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Transtornos de Humor

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MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
• Humor: tônus afetivo, o estado emocional basal que colore a percepção do mundo. 
“Ansioso, deprimido, eufórico”; tem relação com o afeto. 
• Afeto: qualidade emocional que acompanha uma ideia, a expressão externa do estado 
emocional, e pode ser congruente ou incongruente com o humor. 
• Transtornos do humor (antes ‘psicoses maníaco-depressivas’): perda do senso de 
controle das expressões afetivas e pela experiência subjetiva de grande sofrimento. 
o perturbação fundamental é uma depressão (c/ ou sem ansiedade associada) ou 
uma exaltação; geralmente acompanhada por uma modificação no nível global 
de ativ.. 
• Principais: transtorno bipolar e o transtorno depressivo. 
• O CID-10 utiliza basicamente cinco categorias: episódio maníaco, transtorno afetivo 
bipolar, episódio depressivo, transtorno depressivo recorrente e transtornos persistentes 
do humor (ciclotimia e distimia). 
• O DSM-V não usa mais o termo “transtornos do humor”, e sim “transtorno bipolar e 
relacionados”, e “transtornos depressivos”. 
• transt. depressivos e subcategorias; transtorno bipolar; e outros (distimia e ciclotimia). 
EPIDEMIOLOGIA 
• Transt. depressivo: + comum; 15% em mulheres; prevalência 2x maior do que nos 
homens. Incidência: 10% da população geral e 15% dos pcts hospitalizados. Idade média 
de início: 40 anos. + pessoas s/ relações interpessoais íntimas ou divorciadas. 
• Transt. bipolar: menos comum; prevalência no período de vida de cerca de 1%, similar 
à esquizofrenia. IM de início: 30 anos; + divorciados e solteiros (ou discórdia precoce 
pela condição). 
• S/ variação da preval. dos transt. do humor entre as raças ou situação socioeconômica. 
ETIOLOGIA 
FATORES GENÉTICOS 
• Fator genético significativo; + transt. bipolar; +famílias; +concordância entre gêmeos 
monozigóticos; filhos adotivos permanecem c/ risco aumentado mesmo que afastados 
dos pais biológicos acometidos por este tipo de transtorno. 
FATORES BIOLÓGICOS 
• A noradrenalina e a serotonina são os 2 neurotransmissores (aminas biogênicas) + 
envolvidos na fisiopato dos transt. de humor. 
• ISRSs (fluoxetina) importantes no tto da depressão (5HT neurot. + associado). 
• A dopamina, o sistema GABA e peptídeos neuroativos (+ vasopressina e opioides 
endógenos) também parecem estar envolvidos. 
• Fatores neuroendócrinos podem estar relacionados ao surgimento de sintomas 
depressivos: alt. dos hormônios tireoidianos podem causar depressão e mania (investigar 
em todos pcts); no GH e alt. adrenais (+ cortisol). 
• Estudos c/ neuroimagem, eletrofisiologia e neuropatologia: parece haver envolvimento 
do sistema límbico, gânglios basais e hipocampo. 
FATORES PSICOSSOCIAIS 
• Acontecimentos vitais estressantes precedem mais freq. os primeiros episódios de 
humor, tanto depressivos quanto maníacos; se permanentes: influenciam no curso, na 
sintomatologia e na recuperação. 
• Acontecimento vital + associado c/ depressão é a perda de um dos pais antes dos 11 
anos. As sd. e reações depressivas surgem com muita freq. após perdas significativas. 
• Não há traço ou tipo de personalidade estabelecido como predisponente à depressão ou 
ao transt. bipolar. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
SÍNDROMES DEPRESSIVAS 
• Elemento central: humor entristecido; outros c/ gravidade e freq. muito diversas. 
• Sintomas afetivos: tristeza, melancolia, choro fácil e/ou freq., apatia, sentimento de falta 
de sentimento, incapacidade de sentir prazer, tédio e aborrecimento crônico, 
irritabilidade aumentada, angústia ou ansiedade, desespero. 
