Buscar

Aula 1- ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/14
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
EXTRAJUDICIAIS
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ronny Carvalho da Silva
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/14
CONVERSA INICIAL
Estudaremos os tipos de serventias que atuam na execução dos serviços judiciais e extrajudiciais,
com enfoque na diferenciação e no conhecimento sobre as atribuições de cada uma delas.
Iniciaremos falando sobre como é a organização dos serviços judiciais no país, objetivando a
compreensão da diferença que há em relação aos serviços chamados extrajudiciais. Também
trataremos, no âmbito das disposições legislativas, da distribuição de competências na organização
dos serviços judiciais e extrajudiciais, começando pela Constituição Federal e adentrando a legislação
infraconstitucional, bem como falando acerca das finalidades dos serviços extrajudiciais.
Também será tratado, por meio do estudo do direito civil, do que seriam os atos, fatos e
negócios jurídicos passíveis de registro e de verificação por parte dos serviços registrais e notariais.
TEMA 1 – A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS JUDICIAIS E AS
SERVENTIAS JUDICIAIS
Como sabemos, há uma distribuição de competências na execução das atividades estatais com
base na tripartição de poderes em Poder Legislativo, Executivo e Judiciário. A cada um desses poderes
houve por parte da Constituição uma atribuição específica de competências, ou seja, determinadas
funções e atividades que cabem a cada um dos poderes desenvolver para os fins que se prestam,
quais sejam: ao Legislativo, essencialmente a função de criar as leis que regem a nação; ao Executivo,
a função de concretizar as leis por meio da execução das políticas públicas e dos serviços públicos; e
ao Judiciário, cabe a função e a pacificação social por meio da interpretação, nos casos concretos, da
lei, julgando os litígios.
A separação dos poderes tem como principal teórico o filósofo, político e escritor francês
Montesquieu (1689-1755), que desenvolve a chamada teoria da separação dos poderes no seu livro
intitulado De l’Esprit des Lois (Do espírito das leis) no fim da primeira metade do século XVIII (1748).
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/14
Conforme nos lembra Riccitelli (2007, p. 47): “Verifica-se na obra de Montesquieu o ápice das
divagações filosóficas de seus antecessores e a consolidação de uma doutrina que foi recepcionada
pelos Estados liberais como verdadeiro dogma, integrando a maioria das constituições dos Estados
democráticos até os dias atuais”.
Nesse sentido, tal como as principais constituições dos países democráticos, a atual Constituição
Federal brasileira adotou a tripartição de poderes e a prevê em seu art. 2º: “São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (Brasil, 1988). A referida
forma de repartição das funções do Estado repercutiu igualmente na conformação de todas as
esferas de organização político-administrativa do país, pois essa tripartição de poderes também se
verifica na organização das unidades da federação.
Assim, os três poderes da União exercem suas funções por meio dos órgãos de atuação nacional:
o Legislativo, por meio do Congresso Nacional (o qual é formado pelo Senado e pela Câmara dos
Deputados); o Executivo, por meio do Palácio do Planalto (que é a sede da Presidência da República)
e dos demais órgãos que o integram, juntamente com os Ministérios e toda a estrutura de órgãos
que se subordinam a eles; o Judiciário, por meio do Supremo Tribunal Federal, sendo que, em razão
da distribuição de competências e da especialização de matérias, também o integram os tribunais
superiores (Tribunal Superior do Trabalho – TST, Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Superior Tribunal
Militar – STM e Superior Tribunal de Justiça – STJ).
Também verificamos a tripartição dos poderes no âmbito das unidades da federação: nos
estados, o Legislativo atua por meio das Assembleias Legislativas; o Executivo, por meio dos
respectivos governos estaduais; o Judiciário, por meio dos Tribunais de Justiça. No âmbito dos
municípios, tendo sido a eles reconhecida a autonomia política, administrativa e tributária, os poderes
são exercidos no âmbito local por meio do Poder Executivo, representado pela prefeitura, do
Legislativo pela Câmara de Vereadores, do Judiciário por meio das chamadas comarcas, que são a
união de diversos municípios em torno de um juiz de direito que detém a competência de dizer o
direito dentro daquele território (jurisdição). Não há um Poder Judiciário local (municipal)
propriamente dito, porque o juiz de direito que atua nas comarcas pertence ao Tribunal de Justiça,
órgão do Poder Judiciário do Estado, conforme visto.
