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Módulo_5_-_Técnicas_de_Interveção_Psicopedagógica

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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO DE: 
 
TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
WALLACE RIBEIRO 
 
 
 
 
 
Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
2 
Módulo de: Técnicas de Intervenção Psicopedagógica 
Autoria: Wallace Ribeiro 
 
Primeira edição: 2008 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes 
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando 
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e 
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização 
e direitos autorais. 
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas 
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
3 
Apresentação 
A importância deste módulo é oferecer fundamentação sobre as práticas clínicas em 
psicologia, as principais linhas contemporâneas de atuação e suas possibilidades. Ele marca 
a importância da clínica médica no processo de institucionalização da psicologia, que ao 
longo da história foi se modificando por movimentos analisadores de seus discursos, práticas 
e saberes, como a Reforma Psiquiátrica. Portanto, permite uma aproximação com as novas 
tendências de intervenção em psicologia e suas interfaces com a pedagogia, onde a postura 
ética torna-se imprescindível para a produção de estratégias capazes de potencializar a vida. 
 
Objetivo 
Conhecer o processo de produção histórico da Psicologia. 
Promover a compreensão dos múltiplos fatores que atravessam a subjetividade. 
Oferecer embasamento teórico em Psicologia que possa sustentar a compreensão das 
diferentes concepções de sujeito em seu interjogo com a sociedade. 
Avaliar a aplicabilidade dos conhecimentos nas práticas de Saúde Mental. 
 
 
 
 
 
 
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4 
Ementa 
História dos diversos saberes em Psicologia. O homem como sujeito de múltiplas 
determinações. A visão crítica da Psicologia. Reforma Psiquiátrica e modos de Atenção 
Psicossocial. 
 
Sobre o Autor 
Bacharel em psicologia pela UFES 
Mestrando em Psicologia Institucional UFES 
Atuação Profissional 
Atualmente é psicólogo do Núcleo de Atenção à Saúde e Assistência Social da UFES, onde 
realiza acompanhamento clínico e gestão de projetos institucionais. Além da docência do 
ensino superior, 
 
 
 
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5 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ......................................................................................................................................... 7 
A INSTITUIÇÃO CLÍNICA ................................................................................................................ 7 
UNIDADE 2 ....................................................................................................................................... 10 
A CLÍNICA MÉDICA ....................................................................................................................... 10 
UNIDADE 3 ....................................................................................................................................... 14 
A FUNÇÃO PSICOLÓGICA ........................................................................................................... 14 
UNIDADE 4 ....................................................................................................................................... 18 
O Modo de Atenção Psicossocial ................................................................................................... 18 
UNIDADE 5 ....................................................................................................................................... 21 
O Modo de Atenção Psicossocial ................................................................................................... 21 
UNIDADE 6 ....................................................................................................................................... 23 
Desinstitucionalização da doença mental e atuação territorial ....................................................... 23 
UNIDADE 7 ....................................................................................................................................... 26 
A INTERVENÇÃO CARTOGRÁFICA ............................................................................................. 26 
UNIDADE 8 ....................................................................................................................................... 28 
A INTERVENÇÃO CARTOGRÁFICA ............................................................................................. 28 
UNIDADE 9 ....................................................................................................................................... 30 
AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE SI ...................................................................................... 30 
UNIDADE 10 ..................................................................................................................................... 32 
AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE SI ...................................................................................... 32 
UNIDADE 11 ..................................................................................................................................... 34 
MAESTRIA PESSOAL E RESILIÊNCIA ......................................................................................... 34 
UNIDADE 12 ..................................................................................................................................... 36 
MAESTRIA PESSOAL E RESILIÊNCIA ......................................................................................... 36 
UNIDADE 13 ..................................................................................................................................... 38 
O CONCEITO DE RISCO E COPING ............................................................................................ 38 
UNIDADE 14 ..................................................................................................................................... 42 
O CONCEITO DE RISCO E COPING ............................................................................................ 42 
UNIDADE 15 ..................................................................................................................................... 46 
 
 
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6 
MODOS DE CUIDAR I ................................................................................................................... 46 
UNIDADE 16 ..................................................................................................................................... 49 
MODOS DE CUIDAR II .................................................................................................................. 49 
UNIDADE 17 ..................................................................................................................................... 51A Importância do Estudo dos Grupos na Psicopedagogia .............................................................. 51 
UNIDADE 18 ..................................................................................................................................... 52 
Grupos Operativos ......................................................................................................................... 52 
UNIDADE 19 ..................................................................................................................................... 54 
O PROCESSO GRUPAL ............................................................................................................... 54 
UNIDADE 20 ..................................................................................................................................... 56 
O PROCESSO GRUPAL ............................................................................................................... 56 
UNIDADE 21 ..................................................................................................................................... 59 
DESENVOLVIMENTO INTERPESSOAL ....................................................................................... 59 
UNIDADE 22 ..................................................................................................................................... 61 
A PRIMEIRA IMPRESSÃO ............................................................................................................ 61 
UNIDADE 23 ..................................................................................................................................... 63 
Relações Interpessoais .................................................................................................................. 63 
UNIDADE 24 ..................................................................................................................................... 65 
Funcionamento do grupo ............................................................................................................... 65 
UNIDADE 25 ..................................................................................................................................... 68 
Funcionamento do grupo ............................................................................................................... 68 
UNIDADE 26 ..................................................................................................................................... 71 
Participação no grupo .................................................................................................................... 71 
UNIDADE 27 ..................................................................................................................................... 73 
Participação no grupo .................................................................................................................... 73 
UNIDADE 28 ..................................................................................................................................... 75 
Energia no grupo: tensão e conflito interpessoal ............................................................................ 75 
UNIDADE 29 ..................................................................................................................................... 76 
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E PROCESSO GRUPAL ............................................................. 76 
UNIDADE 30 ..................................................................................................................................... 78 
A Construção Social da Realidade e o Processo de Institucionalização ......................................... 78 
GLOSSÁRIO ..................................................................................................................................... 80 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 81 
 
 
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7 
UNIDADE 1 
A INSTITUIÇÃO CLÍNICA 
Objetivo: Possibilitar aos alunos visualizarem o processo de institucionalização da clínica na 
história da Psicologia. Logo, inicia-se com a definição do conceito de instituição. 
Este trabalho analisa o processo de institucionalização da Clínica em Psicologia. A trajetória 
histórica da Reforma Psiquiátrica foi utilizada como analisador da Instituição Clínica. Seu 
coeficiente de transversalidade pode ser verificado nas políticas públicas de saúde no Brasil. 
Logo, propõem uma Psicologia Institucional. 
O conceito de Instituição trouxe grandes contribuições para as Ciências Humanas, pois 
ampliou as pesquisa acerca das redes de relações entre práticas, discursos e saberes. 
Existem diversas obras que examinam detalhadamente as distintas concepções do termo 
instituição. Ao diferenciar o conceito, elas forjam instrumentos de análise institucional. 
Lourau (1975) e Lapassade (1977) questionam o uso do conceito de instituição nas teorias e 
técnicas de grupo, na sociologia e na filosofia jurídica. Segundo esse autores, a sociologia e 
o senso comum, definem frequentemente o nível institucional como sinônimo do nível 
organizacional. As práticas jurídicas e burocráticas definem Instituição como Lei. O sentido 
jurídico do conceito envolve diversas categorias de corpos constituídos e de órgãos oficiais 
que funcionam para a regulação da vida em sociedade. A rede de discursos, práticas e 
saberes, estabelece a Instituição, da mesma forma que uma lei é estabelecida. 
O termo instituição pode referir-se também às constituições políticas, aos aparelhos 
encarregados de execução e do controle das leis, bem como aos preconceitos, às modas, às 
superstições etc. Todas essas regras, normas, costumes e tradições que o indivíduo 
encontra na sociedade, são o que está instituído e pode ser estudado de maneira objetiva. 
 
