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Pneumologia – Ana Letícia P Asma grave Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que se manifesta clinicamente por episódios recorrentes de dispnéia, sibilância, constrição torácica e tosse. É caracterizada por hiper-responsividade brônquica e obstrução variável do fluxo aéreo, reversível espontanea-mente ou com o tratamento. Geralmente, a deterioração progride ao longo de horas, dias ou até semanas. EPIDEMIOLOGIA 350 milhões de pessoas 10% da população do Brasil Anualmente ocorre em cerca de 350000 internações por asma no Brasil 2000 taxa de mortalidade 2,29/100.000 de habitantes admitidos na UTI, com mortalidade média de 8,3% Aqui em Manaus ocorre em 15% da população. FISIOPATOLOGIA A crise de asma é causada por diferentes gatilhos que induzem inflamação nas vias aéreas e provocam broncoespasmo. Fatores desencadeantes: Alérgenos inalatórios Alimentos Aditivos Infecção viral das vias aéreas Poluentes atmosféricos Exercício físico Mudanças climáticas Drogas estresse emocional Qualquer que seja o fator desencadeante, a via final comum desse processo resulta em contração da musculatura lisa das vias aéreas, aumento na permeabilidade capilar, extravasamento capilar, edema e espessamento da mucosa brônquica. A inflamação brônquica + aumento do tônus brônquico → estreitamento variável das vias aéreas → resistência ao fluxo aéreo, hiperinflação pulmonar e desuniformidade ventilação/ perfusão. A insuficiência respiratória é consequência do aumento do trabalho respiratório, da troca gasosa ineficaz e da exaustão dos músculos respiratório. ETIOLOGIA Infecção: → viral 80% - IVAS → bacteriana atípicos - Rinossinusite Alérgenos: → Aero- alérgeno →Alimentos Exposição: →ocupacional →ambiental →drogas Outros: fatores não pulmonares DEFINIÇÃO DE ASMA GRAVE Abordagem e tratamento da asma grave em pacientes acima dos 6 anos de idade. Nessa diretriz, ficou definido que asma grave é aquela que requer tratamento baseado na GINA, em suas etapas (steps) 4 ou 5: Fez uso no último ano de corticosteroide inalado em alta dose associado a outro controlador: Beta-2 de longa ação anti-leucotrieno teofilina Ou corticosteroide oral em pelo menos metade do último ano. São pacientes que necessitam desse nível de tratamento para evitar descontrole da doença ou permanecessem descontrolados. Controle pobre da asma, ACQ maior que 1,5 Duas ou mais exacerbações no último ano (uso de corticosteroide sistêmico por mais de 3 dias). Fatores genéticos, exposição alérgenos ou irritantes e outros fatores específicos Inflamação crônica Hiperresponsividade brônquica Limitação variável ao fluxo aéreo Episódios de tosse, dispnéia, sibilância, aperto no peito Pneumologia – Ana Letícia P Uma exacerbação grave no último ano (hospitalização, internação em Unidade de Terapia Intensiva ou necessidade de Ventilação Mecânica). Limitação ao fluxo aéreo (VEF1 < 80% do predito após broncodilatador na presença de relação VEF1/CVF reduzida). Critérios de “não controle” da asma a serem utilizados na definição de asma grave* 1. Asma “não controlada” pelas diretrizes GINA 2. Duas ou mais exacerbações no último ano (uso de corticosteroide sistêmico por mais de 3 dias) 3. Uma exacerbação grave no último ano (hospitalização, internação em Unidade de Terapia Intensiva ou necessidade de Ventilação Mecânica) 4. Limitação ao fluxo aéreo (VEF1 < 80% do predito após broncodilatador na presença de relação VEF1/CVF reduzida) Critérios de controle da asma 1. Sintomas diurnos de asma no máximo 2 vezes por semana 2. Nenhum despertar noturno 3. Uso de medicação de resgate no máximo 2 vezes por semana (exceto para medicação de alívio antes de atividade física) 4. Nenhuma limitação de atividades pela asma Assim, serão considerados controlados os pacientes que preencham todos os critérios descritos, nas últimas 4 semanas. Pacientes que não preencherem 1 ou 2 desses critérios devem ser considerados parcialmente controlados e aqueles com 3 ou 4 dos itens não atendidos são considerados não controlados. Asma grave Asma que requer tratamento baseado na GINA, em suas etapas 4 ou 5 no último ano ou corticosteroide