• Alt. físicas: fadiga, cansaço fácil, distúrbios do sono (insônia terminal ou hipersonia), 
perda ou aumento do apetite/peso, constipação, indigestão, distúrbios sexuais 
(diminuição da libido, disfunção erétil), palidez; alt. na menstruação, cefaleia. 
• Distúrbios do pensamento: ideação negativa, pessimismo, ideias de arrependimento e 
culpa, de abandono e autopunição, de morte, desejo de desaparecer; planos ou tentativas 
suicidas. 
• Alt. da autovaloração: baixa autoestima e desvalia, vergonha, autodepreciação e 
autoacusação. 
• Alt. da psicomotricidade e volição: aumento da latência entre as perguntas e as 
respostas, lentificação psicomotora, diminuição do discurso, redução do tom de voz, fala 
lentificada; mutismo (negativismo verbal), negativismo (recusa alimentar, recusa à 
interação pessoal), ausência de planos e perspectivas. ‘Fala monossilábica’. 
• Alt. cognitivas: dificuldade de concentração e esquecimentos, dificuldade para tomar 
decisões, pseudodemência depressiva. Diminuição da atenção (hipotenacidade). 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
• Sintomas psicóticos: ideias delirantes de conteúdo negativo, delírios de ruína ou miséria, 
alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos depressivos, outros sintomas 
psicóticos incongruentes com o humor. 
• EXAME PSÍQUICO: pct deprimido, cansado, preocupado, c/ fraco contato visual; 
cuidado c/ a aparência é reduzido e há tendência ao choro; humor triste ou irritável; 
situações que antes representavam prazer deixam de interessar e perdem a graça; em 
depressões menos acentuadas: humor oscila, com piora matutina ou vespertina, e o pct 
pode levar horas para retornar à normalidade. 
• Uma das alterações principais é a falta de energia, com tendência ao isolamento. 
SÍNDROMES MANÍACAS 
• A euforia, ou alegria patológica, constitui o aspecto principal. 
• É fundamental (quase sempre presente) a aceleração de todas as funções psíquicas 
(taquipsiquismo). De modo geral, podem-se observar os seguintes sinais e sintomas: 
o Aumento da autoestima; +‘egocêntrico’. 
o Intensa satisfação pessoal e bem-estar exagerado; 
o Elação (expansão e engrandecimento do eu); 
o Sintomas vegetativos: aumento da libido, perda de peso, anorexia e insônia, 
geralmente associada à sensação de diminuição da necessidade de sono; 
o Logorreia; +fuga de ideias (extremo). 
o Pressão para falar; +fala dramática. 
o Distraibilidade (voluntária reduzida e a espontânea aumentada); 
▪ hipotenaz e hipervígil. 
o Irritabilidade e arrogância; 
o Agitação psicomotora e heteroagressividade; 
o Desinibição social e sexual; hipersensualidade e promiscuidade; 
o Tendência exagerada a gastos excessivos, descontrole dos impulsos; 
o Delírios de grandeza ou de poder, que podem estar associados a alucinações 
auditivas. 
▪ ‘delírios de grandeza, paranoides ou místicos’. 
• NA ENTREVISTA: aparência extravagante, roupas coloridas, excessiva maquiagem, 
acessórios bizarros, desatenção quanto à aparência pessoal; impaciência, autoconfiança 
e atitude sedutora; afeto instável e humor eufórico, exaltado ou irritável. Pode haver 
labilidade afetiva. A euforia leva ao comprometimento da capacidade de julgamento, 
freq. existe total negação da doença e incapacidade para tomar quaisquer decisões. 
• Hipomania: forma clínica atenuada do episódio maníaco; +disposição, sensação 
subjetiva de que o fluxo de ideias + amplo e acelerado, e bom humor excessivo. Pode 
haver diminuição da necessidade do sono e aumento da energia sexual; discurso c/ 
loquacidade, sarcasmo e ideias abundantes. Irritação, autoritarismo, excesso de gastos e 
comportamento imprudente podem estar presentes. De modo geral, não produz 
disfunção social grave, mas pode haver indiscrições sociais e financeiras, discussões e 
endividamentos, tornando a convivência difícil. Por outro lado, os pacientes tendem a 
ser otimistas, autoconfiantes e muito ativos, com múltiplos interesses e objetivos. 