 
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8 
Esta ordem do instituído foi privilegiada tanto por aqueles que têm uma concepção objetiva 
do direito quanto pela sociologia positivista1. 
As instituições são definidas como normas. Um sistema de regras que incide sobre a vida 
dos indivíduos, dos grupos sociais, seus modos de agir, suas formas de relacionamento, 
enfim das formas sociais organizadas. Com freqüência, os estabelecimentos (fábrica, 
hospital, escola, sindicato...) são chamados de instituições. Entretanto, não se trata de 
confusão entre duas concepções diferentes do termo, visto que podemos considerar certas 
formas sociais singulares como sistemas de regras unidas a outros sistemas de regra, 
formando os modos estabelecidos da sociedade. Dizer que a clínica é instituição, envolve um 
modo de agir, um sistema de regras organizado que incide nos modos de produção de 
saúde. 
Hoje em dia já não é possível conceber as instituições como um estrato, 
uma instância ou um nível de uma formação social determinada. Pelo 
contrário é necessário definir instituição como um cruzamento de 
instâncias (econômicas, políticas, ideológicas e desejantes) e afirmar 
além do mais, empregando a linguagem da análise institucional: se é 
certo que toda instituição é atravessada por todos os níveis de uma 
formação social, a instituição deve ser definida necessariamente pela 
transversalidade. (Lourau, 2004, p.76). 
Sendo assim, não podemos considerar a instituição como um nível, porque se encontra 
presente também em todos os outros. Trata-se de uma dimensão fundamental que atravessa 
e funde todos os níveis da rede social. É uma instância que atravessa as outras instâncias; a 
da organização, a do grupo, do indivíduo e das relações. Convém, portanto, verificar seu 
grau de transversalidade, isto é como ela incide nas produções sociais. 
De acordo com Deleuze (2001), a Instituição é uma regrageral que atualiza séries de 
tendências. Para conhecê-la é necessário analisar a rede de relações entre necessidades, 
 
1 Consideram-se representantes da sociologia positivista: Durkhein, Saint-Simon, Augusto Conte e Spencer. 
Apud René Lourau, 2004, p.72 
 
 
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9 
circunstâncias e a invenção de regras. Ela se determina e se modifica no enunciado das 
situações, das circunstâncias possíveis. 
Trata-se de um verdadeiro empreendimento, um sistema inventado de dispositivos2 sociais, 
uma produção histórica. Todavia, produzidas historicamente, elas muitas vezes são 
consideradas eternas, fixas e necessárias à vida em sociedade. Sua naturalização leva ao 
desconhecimento do funcionamento da sociedade, suas tendências, suas lutas de classes e 
seus modos de produção. 
Para Lourau (2003), a alienação social ocorre com a autonomia institucional, a dominação do 
instituído fundada no esquecimento das lutas de forças que fazem emergir a instituição. A 
Análise Institucional revela este esquecimento, ao questionar o processo de instituir que 
define a instituição. 
Desde seu surgimento o movimento institucionalista pôs ênfase na tensão entre o instituído e 
o instituinte nos processos de institucionalização. Os processos históricos de crise, de 
mudança e de revolução da sociedade são os percussores instituinte, dado que criam e 
transformam as instituições. O encontro com o instituinte também pode passar pelo estudo 
de práticas sociais que criam outros enunciados. Assim aparecem instituições, que ao 
dominarem as regras de funcionamento da sociedade, não são questionadas e passam a 
constituir o inconsciente coletivo que é o inconsciente político das sociedades. 
Nosso desafio consiste em colocar em análise o processo de institucionalização do saber em 
Psicologia, mais especificamente a clínica, a fim de evitar que sua história caia no 
esquecimento e que seus novos rumos sejam construídos com prudência. 
 
 
2 Um “dispositivo comporta linhas de força”, “uma meada, um conjunto (...) composto por linhas de natureza 
diferentes... [que] não delimitam ou envolvem sistemas homogêneos... mas seguem direções, traçam processos 
que estão em desequilíbrio”. (Deleuze, 1996, p.89). 
 
 
 
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10 
UNIDADE 2 
A CLÍNICA MÉDICA 
Objetivo: Possibilitar aos alunos visualizarem o processo de institucionalização da clínica na 
história da medicina. 
A instituição Clínica marca uma grande ruptura na história da medicina ocidental. Seu 
desenvolvimento ocorreu durante meio século, entre o final do século XVIII e século XIX. 
Apesar de ser datada e determinada historicamente, a clínica médica incide na constituição 
das Ciências Humanas e nos contemporâneos modos de produção de saúde. 
De acordo com Foucault (2006) o processo de institucionalização da Clínica ocorre nas redes 
de relações do que é dizível visível e ensinável em medicina no século XIX. O que interessou 
a Foucault foi o processo de produção de conhecimento, analisado em épocas diferentes, 
tanto no nível da linguagem quanto da percepção médicas, para mostrar de que modo a 
Clínica foi possível como forma de conhecimento. 
Para que a experiência clínica fosse possível como forma de 
conhecimento, foi preciso toda uma reorganização do campo hospitalar, 
uma nova definição do estatuto do doente na sociedade e a instauração 
de uma determinada relação entre a assistência e a experiência, o 
socorro e o saber; foi preciso situar o doente em um espaço coletivo e 
homogêneo. Também foi preciso abrir a linguagem a todo um domínio 
novo: o de uma correlação contínua e objetivamente fundada entre o 
visível e o enunciável. Definiu-se, então, um uso absolutamente novo do 
discurso científico: uso de fidelidade e obediência incondicional ao 
conteúdo colorido da experiência-dizer o que se vê; mas uso também de 
fundação e de constituição da experiência-fazer ver, dizendo o que se 
vê... (Foucault, 2006, p. 216). 
 
 
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11 
A partir do século XIX, a doença que era uma entidade nosográfica passa a ser a forma 
patológica da vida. A diferença fundamental que se processa entre a medicina clássica e a 
medicina moderna é a passagem de um espaço taxionômico, de classificação das espécies 
de doença para um espaço corpóreo: é a espacialização da doença no organismo, o seu 
signo e o seu ensino. 
A constituição do método clínico está ligada à emergência do olhar médico no campo dos 
sintomas e dos signos. Segundo Foucault (ibid), a clínica opera a transformação do sintoma 
em elemento significante - um nome, um diagnóstico, uma classificação - e que significa 
precisamente a doença como verdade imediata do sintoma - seu prognóstico, sua evolução, 
sua piora, seu progresso, sua possibilidades de manifestações orgânicas. 
Em sua função significante o sintoma recebeu seu sentido de uma sistematização antiga 
herdada da história natural e que não pertence a sua esfera: de um ato que constrói relações 
de fenômenos e o totaliza; e o isola na diferença que separa a doença da saúde. O modelo 
da História Natural, a que a medicina em parte se submetera no século XVIII, continuou 
ativo. Ele não foi inteiramente esquecido no século XIX. 
Os médicos continuarão por muito tempo a agrupar as doenças em espécies, classe e 
família. Ver, isolar traços, reconhecer os que são idênticos e os que são diferentes, reagrupá-
los, classificá-los por espécies ou famílias fundamenta o saber clínico. Mas é o ato clínico 
que, justamente, transformou o quadro nossográfico em signo. 
Na medicina das espécies patológicas, a natureza da doença e sua descrição correspondiam 
às dimensões do quadro nosográfico. Contudo, na clínica, o que é visto e o que dito se 
comunicam de imediato na verdade manifesta da doença sobre o leito do hospital. Só existe 
doença no elemento visível e enunciável. Não foi, portanto, a concepção da doença que 
mudou primeiramente, e em seguida a maneira de reconhecê-la; nem tampouco o sistema 
de sinais foi modificado, e em seguida a teoria; mas todo o conjunto e, mais profundamente, 
a relação da doença com esse olhar a que ela se oferece e que, ao mesmo tempo, ela 
constitui. 
 
 
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12 
Com a clínica não existe a separação entre teoria e experiência, ou entre métodos e 
resultados. Segundo Foucault (2006), a clínica envolve as complexas redes de visibilidade 
em que a vida humana e o olhar médico estão ligados um ao outro por códigos de saber. 
A clínica organiza o olhar médico de um novo modo. Não é mais o olhar de qualquer 
observador, mas de um médico que legitimado por uma instituição, a de um médico que tem 
o poder de decisão e intervenção. 
É um olhar que não está ligado apenas pela rede estreita do quadro nosográfico (forma, 
disposição, número, grandeza), mas que pode e deve apreender as cores, as variações as 
infinitas anomalias, mantendo-se sempre à espreita do desviante. 
É um olhar que não se contenta em ver o que está evidente, mas que deve permitir delinear 
as possibilidades de manifestações e os riscos envolvidos. 
Para Foucault (2006), a grande ruptura na história da medicina ocidental ocorreu 
precisamente no momento em que a experiência clínica tornou-se o olhar anatomo-clínico, 
quando as regras de análise parecem triunfar na pura decifração dos conjuntos sintomáticos. 
Um ano antes da publicação de A Médecine clinique de Pinel data de 1802; e Lês révolutions 
de la medecine 1804, Bichat fazia a análise sair de um lugar para outro: 
Durante 20 anos, noite e dia, tomar-se-ão notas, ao leito dos doentes, 
sobre as afecções do coração, dos pulmões e da víscera gástrica, e o 
resultado será apenas confusão nos sintomas, que,a nada se 
vinculando, oferecerão uma série de fenômenos incoerentes. Abram 
alguns cadáveres: logo verão desaparecer a obscuridade que apenas a 
observação não pudera dissipar. (Bichat, apud Foucault, 2006, p.162). 
À medida que os clínicos definiam seus métodos, a anatomia patológica se constituía. A 
experiência clínica necessitava que o olhar médico se colocasse sobre o individuo e a 
linguagem da descrição repousasse no plano estável, visível e legível da morte. 
Nessa rede em que se articulam o espaço corporal, a linguagem e a morte, constituem a 
condição histórica de uma medicina positiva. Foi quando a morte se integrou 
 
 
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13 
epistemologicamente à experiência médica que a doença pôde se desprender da 
contrariedade natural da vida e conquistar sua existência no corpo dos indivíduos. 
Foucault (2006) destaca como é decisivo para a cultura ocidental o saber da clínica no 
discurso científico enunciado sobre o Homem. Para o autor, as Ciências Humanas emergem 
com a colocação da clínica no pensamento médico. 
Embora as ciências médicas e humanas disserem o que devemos fazer de nós mesmos, 
como devemos cuidar de nós mesmos, o cuidado que cada um deve ter consigo; essa 
prática discursiva não está somente com elas. As agências de marketing e propaganda 
anunciam modos de cuidar de si, do corpo e da vida em suas ofertas de mercadorias. 
 