Para execução das funções que dizem respeito ao Poder Judiciário, há a necessidade da
instituição de diversos serviços, para que possa desempenhar com eficiência sua função de julgar os
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/14
litígios e pacificar a sociedade, por meio da solução das controvérsias surgidas no âmbito da
sociedade, dizendo o direito ao caso concreto.
Assim, a atividade do Poder Judiciário é essencialmente julgadora, mas, para que possa haver a
concretização dessa atividade essencial e típica, necessário é que se crie toda uma estrutura
administrativa visando proporcionar a adequada e eficaz realização dessa função. Dessa forma, para
que os processos judiciais, em que se discutem os casos colocados à apreciação do Poder Judiciário,
possam ser movimentados ou para que as decisões judiciais sejam efetivadas, é preciso que se
tenham pessoas e demais recursos materiais necessários, como computadores, veículos, imóveis,
mobiliário, material de expediente etc.
Destro dessa estrutura administrativa do Poder Judiciário, temos as chamadas serventias judiciais,
que são os órgãos responsáveis por prestar o suporte operacional ao trabalho do Poder Judiciário na
movimentação processual e na execução das decisões proferidas em seu julgamento dos casos
concretos discutidos nos processos.
Por meio das serventias judiciais, há o controle de processos e de seu fluxo a fim de os
impulsionar, evitando que fiquem paralisados por muito tempo. Para tal, há recebimento e protocolo
de documentos, expedição de cartas, ofícios e mandados judiciais, dentre outros serviços de suporte
ao trabalho dos magistrados.
As serventias judiciais são integradas por funcionários públicos que prestam concurso para os
cargos de carreira como analistas judiciários (nível superior) e técnicos judiciários (nível médio).
Também podem existir serventias judiciais de titularidade de particulares que atuam por delegação
do Poder Público, sendo que, nesse caso, há um titular cujo serviço a seu cargo na serventia é
desempenhado por ele com auxílio de assistentes contratados e remunerados pelo próprio titular,
sem integrar, dessa forma, a carreira dos servidores públicos. Mais à frente, falaremos mais sobre a
delegação de serviços públicos aos particulares.
TEMA 2 – A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS E AS
SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS
Assim como visto, as serventias judiciais existem na medida em que são órgãos de natureza
técnica e operacional que visam prestar suporte ao trabalho desenvolvido no Poder Judiciário pelos
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/14
seus membros (magistrados, desembargadores, ministros).
Por outro lado, há ainda as chamadas serventias extrajudiciais, nas quais são realizados os
chamados serviços extrajudiciais, sendo estes todos os serviços jurídicos prestados por serventias
extrajudiciais que não atuam diretamente em funções ligadas ao Poder Judiciário.
Éimportante destacar que o emprego da terminologia cartório para se referir às serventias
judiciais e extrajudiciais não é tecnicamente adequado para se referir a esses serviços. No que tange
aos serviços extrajudiciais, o correto é nos referirmos como serventias extrajudiciais, sendo, a
depender do tipo de serviço que desenvolve, como ofícios registradores ou, ainda, tabelionatos de
notas ou protestos. Retomaremos esse tema em momento oportuno.
Assim, os serviços extrajudiciais são todos os serviços de natureza pública prestados à população
e que, embora tenham característica de serviços jurídicos, não são realizados pelo Poder Judiciário. A
palavra extrajudicial em si carrega o prefixo latino extra, que significa fora, portanto, “extra” +
“judicial”, formando o termo, dão a exata noção de algo ou alguma atividade que se desenvolve
externamente ao âmbito das atividades judiciais, ou seja, fora da atuação do Poder Judiciário.
