Direito Civil Direito das Coisas. 1. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 9. Ed. vol. 5, São Paulo: Atlas, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 24. Ed. vol. 4, Rio de Janeiro: Saraiva , 2009.
WALD, Arnaldo. Direito Civil: Direito das Coisas. 12. ed. reformulada. vol. 4, São Paulo: Saraiva, 2009.
FARIAS, Cristiano Chaves e ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Reais. Volume 5. Bahia: Editora Juspodivm, 13ª edição, 2017.
CURSO DE DIREITO CIVIL
Avaliação
AV1
Av2
Av3
Nota: 6,00
CURSO DE DIREITO CIVIL
Evolução do Direito Civil
Roma  criação dos principais institutos
Sec. XVII e XVIII  iluminismo
Renascimento (valorização do homem: antropocentrismo; visão liberal – econômica e política)
			 BURGUESIA
CURSO DE DIREITO CIVIL
O Direito Civil, por sua vez, orienta, regula e estuda a relação entre os particulares, pessoas físicas ou jurídicas. As relações entre os particulares é campo do Direito Privado, e divide-se em relações pessoais, familiares, patrimoniais e obrigacionais, estando disciplinadas no Código Civil, conhecido entre os estudiosos por “constituição do homem comum”.
CURSO DE DIREITO CIVIL
CODIFICAÇÃO
A dinâmica, amplitude e complexidade das relações privadas indicavam a necessidade de sua codificação, com vistas a tornar claro e uniforme a aplicação do direito a cada caso concreto.
CONSOLIDAÇÃO DE UM PROGRAMA POLÍTICO
CURSO DE DIREITO CIVIL
			 BURGUESIA
 REVOLUÇÃO FRANCESA
CURSO DE DIREITO CIVIL
			
 REVOLUÇÃO FRANCESA (valores liberais)
CURSO DE DIREITO CIVIL
			
 REVOLUÇÃO FRANCESA (valores liberais)
Patrimônio
Individualismo
- Não interferência estatal
(Pacta sunt servanda)
CURSO DE DIREITO CIVIL
Consequência: Excesso do liberalismo
 OPRESSÃO ECONÔMICA
 ( Sujeito como mercadoria )
Pressão por uma posição estatal
Constituição Mexicana (1917)
Constituição de Weimer (1919)
Surgimento dos Direitos sociais:
Diante das desigualdades fundadas na igualdade formal, o Estado volta a intervir.
CURSO DE DIREITO CIVIL
2ª GUERRA MUNDIAL
Valorização do individuo 
(Dignidade da pessoa humana)
Solidariedade social
CURSO DE DIREITO CIVIL
Valorização da Constituição como eixo normativo
Constitucionalização do Direito privado
Aplicação direta e imediata da Constituição da República de 1988 às relações privadas.
Tratamento constitucional de normas pertinentes à vida privada, como a família, o contrato e a propriedade privada.
Existência de plurissistemas.
CURSO DE DIREITO CIVIL
Evolução do direito Civil no Brasil
CURSO DE DIREITO CIVIL
Novo Código Civil de 2002
Princípios ordenadores do Código Civil:
Eticidade
Socialidade (solidariedade)
Operabilidade
CURSO DE DIREITO CIVIL
Novo Código Civil de 2002
Eticidade: boa-fé objetiva
Socialidade: função social
Operabilidade
Normas estruturadas por meio das cláusulas gerais.
JURISPRUDÊNCIA
WWW.TJRJ.JUS.BR
Aula 01
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS E POSSE 
1. Do Direito das Coisas 
1.1 - Conceito 
1.2 - Características 
1.3 - Diferença entre direitos reais e obrigacionais 1.4 - Titularidade e obrigações propter rem 
1.5 - Classificação dos direitos reais
CONTEXTUALIZAÇÃO
É necessário contextualizar a disciplina Direito das Coisas e suas peculiaridades em relação aos outros segmentos do Direito Civil. 