 
 
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14 
UNIDADE 3 
A FUNÇÃO PSICOLÓGICA 
Objetivo: Ofercer uma visão crítica aos alunos sobre a função da psicologia, através de uma 
análise singular denominada por Michel Foucault de Arqueologia do Saber. 
A psicologia emerge de uma série de efeitos da história da medicina. O aparecimento da 
neurologia, mais exatamente da neuropatologia, isto é, a partir do momento em que se 
começou a separar a loucura de outros inúmeros distúrbios dentro dos hospitais, cuja sede 
neurológica, cuja etiologia neuropatológica podiam efetivamente ser determinadas. 
Os estudos dos quadros clínicos definidos, mas sem localização anatômica institucionaliza o 
saber psiquiátrico. A histeria e a loucura possuíam nosografia específica desde século XIX. 
Porém, a ausência de sinais corporais evidentes, leva a emergência de práticas e saberes 
que reduzem toda a experiência da loucura aos paradigmas da racionalidade e verdade 
médica, proporcionando a criação de uma rede de biopoderes e disciplinas que produziram a 
exclusão do louco em espaços asilares. 
Neste jogo perpétuo de enquadrar a loucura e a histeria em um saber neurológico dos sinais 
patológicos, que insiste em não ser localizável, que coloca em funcionamento o saber da 
psicologia. 
De acordo com Foucault (2006), o modo como esses elementos foram postos em jogo no 
interior do poder psiquiátrico, que eram suas linhas de constituição- essa lei do poder do 
outro, esse prestígio dado a palavra do médico, essa lei da identidade, essa obrigação da 
anamenese, essa tentativa de fazer vir à tona o desejo louco que faz a realidade da loucura, 
o problema do cuidado de si - que vimos surgir uma prática que se dizia não psiquiátrica – a 
psicanálise . 
Se verificarmos como a prática psiquiátrica se desenvolveu no século XIX, como se 
manipulavam efetivamente a loucura e os loucos no asilo vamos perceber que, de um lado, 
 
 
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15 
essa prática era posta sob signo produtor de verdade, e de certo modo, sob a garantia do 
discurso nosológico, das espécies de doenças, e do discurso anatomopatológico, dos 
correlativos orgânicos, discursos esses hegemônicos devido a clínica médica. 
Porém, segundo Foucault (2006) a prática psiquiátrica nunca se servia desse discursos, ou 
só se servia por referência, remetendo-se a eles, de certo modo se articulando a eles. As 
práticas psiquiátricas, não empregava efetivamente seu saber ou o quase saber que estava 
acumulando, seja na grade nosológica, seja nas pesquisas anatomopalógicas. Esse dois 
discursos não eram determinantes para as distribuições asilares, para determinar a maneira 
como os doentes eram classificados, como eram distribuídos no asilo, o regime dado a eles, 
como as tarefas lhes eram impostas, para dizer quem era curável ou incurável. 
Esses dois discursos eram simplesmente espécies de garantias de verdade de uma prática 
psiquiátrica que precisava de uma verdade que lhe fosse dada de uma vez por todas e não 
fosse mais questionada. A nosografia médica e a anatomia patológica constituíam a garantia 
definitiva de uma verdade que nunca seria questionada na prática da terapia. 
Se a psiquiatria detém, senão a verdade em seus conteúdos, pelo menos detém todos os 
critérios de verdade. Como saber científico, detém assim os critérios de verificação e de 
verdade, que ela se associa a realidade e a um poder para impor a todos os corpos 
hospitalizados o sobrepoder que ela dá a realidade. A psiquiatria é o sobrepoder da 
realidade na medida em que detém algo que é verdade em relação à loucura. 
 “É nisso que podemos, creio identificar um dos traços fundamentais do 
que eu chamaria de microfísica do poder asilar: esse jogo entre corpo do 
louco e o corpo do psiquiatra que está acima dele, que o domina que o 
sobrepuja e ao mesmo tempo, o absorve. É isso, com todos os efeitos 
que são próprios de um jogo assim, que me parece caracterizar a 
microfísica do poder psiquiátrico. (Foucault, 2006,p.236) 
De acordo com Foucault (ibid), por volta dos anos 1840-1860, houve uma difusão, uma 
espécie de migração desse poder psiquiátrico como tática de sujeição dos corpos num certo 
 
 
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16 
número de instituições, de outros regimes disciplinares a que ele veio, de certo modo, se 
adicionar. 
Em outras palavras, o poder psiquiátrico, como tática de sujeição dos corpos numa certa 
física do poder, como poder de intensificação da realidade, como constituições dos 
indivíduos ao mesmo tempo receptores e portadores de realidade, se disseminou. Isto que 
Foucault denominou função psicológica, que atravessa a patologia, criminologia e pedagogia. 
Uma instituição que funciona para engendrar subjetividades. 
Esta função da psicologia, que de um ponto de vista histórico derivou inteiramente do poder 
psiquiátrico, incide em diversos outros estabelecimentos. Ela intensifica a realidade como 
saber e intensifica o poder fazendo-o receber o valor de verdade. Nota-se essa função de 
intensificação do real, onde quer que seja necessário fazer a realidade funcionar como 
poder. 
O poder psiquiátrico se disseminou quando houve a separação, no interior dos asilos, os 
loucos dos demais quadros clínicos. Assim, começou a emergir uma espécie de instituição 
denominada psicologia, que atravessou a Psiquiatria e a Pedagogia. 
Com a psiquiatrização diferenciada para o louco, do débil, do deficiente, etc. que se fez 
segundo Foucault (2006), todo o sistema de disseminação da função da psicologia. Isto 
consolidou todo o funcionamento institucional da psicologia. 
Neste jogo perpétuo de enquadrar a loucura, a histeria e demais quadros nosográficos em 
um saber neurológico dos sinais patológicos, que insiste em não ser localizável, que coloca 
em funcionamento o saber da psicologia. 
O modo como esses elementos foram postos em jogo no interior do poder psiquiátrico, que 
eram suas linhas de constituição- essa lei do poder do outro, esse prestígio dado a palavra 
do médico, essa lei da identidade, essa obrigação da anamenese, essa tentativa de fazer vir 
à tona o desejo louco que faz a realidade da loucura, o problema do cuidado de si - que 
vimos surgir uma prática e um saber que se dizia não psiquiátrica – a psicanálise . 
 
 
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As praticas psiquiátricas se transformaram com a definiçãoFreudinana do aparelho psíquico. 
À medida que o saber da psicanálise foi entrando nos hospitais psiquiátricos, novas práticas 
de tratar a loucura, a histeria e demência precoce foram se efetivando. Quando Freud 
instalou o desejo no funcionamento neurológico, a clínica médica passou a se engendrar 
com outras forças. 
 
 
 
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UNIDADE 4 
O Modo de Atenção Psicossocial 
Objetivos: Possibilitar ao aluno uma aproximação com a estratégia de intervenção nomeada 
de Atenção Psicossocial. 
Segundo Costa-Rosa (2002), o modo de atenção psicossocial implica a construção de novas 
formas de intervenção, de relações e de saberes, dado que é uma clínica, ou um olhar, que 
vê além do sintoma. Ele se constitui como uma via transdisciplinar de atuação que incide no 
campo sócio-cultural. Assim, esse novo paradigma se consolidou como referência das 
estratégias em saúde mental. 
“No Brasil, os modos substitutivos receberam a adjetivação genérica de serviço3 de atenção 
psicossocial.”(Amarante et al, 2005, p.119). As primeiras experiências em atenção 
psicossocial que surgiram no país foram inspiradas nos Centros de Saúde Mental de Trieste, 
Itália. Estes frutos das experiências da Psiquatria Democrática Italiana constroem um 
conjunto de práticas, discursos e saberes para garantir a cidadania das pessoas que passam 
pela experiência da loucura nos serviços de saúde mental e problematizar a visão 
reducionista do sintoma. 
 