A atividade extrajudicial, pode ser assim resumida: “Atos que se praticam ou são processados
fora do juízo, porém com capacidade de produzir efeitos jurídicos. São atos constituídos por
instrumento particular ou por escritura pública formalizada em cartórios extrajudiciais” (Luz, 2014, p.
199).
Embora as atividades extrajudiciais sejam realizadas fora do âmbito do Poder Judiciário, têm a
aptidão de produzir inúmeros efeitos jurídicos, independentemente da atuação do Poder Judiciário
ou de um processo judicial. Mais adiante, verificaremos, porém, que todos esses serviços são
submetidos à fiscalização do Judiciário e são a ele subordinados.
Tratando da palavra cartório para designar os serviços notariais e registrais no Brasil, seu uso
passou a ser inadequado a partir da promulgação da atual Constituição Federal, em 5 de outubro de
1988, uma vez que a Carta Magna identificou os cartórios como serviços, conforme se pode verificar
pela leitura do art. 236 (Brasil, 1988).
De igual modo, a Constituição, no mesmo artigo, determinou que uma lei regulamentasse a
atividade notarial e de registros públicos no país. Falamos em uma lei infraconstitucional, ou seja,
uma norma jurídica revestida de forma de lei e que está hierarquicamente abaixo da Constituição
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/14
(lembrando que a Constituição é a lei maior de uma nação e nenhuma outra norma jurídica pode se
sobrepor a ela). Assim, foi promulgada a Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994, que trata da
regulamentação legal dos serviços notariais e de registro no país. Em seu art. 1º, lemos: “Art. 1º
Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir
a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (Brasil, 1994, grifo nosso).
Portanto, é inegável que o uso da palavra cartório se tornou tecnicamente inadequado para a
designação dessas atividades. O correto é o emprego das expressões serviço notarial ou serviço
registral, as quais devem ser utilizadas em todo o território nacional para fazer referência aos serviços
extrajudiciais de notas, protestos de títulos, registro de títulos e documentos, registro civil das
pessoas naturais, registro civil das pessoas jurídicas, registro de imóveis e registro de distribuição.
TEMA 3 – A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A ATRIBUIÇÃO DOS
ESTADOS NA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
A Constituição Federal de 1988 é a norma suprema da nação, a lei maior. Não pode a legislação
infraconstitucional (aquela abaixo da Constituição), formada por leis, decretos e regulamentos,
contrariar preceitos, princípios e regras estabelecidos na Constituição.
Com efeito, a Constituição é um documento político com força jurídica, pois nela estão contidas
regras fundamentais de organização político-administrativa da nação, repartição de competências e
atribuições entre os diferentes Poderes, direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, dentre
outros assuntos de central importância para a formação e conformação da comunidade política
chamada nação.
Leciona Riccitelli (2007, p. 68):
Conforme o sentido lato sensu, para a ciência do direito, Constituição representa o conjunto dos
elementos estruturais do Estado, sua organização básica, abrangendo sua composição geográfica,
política, jurídica, administrativa, econômica e social. O sentido stricto sensu define a palavra
Constituição, no contexto da ciência do direito, como a lei fundamental de um Estado que organiza
e limita o exercício do poder estatal.
Considerando a tripartição de funções em Executivo, Legislativo e Judiciário, a Constituição
atribui a este a responsabilidade pela organização e fiscalização dos trabalhos a serem desenvolvidos
pelas serventias extrajudiciais.
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/14
Com efeito, dispôs o art. 236, parágrafo primeiro, da Constituição Federal que a Lei definirá a
fiscalização dos trabalhos das serventias extrajudiciais pelo Poder Judiciário (Brasil, 1988). Tal
responsabilidade recai na atualidade sobre os respectivos Tribunais de Justiça dos estados da
federação em virtude do que estabelece a Lei regulamentadora do referido art. 236 da Constituição, a
Lei n. 8.935/1994, que determinou em seu art. 37 que os trabalhos das serventias extrajudiciais são
submetidos à fiscalização do Poder Judiciário dos respectivos estados, de acordo com o que dispuser
a lei daquela unidade da federação. Assim dispõe o referido artigo: “A fiscalização judiciária dos atos
notariais e de registro [...] será exercida pelo juízo competente, assim definido na órbita estadual [...]”