No texto do CC de 2002, o Livro correspondente aos Direitos Reais é o que se dedica ao tratamento legislativo da posse, da propriedade, dos direitos reais sobre coisa alheia (direitos reais limitados), não apenas no momento da aquisição, mas principalmente no período da sua existência.
CONCEITO
	O Direito das Coisas é o segmento do Direito Civil que congrega o conjunto de regras e princípios que regem a relação de senhoria, de poder, de titularidade, que submete a coisa à uma pessoa. 
	Está fundado primordialmente na função social e na boa-fé e sua importância é representada pela significação econômica, política e social dos institutos inseridos nas denominadas situações jurídicas reais devido à influência e repercussão que eles geram na estrutura da sociedade e da economia de uma nação. 	
	Estão disciplinados nos arts. 1.196 a 1.510 (Livro III da Parte Especial) do CC, além de haver leis especiais que também tratam de vários aspectos a eles relacionados. 
CONCEITO
	Sofre influência de outros ramos do Direito, como o Direito Urbanístico (como no exemplo do Estatuto da Cidade – Lei n° 10.257/01), o Direito Administrativo (nas questões referentes às limitações e restrições aos poderes e faculdades inerentes aos direitos reais, tais como nas servidões e limitações administrativas, na desapropriação para fins de utilidade pública ou de interesse social), o Direito Econômico, o Direito Tributário, entre outros. 
	Em termos históricos, o Direito Civil – Direito das Coisas - sofreu influência do direito francês, que identificava o direito de propriedade como direito subjetivo padrão, espinha dorsal do direito privado. 
Histórico
	O paradigma, nesta fase, era o Código Civil da França, promulgado em 1804. Entretanto, devido à nossa colonização portuguesa, a história da ocupação das terras no Brasil se iniciou em Portugal. 
	Compreendem-se neste contexto o movimento expansionista que teve início na Idade Média (com as Cruzadas); os períodos caracterizados pela vigência da Lei das Sesmarias; pela concessão de terras devolutas pelo poder público a determinados privilegiados mediante o compromisso – geralmente não cumprido – de ocupação efetiva das glebas de terras, de medição e de demarcação; pelo advento da Lei de Terras, que passou a promover a institucionalização da propriedade a partir da “relação” homem-terra; e pela Lei Hipotecária n° 1.237, de 1864, que criou a obrigatoriedade do registro dos títulos. 
Histórico
	O CC brasileiro de1916, seguindo a tendência codificante originada na Europa, reconheceu a propriedade, desprovida, contudo, de função social.
	As desigualdades e a exploração daí resultantes deram início ao período que culminou com o Estado do Bem Estar Social (Welfare State) e a concepção da função social da propriedade e da posse surgiu da ideia de se aproximar a análise dos institutos da realidade social e econômica subjacente, aplicando-se no campo e na cidade, tanto nos bens móveis quanto nos imóveis. Exemplares de tais mudanças, no âmbito pátrio, são a Constituição Federal de 1988 e o já referido CC de 2002.
NOMENCLATURA
	Existe controvérsia sobre a melhor nomenclatura para o tema, se Direitos Reais ou Direito das Coisas.
	Não há grande utilidade prática na discussão, até porque o termo reais, deriva da palavra latina RES, que significa “relativo a coisas”.
	O Código Civil designa o Livro III ao direito das coisas, pois compreende que a posse não é um direito real, mas um status prévio à propriedade.	
LIVRO III
Do Direito das Coisas
TÍTULO I
Da posse
TÍTULO II
Dos Direitos Reais
	
CARACTERÍSTICAS
São consideradas características dos direitos reais:
 a) tipicidade e taxatividade (somente são direitos reais os taxativamente elencados em lei como direitos reais). 