3 Vide Amarante et al, AtençãoPsicossocial.... utiliza a expressão serviço de atenção psicossocial, e não centro 
ou núcleo, visto que os primeiros serviços que seguiriam este modelo(Centro de Atenção Psicossocial Prof. Luiz 
da Rocha Cerqueira em São Paulo e os Núcleos de Atenção Psicossocial de Santos) produziram estratégias 
diferenciadas, que, todavia, foram homogeinizadas pelas Portarias Ministeriais 189/91 e 224/92, que não 
conseguiram efetivar as características inovadoras e as singularidades impressas. Além do mais, a Portaria 
336/02, que está em vigor extinguiu a expressão Núcleos de Atenção Psicossocial, o que é um fato marcante 
pois os NAPS de Santos serem uma experiência de suma importância na construção de modos substitutivos ao 
modelo manicomial, sendo, portanto, fundamentais no processo da Reforma Psiquiátrica brasileira.4 A revolução 
Francesa espalhou uma vaga revolucionária que atingiu toda a Europa, principalmente a Alemanha, ecoando até 
mesmo na América Latina, com lutas de libertação nacional, como a que ocorreu no Peru. A revolução Francesa 
aboliu a servidão e os direitos feudais, proclamando os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e 
Fraternidade” (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean Nicolas Pache. 
 
 
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A concepção de crise, junto com a concepção de tomada de responsabilidade, e a 
concepção de território, constitui os eixos de coordenadas deste novo paradigma dos 
serviços substitutos triestinos. 
Esses conceitos aplicados às experiências triestinas, demonstram o quanto a condição de 
crise corresponde uma complexa situação existencial, e como devem ser complexos os 
instrumentos/dispositivos para lidar com ela. 
“Na verdade, o conceito de crise em psiquiatria nasce da intenção, 
correta no plano teórico, de reconsiderar a doença mental através da 
investigação do sofrimento existencial do sujeito, visto como ‘unidade 
biológica’ ou membro de um sistema microssocial, ou ainda sujeito 
social, buscando as origens e os condicionamentos daquele sofrimento.” 
(Dell’ Acqua e Mezzina, 2005, p. 165) 
Assim, a especificidade da crise pode ser encontrada na singularidade da existência, 
evitando as definições etiológicas e etimológicas da doença mental e as intervenções 
asilares. Nesta perspectiva, a crise torna-se um índice de uma realidade inteligível na história 
de vida e exprime a demanda heterogênea que compõe a vida e a possibilidade de sua 
afirmação. 
Através dos múltiplos de contatos entre as pessoas e os serviços, nos seus locais de vida, se 
consegue delinear as histórias de vida, isto é, se consegue verificar as condições materiais 
de vida, as séries de acontecimentos e as redes de relações, onde a crise se instala. Logo, a 
atenção psicossocial torna a crise compreensível, sem querer explicá-la de forma 
racionalista, permitindo dar-lhe um sentido e oferecer relações com índices de saúde. 
 
 Identifique as principais diretrizes da Análise Institucional. 
 
 
 
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UNIDADE 5 
O Modo de Atenção Psicossocial 
Continuando os estudos sobre o Modo de Atenção Psicossocial. 
Objetivos: Possibilitar ao aluno uma aproximação com a estratégia de intervenção nomeada 
de Atenção Psicossocial. 
O processo de elaboração da história de vida torna-se uma estratégia em saúde, diferente 
dos diagnósticos reducionistas, que envolve a reconstrução dos percursos efetivos, territorial, 
social e institucional das pessoas, capaz de recompor a ruptura dessas experiências 
provocadas pela crise em curso. 
No caso de Trieste, o abandono do hospital psiquiátrico, a escolha do território e a 
constituição dos centros de saúde mental, como estratégias desencadeadoras do processo 
de desinstitucionalização da doença mental, problematizaram no plano cotidiano da prática, 
além do teórico, os modos de compreender a complexidade que existem no aparecimento da 
demanda na clínica em psicologia e nessa demanda, a complexidade da crise. 
Logo, o serviço dimensionado sobre uma área territorial de intervenção, de pequena escala, 
é equipado para acolher todas as demandas, classificadas como psíquicas, evitando 
aprisioná-las nos labirintos burocráticos e administrativos. A atuação territorial surge para 
favorecer as mais variadas e informais formas de acesso, eliminando qualquer intenção 
seletiva, enfim, de encaminhamento. Essa forma de atuação dos Centros de Atenção de 
Trieste envolve a análise interativa de um espaço finito, porém de grande complexidade em 
seu funcionamento. Envolve tudo o que uma população produz em termos de patologia, seus 
sofrimentos e seus conflitos sociais, que se atualizam nas crises. 
A Atenção Psicossocial, portanto, é uma estratégia privilegiada para entrar em contato com a 
realidade de um território e perceber a complexa rede de relações que constituem os 
conflitos, os sofrimentos, enfim a experiência de crises, 
 
 
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Com esse intuito, os serviços substitutos necessitam desenvolver um 
conhecimento aprofundado do seu território, como estratégia que 
possibilite criar condições para essa forma de atenção complexa. “( 
Amarante et al, 2005, p. 117) 
Nota-se como a atuação territorial tornou-se imprescindível para a construção do modelo de 
Atenção Psicossocial. Logo, marca todo o seu potencial estratégico no processo de 
desinstitucionalização da doença mental e de emancipação da cidadania das pessoas que 
possuem algum sofrimento psíquico, sejam eles quais forem. 
 
 
 
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UNIDADE 6 
Desinstitucionalização da doença mental e atuação territorial 
Objetivos: Fazer a aproximação entre as propostas contemporâneas de intervenção na área 
de saúde mental no Brasil e na Itália, a fim de possibilitar aos alunos uma interface com as 
práticas de intervenção psicopedagógicas na área da educação e aprendizagem. Convém 
destacar que essas práticas foram e ainda são, fontes de referência na política de 
humanização das práticas de saúde do SUS. 
De acordo com Rottelli (2001), a instituição problematizada pela Psiquiatria Democrática 
Italiana era o conjunto de aparatos/regras científicas, legislativas,administrativas, de códigos 
de referência cultural e de relações de poder estruturados em torno de um objeto bem 
preciso: “a doença mental”, sobre a qual foi imposta no manicômio a “periculosidade”. 
O processo de desinstitucionalização, para o autor, envolve estas questões porque o objeto 
da psiquiatria não pode, nem deve ser a periculosidade nem a doença mental – entendida 
como algo que está no corpo ou no psiquismo de uma pessoa. O objeto da psiquiatria 
basagliana sempre foi a existência-sofrimento dos pacientes e sua relação como o corpo 
social. 
“O mal obscuro da Psiquiatria está em haver constituído instituições 
sobre a separação de um objeto fictício- a doença mental – da existência 
global, complexa e concreta do paciente e do corpo da sociedade.” 
(Rottelli, 2001, p. 90) 
Esta separação produzida pela clínica médica faz emergir os conjuntos institucionais, todos 
referidos à doença, que a psiquiatria democrática italiana buscou desmontar para retomar o 
contato como a existência dos pacientes enquanto existência em sofrimento. 
A ruptura do paradigma fundante dessas instituições, o paradigma clínico, foi um dos 
principais objetivos do projeto da desintitucionalização disparado pela Psiquiatria 
 
 
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Democrática Italiana. Uma desinstitucionalização do saber mecanicista de causa-efeito na 
análise da produção da doença mental. 
A instituição negada pela psiquiatria democrática italiana, foi tanto o manicômio quanto o 
saber de causalidade linear da clínica. O diagnóstico, o prognóstico e a intervenção médica 
faz emergir, a cada relação de causa e efeito da doença mental, um dispositivo 
institucional.Para as doenças o hospital geral. Para a loucura o Manicômio. Para as causas 
dos conflitos entre o inconsciente e a consciência emergem os divâs psicanalíticos. 
No entanto, quando o processo de institucionalização do objeto da psiquiatria foi 
evidenciado, o sofrimento da existência humana apareceu em primeiro plano. Segundo 
Rotelli (2001), o verdadeiro objeto da psiquiatria democrática italiana tornou-se a existência 
do paciente em sua relação como o corpo social, isto é, que relação miserável existe entre as 
instituições e o sofrimento das pessoas. 
O projeto de desinstitucionalização converge, pois, para a reconstrução da complexidade na 
loucura, que a instituição clínica-psiquiátrica havia reduzido, e que usaram até a violência 
para conseguir reduzi-la. 
Logo, o processo de desinstitucionalização da doença mental visa à construção de um saber 
sobre o sofrimento da existência, que envolva redes de possibilidades e probabilidades, 
como toda ciência contemporânea trata os eventos complexos. 
“A verdadeira desisntitucionalização será então o processo prático-crítico 
que reorienta instituições e serviços, energias e saberes, estratégias e 
intervenções em direção a este tão diferente objeto”. (Rotelli, 2001, p. 93) 
Portanto, este trabalho analisa o processo de desinstitucionalização da doença mental na 
rede de relações entre práticas, discursos e saberes, que envolvem as práticas clínicas em 
psicologia, e registra um plano de atenção à saúde que passa entre o sofrimento e o 
território. 
Que esse plano sirva de referência na elaboração de práticas de intervenção em 
psicopedagogia, onde as dificuldades de aprendizagem possam olhadas pelo viés da 
 
 
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multiplicidade do sofrimento humano, e não apenas como um sintoma, ou uma doença, e 
assim favoreça práticas pedagógicas mais humanizadas. 
 