(Brasil, 1994).
Portanto, na atualidade, considerando que a Constituição Federal atribui ao Poder Judiciário o
dever de fiscalização dos serviços extrajudiciais, bem como determinou que a lei regulamentasse o
teor dessa fiscalização, por meio desta atribuiu-se ao Poder Judiciário estadual a realização dessa
fiscalização, estando, portanto, todas as serventias extrajudiciais vinculadas ao respectivo Tribunal de
Justiça dos estados.
Há, dentro dos Tribunais de Justiça, um órgão específico para fins do exercício de controle e
fiscalização das serventias extrajudiciais chamado de Corregedoria do Foro Extrajudicial, do qual
emanam diversas regulamentações que devem ser observadas pelas serventias extrajudiciais no
exercício de suas funções.
Também o ingresso no serviço extrajudicial, para fins de titularidade de uma serventia, dá-se
mediante concurso público de provas e títulos a cargo do respectivo Tribunal de Justiça do Estado.
De igual modo, a remoção de um notário ou registrador de uma serventia somente ocorre
mediante concurso de remoção a cargo do tribunal do respectivo estado, conforme preconiza a Lei n.
8.935/1994: “Art. 18. A legislação estadual disporá sobre as normas e os critérios para o concurso de
remoção” (Brasil, 1994). Assim, tem-se que cabe aos estados da federação, por meio dos seus
respectivos Tribunais de Justiça, a organização e a fiscalização dos serviços extrajudiciais (notariais e
de registros públicos).
TEMA 4 – OBJETIVOS DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/14
Os serviços extrajudiciais são desempenhados no Brasil por meio das seguintes atividades:
tabelionato de notas; tabelionato de protesto de títulos; registro de imóveis; registro de títulos e
documentos; registro civil das pessoas naturais; registro civil das pessoas jurídicas; registro de
distribuição; registro de contratos marítimo. Como estabelece o art. 236 da Constituição da República
(Brasil, 1988), o ingresso de uma pessoa no serviço extrajudicial, para fins de tornar-se detentor da
qualidade de tabelião ou oficial de registro público, depende da prévia aprovação em concurso
público de provas e títulos.
Todos esses serviços existem para prestar um serviço jurídico, decaráter público, organizados de
modo técnico com administração própria pelos seus titulares, tendo por finalidade garantir
“publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”, conforme art. 1º da Lei n.
8.935/1994 (Brasil, 1994). Vejamos a figura a seguir:
Figura 1 – Resumo das finalidades dos serviços extrajudiciais:
São atividades de natureza pública porque somente podem ser prestados por indivíduos com
autorização do Poder Público e sob a supervisão deste, dentro dos estritos limites que a lei autoriza.
Embora sejam serviços de natureza pública, são prestados por particulares, eis que são titulares
desses serviços pessoas físicas investidas nas funções específicas de tabelião ou oficial registrador,
remuneradas pelos particulares que buscam os serviços, portanto, podem os tabelionatos e ofícios de
registro cobrar pelos serviços prestados, tudo dentro do que a legislação e as normas emanadas dos
respectivos Tribunais de Justiça dos estados autorizam.
Notamos a importância da atividade registral e notarial no contexto da vida social à medida que
percebemos que os fatos, por si só, poucos efeitos produzem senão depois de serem submetidos ao
registro público ou ao serviço notarial. Exemplificando: o nascimento de uma criança, sob o ponto de
vista pessoal, é muito importante; todavia, na perspectiva jurídica, sua relevância se dá em função do
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/14
registro civil, do qual se extrairão a segurança e a autenticidade da sua ocorrência, sendo garantida
ainda a publicidade necessária do fato (nascimento), visto ser de interesse de terceiros na medida em
que pode interferir na divisão de heranças, por exemplo.