DIAGNÓSTICO 
• O diagnóstico, assim como o de esquizofrenia, é fenomenológico, a partir da observação 
e descrição do paciente. 
CRITÉRIOS PARA EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR (DSM-V) 
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 
2 semanas e representam uma alt. a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos 
sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer. NOTA:Não incluir 
sintomas nitidamente devidos a uma condição médica geral ou alucinações ou delírios 
incongruentes com o humor. 
(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias. 
(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos. 
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex. mais de 5% do peso 
corporal em um mês), ou diminuição ou aumento do apetite. 
(4) insônia ou hipersonia. 
(5) agitação ou retardo psicomotor. 
(6) fadiga ou perda de energia. 
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada. 
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão. 
(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida 
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para 
cometer suicídio. 
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma subst. (por ex. droga de 
abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex. hipotireoidismo). NOTA: 
Respostas a uma perda significativa (p. ex. luto, ruína financeira, perdas por um desastre 
natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza 
intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no 
critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora tais sintomas possam 
ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo 
maior, além da resposta normal a uma perda significativa, também deve ser cuidadosamente 
considerada. Essa decisão requer inevitavelmente o exercício do julgamento clínico baseado 
na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento de uma perda. 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por: transtorno 
esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro 
transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado, ou 
transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. 
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. 
OBS. O DSM-V considera que a depressão maior pode começar dentro da fase do luto, ou 
seja, em vez de somente luto, o paciente já pode estar deprimido. 
A CID-10 apresenta algumas diferenças no diag. de depressão em relação ao DSM-V; 
diferencia os episódios depressivos em leve, moderado e grave, podendo ser este com ou 
sem sintomas psicóticos. O diagnóstico de episódio depressivo, segundo a CID-10, é feito 
quando o paciente apresenta: 
• humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma 
fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Outros sintomas comuns são: 
concentração e atenção reduzidas, autoestima reduzida, ideias de culpa e inutilidade, 
visões pessimistas do futuro, ideias ou atos autolesivos ou suicídio, sono perturbado e 
apetite diminuído. 
• EPISÓDIO DEPRESSIVO LEVE: apresentar 2 (humor deprimido, perda de interesse 
e prazer e fatigabilidade aumentada) e + 2 dos outros sintomas descritos acima; 
nenhum em um grau intenso; os sintomas não o impedem de continuar fazendo suas 
ativ. habituais; pode também apresentar sintomas somáticos. 
• EPISÓDIO DEPRESSIVO MODERADO: 2 dos três principais sintomas presentes; e + 
3 ou, preferencialmente, 4 dos outros sintomas; o pct, geralmente, tem dificuldade em 
continuar com suas ativ. habituais; também pode apresentar sintomas somáticos. 
• EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE: angústia ou agitação consideráveis, a menos que 
retardo seja um aspecto importante. O suicídio é um perigo marcante nos casos graves; 
os 3 sintomas principais devem estar presentes, e pelo menos 4 outros devem ser de 
intensidade grave. 
• Episódio depressivo c/ sintomas psicóticos: delírios, alucinações ou estupor. Os delírios 
envolvem ideias de pecado, pobreza ou desastre iminentes, pelos quais o paciente pode 
assumir a responsabilidade. As alucinações geralmente são de vozes depreciativas. 
• Síndrome de Cotard: tipo de delírio; acredita estar morto, ou que seus órgãos não estão 
mais funcionando; sintomas congruentes com o humor. Todos os sintomas devem estar 
presentes há, pelo menos, 2 semanas, a não ser que o quadro seja grave. 
CRITÉRIOS PARA EPISÓDIO MANÍACO (DSM-V) 
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, 
durando pelo menos 1 semana (ou qualquer duração, se a hospitalização é necessária). 