 
 
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UNIDADE 7 
A INTERVENÇÃO CARTOGRÁFICA 
Objetivo: Oferecer aos alunos uma estratégia de intervenção contemporânea, cuja função 
seja ser um instrumento para facilitar a construção de uma postura ética. estética e política; a 
cartografia do desejo. 
Intervir é produzir territórios de vida mais potentes. É analisar os caminhos percorridos na 
elaboração da experiência. Desde modo, a intervenção é uma produção cartográfica, é 
invenção de realidade e de si mesmo. Assim, estaremos sempre buscando elementos para 
compor essa cartografia do processo de intervenção psicológica. 
O nosso desejo é encontrar matérias de expressão para delinear as estratégias de atenção 
psicológica. São utilizadas fontes diversificadas, incluindo fontes escritas, teóricas, sonoras e 
imagéticas. Os operadores conceituais podem surgir tanto da referência bibliográfica, como 
de uma entrevista programada, como de uma conversa informal, como do cinema, do teatro, 
enfim das mais diversas formas de expressão. Portanto, para metodologia de intervenção 
vamos usar os procedimentos do cartógrafo, conforme sugere Rolnik: 
A prática de um cartógrafo diz respeito, fundamentalmente, às 
estratégias das formações do desejo no campo social. E pouco importa 
que setores da vida social ele toma como objeto. O que importa é que ele 
esteja atento às estratégias do desejo em qualquer fenômeno da 
existência humana que se propõe perscrutar: desde os movimentos 
sociais, a violência, a delinqüência... Até os fantasmas inconscientes e os 
quadros clínicos de indivíduos, grupos e massas, institucionalizados ou 
não. (Rolnik, 2006, p. 65). 
De acordo com Rolnik (2006), o que o cartógrafo quer é embarcar na constituição de 
territórios existenciais, participar da constituição de realidade. 
 
 
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Ele deixa seu corpo vibrar em todas as freqüências possíveis e fica inventando posições a 
partir das quais essas vibrações encontrem veículos de comunicação e ganhem existência. 
O problema de pesquisa, para o cartógrafo, não envolve o verdadeiro e o falso, tão pouco o 
teórico e o empírico. Mas sim o vitalizante e o destruidor, o potencializador e o 
enfraquecedor. 
O critério fundamental do cartógrafo é ampliar o grau de abertura para a vida. Ele sempre 
avalia o quanto suporta liberar os afetos recém-surgidos para investirem em outras matérias 
de expressão, possibilitando com isso, a produção de sentido. Ou, ao contrário, o quanto 
esse processo, por não ser suportável, está sendo impedido. 
 Não se trata de cálculos matemáticos, padrões e medidas, mas uma avaliação daquilo que o 
corpo vibrátil capta, inclusive do limite de tolerância do próprio corpo vibrátil que está 
avaliando. 
Portanto, existe uma regra de prudência na cartografia, que envolve analisar os graus de 
perigo e de potência, alertando o pesquisador nos momentos necessários. Dado que o corpo 
vibrátil possui um limite, a reatividade das forças deixa de ser reconversível em expressão e 
começa a atuar na destruição de si mesmo e /ou do outro. Quando isso acontece o 
cartógrafo, em nome da vida precisa ser severo. 
Ele nunca esquece que existe um limite do quanto se suporta, a cada momento, a 
desorientação e orientação dos afetos, um “limiar de desterritorialização”. 
Sua referência básica e exclusiva é a expansão da vida. Tanto seus critérios quanto seus 
princípios acompanham a vida e não a moral, porque ele sabe que é sempre em defesa da 
vida que se inventam estratégias, por mais esquisitas que sejam. 
 
 
 
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UNIDADE 8 
A INTERVENÇÃO CARTOGRÁFICA 
Ainda estudando A intervenção Cartográfica 
Objetivo: Oferecer aos alunos uma estratégia de intervenção contemporânea, cuja função 
seja ser um instrumento para facilitar a construção de uma postura ética, estética e política; a 
cartografia do desejo. 
Podemos afirmar que a prática do cartógrafo diz respeito especificamente às estratégias das 
formações do desejo no campo social. Ela é o exercício de tais estratégias. 
Processo que faz emergir as intensidades sem nome, atividade de produção de novas 
sensibilidades e de novas expressões ao longo do tempo. A cartografia,em última instância, 
diz respeito à análise do desejo, aos modos de viver, à escolha dos critérios com os quais o 
plano social se inventa. Enfim, diz respeito à escolha de novos mundos, novas sociedades. A 
cartografia nesse instante é política. 
A prática política do cartógrafo envolve o poder em seu plano de técnicas de subjetivação -
dispositivos de produção de subjetividade- dimensão fundamental na produção e reprodução 
dos regimes vigentes. 
Por outro lado, não se trata de liberação do desejo conforme sustentado pelos movimentos 
da contracultura. Para aquele tipo de projeto, influenciado por um imaginário de libertação, o 
desejo é da natureza humana, energia em estado bruto, e uma vez liberado nos levaria ao 
paraíso. Porém, o cartógrafo encara o desejo em sua processualidade de agenciamentos de 
afetos e matérias de expressão, que formam individuações singulares. 
Logo, a prática analítica do cartógrafo é política porque ela participa da ampliação do alcance 
do desejo, precisamente em seu caráter de produtor de realidade social. A cartografia 
participa da potencialização do desejo, em seu caráter processual de criação de territórios 
 
 
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existenciais, tantos quantos necessários. Ela facilita a passagem de intensidades vividas em 
encontros aleatórios que vamos tendo em nossa existência. 
Existe uma questão ética acerca da cartografia, que a impede de ser capturada pela moral. 
O cartógrafo nada tem a ver com os mundos que se criam - quais conteúdos, que valores, 
que línguas. 
Ele tem muito a ver com o quanto a vida que se expõe à sua escuta, se permite a passagem, 
com o quanto o mundo que essa vida cria tem como critério sua passagem. 
Nesse sentido a análise do desejo se constitui como uma ética. Dado que, independente do 
grupo ao qual pertence de suas referências teóricas, de suas preferências metodológicas e 
até de seus nomes, cabe a cartógrafo sustentar a vida em seus movimentos de expansão, 
ser suporte disso. 
 
 Identifique as principais diretrizes da cartografia do desejo 
 
 
 
 
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UNIDADE 9 
AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE SI 
Objetivo: Possibilitar aos alunos ampliar o conceito de clínica, como uma prática de produção 
de saúde. 
Para contribuir com a construção de uma categoria de produção de saúde, que envolva as 
práticas de cuidado e a produção de subjetividade, utilizaremos o conceito de tecnologias de 
cuidado de si, exemplificado por Foucault (2006) como modos de subjetivação: 
... não se deve esquecer, e é preciso reter sempre na memória, que esta exigência de 
ocupar-se consigo, esta prática ou antes, o conjunto de práticas nas quais vai 
manifestar-se o cuidado de si, enraíza-se, de fato, em práticas muito antigas, maneiras 
de fazer, tipos e modalidades de experiência que constituíram o seu suporte histórico, 
e isto bem antes de Platão, bem antes de Sócrates. Que a verdade não pode ser 
atingida sem certa prática ou certo conjunto de práticas especificadas, que 
transformam o modo de ser do sujeito, modificam-no tal como está posto, qualificam-
no transfigurando-o, é um tema pré-filosófico que deu lugar a numerosos 
procedimentos... (Foucault, 2006, p. 59). 
Com o tema do cuidado de si, Foucault formula uma hipótese de pesquisa das práticas de 
subjetivação que emergem no século V A.C, e percorre toda a filosofia grega, helenística e 
romana, assim como a espiritualidade cristã. 
O panfleto délfico “conhece-te a ti mesmo” alcançou um território fértil na Grécia. A incitação 
a ocupar-se consigo mesmo alcançou, durante o longo brilho do pensamento helenístico e 
romano, uma extensão tão grande que se tornou um grande empreendimento cultural - ao 
menos para elite - de acesso as verdade do conhecimento. 
Cuidar de si, portanto, vai ser considerado como o momento do primeiro despertar do 
conhecimento, do acesso á verdade. Em Sócrates, Foucault verificou que o cuidado de si é 
 
 
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uma lança que deve ser cravada na carne dos homens, cravada na sua existência, e 
constitui em princípio de agitação, um princípio de movimento. 
Sócrates desempenha a seus concidadãos o papel daquele que desperta atividade que 
consiste em incitar os outros a se ocuparem consigo mesmo. 
Esta noção de cuidado de si constitui um princípio fundamental para caracterizar a atitude 
filosófica ao longo de quase toda cultura grega, helenística e romana. 
Para o termo “ocupar-se consigo”, os epicuristas utilizavam therapeúein, que é um verbo de 
múltiplos sentidos, mas que a princípio, trata-se de ocupar-se dia e noite da sua própria 
alma. ”Therapeúein refere-se aos cuidados médicos (uma espécie de terapia da alma de 
importância conhecida pelos epicuristas), mas therapeúein é também um serviço que um 
servidor presta ao seu mestre; e, como sabemos o verbo therapeúein reporta-se ainda ao 
serviço do culto, culto que se presta estatutária e regularmente a uma divindade ou um poder 
divino.” (Foucault, 2006, p. 12). 
As exigências ao ser do sujeito e o acesso à verdade, encontra-se também em Espinosa, na 
Reforma do Entendimento. Em que o sujeito deve se transformar, e como, para ter acesso á 
verdade. 
De acordo com Foucault, Descartes, Leibiniz, todos aqueles que reivindicam esta tradição 
filosófica do século XIX, Kant, Hegel, Schelling, Shopenhauer, é uma filosofia que coloca, 
implicitamente, sem dizer, esta questão do cuidado de si. As práticas do cuidado de si não 
desapareceram nem da reflexão filosófica, nem do saberes. 
Para Foucault, pode-se encontrar, tanto no marxismo e como na psicanálise, a questão 
acerca do que se passa com o ser do sujeito para que ele não tenha a verdade e o que deve 
ser transformado no sujeito pelo fato de ter acesso à verdade. 
O que ele quer dizer é que nestas formas de saber reencontramos as interrogações e as 
exigências feitas ao sujeito para ter acesso a verdade da realidade e da verdade de si 
mesmo. 
 