Estão previstos no art. 1.225 do CC e em leis especiais, dentre elas os Decreto-Lei n° 911/69 (alienação fiduciária) e a Lei nº. 6.766/79 (parcelamento de solo urbano); 
CARACTERÍSTICAS
TÍTULO II
Dos Direitos Reais
CAPÍTULO ÚNICO
Disposições Gerais
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
CARACTERÍSTICAS
b) direito de sequela 
É a circunstância de o direito real aderir imediatamente à coisa, sujeitando-a diretamente ao seu titular de modo a poder segui-la em poder de qualquer detentor ou possuidor; 
c) preferência 
É o privilégio do titular do direito real de garantia de ter o seu crédito satisfeito prioritariamente, em detrimento do titular de um crédito de natureza real pessoal, conforme disposto no art. 961 do Código Civil.
Art. 961. O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; o crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o privilégio especial, ao geral.
Ex: Hipoteca, penhor.
CARACTERÍSTICAS
d) oponibilidade erga omnes 
O direito real tem eficácia contra todas as pessoas, reconhecendo-se, pois, a presença de um dever geral negativo de respeito ao direito real titularizado;
e) elasticidade 
É a possibilidade de desmembramento de algum ou alguns poderes do direito de propriedade; 
CARACTERÍSTICAS
f) publicidade 
É a possibilidade de conhecimento acerca da titularidade e da existência de alguma limitação ao direito; 
A publicidade quanto à constituição de tais direitos se dá por meio da tradição, quando o seu objeto é um bem móvel (art. 1.226 do Código Civil), e por meio do registro do título no Cartório de Registro de Imóveis, quando o seu objeto é um bem imóvel (art. 1.227 do Código Civil).
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
CARACTERÍSTICAS
g) exclusividade 
Trata-se da inadmissibilidade de existência de duas ou mais pessoas com direitos reais iguais sobre a mesma coisa; apenas uma delas é titular do direito real sobre o bem. 
É possível que “A” venda um imóvel para “B” e posteriormente venda o mesmo imóvel para “C”? Não! Porque, em razão da característica da exclusividade, é vedada a incidência de dois direitos de propriedade ao mesmo tempo e sobre o mesmo bem. 
Mas e se eu adquiro um imóvel com o meu marido ou minha esposa? Estando o imóvel registrado em favor de ambos, isso representaria uma exceção à regra da exclusividade? Não, pois nesse caso há um único direito de propriedade, não dois. Nesta situação teremos vários titulares, mas apenas um direito de propriedade. 
Cuidado!
No entanto, nada impede que recaiam dois ou mais direitos reais, ao mesmo tempo e sobre o mesmo bem, de conteúdos diferentes. É possível que sobre o mesmo bem e ao mesmo tempo o direito real de propriedade incida em favor de “A” e o direito real de usufruto em favor de “B”, por exemplo.
CARACTERÍSTICAS
Objeto: Em regra, exige-se que a coisa, de modo a ser objeto de direito real, apresente três características fundamentais: 
a) corporeidade; 
b) possibilidade de apropriação; 
c) função utilidade ou valor econômico. 
Contudo, se faltar a corporeidade, ainda assim poderá haver a encampação do sistema de direito real caso a lei preveja, expressamente, modos específicos de transferência, ou que remeta, também de modo expresso, o regime de transferência ao de um dos direitos reais previstos na lei, ou ainda, que preveja que determinado direito real pode se exercer sobre determinados direitos reais 
Exemplos:
Usufruto sobre universalidades
Os direitos reais de garantia sobre direitos ou títulos de crédito 
A comunhão hereditária
Direitos autorais	
1.3 - DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
	A propósito dos critérios de distinção entre direitos reais e direitos pessoais, surgiram duas principais correntes doutrinárias para justificar a separação rígida dos regimes jurídicos a eles pertinentes: 
a) as teorias clássicas (ou teorias realistas), que defendem ser o direito real o poder imediato da pessoa sobre a coisa que se exerce erga omnes, ao passo que o direito pessoal opõe-se apenas e unicamente à uma pessoa, de quem se exige determinado comportamento prestacional; 
b) as teorias personalistas, cujos adeptos consideram que os direitos reais são relações jurídicas entre pessoas, como os direitos pessoais, não havendo relação jurídica entre pessoa e coisa: a diferença, assim, está no sujeito passivo, pois, enquanto no direito pessoal (de crédito), o sujeito passivo é pessoa certa e determinada, no direito real, é indeterminado, daí a noção de uma obrigação passiva universal – a de respeitar o direito real; 
c) a teoria eclética, que atua como autêntica “síntese da dialética hegeliana”, uma vez que considera o núcleo da teoria clássica (poder imediato e direto sobre a coisa) como o lado interno do direito real, e o núcleo da teoria personalista (a oponibilidade erga omnes) como seu lado externo.