B. Durante o período de perturbação do humor, 3 (ou mais) dos seguintes sintomas 
persistirem (quatro, se o humor é apenas irritável) e estão presentes em um grau significativo: 
(1) autoestima inflada ou grandiosidade; 
(2) necessidade de sono diminuída; 
(3) mais falante do que o habitual ou pressão por falar; 
(4) fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo; 
(5) distratibilidade; 
(6) aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou 
sexualmente) ou agitação psicomotora; 
(7) envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para 
consequências dolorosas (por ex.: envolvimento em surtos incontidos de compras, 
indiscrições sexuais ou investimentos financeiros tolos). 
C. A perturbação do humor é suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no 
funcionamento ocupacional, nas ativ. sociais ou relacionamentos costumeiros c/ outros, ou 
para exigir a hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e a outros, ou existem 
aspectos psicóticos. 
D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma subst. (uma droga de 
abuso, um medicamento ou outro tto) ou de uma condição médica geral (hipertireoidismo). 
• A principal diferença do CID-10 em relação ao DSM-V no diag. do transtorno bipolar é 
que o DSM-V permite o diagnóstico de transtorno bipolar já no primeiro episódio 
maníaco (transtorno bipolar, episódio maníaco único – transtorno bipolar tipo I. Existe 
também o transtorno bipolar do tipo II, que é aquele que requer pelo menos um episódio 
hipomaníaco), enquanto o CID-10 exige que haja pelo menos 2 episódios maníacos para 
que este diag. seja feito. Caso contrário, é feito o diagnóstico de mania. 
• O CID-10 divide os episódios de mania em com ou sem sintomas psicóticos. Pode haver 
delírios ou alucinações em que o conteúdo seja de grandeza. Os sintomas psicóticos, em 
geral, também são congruentes com o humor. 
CLASSIFICAÇÃO 
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 
• Episódio depressivo (DSM-V: transt. depressivo maior): evidentes sintomas 
depressivos por pelo menos 2 sem. Os episódios, em geral, duram entre 3 e 12 meses. 
CID-10: leve, moderado ou grave (nº, intensidade e importância clínica dos sintomas). 
Vários ep. depressivos nunca intercalados por ep. maníacos= transt. depressivo 
recorrente. 
• Depressão endógena ou melancólica: considerada como “vindo de dentro da pessoa” 
– “consciência infeliz”, mais independente de fatores psicogênicos desencadeantes. Os 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
sintomas típicos são: anedonia, culpa excessiva, piora pela manhã, insônia terminal e 
lentificação psicomotora. 
• Depressão atípica: ganho de peso, hiperfagia, aumento do apetite (+doces), hipersonia 
e sensação de corpo muito pesado. Melhor resposta aos IMAO do que aos tricíclicos. 
• Depressão sazonal: durante o menor período de luz diurna, no inverno e outono, e 
desaparece durante a primavera e verão. 
• Depressão pós-parto: início dentro de 4 sem. após o parto; insônia acentuada, 
instabilidade e fadiga ao suicídio. Crenças delirantes e homicidas podem ocorrer c/ 
relação ao bebê. +mulheres c/ transt. de humor ou outros transt. psiq. É uma emergência. 
• Depressão psicótica: depressão grave, c/ 1 ou + sintomaspsicóticos, como delírio de 
ruína ou culpa, delírio hipocondríaco, alucinações c/ conteúdo depressivo. Sintomas 
humor-congruentes (se os sintomas psicóticos são de conteúdo depressivo); ou 
incongruentes com o humor (caso não sejam de conteúdo negativo ex.: delírios de 
perseguição, autorreferentes, paranoides). 
• Estupor depressivo: prevalece o negativismo, c/ ausência de respostas às solicitações 
ambientais, mutismo, recusa alimentar e permanência no leito por dias, muitas vezes 
imóvel. Também chamado episódio depressivo catatônico. 
• Pseudodemência: transt. depressivo maior que se apresenta como disfunção cognitiva 
semelhante à demência. +idosos c/ história prévia de transt. de humor. A depressão é 
primária e antecede as alt. cognitivas. Algumas caract. clínicas que sugerem transt. 
depressivo: variação diurna (piora pela manhã), aparecimento dos sintomas pode ser 
precisado, autorreprovação, agitação psicomotora, valorização dos sintomas. 