 
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UNIDADE 10 
AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE SI 
Continuando os estudos sobre AS TECNOLOGIAS DE CUIDADO DE SI 
Objetivo: Possibilitar aos alunos ampliar o conceito de clínica, como uma prática de produção 
de saúde. 
Seja o marxismo, marcando o caminho do sujeito à verdade política, seja a psicanálise 
marcando o caminho do sujeito à verdade do discurso e do desejo. 
A noção de classe, de partido, de pertencimento a um grupo, a uma escola, a iniciação, a 
formação do analista, etc., tudo isto se refere ao acesso do sujeito à verdade. 
De acordo com Foucault, Lacan foi o único depois de Freud a querer recentralizar a questão 
do sujeito e da verdade. Nisto reside a força de suas análises, colocar no cerne do saber 
analítico a questão, o preço que o sujeito precisa pagar para dizer a verdade, quais os efeitos 
sobre o sujeito o fato de dizer a verdade de si mesmo. 
Foucault revela que maneira este princípio de precisar ocupar-se consigo mesmo tornou-se, 
de modo geral, o princípio de toda conduta racional, em toda forma de vida ativa que 
pretendesse, efetivamente, obedecer ao princípio da racionalidade moral e que incide de 
forma decisiva até mesmo em nosso modo contemporâneo de ser sujeito. 
Portanto, vamos considerar que o cuidado de si, a princípio, que é uma atitude geral, um 
certo modo de encarar a vida, de estar no mundo, de prática e de ações e de ter relações 
com os outros. Ele é também uma certa forma de atenção com a vida, de olhar a vida. 
Cuidar de si mesmo implica que se converta o olhar, que o conduza do exterior, 
dos outros, do mundo, etc. para “si mesmo”. O cuidado de si implica uma certa 
maneira de estar atento ao que se pensa e ao que se passa no pensamento. 
Enfim, a noção de cuidado de si não designa simplesmente esta atitude geralCopyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
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ou esta forma de atenção, voltada para si. Também designa sempre algumas 
ações, ações que são exercidas de si para consigo, ações pelas quais nos 
assumimos, nos modificamos, nos purificamos, nos transformamos e nos 
transfiguramos. (Foucault, 2006, p.14). 
Ao longo da história, a noção de cuidado de si ampliou-se. Suas significações foram 
diversificadas e deslocadas. Uma série exercícios e de práticas, cujo destino, na história da 
cultura, da filosofia, da moral, da espiritualidade ocidental e dos saberes, será bem longo. 
Sua função produtora de subjetividade passou a ser efetivada por setores heterogêneos de 
nossa sociedade contemporânea, inclusive pela psicologia e pela pedagogia. 
Portanto, o desafio da prática psicopedagógica envolve a construção de uma postura ética 
que promova a emancipação da cidadania no seu sentido mais amplo, isto é na autonomia 
dos sujeitos de produzirem suas próprias vidas, na autonomia da produção de si. 
Foucault nos fez enxergar como as práticas em psicologia e pedagogia servem para produzir 
sujeitos. O conceito de cuidado de si, proposto pelo autor francês surge como um 
instrumento de análise para nossas práticas. 
Como podemos elaborar práticas de intervenção em psicopedagogia que promovam essa 
autonomia que envolve o cuidado de si? Como promover o cuidado do outro sem retirar dele 
sua potência de cuidar de si, de se singularizar? 
Está lançado o desafio. Um desafio que atravessa não só o campo da educação, mas o 
campo da saúde, inclusive as novas políticas de Humanização do SUS, cuja função seja 
elaborar as diretrizes nacionais de atenção à saúde. 
 
 Em que consiste a Intervenção Psicopedagógica? 
 
 
 
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UNIDADE 11 
MAESTRIA PESSOAL E RESILIÊNCIA 
Objetivos: Definir o conceito de maestria pessoal e resiliência, utilizando-os como 
instrumentos de análise e intervenção psicopedagógica. 
O conceito de maestria vem do sânscrito "mah", cujo significado é maior, passou para o latim 
e inglês antigo como "maestria" significando algo mais, em francês medieval "maitre" que 
quer dizer alguém com alta proficiência, habilitado, ou seja, um mestre de um ofício. 
 Na quinta disciplina o texto é claro: maestria "significa a capacidade de não apenas produzir 
resultados, mas também de “dominar” os princípios que subjazem o modo de produzir 
resultados" 
.Se alguém pode criar grandes trabalhos pela luta constante, não qualificaríamos essa 
pessoa como dotada de maestria. 
Na maestria, existe um senso de desembaraço e jovialidade que tem origem na capacidade 
e disposição para entender e trabalhar com as forças em volta da pessoa. 
O conceito de maestria utilizado por Robert Fritz, está projetado por um processo de três 
estágios que leve a uma orientação criativa para a vida: 
1. Articular uma visão pessoal; 
2. Ver a realidade atual claramente e 
3. Optar por um compromisso de modo a se criar e chegar aos resultados almejados. 
Desenvolve uma "tensão criativa", que é fonte de energia e entusiasmo para se buscar os 
resultados desejados. À medida que as pessoas avançam e vêem os resultados tangíveis, se 
tomam mais fortes e entusiasmadas. Por outro lado, nem sempre a pessoa pode superar 
 
 
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seus temores, que se apresenta no confronto entre sua forma de ver a situação e a 
realidade, gerando isto uma "tensão emocional", bloqueadora, re-ativa; estressante. 
A resiliência está ligada ao estresse, por que é considerada a forma como nós enfrentamos 
situações de risco, as nossas crises, levando-nos a superação das dificuldades. 
O estudo da resiliência é a compreensão e a dinâmica do processo, como veremos abaixo 
no conceito de Risco [tensão emocional] e "Coping" [tensão criativa]. 
Articular estas duas vertentes, a maestria com o seu conceito operativo, e a resiliência com 
os seus fundamentos dinâmicos, é oferecer um salto qualitativo àqueles que trabalham com 
pessoas e grupos. Alguns estudos sobre estresse / resiliência estão ligados ao autoconceito 
ou auto-estima, nas dimensões de ser, estar, ter, poder e querer. 
 
Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua 
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES. 
 
 
 
 
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UNIDADE 12 
MAESTRIA PESSOAL E RESILIÊNCIA 
Abordando ainda o estudo sobre MAESTRIA PESSOAL E RESILIÊNCIA 
Objetivos: Definir o conceito de maestria pessoal e resiliência, utilizando-os como 
instrumentos de análise e intervenção psicopedagógica. 
Vamos iniciar trabalhando a visão de resiliência, através do seu conceito. 
No Dicionário Aurélio - em Física resiliência quer dizer "a propriedade pela qual a energia 
armazenada em um determinado corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão 
causadora duma deformação elástica". No sentido figurado resiliência quer dizer "resistência 
ao choque". 
No Dicionário Latim / Português - "resilientia verbo latino resilio (re-salio), quer dizer: soltar 
para trás, retirar-se sobre si mesmo, voltar saltando, recuar, encolher, reduzir-se". 
Em ciências sociais, resiliência é "uma qualidade de resistência e perseverança da pessoa 
humana face às dificuldades que encontra". 
Em medicina é resiliência corresponde à capacidade que o indivíduo tem de resistir por si 
próprio ou por medicamentos, uma doença, intervenção ou infecção. 
Na biologia, é a capacidade ( força e flexibilidade) que a natureza tem de se reorganizar, 
após passar por uma situação de devastação. Por exemplo, uma floresta pode ser dizimada 
pelo fogo, mas pode se reorganizar mesmo que isto possa exigir séculos. 
Na odontologia, os dentistas usam o conceito de resiliência referindo-se ao material 
ortodôntico para correção da arcada dentária. Este material é forte o suficiente para fazer o 
deslocamento necessário e flexível a ponto de manter os dentes no devido lugar de correção. 
 