Assim, são nítidas as finalidades do serviço registral e notarial previstas na lei, sendo, como dito,
dar publicidade, autenticidade, segurança e eficácia a atos e fatos jurídicos.
A publicidade visa assegurar que qualquer pessoa tenha acesso às informações existentes nos
registros públicos e nos tabelionatos de notas, pois a segurança jurídica exige que todos possam ter
acesso a informações desses fatos e atos relevantes para a vida em sociedade. Assim, por exemplo,
quando alguém deseja comprar um imóvel, como se certificar de que o suposto vendedor é
realmente detentor dos seus direitos de propriedade? Nesse caso, deve ser feita a consulta ao
registro de imóveis, no qual constará o registro de quem verdadeira e legitimamente é o proprietário.
Imaginemos se não houvesse esse registro: a sociedade viveria em grave instabilidade e insegurança
jurídica, pois as pessoas estariam sujeitas a fraudes e golpes de toda ordem.
A autenticidade dos fatos jurídicos submetidos aos registros públicos ou ao serviço notarial
significa que, uma vez registrados, tais fatos adquirem uma presunção de veracidade, sendo
considerados verdadeiros até que se prove o contrário. Note que a autenticidade não é algo
absoluto, ou seja, incontestável, mas relativo; isso significa que pode ser contestada e retificada
sempre que necessário e quando se provar que a formalização do registro ou do ato notarial não se
deu tal como verdadeiramente ocorreu.
Nesse sentido, sobre a autenticidade conferida pelo registrador ou notário, ensina Roquetto
(2016, p. 14-15): “É a confirmação por ato de autoridade que cria uma presunção relativa de
veracidade sobre o que foi redigido ou realizado, tem relação direta com a fé pública registral, e
determina que são autênticos os atos praticados pelo tabelião ou registrador”.
Com relação à eficácia, trata-se de atributo dos atos jurídicos que possuem aptidão para
produção dos efeitos jurídicos que se esperam, tornando-se, assim, concretos e efetivos tais efeitos.
Nesse sentido “são efeitos dos fatos jurídicos as aquisições de direitos, as suas transformações, a
defesa desses direitos, bem como sua extinção” (Fernandez, 2010, p.14).
Tem-se, pois, que a eficácia está relacionada com a capacidade de produção de efeitos jurídicos e
que somente se verificam em certos casos após passarem pelo crivo do notário ou serem submetidos
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/14
ao registro público pelo registrador. Exemplo disso é a compra de um imóvel: para perfeita aquisição
dele, é necessário não só exteriorização da vontade das partes em um contrato redigido em uma
escritura pública pelo notário, mas que referido documento seja levado a registro nos termos do que
exige a lei.
Já a segurança diz respeito a um atributo do fato jurídico que se refere à certeza e à confiança na
sua ocorrência, o que deve ser sinônimo de segurança jurídica. Assim, o fato jurídico passa a ter uma
presunção a seu favor de que sua ocorrência se verificou e que todos os elementos jurídicos
necessários para que o negócio pudesse produzir efeitos foram previamente analisados tanto pelo
notário quanto pelo registrador. Cabe a estes examinar se todos os requisitos para a prática de um
fato jurídico estão sendo observados.
TEMA 5 – ATOS, FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS
É importante que possamos compreender o que são os atos jurídicos que merecem especial
proteção do Estado, visando a segurança jurídica das relações sociais. Para isso, necessitamos recorrer
ao direito civil.
Partindo do macro para o micro, iniciemos compreendendo o que seriam os fatos jurídicos em
uma acepção bem geral, o que a doutrina jurídica chama por fatos jurídicos em sentido amplo ou lato
sensu. Segundo Gonçalves (2013, p. 316): “Nem todo acontecimento constitui fato jurídico. Alguns
são simplesmente fatos, irrelevantes para o direito. Somente o acontecimento da vida relevante para
o direito, mesmo que seja fato ilícito, pode ser considerado fato jurídico.”