• Depressão dupla: pcts distímicos que desenvolvem transt. depressivo maior sobreposto. 
EPISÓDIO MANÍACO 
• Ep. maníaco grave: forma + intensa da mania, c/ taquipsiquismo acentuado, agitação 
psicomotora, heteroagressividade, fuga de ideias e delírios de grandeza. 
• Ep. maníaco irritado ou disfórico: predomina irritabilidade, mau humor, hostilidade, 
podendo ocorrer heteroagressividade e destruição de objetos. 
• Ep. misto: sintomas maníacos e depressivos juntos ou alternando-se rapidamente. 
• Estupor maníaco: assim como no ep. depressivo, estão presentes caract. catatônicas, 
como ativ. motora extrema, maneirismos, ecolalia ou ecopraxia, negativismo. 
• Hipomania: forma atenuada de ep. maníaco que muitas vezes passa despercebida. 
TRANSTORNO BIPOLAR 
• Transt. bipolar tipo I: ep. depressivos leves a graves, intercalados com fases de 
normalidade e fases maníacas bem caracterizadas. 
• Transt. bipolar tipo II: ep. depressivos leves a graves, intercalados com períodos de 
normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. O pct não apresenta episódios maníacos. 
• Transt. bipolar de ciclagem rápida: ep. maníacos e depressivos alternados, separados 
por intervalos de 48-72 horas. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Os transt. do humor podem ser causados por uma variedade de condições médicas, como 
medicamentos, alt. metabólicas, infecções, neoplasias, dç endócrinas, cardiovasculares, 
autoimunes, neurológicas, entre outros (excluir tais condições). 
Alguns medicamentos que podem causar depressão: 
• Anti-hipertensivos: diuréticos, hidralazina, α-metildopa, clonidina; 
• Betabloqueadores; 
• Drogas tuberculostáticas: isoniazida e etionamida; 
• Metronidazol; 
• Corticoides; 
• Antiparkinsonianos: levodopa, carbidopa, amantadina, bromocriptina; 
• Anticonvulsivantes: carbamazepina e fenitoína; 
• Benzodiazepínicos; 
• Opiáceos; 
• Antipsicóticos; 
• Inibidores da colinesterase; 
• Ranitidina, cimetidina; 
• Metoclopramida; 
• Contraceptivos orais; 
• AINES; 
• Hormônios tireoidianos; 
• Álcool (abstinência); 
• Cocaína (abstinência). 
Condições médicas que podem causar depressão: 
• Endocrinopatias: hiper e hipotireoidismo, DM, hiper e hipoadrenalismo, hiper e hipo- 
paratireoidismo e hipopituitarismo; 
• Dç cardiovasculares: IAM, ICC e miocardiopatias; 
• Dç autoimunes: LES, artrite reumatoide, poliarterite nodosa e sarcoidose; 
• Infecções: HIV, encefalite, sífilis, pneumonias; 
• Neoplasias: SNC, pâncreas, pulmão, gastrointestinal e renal; 
• Dç neurológicas: Parkinson, demências, hidrocefalia de pressão normal, AVC, 
hemorragia subaracnoide, esclerose múltipla, epilepsia, trauma; 
• Def. vitamínicas: berebéri (B1), pelagra (ac. nicotínico), anemia perniciosa (B12); 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
• Outros: alcoolismo, anormalidades eletrolíticas, envenenamento por metais pesados, 
hemoliálise. 
Medicamentos e condições médicas que podem causar mania e hipomania: 
• Endocrinopatias: hipertireoidismo; 
• Infecções: encefalite, influenza e sífilis; 
• Dç neurológicas: epilepsia, trauma cerebral, esclerose múltipla, AVC e dç de Wilson; 
• Neoplasias: gliomas, meningiomas e metástases talâmicas; 
• Outros: anemia, hemodiálise e deficiência de (B12), cocaína, alucinógenos; 
• Medicamentos: álcool, alprazolam, Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO), 
antidepressivos tricíclicos, anfetaminas, bromocriptina, captopril, corticoides, 
isoniazida, levodopa, metoclopramida, simpaticomiméticos, hormônios da tireoide. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• O curso tende a ser longo, c/ inúmeras recaídas. 