 
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Em Psicologia, é a capacidade (força e flexibilidade) que o ser humano tem em superar 
situações adversas (estresse / crise) com o mínimo de disfuncionalidade no seu 
comportamento, adaptando-se ou ajustando-se, a nova situação ( flexibilidade externa e 
interna). 
Compreender a resiliência é procurar entender os seus mecanismos, o seu processo, ou 
seja, o que envolve o estresse. Vamos nos permitir tratar diferentes conceitos e abordagem. 
 Como nossa posição ainda é de estudo sobre o tema, não vamos apresentar aqui nenhuma 
posição pessoalmente conclusiva, mas buscar o maior número de elementos de modo que 
possamos ir construindo um capital de informações sobre o assunto. 
Na primeira abordagem o conceito de resiliência está ligado ao conceito de estresse que é o 
momento vivido pela pessoa em relação com o ambiente e percebido e avaliado por ela, 
como excedendo aos seus recursos e assim colocando em risco o seu bem estar e conforto 
pessoal. 
 Daryl Conner usa uma analogia bem interessante para aclarar este conceito. A pessoa se vê 
diante da situação como uma "esponja saturada", sem mais nenhum espaço ou recurso 
interno para lidar com a situação vista, agora, como um risco, portanto como um estresse. 
Fica nítido, portanto, que o estresse é decorrente da forma de perceber o fato, a situação 
que, deste modo, se toma um risco para a pessoa. 
Buscar um aprofundamento sobre resiliência é compreender os fatores de riscos e também 
seus mecanismos. 
 
 Analise os processos de aprendizagem como produção de conhecimento. 
 
 
 
 
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UNIDADE 13 
O CONCEITO DE RISCO E COPING 
Objetivos: Ampliar a compreensão do conceito de risco e coping. Utilizá-los como referência 
de análise e intervenção. 
O conceitode Risco sempre se refere aos aspectos negativos, está ligado a toda e qualquer 
espécie de eventos negativos da vida, sentido, percebido, interpretado e vivido pela pessoa e 
que pode lhe levar a ter problemas de ordem física, emocional ou social. 
Dito desta forma compreende-se o conceito de risco como subjetivo, pertencendo 
especificamente ao mundo da pessoa. O que pode ser vivido como risco ou estresse por um, 
pode não ser, vivido por outra pessoa. 
E mais o que pode ser percebido como risco em um momento da vida de uma pessoa, pode 
não se apresentar como risco em outra circunstância. O que envolve dizer que a resiliência é 
uma "variação individual em resposta ao risco" e não pode ser visto como "um atributo ou 
característica fixa do indivíduo”. 
Assim se as circunstancias mudam, se a situação se altera, também haverá alteração da 
resiliência. Embora, às vezes, a tendência seja de se concentrar nos indicadores de risco, 
tais como doenças, catástrofes naturais, riscos psicossociais (perdas, conflitos etc.) 
sociocultural (pobreza, miséria, desemprego etc.) o risco tem e precisa ser visto estudado e 
compreendido, como um processo, procurando correlacionar as suas conseqüências com a 
história de vida da pessoa. 
O conceito de “Coping” - os pesquisadores trabalham hoje com o conceito de coping, se 
referindo aos aspectos positivos seja de ordem comportamental ou cognitiva para fazer 
frente à situação de estresse. 
 
 
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 O estresse é a situação percebida como indo além dos recursos pessoais disponíveis no 
momento. Já o "coping" é entendido pelos pesquisadores como o modo de se enfrentar o 
fato ou situação. Enquanto o estresse é a forma de perceber o fato ou situação. Risco e 
"coping" são, portanto, elementos que fazem parte da resiliência. 
Resiliência é um fenômeno bio-psicofisiológico, para atravessar com sucesso as mudanças, 
superando as crises e estresses, com o mínimo de comportamentos disfuncionais. 
Quando passamos por situações de estresse e risco e usamos a resiliência, esta nos 
possibilita: a nossa reciclagem pessoal, através da renovação de energia e da reintegração 
ou ajustamento a uma nova realidade; nos dá a oportunidade de curar velhas feridas; de 
descobrir novas formas de lidar com a vida e de nos organizarmos de modo mais eficaz. 
Mas se usamos nossa couraça e resistência e nos tomamos pessoas super estruturadas, 
provavelmente não teremos a flexibilidade necessária para enfrentar com sucesso as 
mudanças súbitas ou profundas na vida pessoal ou profissional, assim preferimos ficar na 
nossa homeostasis (status quo), o que mais e mais dificulta o nosso processo de adaptação 
e ajustamento à nova realidade. 
Por maior que seja a mudança a mais difícil de enfrentar são aquelas que atingem os nossos 
pontos críticos, as nossas estruturas nucleares. 
Antes, porém de entrar nos aspectos mais dinâmicos, gostaria de alertar para a importância 
deste tema em uma sociedade que diante de tantas mudanças e com tamanha velocidade, 
não dá tempo para a pessoa absorver tanta quebra de valores, de se adaptar ao novo modo 
de se fazer as coisas, de se trabalhar, de aceitar novas formas de pensar e de agir etc. 
Estamos em uma época em que se busca a clonagem humana, enquanto escrevo temos 
passeata dos "sem terra" protestando contra a impunidade no caso do El Dorado dos 
Carajás; Colin Power o Secretário de Estado Americano, retira-se do Oriente Médio sem 
êxito nas negociações para um cessar fogo entre palestinos e Israelenses, e a incerteza da 
volta da inflação leva o governo a manter em 18% ao ano as taxas de juros. Enquanto isso 
continuamos com uma altíssima taxa de desemprego. 
 
 
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Vivemos por muitas décadas conduzidos por modelos mentais que estruturavam os nossos 
quadros de referências, o que nos levava a ter uma expectativa sobre certas situações, 
exemplo - a aposentadoria aos 30 anos, e isto ocorreria. Para ser avó ou avô você precisava 
estar na terceira idade, hoje você pode passar por esta experiência bem jovem. 
Com a quebra de nossas expectativas e a necessidade de revisão dos nossos antigos 
modelos mentais, estamos à frente de algo que nem sempre é fácil fazer. 
Quando vivenciamos situações que quebra as nossas expectativas, valores e crenças, nós 
percebemos como uma situação nova, portanto, como geradora de uma mudança. 
Maior o impacto gerado pela mudança, mais nos sentimos como em frente a um ponto de 
bifurcação, que caminho adotar se eles nos levam cada vez mais a pontos mais distantes e 
divergentes. 
Esta situação geradora de estresse é vista como ameaçadora, ou seja, como uma situação 
de risco, então o nosso organismo tende a passar por uma situação ou momento de 
desequilibro homeostático, porque a avaliação feita leva-nos a julgar a situação de estresse 
como sobrecarregando ou indo além do nosso recurso pessoal, sejam ele de natureza 
psicológica, cognitiva etc. 
Mais intensamente seja vivido o risco, a ameaça e o desequilíbrio homeostático, maior a 
pressão, mais intensamente se vive a bifurcação, e passamos a viver o movimento de 
ruptura. 
Este momento é vivenciado como caos. é o auge da crise é o sentimento de se estar no olho 
do furacão. È neste momento mais que nunca que a resiliência terá de se fazer presente, 
para que possamos superar a crise ou se sucumbe diante da dificuldade e dos seus efeitos 
devastadores para nós. 
Seu impacto pode ir do arranhão a auto-estima até o suicídio em última instância. 
 
 
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Se usamos a resiliência - força e flexibilidade para superar a dificuldade ou crise, podemos 
então reconfigurar a nova situação e vivenciar um novo momento, ajustando e re-integrando-
se a nova realidade e vivenciando assim, um novo equilíbrio homeostático. 
Todos nos passamos por dificuldades, perdas e crises, assim podemos dizer que temos 
pontos críticos e previsíveis de mudança, no nosso ciclo evolutivo. Podemos dizer que as 
crises previsíveis mais expressivas seriam: a adolescência; o término de curso seja o Ensino 
Médio, quando se tem que escolher a carreira ou parar de estudar, seja a conclusão do 
terceiro grau e a subseqüente entrada no mercado de trabalho 
Já no jovem adulto a decisão é de casar, a grande mudança e transformação da maternidade 
e da paternidade; a chamada crise da meia-idade com o crescimento dos filhos e a 
"síndrome do ninho vazio", o enfrentar com a chegada da aposentadoria a consciência da 
finitude, e a subseqüente forma de se viver, com as perdas inerentes. 
 
