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MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS E A PRODUÇÃO POÉTICA PARA CRIANÇAS E JOVENS

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Prévia do material em texto

UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL 
FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ 
NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LITERATURA INFANTOJUVENIL 
Maria do Rosário de Fátima Alencar Albuquerque 
Maria do Socorro Rios Magalhães 
Paula Fabrisia Fontinele de Sá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUESPI 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha elaborada pelo Serviço de Catalogação da Biblioteca Central da UESPI 
Aureste de Sousa Lima (Bibliotecário) CRB-3/1215 
 
 
UNIDADE 3 
MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS E A PRODUÇÃO POÉTICA PARA 
CRIANÇAS E JOVENS 
 
 
OBJETIVOS 
 
• Relacionar a linguagem da poesia infantil e juvenil com a linguagem das 
manifestações folclóricas. 
• Mostrar as especificidades do texto poético para leitores crianças e 
jo- vens. 
Apontar autores e obras representativos da poesia infantojuvenil brasileira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 A poesia e o leitor infantojuvenil 
 
A literatura infantojuvenil, assim como toda literatura, compreende 
a prosa e a poesia. Na primeira e segunda unidades deste livro, já 
tratamos da prosa, ou seja, do gênero narrativo, do qual fazem parte as 
histórias ou os contos escritos para crianças e jovens. Nesta unidade, 
vamos tratar da poesia, que, por sua vez, corresponde ao gênero lírico. 
Os textos que compõem o gênero lírico ou poético são chamados de 
poemas. 
A poesia é o gênero menos valorizado pela escola, pois esta 
mostra claramente uma preferência pelos textos em prosa, fato que 
provavelmente tem contribuído para o pouco prestígio que a poesia 
desfruta junto ao público como um todo. Todavia, a leitura e audição de 
textos poéticos leva o leitor ou o ouvinte, mesmo aquele ainda em tenra 
idade, à percepção da dimensão artística da linguagem, possibilitando o 
desenvolvimento de habilidades linguísticas, que estimulam a criatividade, 
a expressão da subjetividade e a elaboração de juízos sobre a realidade. 
Embora a escola seja o principal lugar de formação de leitores, 
a poesia não é totalmente desconhecida para a criança que ainda não 
ingressou na educação formal, pois a poesia acompanha nossa vida, 
desde que nascemos. Ela está presente no cotidiano da criança, através 
das cantigas de ninar, cantigas de roda, brincadeiras cantadas, parlendas, 
trava-línguas, adivinhações, quadrinhas, enfim, das manifestações orais 
encontradas no folclore ou saber popular. Assim, pelo contato com as 
manifestações folclóricas, a criança vai se familiarizando com a linguagem 
poética, com seus jogos de sons, palavras e ideias, ou seja, com a função 
lúdica da linguagem, que é também a função predominante no texto 
poético. Assim, os poemas que incorporam características das 
manifestações folclóricas têm grande probabilidade de serem bem aceitos 
pelo público infantojuvenil, não apenas pela familiaridade que o folclore 
desfruta no meio desse público, mas também por recorrer a 
procedimentos que brincam com 
a linguagem. 
Retomando algumas das expressões folclóricas mais conhecidas, 
 
 
buscaremos relacioná-las com 
poemas infantis e juvenis de autores 
 
 
 
 
 
 
brasileiros, evidenciando os recursos temáticos e linguísticos utilizados 
tanto no folclore como na poesia. 
As cantigas de ninar constituem a primeira linguagem poética 
com a qual a criança tem contato. Para ela, mais importante que o sentido 
das palavras é som da linguagem, o ritmo e a repetição de fonemas. As 
canções de ninar é uma inspiração muito presente na poesia de autores 
brasileiros, de um modo geral, independentemente de ser ou não poema 
para crianças. A título de exemplo, vejamos o poema de Sérgio Caparelli, 
que utiliza a forma da canção de acalanto ou de ninar, para fazer 
denúncia social, mostrando o sono de um menino de rua. 
 
