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PENAL 01 - ZÉ DA FARMACIA - JOSE PERCIVAL - SEÇAÕ 01

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO.
 
URGENTE: RÉU PRESO
FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro,  Advogado(a), portador da OAB/UF nº xxxx, com endereço profissional na Rua xxxxxx, nº xxxxxxx, bairro xxxxxxx, na Cidade de Conceição do Agreste/CE,  vem à presença de Vossa Excelência, mui respeitosamente, com fundamento no art. 5º, inc. LXVII, da Constituição Federal e arts. 647 e 648, I, do Código de Processo Penal, impetrar
HABEAS CORPUS, com pedido liminar,
em favor de José Percival dda Silva, brasileiro, Presidente da Câmara dos Vereadores, portador CPF XXX.XXX.XXX-XX, portador da cédula de identidade N.:XXX.XXX.XX, residente na rua XXXXX, número XX, bairro XXX, na cidade de Conceição do Agreste/CE, Contra ato abusivo praticado pela MM. Juiz da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE, que negou o direito do Acusado em responder ao processo em Liberdade, haja vista não haver embasamento legal para a manutenção da sua segregação cautelar, como restara demonstrado a Vossas Excelências, pelas razões de fato e de direito a que passa a aduzir:
 
DOS FATOS
Conforme consta nos Autos de Prisão em Flagrante, José Percival da Silva, nulgo Zé da Farmácia, encontra-se detido em prisão desde o dia 04/02/2018, em razão de “flagrante”, por infringir ao disposto do artigo 317 do Código Penal.
A suposta prisão aconteceu quando o Delegado de Policia Dr João Rajão, recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores que relatou ao Delegado que, naquela data, o Vereador João Santos, o João do Açougue, que exerce, atualmente, a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma Comissão, haviam exigido de Paulo o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte.
Após ouvir atentamente a narrativa de Paulo, o Delegado João, visando prender todos os envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de realização da licitação, oportunidade em que uma equipe de policiais disfarçados estaria presente para efetuar a prisão dos envolvidos.
Assim, no dia seguinte, no horário e local designados para a realização da concorrência pública, os policiais, que esperavam o ato, realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário.
Ocorre que, por ironia do destino, seu cliente, Zé da Farmácia, na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, naquele exato dia, assistir à Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz. 
Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou também preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.
Entretanto, o MM Juiz, acatando o pedido do Ministério Público de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, decretou a prisão preventiva de todos, nos termos do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade e a repercussão do crime.
Assim, Excelência, conforme será exposto, não faz jus motivos suficientes para manter a prisão do indicado. 
DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
No caso sob exame, o constrangimento ilegal é manifesto, diante da decisão do juiz de 1º grau que determinou o recolhimento do paciente a prisão, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, tendo em vista que o paciente sempre contribuiu com o desenrolar do processo.
Ressalte-se que não estão presentes os requisitos da prisão preventiva elencados no art. 312, do CPP, não sendo, pois, aplicável o permissivo do art. 387, parágrafo único do mesmo Códex.
Assim sendo, estando caracterizados os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, diante da determinação de expedição do mandado de prisão sem obediência aos ditames legais, mister se faz a expedição liminar de salvo conduto em favor do impetrante, a fim de que possa ser afastada qualquer ameaça de prisão, antes do trânsito em julgado da decisão condenatória.
DA ILEGALIDADE DA PRISAO EM FLAGRANTE DELITO
Prisão em flagrante delito é a prisão daquele que é surpreendido cometendo uma infração penal. Conforme artigo 302 do Código de Processo Penal: 
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Ademais, MM. Juiz, nenhuma dessas modalidades acima ocorreu no caso em questão, pode-se observar no próprio auto de prisão em flagrante que não houve nenhuma relação do acusado, pois no dia ele estava trabalhando como Presidente da Câmara dos Vereadores e não possuía vinculo com os demais réus. 
Pelo exposto, requer seja decretado o relaxamento de prisão do José Percival da Silva, expedindo-se, imediatamente, o alvará de soltura. 
DO RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
Excelência, o caso supracitado não caracterizada qualquer das hipóteses previstas no artigo 302, do Código de Processo Penal. Sendo assim, não pode subsistir a prisão efetuada pela autoridade policial como sendo em flagrante delito.
É inevitável reconhecer-se a arbitrariedade da prisão que pesa contra o Requente. O que paira contra o mesmo, até o presente momento, é uma mera suspeita da prática de um delito, porém sem nenhuma evidência concreta da realidade da autoria. Patente, portanto, a ilegalidade da prisão em flagrante.
Por fim, em caráter subsidiário e apenas por cautela, vale ressaltar que no caso em comento não existe a possibilidade de ser decretada a prisão preventiva do requerente, inexistindo quaisquer das hipóteses que autorizariam a prisão preventiva, configurando-se evidente a impossibilidade de manutenção do requerente, no cárcere, a qualquer título.
DA CONCESSÃO DE LIMINAR EM HABEAS CORPUS 
Diante da flagrante ilegalidade da decretação da prisão do paciente, não pairam dúvidas para que, num gesto de estrita justiça, seja concedida liminarmente o direito à liberdade ao mesmo.
A plausibilidade jurídica da concessão da liminar encontra-se devidamente caracterizada. O “fumus comissi delicti”, significa a fumaça do cometimento do delito, o qual pelos elementos fáticos e jurídicos trazidos à colação não foram capazes de demonstrar a efetiva participação do paciente no crime emo comento. Por sua vez, no que concerne o “periculum libertatis” (perigo na liberdade do acusado), conforme demonstrado minuciosamente, não vislumbra-se qualquer justificativa plausível para a prisão cautelar do paciente.
Cabe citar os ensinamentos do jurista Alberto Silva Franco, veja-se:
“É evidente, assim, que apesar da tramitação mais acelerada do remédio constitucional, em confronto com as ações previstas no ordenamento processual penal, o direito de liberdade do cidadão é passível de sofrer flagrante coarctação ilegal e abusiva. Para obviar tal situação é que, numa linha lógica inafastável, foi sendo construído, pretoriamente, em nível de habeas corpus, o instituto da liminar, tomando de empréstimo do mandado de segurança, que é dele irmão gêmeo. A liminar, em habeas corpus, tem o mesmo caráter de medida de cautela, que lhe é atribuída do mandado de segurança”.
Frente ao exposto, a presente ordem de habeas corpus deve ser concedida liminarmente com o fim de obstar a prisão preventiva do ora paciente. 
DOS BONS ANTECEDENTES 
Cumpresalientar que o Acusado sempre possuiu bons antecedentes, sendo que sempre foi pessoa honesta e voltada para o trabalho, visto ser PRIMÁRIO, não havendo assim, motivos para a manutenção da Prisão em Flagrante, porquanto possuindo, assim, requisitos legais para responder o processo em liberdade. 
DO PEDIDO
Diante do exposto,  requer seja concedida a ordem impetrada, com fundamento no art. 648, I, do Código de Processo Penal, para, em caráter liminar, expedir salvo-conduto, ou contra-mandado de prisão ou alvará de soltura em favor do paciente, e após coleta das informações da autoridade coatora e oitiva do Ministério Público, seja tornada definitiva a ordem.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data,
ADVOGADO XXX
OAB/UF XXXX

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