 
 
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UNIDADE 14 
O CONCEITO DE RISCO E COPING 
Abordando ainda o assunto sobre O CONCEITO DE RISCO E COPING 
Objetivos: Ampliar a compreensão do conceito de risco e coping. Utilizá-los como referência 
de análise e intervenção 
O ser humano é inconcluso e assim pode ter a possibilidade de aprender e crescer com a 
imprevisibilidade da vida, com o estar à frente dos nossos pontos de bifurcação, geradores 
de estresse, solicitadores de decisão, por se viver o conflito entre as forças do "status quo" 
versus as forças das mudanças. Ou ainda viver o estado confusional diante da intensidade e 
extensão da mudança. 
É evidente que o impacto da mudança, o estresse, a crise vivida, varia de pessoa para 
pessoas e em fases diferentes da vida, podemos assim ter maior ou menor resiliência para 
enfrentarmos certas situações da vida. 
 Ainda aqui vale a pena ressaltar que uma coisa é viver mudanças em tempos de 
estabilidade e a outra é vivê-la em tempos de turbulência, onde a vulnerabilidade tende a ser 
maior. 
Ainda temos que levar em conta as circunstâncias indutoras de estresse, com diferentes 
níveis de impacto de pessoa para pessoa, tais como: 
a) 0s acontecimentos catastróficose traumáticos sejam coletivos ou individuais, que 
podem ter uma magnitude que leve a se estender por longo tempo, até mesmo por 
anos, tal como ocorre com o Distúrbio de Stress Pós Traumático. 
b) Acontecimentos significativos da vida que pode alterar ou determinar o estilo de vida 
de uma pessoa, tais como: morte, separação, acidentes, divórcios, perdas, 
desemprego, saída de filhos, doenças graves etc. 
 
 
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c) Acontecimentos recorrentes do dia-a-dia, também chamados de micro indutores de 
estresse ou crise assim com: desgaste de relações no trabalho, em casa, com 
familiares, amigos, não obtenção de metas etc. 
Embora possamos falar em características das pessoas resilientes, como apresentaremos 
abaixo, isto não quer dizer que a pessoa que possa ter tais características não possa 
apresentar uma baixa resiliência diante de situações de vida e em diferentes momentos da 
vida. 
Ë fundamental lembrar, que a marca da personalidade é ser dinâmica, assim prefiro falar de 
características de que tipos de personalidade resilientes. 
 
Abaixo algumas características de pessoas resilientes vista por: 
[l] Frederic Flach 
Capacidade de aprender. 
Auto respeito. 
Criatividade na solução de problemas. 
Habilidade em recuperar a auto-estima quando 
diminui ou quando foi temporariamente perdida. 
Independência de espírito: Autonomia, Liberdade 
e interdependência. 
Habilidade de fazer e manter amigos. Disposição para sonhar. 
Bom senso de humor. Grande variedade de interesses. 
Talento para determinar os limites da profundidade 
de nossa dependência 
 
 
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Percepção de si e das coisas que estamos passando na vida: 
Contextualização - Interna e Externa. 
Perspectiva de vida que oferece uma Filosofia vital, 
processual, através da qual interpretamos toda a nossa 
vida experiência e extraímos um significado pessoal. 
 
[2] José Tavares 
Flexível, aberto, livre, inteligente, emocionalmente equilibrado, autêntico, 
empático, disponível. comunicativo, capaz de resistir as mais variadas 
situações mais ou menos complicadas e difíceis , sem partir, sem perder o 
equilíbrio, por mais adversas que essas situações lhe apresentem. 
 
 [3] Viktor Frankl 
Sem usar o nome resiliência, traz o conceito de: 
Valores Criativos que é vivenciar aquilo que tem valor em si, aquilo que 
pode ser experimentado como: o bom, o belo e enriquecedor: 
Valores Vivenciais consiste em mudar as circunstâncias para melhor- para 
melhor em sua essência, e não o melhor para mim, sempre que possível; 
Valores Atitudinais são aqueles em que precisamos mudar a nos próprios 
para melhor, pois nem sempre é possível mudar as circunstâncias para 
melhor. Mas não se pode aceitá-la passivamente. Neste caso apesar do 
sofrimento devemos crescer e amadurecer como pessoa. [RESILIÊNCIA]. 
 
 
 
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Na verdade o conceito de resiliência não é algo novo, já em 1807 Thomas 
Young, trabalhando com a física e engenharia, lidando com tensão e 
compressão de barras, introduz o conceito de elasticidade - como um 
corpo era capaz de se deformar sob tensão, e retirada esta, como podia 
voltar ao seu estado original [resilio = saltar para traz]. Dai o nome 
resiliência. 
 
Federic Flack chama para si o uso do conceito de resiliência quando escreve em 1966 um 
artigo intitulado: A influência do filósofo Teilhard de Chardin em meu pensamento em relação 
à natureza da doença psiquiátrica e no papel da psicoterapia na recuperação dos clientes”, 
baseado no seu livro - "The phenomenon of man" [O fenômeno do homem]. 
Em 1974 lança "The secret strenght of depression" - [A força secreta da depressão]. Em 
1988 lança nos USA "RESILIENSE" que no Brasil foi lançado em 1991 pela Ed. Saraiva com 
o nome RESILIÊNCIA A ARTE DE SER FLEXÍVEL. 
Encontramos no dia-a-dia a temática da resiliência nas pessoas, na poesia, em livros, nos 
textos, em filmes, musicas, em fim no que a vida oferece. Então é buscar, buscar e buscar 
aprender mais e mais com o que se apresenta a nossa frente. 
 
 
 
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UNIDADE 15 
MODOS DE CUIDAR I 
Objetivos: Oferecer ao aluno uma aproximação com o conceito de cuidado no filósofo 
Heidegger e suas aplicações. 
O cuidado em Heidegger (1995) é estrutura do Ser-aí, do Dasein, sempre adiante de si 
mesmo e abandonado no mundo. No nosso entendimento, o cuidado se concretiza nos 
contextos psicopedagógicos. 
Cuidado é “a vocação do homem para cuidar dos outros e de si mesmo, em decorrência de 
capacidade humana de ser responsável” (Gomes, 1992, p. 75). 
Assim, cuidado é estrutura do ser, mas também é atitude, é ética, é estética (quão belo é 
cuidar)... Cuidado é ofício de ser do ser. 
Ser cuidador: cuidar da dor, das feridas... Cuidar e não curar, pois, afinal, aqui, no “setting” 
pedagógico, não cabe arrogância, onipotência. Cicatrizações, sim. Conviver com o 
sofrimento, sim. 
Ajudar o aluno, sua família e seus educadores é utilizar-se dos relacionamentos 
interpessoais que são modos de cuidar do ser ao ser. E, para cuidar do outro, o educador 
necessita cuidar dos seus modos-de-cuidar: cuidar de si, dos objetos, do mundo. 
Os objetos têm existência para os seres humanos e, como instrumentos, são para fazer 
coisas para os outros, “a existência humana tem um aspecto de cuidado” (Ralper & Smith, 
1997, p. 77). 
No processo de inrtervenção, o educador cuida de ser orientado pelo sentido da vida. 
O sentido da vida, segundo o existencialista Viktor Emil Frankl (1991, 1978), é a direção que 
a pessoa pode dar à sua vida mediante descoberta do significado que ela, a vida, possui a 
 
 
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possibilidade de ser livre e responsável. Então, como “insight”, ilumina-se o sentido-sentido: 
o educador, ao ajudar o outro a crescer/desenvolver, espera que, por meio do cuidado, ele, o 
educando, venha a cuidar do outro, de algo, de uma idéia, de um ideal, cuidar de si mesmo. 
Para cuidar do outro, de si, do mundo, o educador deve estudar-pesquisar-(re) conhecer, 
buscar a melhor forma de cuidar, ser paciente, ser congruente, ser confiante e ser de 
confiança, ser humilde, ser esperançoso e, acima de tudo, ser corajoso para assumir os 
riscos da ajuda. No jogo dos espelhos, quando olha pára e junto ao outro, escuta a própria 
voz de sentido. 
Assim, a intervenção planejada, executada e avaliada é cuidado. Ser educador nesse espaço 
é viver o cuidado, senti-lo. 
 Através da vida-vivida o educador cresce e se desenvolve expressando a capacidade de 
cuidar. Nesse processo, “... as pessoas seriam seres cuidativos, ou de cuidado...” (Waldow, 
1998, p. 132). Nesse sentido, a concretização da filosofia da inclusão é cuidado. 
Portanto, ser educador é ser de cuidado. O educador vivencia, sente o sentido pelo 
experienciamento irrompido no ato de compartilhar. Entre a pessoa que cuida e a pessoa 
que é cuidada, há essa experiência em que brilha aos nossos sentidos a sua pessoa 
enaltecida. 
...cuidar é ajudar a crescer e a se realizar e para isso existe um padrão comum: ao cuidar 
experiencia-se o outro ser de forma a considerá-lo com capacidades e necessidades para 
crescer. 
 O mesmo ocorre com uma idéia. Ao experenciar o outro ou uma idéia, não há dominação ou 
manipulação, apenas confiança. O outro ser humano é respeitado como ser independente, 
assim como são respeitadas as suas necessidades, as quais são satisfeitas com devoção 
[...], compromisso para com o outro (Waldow, 1998, p. 133-134). 
É vital analisar o sentido dado aos fatos da vida para o outro ser. Ser compromissado 
eticamente se concretiza no educador quando se propõem a analisar campo de 
possibilidades de novos sentidos para a vida. 
 
 
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