 
 
 
 
 
Outra forma popular frequentemente utilizada pela poesia 
infantojuvenil é a cantiga de roda. Nos poemas que seguem, podemos 
reconhecer a letras de algumas canções cantadas nas brincadeiras 
infantis. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: 
http://umahistorinhapordia. 
blogspot.com.br/2011/09/ciranda-de-ana
maria. html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As parlendas, segundo Pondé (1982, p. 128), são dizeres 
recitados pelos adultos para entreter as crianças, que, mais tarde, passa a 
repeti-los nas brincadeiras com outras crianças. São frases com rimas, 
porém sem música, utilizadas para ensinar, divertir ou criticar. Uma das 
 
http://umahistorinhapordia/
 
variações da parlenda ​Amanhã é 
domingo ​mais conhecida é a seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como podemos notar, a parlenda é um conjunto de versos que 
propõe um jogo, em que o mais importante não é o significado das 
palavras, mas sim o ritmo, a rima, a sonoridade da linguagem. Mário 
Quintana, em Pé de pilão, segue o modelo da parlenda, como podemos 
verificar no trecho que segue: 
 
 
 
 
 
 
O trava-língua é uma brincadeira infantil que também tem sua 
origem no folclore. Essa expressão da cultura popular, conforme Glória 
Pondé: 
 
consiste em um verso, palavra ou expressão, na maioria das 
vezes de pronunciação difícil e cuja repetição depressa 
provoca sempre deturpação dos termos e, 
consequentemente, do seu sentido de origem. Têm utilidade 
na pedagogia à medida que são elementos poderosos como 
exercício de dicção e incentivam na criança o gosto pela 
pronúncia correta, mesmo de palavras mais difíceis. (PONDÉ, 
1982, p.131) 
 
 
É muito divulgada entre as crianças pequenas a brincadeira 
com a pronúncia de certos fonemas, como, por exemplo, o célebre “o 
rato roeu a roupa do rei de Roma”. Na realidade, esta repetição de sons 
consonantais constitui um recurso muito utilizado na poesia, o qual é 
denominado aliteração, porém a cultura popular sempre o utilizou através 
do trava-língua Eis alguns exemplos de trava-língua conhecidos em várias 
regiões do país: 
 
 
O ninho de mafagafos é um trava-língua muito citado pela 
dificuldade de pronúncia, desafiando as crianças a recitar, sem erros, uma 
série de palavras em que a repetição exaustiva de sons consonantais 
levam ao tropeço e à atrapalhação. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Familiarizada com as expressões do folclore, crianças e jovens, 
naturalmente, compreenderão o caráter lúdico da linguagem poética, 
preparando-se para fruir esteticamente a leitura de poesia. A produção 
poética de autores brasileiros de literatura infantojuvenil apresenta grande 
quantidade de poemas construídos com base nos recursos utilizados 
pela linguagem folclórica. A título de exemplo, citamos alguns poemas 
infantojuvenis de Cecília Meireles, que recorrem à aliteração, lembrando 
os trava-línguas que fazem parte do cotidiano dos leitores. 
 
 
 
 
 
 
Nos dois poemas o que se destaca é a sonoridade das palavras 
obtidas através da repetição de sons consonantais. No primeiro poema os 
fonemas /k/ e /l/ presentes em: “Carolina”, “colar”, “calor”, “cal”, “colore”, 
“colina”, “coluna”. O jogo de rimas e os versos breves dão um ritmo 
acelerado como acontece com o trava-língua, que deve ser recitado com 
rapidez. No poema ​Tanta tinta​, a aliteração é construída a partir da 
repetição dos fonemas /t/ e /p/ contidos nas palavras “tinta” e “ponte” e as 
rimas são feitas com palavras em que os mesmos fonemas estão 
presentescomo: “tonta/ desponta”, “pinta/tinta”, sendo que essas palavras 
são combinadas num mesmo verso ou na mesma estrofe com palavras 
com sons semelhantes, como: “pinta/tinta”, “tinta/tenta”, “ponto/pinta” e 
outros. 
Além de Cecília Meireles, muitos outros autores de poesia para 
crianças e jovens têm utilizado o recurso da aliteração como 
procedimento, aproximando-se do folclore, mas também do universo do 
seu público. É o caso deste poema de Elias José: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim como o trava-língua, uma outra manifestação folclórica que 
tem sido aproveitada pela poesia infantojuvenil é a quadrinha, forma 
poética muito popular entre os adolescentes, meninas, principalmente. 
Outro fator que contribui para boa aceitação da quadrinha entre os jovens 
é a sua estrutura de quatro versos com rimas no segundo e no quarto 
versos, o que facilita memorizar e recitar em momentos significativos da 
vida, seja de lazer, ludismo ou emoção. Eis alguns exemplos de 
quadrinhas populares: 
 
 
 
 
Na produção poética infantojuvenil brasileira, encontramos muitos 
exemplos de quadrinhas, como este poema, ​H hora​, de Elza Beatriz: 
 
 
 
 
Vinicius de Moraes, em seu livro ​Arca de Noé, ​também tem vários 
poemas em forma de quadrinha, como ​A foca​, constituído de três estrofes 
de quatro versos. No poema ​O Peru​, o poeta apresenta três estrofes em 
forma de quadrinha e duas estrofes de dois versos (dísticos) como refrão. 
 