Assim, dos fatos da vida humana em sociedade, apenas alguns deles merecem a especial atenção
do Estado por terem sido eleitos pelo direito como “fatos juridicamente relevantes”. Fatos como o
nascimento de uma pessoa, sua morte, a celebração de um matrimônio ou de um contrato guardam
importância substancial para a vida em sociedade, merecendo a atenção do Estado por meio de suas
leis, sendo considerados pelo Direito como fatos jurídicos. Portanto, os fatos jurídicos em sentido
amplo (lato sensu) são aqueles que possuem repercussão jurídica, ou seja, deles decorrerão
consequências relevantes e que encontram no direito um regramento específico.
Ocorre que os fatos jurídicos amplamente considerados (lato sensu) podem ser divididos em
categorias, a depender da causa que os tenha originado, caso a sua origem encontre assento na
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/14
vontade humana ou não.
Os fatos jurídicos em sentido amplo que decorrem da vontade humana são conhecidos por atos
jurídicos em sentido amplo, já os fatos jurídicos em sentido amplo que não decorrem da vontade
humana são chamados de fatos jurídicos em sendo estrito (ou stricto sensu).
Fatos jurídicos em sentido estrito, sendo os fatos que não decorrem da vontade humana, são os
que independem do “querer”, constituindo-se em acontecimentos da vida que independem da
interferência humana e que, por si só, ocasionam efeitos jurídicos relevantes. Exemplos de fatos
jurídicos em sentido estrito (stricto sensu) são o nascimento e a morte.
Por outro lado, os atos jurídicos em sentido amplo são assim considerados como aqueles fatos
que dependem do “querer” humano para que surjam e produzam efeitos jurídicos, podendo ser
lícitos ou ilícitos. Conforme Gonçalves (2013, p. 318), “são ações humanas que criam, modificam,
transferem ou extinguem direitos [...]”. Exemplo disso são contratos, testamentos, casamento,
reconhecimento de paternidade, entre outros.
Esses atos jurídicos em sentido amplo podem ser ainda de duas categorias: atos jurídicos em
sentido estrito e negócios jurídicos. A diferença básica entre essas duas categorias deatos jurídicos
amplamente consideradas decorre das consequências do ato, pois que, embora ambas decorram da
vontade humana, a repercussão jurídica do ato será diferente.
Com efeito, se olharmos para o ato de casar-se (ato jurídico em sentido estrito) e para o ato de
celebrar um contrato de compra e venda (negócio jurídico), por exemplo, há significativa diferença
nas consequências jurídicas. Embora ambos tenham como causa primeira a manifestação da vontade
humana, as consequências jurídicas do casamento já estão fixadas na lei, ao passo que no contrato a
extensão das consequências pode ser igualmente objeto da vontade (querer) humano.
Podemos citar como exemplos do ato jurídico em sentido estrito o casamento e o
reconhecimento de paternidade; já em relação ao negócio jurídico, temos por exemplo os contratos,
como o contrato de compra e venda, bem como o testamento.
Assim, segundo o direito civil, podemos traçar o seguinte esquema:
Figura 2 – Esquema dos atos e fatos jurídicos
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/14
NA PRÁTICA
Falando das serventias judiciais, o trabalho delas é dar o impulso oficial aos processos judiciais.
Sabemos que, de acordo com a legislação processual, a manifestação do Poder Judiciário sobre o
“dizer o direito” ao caso concreto ocorre por meio do processo, a fim de que, para que haja justiça na
decisão, as partes envolvidas na relação litigiosa tenham direito de expor seus argumentos, bem
como de defender-se amplamente. Para isso, é necessário que se observe o princípio do devido
processo legal previsto no art. 5º, LIV, da Constituição. Há, portanto, que se controlar os processos
por meio de uma serventia, de modo que as serventias judiciais cuidam dessa movimentação do
processo, cumprindo e executando as ordens do juízo. Mas como? Redigindo os ofícios, expedindo os
mandados judiciais e os entregando ao oficial de justiça, protocolando e realizando as buscas pelos
sistemas da justiça, como Bacenjud, Renajud, entre outros.