1.3 - DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
	 A conclusão a que se chega é a de que a propriedade e os demais direitos reais devem ser considerados como situações jurídicas complexas com direitos, poderes, faculdades, deveres, obrigações, ônus com conteúdos diversos. 
	Além disso, percebe-se que o critério mais adequado para distinguir os direitos reais dos direitos pessoais consiste no aspecto interno referente ao modo do exercício dos primeiros. O direito real contempla o poder de utilização da coisa sem intermediário e tal aspecto é característico das situações reais. A circunstância do exercício do direito real se dar diretamente, sem interposição de quem quer que seja, é o traço marcante de distinção em relação aos direitos pessoais. Estes, por sua vez, pressupõem a intervenção de outro sujeito.
1.3 - DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
 Alguns outros critérios distintivos são também apresentados: 
a) o objeto do direito real há de ser, necessariamente,coisa determinada, ao passo que a prestação do devedor, nos direitos pessoais, como objeto da obrigação, pode ser genérica, desde que seja determinável; 
b) a violação a um direito real consiste, em regra, num fato positivo, o que nem sempre se verifica na violação de um direito pessoal; 
c) o direito real concede ao seu titular um gozo permanente da coisa porque tende à perpetuidade, como regra, já o direito pessoal é eminentemente transitório, extinguindo-se no momento em que a obrigação é adimplida; 
d) somente os direitos reais são adquiridos através da usucapião, o que não ocorre com os direitos pessoais; 
e) os direitos reais caracterizam-se pelo verbo “ter” (ínsito à ideia de poder sobre os bens), ao passo que os direitos obrigacionais, pelo verbo “agir” (exigir determinado comportamento alheio).
1.3 - DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
	 Diante disto, constata-se que, nas relações obrigacionais, há predominância do aspecto pessoal, em que a satisfação do credor normalmente se operará na concretização das prestações de dar, de fazer ou de não-fazer pelo devedor, ao passo que, nas relações reais, devem ser reputados predominantes os aspectos reais, porquanto as faculdades de usar, de fruir, de dispor e de reivindicar se relacionam apenas à atuação do titular do direito real. 
	
1.3 - DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
	
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
	 No Direito das Obrigações é estudada a relação jurídica entre duas pessoas, com o estabelecimento de vínculo entre devedor e credor. 
	O Direito das Coisas, por sua vez, regula a submissão da coisa à pessoa e, por isso, neste segmento do Direito Civil observará a ligação instituída entre a pessoa e sua titularidade sobre um bem (a título de posse, propriedade, usufruto, servidão, etc.). 
	É importante observar algumas hipóteses que não há clareza a respeito de se a ligação entre credor e devedor é pessoal (Direito das Obrigações) ou real (Direito das Coisas). 
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
	 Daí a necessidade de identificar outros casos, tais como ocorre na obrigação propter rem. 
a) as obrigações propter rem (também denominadas obrigações ob rem ou in rem scriptae), que podem ser conceituadas como aquelas que decorrem de um direito real sobre determinada coisa. 
A obrigação propter rem nasce para o devedor com a aquisição da titularidade de um direito real e se extingue quando da transmissão do referido direito, sendo, consequentemente, adquirida pelo novo titular do direito real em questão. 