 
Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações folclóricas como as adivinhações e os provérbios 
são também evocados pela poética infantojuvenil. A seguir transcrevemos 
alguns desses poemas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O poema-piada, por sua falta de sentido lógico, pelo ludismo e 
criatividade, é muito apreciado pelos leitores crianças e jovens. O humor é um 
dos temas muito presente na poesia infantil, conforme podemos perceber nos 
textos que reproduzimos a seguir: 
 
 
A respeito da carga humorística desse poema, Nelly Novaes 
Coelho faz o seguinte comentário: 
 
O processo aí está claro. Seja pelas aliterações, onomatopéias, 
assonâncias ou reiterações rímicas das mais variadas... é 
sempre da camada sonora que o poeta extrai os maiores 
valores do poema, nos quais se inclui, obviamente, sua 
extraordinária capacidade de ver a beleza, o grotesco, a graça, 
o ridículo, o pitoresco, o comovente, a ternura... que estão 
nos seres e nas coisas à espera de serem descobertos. (id. 
ibid. p.159) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para os leitores crianças os poemas breves, trazendo o elemento 
humorístico, são os mais indicados, como esses que reproduzimos em 
seguida: 
 
 
Já para os leitores jovens, ou seja, os adolescentes, já 
interessados nas relações amorosas, o poema do escritor piauiense 
Martins Napoleão, embora não tendo sido endereçado à literatura 
infantojuvenil, pelo tom irreverente e por sutil referência ao erótico, pode 
ser lido com prazer por essa faixa de público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para concluir lembramos, ainda, o gosto que essa faixa etária tem 
pelas onomatopeias, embora o uso desse recurso não seja privilégio da 
poesia infantojuvenil, os poemas que representam os sons emitidos por 
animais, objetos, e todos os tipos movimentos existentes no cotidiano 
se mostram particularmente atraentes para esse público. A seguir, 
apresentamos dois poemas em que a onomatopeia constitui um recurso 
significativo. 
 
 
 
 
 
 
Sobre a poesia infantojuvenil, a reflexão de Nelly Novaes Coelho 
é bastante enfática no que diz respeito à relevância dos recursos sonoros 
na construção do texto poético para o jovem leitor: 
 
Na poesia infantil (tal como na popular) o som deve entrar 
como significação inerente à matéria poética. É através dele 
que se dará a iniciação poética. Tal como o faz a música, 
essa poesia precisa apelar para o ouvido da criança, e o som 
das palavras em si lhe dar prazer, independente do que estas 
signifiquem como pensamento. (COELHO, op.cit. p.153) 
 
Após termos visto o papel das manifestações folclóricas na 
iniciação de crianças e jovens na leitura de textos poéticos, passaremos a 
estudar a trajetória do gênero poesia infantojuvenil na literatura brasileira. 
 
3.1 A poesia brasileira para crianças e jovens 
 
O gênero poesia no contexto da literatura infantil brasileira 
começou tardiamente em relação ao gênero narrativo. No passado, o 
contato da criança e do jovem com a poesia na escola se dava apenas 
em momentos festivos, quando os alunos e alunas recitavam poemas de 
caráter cívico, patriótico, moralista, religioso ou sentimental, em datas 
comemorativas, como dia da independência, aniversário da cidade, dia da 
árvore, dia das mães e outras comemorações. Assim, os poetas mais 
prestigiados na escola eram Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Olavo 
Bilac, entre outros. Eis alguns trechos de alguns poemas mais 
 
 
declamados em festas escolares: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meus oito anos 
 
Oh! Que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem 
mais! 
Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes 
 
 
fagueiras À sombra das 
bananeiras Debaixo dos 
laranjais! 
 
(Casimiro de Abreu. In.: LISBOA, Henriqueta, 
2005, p.70) 
A Pátria 
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! 
Criança! não verás nenhum país como este! 
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! 
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, 
É um seio de mãe a transbordar carinhos. 
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, 
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! 
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! 
Vê que grande extensão de matas, onde impera 
Fecunda e luminosa, a eterna primavera! 
 
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha 
O pão que mata a fome, o teto que agasalha... 
 
Quem com seu suor a fecunda e umedece, 
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! 
 
Criança! Não verás país nenhum como este: 
Imita na grandeza a terra em que nasceste! 
 
(Olavo Bilac. In.: LAJOLO & ZILBERMAN, 1984, p.39.) 
 