Com relação ao controle e à fiscalização dos atos da atividade notarial e registral, importa
salientar também que, atualmente, o Conselho Nacional de Justiça tem exercido relevante papel na
regulamentação das atividades extrajudiciais, tendo editado normas que padronizam todos os
serviços extrajudiciais no território nacional. Esse conselho tem regulamentado a atividade dos
serviços extrajudiciais por meio da edição de normas visando à uniformização dos procedimentos e
práticas nos trabalhos realizados por todos os serviços de notas e registros públicos pelo Brasil.
Considerando que, sob o ponto de vista administrativo e financeiro, cada unidade de serviço notarial
ou registral é autônoma, cabendo ao titular do serviço essa administração, a uniformização de
procedimentos é extremamente necessária para que se evitem divergências e distorções profundas
nas práticas notariais e registrais.
A título de exemplo, o Conselho Nacional de Justiça editou o Provimento n. 63, de 14 de
novembro de 2017 , o qual uniformiza as certidões de nascimento, casamento e óbito em todo o[1]
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/14
país. Antes de isso ocorrer, era comum que cada serviço registral adotasse um modelo de certidão de
nascimento ou casamento, o que gerava divergências quanto às informações contidas no referido
documento, bem como em relação ao layout dele. Hoje, graças a essa uniformização, há até mesmo
um número nacional para cada registro de nascimento no país, contribuindo sobremaneira para que
se evitem fraudes e duplicidade de registros.
Além desse controle a que estão sujeitos os serviços notariais e registrais pelo CNJ, também
hierarquicamente eles se vinculam diretamente aos respectivos tribunais de justiça dos estados, que
atuam na sua fiscalização por meio da Corregedoria do Foro Extrajudicial. A função desse órgão é
normatizar a atuação dos serviços extrajudiciais no âmbito do respectivo estado, bem como fiscalizá-
los diretamente, aplicando sanções nos casos em que haja a má prestação do serviço, conforme
veremos.
Assim, os serviços notariais e de registro integram um sistema complexo de prestação de
serviços em que estão sujeitos ao controle e à fiscalização basicamente de dois órgãos do Poder
Judiciário: o Conselho Nacional de Justiça e a Corregedoria do Foro Extrajudicial (este último, no
âmbito dos respectivos estados).
FINALIZANDO
Nesta aula, pudemos estudar os tipos de serventias – judicial e extrajudicial – compreendendo a
diferença que há entre ambos os serviços, sendo as serventias judiciais aquelas que prestam auxílio
operacional na execução das atividades típicas do Poder Judiciário. Por sua vez, as serventias
extrajudiciais, embora atuem sob a supervisão do Poder Judiciário, não desempenham atividades
judiciais, mas, sim, relacionadas aos serviços de registros públicos, notariais e de protestos de títulos.
Também foi possível compreender por que o uso da terminologia cartório para designar os
serviços extrajudiciais é inadequado desde a entrada em vigor da atual Constituição Federal, de 1988.
Verificamos que a organização dos serviços extrajudiciais deve ficar a cargo dos estados-
membros da Federação, mais especificamente são os Tribunais de Justiça dos estados que realizam a
organização desses serviços e mantêm a fiscalização sobre eles.
Os objetivos dos serviços extrajudiciais, como verificado, é conferir autenticidade, segurança,
eficácia e publicidade aos atos jurídicos que devem ser submetidos ao registrador ou notário. Por fim,
9/25/2020 UNINTER - ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/14
pudemos compreender que os fatos jurídicos relevantes para o direito que exigem o controle por
meio dos registros públicos ou da necessidade de que sejam submetidos ao crivo do notário.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
______. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 19 nov. 1994.
FERNANDEZ, A. C. Direito civil: fatos jurídicos. Caxias do Sul: Educs, 2010.
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
LUZ, V. P. da. Dicionário Jurídico. Barueri: Manole, 2014.
RICCITELLI, A. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição. 4. ed. Barueri: Manole,
2007.
ROQUETTO, C. Leis notariais e registrais. São Paulo: Rideel, 2016.
 Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2525>.[1]

Outros materiais