• Prog.: tende a ser + benigno do que o da esquizofrenia, porque os pcts retornam à sua 
personalidade normal, anterior ao episódio. 
• À medida que progridem os transt. depressivos e bipolar, os pcts tendem a ter ep. +freq. 
e de maior duração. 
• Ep. depressivo não tratado: costuma ter duração de 6 a 12 meses; 
• Os ep. maníacos consumam ter início agudo, de horas a dias, com rápida progressão dos 
sintomas e, se não tratados, duram de 3 a 5 meses. 
• Início do transt. bipolar na infância/adolescência está associado a um mau prognóstico. 
TRATAMENTO 
• Obj.: garantir a segurança, avaliação diag. completa e plano terapêutico que aborde tbm 
o bem-estar futuro do pct. 
• Farmacoterapia e psicoterapia; procurar reduzir o número e a severidade dos 
estressores na vida do paciente. 
• Hospitalização 
o Indicações claras são: necessidade de procedimentos diag., risco de suicídio ou 
homicídio e capacidade reduzida de autocuidados básicos. 
o Em casos leves de hipomania, devido ao sentimento de bem-estar e à 
dificuldade em convencer o pct de que está doente e necessita de tto. 
o Nos casos de mania grave, protegê-lo p/ que não cometa atos que possam 
prejudicá-lo (situações embaraçosas ou gastar muito dinheiro). 
o Se pct esclarecido p/ reconhecer o seu estado e possui um bom suporte familiar, 
deve-se tentar o tto ambulatorial. 
o Nos casos de depressão grave, a internação pode ser indicada quando há um 
evidente risco de suicídio, quando falta ao paciente apoio psicossocial, quando 
há abuso de substância grave ou o paciente não coopera com o tratamento. 
TRANSTORNO DEPRESSIVO 
• Farmacoterapia + intervenção psicoterápica. 
• Antidepressivos: melhora de 60-70% dos sintomas depressivos em um mês. Alguns 
critérios orientam o tto antidepressivo: 
o Se existe uma HF ou história ant. de resposta positiva a determinada droga, esta 
deve ser tentada em primeiro lugar; 
o Há 50% de recaídas com tto inadequados, e a resistência, na maioria dos casos, 
deve-se ao uso de subdoses; 
o Se não houver história prévia, utilizar como 1ª escolha um ISRS ou tricíclico e 
monitorar por 2-3 sem. A resposta geralmente aparece dentro de 4 sem.; 
o Os efeitos colaterais são a principal variável relacionada à não adesão dos 
pacientes, portanto deve-se estar atento ao perfil de efeitos indesejáveis; 
o Efeitos colaterais ISRS: disfunção sexual (diminuição da libido e anorgasmia) 
e efeitos GI (náuseas/vômitos). 