Os poemas citados, independentes do seu valor literário, 
reconhecido pela crítica literária e pelo público adulto, não são indicados 
para a formação dos leitores crianças e jovens pelo compromisso que 
têm com a visão dos adultos sobre o mundo e pela intenção de transmitir 
 
 
 
 
 
 
valores e conhecimentos, abdicando, assim, da fantasia e do ludismo, que 
propiciariam uma identificação do leitor com o poema. A poesia 
infantojuvenil que agrada ao leitor é aquela que dá a voz às suas 
questões, utilizando recursos linguísticos que jogam com as palavras, 
vejamos este exemplo de autoria deTatiana Belinky: 
 
 
Segundo Vera Teixeira de Aguiar (2012), em ensaio intitulado 
Uma história a ser contada, na poesia infantojuvenil brasileira 
predominou, até a década de 1940, o tom cívico, patriótico e religioso, 
ocorrendo uma mudança apenas com a publicação do livro ​O menino 
poeta​, de Henriqueta Lisboa, em 1943, obra que a autora diz “romper a 
cadeia pedagogizante da literatura para a infância, privilegiando, o lirismo, 
utilizando largamente a metáfora e o ritmo breve, investindo nas 
brincadeiras onomatopaicas.” (AGUIAR, 2012, p.13). 
A seguir, transcrevemos algumas estrofes do poema O meninopoeta, de Henriqueta Lisboa, citadas pela autora no referido ensaio: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tanto o poema de Tatiana Belinky como o de Henriqueta Lisboa 
revelam uma preocupação de aproximar-se do público jovem. No poema 
de Belinky a voz poética é da própria criança que se dirige ao adulto, 
reivindicando os seus direitos. Já no poema de Henriqueta Lisboa a voz 
poética dialoga com o leitor, num clima de puro ludismo, que convida ao 
jogo com as palavras. 
Conforme já foi mencionado, a obra ​O menino poeta​, de 
Henriqueta Lisboa, marca o início da poesia infantojuvenil em nosso país. 
A estudiosa Vera Aguiar afirma que a partir da publicação desse livro “o 
aproveitamento criativo do folclore, a partir de então, vai se tornar uma 
das tendências marcantes da poesia infantil brasileira, exercida com 
criatividade por poetas contemporâneos[...]” (AGUIAR, 2012, p.15). 
A poesia infantil, entretanto, só vai se consolidar como gênero 
literário no Brasil, com a publicação da poesia para crianças e jovens, dos 
poetas já conhecidos e consagrados na literatura para adultos, Cecília 
Meireles (1901- 1964) e Vinicius de Moraes (1913-1980). A primeira 
publicou Ou isto ou aquilo, em1964, e o segundo ​A arca de Noé​, em 
1970. É ainda Aguiar quem explica o grande sucesso da obra de Vinicius 
de Moraes junto ao público: 
 
Sua popularidade decorre do jogo sonoro, da perspectiva 
 
 
infantil assumida 
pela voz poética, do humor, do aproveitamento de recursos da 
poesia oral, como a quadra a redondilha e a rima nos versos 
pares, do tratamento de temas de animais, 
 
 
 
 
 
 
 
ao agrado da criança. Outra razão para sua popularidade é 
o fato de os poemas terem sido musicados por importantes 
compositores brasileiros, como Tom Jobim e gravados 
em dois discos lançados em 1982 (AGUIAR, 2012, p.18). 
 
As obras desses autores se tornaram clássicas da poesia 
infantojuvenil brasileira. Atualmente, a literatura brasileira conta com um 
bom número de obras de poesia para crianças e jovens, que, assim como 
a obra de Cecília Meireles e a de Vinicius de Moraes, apresentam 
composições poéticas que primam pela sensibilidade, no que diz respeito 
ao mundo infantil e juvenil, abordando uma temática de interesse dos 
leitores e propondo jogos de linguagem que desafiam a atenção e a 
inteligência, mas sem perder o seu caráter lúdico. 
A seguir, apenas para ilustrar, apresentamos alguns poetas 
brasileiros que se destacam na produção poética destinada a crianças e 
jovens. 
Tatiana Belinky, nasceu em 1919 na Rússia, mas, ainda criança, 
veio morar no Brasil na cidade de São Paulo, onde trabalhou na produção 
de programas educativos para televisão e também começou a carreira de 
tradutora e escritora. Tatiana Belinky já publicou mais de uma centena de 
livros para crianças e jovens, tendo recebido vários prêmios e 
homenagens. Da sua poesia infantojuvenil, destacamos os livros: Salada 
de ​limeriques​, ​Limeriques ​de ​castanham​, ​Um caldeirão de poemas 1 ​e 
Um caldeirão de poemas 2​. Apresentamos, a seguir, mais um dos 
poemas da autora, extraído do livro ​Um caldeirão de poemas 2​: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sérgio Caparelli nasceu em 1947, em Uberlândia, no estado de 
Minas Gerais, mas radicou-se na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande 
Sul. Sua obra poética para o público infantojuvenil é composta, entre 
outras, por: ​Tigres no quintal​, ​Boi da cara preta​, ​A jiboia Gabriela​, Restos 
de arco- íris, ​111 poemas para crianças​, ​33 ciberpoemas ​e ​uma fábula 
virtual​. Em seguida, reproduzimos um poema do livro ​Tigres no quintal​: 
 