É o caso da taxa de condomínio, do IPTU, do ITR
No entanto, é importante destacar que há outros exemplos além das hipóteses que contemplam obrigações de pagar, como:
as limitações inerentes ao direito de vizinhança (arts. 1.277 a 1.313 do Código Civil), que possuem natureza jurídica de obrigação propter rem;
as obrigações de fazer ou de não fazer previstas no regimento interno do condomínio;
as limitações impostas ao proprietário em razão da necessidade de atendimento da função social da propriedade (art. 1.228, §1º, do Código Civil).
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
Apresentam as seguintes características: 
referem-se ao titular de um direito real; 
o devedor se libera da obrigação diante do abandono da coisa, abdicando do direito real; 
a obrigação se reveste de uma acessoriedade especial, dotada de ambulatoriedade, o que faz com que a obrigação se transmita automaticamente com a transferência da titularidade da coisa;
 seguem o princípio da taxatividade (do numerus clausus), não sendo admitida qualquer outra obrigação propter rem além daquelas expressamente previstas na lei; 
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
É comum em contratos de locação de imóveis se convencionar que obrigações propter rem, como a taxa de condomínio e o IPTU, sejam solvidas pelo inquilino, possuidor da coisa. 
Essa prática é lícita? Isso implica na transferência de tal obrigação? 
A situação é lícita. 
Contudo, deve-se destacar que só produzirá efeitos entre as partes porque a posse não tem força para gerar a transmissão de uma obrigação propter rem. Isso só é possível em razão da transferência de titularidade de um direito real, o que não é o caso. Assim, o sujeito passivo permanecerá inalterado, sendo ineficaz o referido acordo perante terceiros.
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
b) os ônus reais:
Consistem em obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade, constituindo direitos ou gravames oponíveis erga omnes e que aderem à coisa, como na renda constituída sobre imóvel. 
Ex: cláusulas de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade.
1.4. TITULARIDADE E OBRIGAÇÕES PROPTER REM
c) as obrigações com eficácia real, também denominadas obrigações oponíveis a terceiros, podem ser consideradas figura híbrida.
	Revelam-se autênticas obrigações stricto sensu – com direito a uma prestação -, com a nota peculiar de serem oponíveis a terceiros, como ocorre nos casos de anotação preventiva do contrato de locação no Registro de Imóveis para fins de proporcionar a continuidade da locação mesmo em caso de alienação do bem imóvel (art. 8°, da Lei n° 8.245/91).
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.
§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo.
§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.
Ex2: Registro de compromisso de compra e venda de imóvel.
1.5. CLASSIFICAÇÃO
	 Há vários critérios de classificação dos direitos reais, mas, dentre os que realmente interessam à melhor compreensão do tratamento jurídico existente, podem ser apontados: 
1. Titularidade do objeto e divide os direitos reais em: 
a) direito na própria coisa (jus in re propria, também denominado “direito real ilimitado”. Trata-se da propriedade); 
b) direitos na coisa alheia (jus in re aliena, da mesma forma conhecidos como “direitos reais limitados”. São todos os demais que não o direito de propriedade); 
1.5. CLASSIFICAÇÃO
2. aquele que se refere à natureza da coisa objeto do direito real. 
Por este critério, têm-se os direitos reais imobiliários e os direitos reais mobiliários, conforme a natureza jurídica da coisa objeto do respectivo direito real.
Bens imóveis e bens móveis.
3. aquele que leva em consideração o aspecto intrínseco (funcional) inerente aos direitos reais, classificando-os em: 
a) direitos reais de gozo ou fruição; 
b) direitos reais de garantia e 
c) direitos reais de aquisição; 
1.5. CLASSIFICAÇÃO
4. aquele que secciona os direitos reais em: 
a) acessórios, que não existem independentemente ou autonomamente, como o penhor, a hipoteca e a anticrese;
b) principais, que podem ser constituídos e mantidos independentemente de outro direito. 