o Efeitos colaterais tricíclicos: Efeitos anticolinérgicos: tontura, sedação, boca 
seca, visão turva, constipação intest. e esforço para urinar. Outros: ganho de 
peso, hipotensão ortostática e alt. na condução cardíaca; 
▪ contraindicado em glaucoma de ângulo fechado, BAVT/BRD e 
situações nos quais os efeitos anticolinérgicos devem ser evitados, 
como disfunção prostática; 
▪ evitar em pcts com risco de suicídio (potencial de intoxicação fatal); 
▪ parecem estar relacionados ao maior risco de “virada maníaca” 
(desencadeamento de um ep. maníaco em pcts depressivos); 
o Depressão bipolar: o uso de lítio deve ser a 1ª escolha; 
▪ Após 4 sem., se o antidepressivo não tiver o efeito desejado, uma 
mudança de classe e/ou potencialização da terapia podem ser 
experimentados; 
▪ L-triiodotironina (T3), carbonato de lítio e l-triptofano podem ser 
utilizados p/ potencializar o efeito antidepressivo; 
o Trazodona: casos de depressão c/ insônia (propriedades sedativas, s/ potencialde dependência); cautela em homens (risco de priapismo, apesar de raro); 
o Venlafaxina: p/ depressão ansiosa; risco aumentado de sd. de descontinuação; 
o Mirtazapina: depressão em idosos; menos efeitos colaterais e ação sedativa; 
o IMAO: classicamente indicados para o tto de depressão atípica; obs. o risco de 
crise hipertensiva qnd associado a alimentos que contenham tiramina (queijo, 
leite, cerveja, vinhos), o aparecimento de antidepressivos c/ melhor perfil de 
efeitos colaterais e a contraindicação absoluta de utilização de diversas drogas 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
(ISRS, alfa-metildopa, meperidina, simpaticomiméticos) durante o tto com 
IMAO, têm contribuído p/ seu uso cada vez mais incomum; 
o O tto de manutenção com antidepressivos por pelo menos 6 meses auxilia na 
prevenção de recaídas. O tto a longo prazo pode ser indicado em pcts c/ transt. 
depressivo recorrente, podendo ser feita associação c/ carbonato de lítio; 
o Retirada: deve ser gradual, ao longo de 1-2 sem., dependendo da ½ vida; 
o A ECT fica reservada aos casos de transt. depressivo grave c/ sintomas 
psicóticos e refratário ao uso de antidepressivos. 
 
TRANSTORNO BIPOLAR 
• Tto de escolha: uso de agentes estabilizadores de humor, princ.: carbonato de lítio, 
ácido valproico e carbamazepina. Casos resistentes: associação. 
• Olanzapina: eficaz no controle da mania aguda e como estabilizador do humor. 
• Novos anticonvulsivantes têm sido testados (oxcarbazepina, gabapentina, lamotrigina 
e topiramato); empregados c/ cautela e p/ casos resistentes aos tto já estabelecidos. 
• Casos de mania aguda: inclui drogas sedativas (clonazepam e antipsicóticos). 
• CARBONATO DE LÍTIO 
o Lítio: 1ª linha no tto e profilaxia do transt. bipolar. No entanto, o risco de 
intoxicação e o perfil de efeitos adversos, tem limitado seu uso, fazendo com 
que outras drogas, como o valproato, sejam cada vez mais utilizadas. 
o Estreita faixa terapêutica e variações nas taxas de excreção = monitoração 
periódica de seus níveis séricos (dosagem 12h após a última ingestão do cp). 
▪ 5-7 dias após o início, e, depois, o controle é feito a cada 3-6 meses. 
▪ Níveis recomendados para o tto situam-se entre 0,6 e 1,2 mEq/L, 
procurando manter o pct com as menores doses necessárias para a 
profilaxia. Em geral, inicia-se com 300 mg/dia, aumentando-se 
gradativamente até que os níveis séricos desejados sejam alcançados. 
o Antes de iniciar o tto: HMG completo, eletrólitos, avaliação da função renal e 
da função tireoidiana. 
o Efeitos colaterais + comuns: sede e poliúria, alt. de memória, tremores, ganho 
de peso, sonolência, náuseas e diarreia. Tardios: hipotiroidismo clinicamente 
significativo (até 5%), enquanto elevações do TSH chegam a 30%. Sugestões: 
Complementação com hormônios ou trocar o estabilizador. 
o Intoxicações: c/ dosagens séricas acima de 1,5 mEq/L; podem ser precipitadas 
por desidratação, dietas hipossódicas, ingestão excessiva de lítio, alt. na 
excreção renal ou interação c/ outros medicamentos que aumentam seus níveis 
séricos (AINES, tiazídicos). Quadro: náuseas e vômitos, diarreia persistente, 
sonolência, tremores grosseiros, fasciculações, hiper-reflexia, diplopia, fala 
pastosa, disartria, arritmias, ataxia e crises convulsivas. 
o O tto envolve monitoração da litemia, manutenção do equilíbrio 
hidroeletrolítico, uso de diuréticos osmóticos e diálise, nos casos mais graves. 