 
 
 
Elias José nasceu em 1936, em Minas Gerais, e faleceu em 2008. 
Sua obra poética infantojuvenil recebeu vários prêmios, como Jabuti, em 
1974, o da Fundação Nacional Infantil e Juvenil em 1992 e o prêmio 
Cecília Meireles, da União Brasileira de Escritores, em 2002. Entre outros 
livros de poemas para crianças e jovens, destacamos: ​Um poço de tudo: 
de bichos, de gente e de flores​, ​Caixa mágica de surpresas​, ​Alice no país 
da poesia​; ​Lua no brejo​, ​Poesia é fruta doce e gostosa​, ​Segredinho de 
amo​r, ​Disque poesia​, ​Cantigas de adolescer​. Eis um dos poemas de Elias 
José, do livro ​Caixa mágica de surpresas​: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José Paulo Paes nasceu em 1926 e faleceu em 1998. Conquistou 
o prêmio da Fundação nacional do Livro em 1992. Publicou, entre outros, 
os seguintes livros de poesia infantojuvenil: ​É isto ali; Quem eu?​; ​Um 
poeta como outro qualquer​; ​Poemas para brincar​; ​Olha o bicho​; ​Um 
passarinho me contou​; ​Uma letra puxa outra​; ​O lugar do outro​. Como 
mostra da poesia de José Paulo Paes, transcrevemos o poema ​Convite​, 
do livro ​Poemas para brincar​: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ricardo Azevedo nasceu em São Paulo, em 1949. Além de 
escritor, é também pesquisador, compositor e ilustrador. Na literatura 
infantojuvenil, publicou prosa e poesia. Sua produção poética para leitores 
crianças e jovens, tem, entre outros, os seguintes títulos: ​Feito bala 
perdida e outros poemas​, ​Aula de carnaval e outros poemas​, ​Ninguém 
sabe o que é um poema​, ​Poemas para brincar​, ​Dezenove poemas 
desengonçados​. Como exemplo da poética infantojuvenil de Ricardo 
 
 
Azevedo, citamos o poema ​UAU​: 
 
 
 
 
 
 
Como conclusão desta unidade, enfatizamos a relevância da 
leitura de poemas para formar leitores sensíveis ao apuro da linguagem e 
com a capacidade de perceber os vários procedimentos estéticos que 
geram sentidos e significados sobre o mundo e a existência humana. 
 
Glossário 
 
Acalantar: ​mesmo que acalentar; confortar 
Aliteração: ​repetição de fonemas idênticos ou parecidos no início de 
várias palavras na mesma frase ou verso. 
Dístico: ​estrofe composta por dois versos 
Fruir: ​desfrutar 
Lúdico: ​que visa ao divertimento 
Onomatopeia: ​formação de uma palavra por meio do som a ela associado 
 
Leituras complementares 
 
Para aprofundar seus estudos sobre a poesia infantojuvenil: 
Leia o livro ​Poesia infantil​, de autoria de Maria da Glória Bordini, 
publicado pela editora Ática, de São Paulo. 
Pesquise nos seguintes sítios: ​http://www.pucrs.br/edipucrs/ 
lerebrincarpoesia/lerebrincarpoesia.swf 
www.ciberpoesia.com.br 
 
 
http://www.pucrs.br/edipucrs/
http://www.ciberpoesia.com.br/
 
 
 
 
Atividades de aprendizagem 
 
1 Pesquise em livros ou na internet e 
apresente dois poemas de autores brasileiros para 
crianças e jovens e identifique os traços da 
expressões do folclore neles contidos. Explique. 
 
2 Com base na leitura da Unidade 3, 
aponte as características que a poesia 
infantojuvenil deve possuir. 
 
3 Leia o poema de Vinicius de Moraes, 
O relógio, e faça uma análise dos recursos 
linguísticos que contribuem para que o poema seja 
apropriado para leitores infantojuvenis.

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