5. aquele que leva em conta a amplitude dos poderes: 
a) direito real ilimitado – o direito de propriedade; 
b) direitos reais limitados – os demais direitos reais.
Caso concreto – aula 01
(OAB - FGV - II EXAME UNIFICADO - 2011) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: 
(A) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão. 
(B) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. 
(C) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever de pagar as cotas condominiais. 
(D) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizaro terceiro que, de boa fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo.
Caso concreto – aula 01
(OAB - FGV - II EXAME UNIFICADO - 2011) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: 
A obrigação propter rem é aquela em que há uma ligação na qual o devedor possui o ônus de entregar uma prestação, não por conta de um vínculo constituído diretamente com o credor, mas em decorrência de uma ligação que o devedor possui com o bem, qual seja a de exercer o direito de propriedade sobre o mesmo. 
Assim:
Caso concreto – aula 01
(A) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão. 
A letra “A” apresenta formas de aquisição originária de propriedade.
(B) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. 
A letra “B” apresenta a hipoteca que é um direito real de garantia
(C) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever de pagar as cotas condominiais. 
A letra “C” fala de desforço possessório, este não é uma obrigação, mas uma forma de autotutela para proteger a posse contra turbação e esbulho.
Caso concreto – aula 01
(D) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que, de boa fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo.
A resposta correta é a letra “D”, que mostra um tipo de obrigação que decorre da qualidade do devedor de ser proprietário de determinado bem, neste caso o mesmo é obrigado a indenizar o terceiro de boa-fé por conta da sua situação de dono do imóvel e não porque gostaria de indenizar quem erigiu benfeitorias.
Caso concreto – aula 01
Wade Wilson alugou um apartamento de propriedade de Peter Parker em Belém (PA). 
O contrato de locação previu: valor e pagamento do aluguel, dever de cuidados com o bem, as taxas de condomínio serem de responsabilidade de Wade Wilson (locatário) e que a duração do contrato é de 3 anos. 
Assim durante todo o lapso contratual o locatário cumpriu o contrato, pagando em dia o aluguel e o valor da taxa de condomínio, bem como manteve o devido cuidado com o bem. Véspera da data de devolução do apartamento Peter Parker recebeu comunicação do município de Belém informando que havia débito de 2 anos nos valores referente ao IPTU do apartamento. 
Com fulcro no informado responda:
a) Peter Parker pode cobrar os valores referente ao IPTU de Wade Wilson, vez que este era responsável pelo imóvel durante o período? Explique.
b) Vencido o prazo de 3 anos do contrato, caso Wade Wilson recuse-se a devolver o apartamento, quais características do Direito das Coisas Peter Parker pode dispor para impor seu direito de propriedade sobre o bem? Explique. 
Caso concreto – aula 01
a) Peter Parker pode cobrar os valores referente ao IPTU de Wade Wilson, vez que este era responsável pelo imóvel durante o período? Explique.
Não, o IPTU trata-se de obrigação propter rem, assim o titular do dever de pagamento desta parcela é o proprietário do bem. Apenas poderia ser cobrado de Wade Wilson se houvesse cláusula no contrato de locação dispondo neste sentido.
b) Vencido o prazo de 3 anos do contrato, caso Wade Wilson recuse-se a devolver o apartamento, quais características do Direito das Coisas Peter Parker pode dispor para impor seu direito de propriedade sobre o bem? Explique.
O apartamento é de Peter, seu direito é oponível erga omnes, inclusive contra Wade. Caso Wade não entregue, Peter poderá impor seu direito de sequela e buscar o bem, tomando-o de Wade. A propriedade é exclusiva de Peter, Wade apenas exerceu, temporariamente, posse e, por fim, os direitos de Peter são taxativos, vez que dispostos no Código Civil.
Conteúdo da aula
Livro didático: 
Folhas 9 à 21.

Continue navegando