• ANTICONVULSIVANTES 
o Valproato, ou ácido valproico: 
▪ Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, diarreia, elevação das 
transaminases e tremores. Outros: leucopenia assintomática e 
plaquetopenia; alopecia, aumento de apetite e ganho de peso. 
▪ Larga janela terapêutica = risco diminuído de intoxicação. Sonolência, 
ataxia e disartria; pode ser tratado com hemodiálise e naloxone. 
▪ iniciado c/ doses baixas (250 mg/dia), c/ aumentos graduais até atingir 
a [sérica] de 50 a 100 mcg/ml (não se excedendo a dose de 60 mg/kg 
por dia). É necessário controle dos níveis séricos, do hemograma e das 
enzimas hepáticas a cada 3-6 meses. 
o Carbamazepina: 
MEDCURSO 2019 – CAP. 5 
▪ ação estabilizadora do humor baseada em mec. diferentes do efeito 
anticonvulsivante. Preconiza-se níveis séricos entre 4 e 12 mcg/ml. 
Reajustar com o tempo (ela induz aumento de seu próprio met.). 
▪ EC: diplopia, visão borrada, fadiga, vertigem, distúrbios GI, 
leucopenia e trombocitopenia leve e elevação das enzimas hepáticas. 
Efeitos raros, mas potencialmente fatais, incluem agranulocitose, 
anemia aplástica, pancreatite, síndrome de Stevens-Johnson. 
▪ Solicitar: HMG completo, hepatograma e avaliação da função renal. 
As doses devem ser iniciadas com 100 a 200 mg/dia e aumentadas 
gradualmente e divididas em 3-4 tomadas diárias. Inicialmente, HMG 
e função hepática a cada 2 semanas, espaçando-se depois o controle 
para cada 3 meses. 
• ANTIPSICÓTICOS 
o Neurolépticos têm sido utilizados no tto da mania aguda (rápida ação e controle 
da agitação psicomotora). 
o Tto de manutenção evitado por causa dos efeitos colaterais (parkinsonismo, 
acatisia), além do fato de poder desencadear ou agravar quadros depressivos. 
• OUTROS AGENTES 
o Bloqueadores dos canais de cálcio, clonidina e levotiroxina podem ser usados 
em casos resistentes a outras drogas. Clonazepam é +usado como coadjuvante, 
nos casos de agitação e insônia. Considerar ECT nos casos resistentes, mostra 
ação antidepressiva, antimaníaca e estabilizadora do humor. 
I - OUTROS TRANSTORNOS DE HUMOR 
TRANSTORNO DISTÍMICO 
• Depressão leve, de intensidade duradoura, e início insidioso. + comum em mulheres 
e em pessoas com história de estresse prolongado ou perdas súbitas. Pode coexistir com 
outros transt. psiquiátricos, como abuso de subst. e transt. de personalidade. 
• Começa no início da vida adulta; sintomas presentes por pelo menos 2 anos. 
• Sintomas + comuns: diminuição da autoestima, fadiga, falta de apetite, problemas com 
o sono, mau humor crônico, irritabilidade, falta de concentração e dific. para tomar 
decisões. Não é incapacitante, mas compromete o desempenho e o relacionamento 
interpessoal e traz sofrimento considerável. 
• Farmacoterapia + atendimento psicoterápico. A maioria dos antidepressivos é eficaz 
(doses podem ser maiores do que para o tto da depressão maior). 
TRANSTORNO CICLOTÍMICO 
• Instabilidade persistente do humor com alternância de inúmeros períodos 
distímicos ou de falta de interesse e prazer, c/ episódios hipomaníacos. 
o Tais episódios não são graves nem duradouros o suficiente para serem 
considerados transtornos bipolares, e a condição é crônica. 
• Igualmente comum em homens e mulheres. 
• Início geralmente insidioso e ocorre no final da adolescência ou início da idade adulta. 
• Mudanças de humor recorrentes podem provocar dific. sociais e profissionais. 
• Estabilizadores de humor podem ser utilizados, associados à psicoterapia.

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