oral em pelo menos metade do último ano ou ainda que perdem o controle com redução de medicação. Asma refratária Asma que persiste não controlada nas etapas 4 ou 5, após extensa avaliação do diagnóstico correto, adesão ao tratamento, comorbidades, fatores ambientais e acompanhamento adequado por um período de, no mínimo, 6 meses. Asma de difícil controle Asma que apesar do tratamento pleno nas etapas 4 ou 5 não atinge o controle da doença, ou asma que requer a utilização de corticosteroides sistêmicos continuamente por pelo menos 6 meses no ano. OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA O PACIENTE COM ASMA GRAVE O diagnóstico de asma grave é feito pela falta de controle satisfatório da asma, apesar do tratamento farmacológico com corticosteroide inalado em doses altas associado com outro medicamento de controle: broncodilatador de longa ação –Beta-2 Agonista antagonista de receptor de leucotrieno. antimuscarínicos de longa ação São recomendados nas etapas 4 e 5 do tratamento, para pacientes com idade igual ou superior a 12 anos. O anticorpo monoclonal anti-IgE (omalizumabe) faz parte da etapa 5 do tratamento e é recomendado para pacientes sem controle clínico adequado na etapa 4, com idade igual ou superior a 6 anos. é efetivo na redução das exacerbações e hospitalizações em pacientes com asma grave e aumenta a possibilidade de redução ou suspensão do corticosteroide inalado. Outras opções terapêuticas Corticosteroide oral em baixas doses (≤ 7,5 mg/ dia de prednisona ou equivalente), Teofilina de liberação lenta Termoplastia brônquica MANEJO NA SALA DE EMERGÊNCIA Diagnóstico Avaliação da gravidade Tratamento Rastreamento de complicações Definição do local onde se realizará a complementação terapêutica DIAGNÓSTICO O diagnóstico da crise de asma aguda na sala de emergência. O paciente apresenta-se com algum grau de dispneia, desconforto torácico e sibilância, às vezes acompanhados de tosse e expectoração. Os sintomas apresentam duração variável de horas a dias, porém com exacerbação nas últimas horas. AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE Identificar o paciente de maior risco que requer monitorização e tratamento mais agressivo para evitar a insuficiência respiratória e morte. Identificação do asmático de risco Pneumologia – Ana Letícia P Crise grave prévia com necessidade de ventilação mecânica ou internação em unidade de tratamento intensivo. Acidose respiratória sem necessidade de intubação 3 ou mais visitas à emergência 2 ou mais hospitalizações por asma nos últimos 12 meses. Uso frequente de corticosteróides sistêmicos Uso de 2 ou mais frascos de aerossol dosimetrado de broncodilatador por mês Problemas psicossociais [ por exemplo, depressão, baixo nível sócio econômico, dificuldade de acesso à assistência Falta de aderência à tratamentos prévios Presença de comorbidades [ doença cardiovascular ou psiquiátrica] Asma lábio, com marcas várias ações de função pulmonar [ maior que 30% do PFE ou do VEF1 ] Má percepção do grau de obstrução Hospitalização no último mês O maior risco para um desfecho fatal da crise é a necessidade prévia de intubação e ventilação mecânica Gravidade no exame clínico Postura em pé, com incapacidade de assumir a posição supina. Gravidade da limitação do fluxo aéreo Frequência cardíaca maior que 120bpm FR 30 ipm, pulso paradoxal 12 mmHg Incapacidade de falar Fala monossilábica Uso da musculatura acessória da respiração Sudorese Tórax silencioso Cianose Alteração do sensório O médico não deve confiar apenas nos parâmetros clínicos para a avaliação da gravidade da exacerbação da asma, pois a estimativa clínica tende a subestimar o grau de limitação do fluxo aéreo É necessária uma determinação objetiva da gravidade da obstrução do fluxo aéreo na asma aguda. Ela pode ser realizada pela medida do pico de fluxo expiratório (PFE) ou pela espirometria. Eles fornecem dados objetivos para avaliar a gravidade da crise, quantificar a resposta ao tratamento e decidir sobre a internação hospitalar. Gasometria arterial estará indicada quando a SpO2 for ↓ 92% na avaliação inicial em ar ambiente, quando houver deterioração clínica a despeito do tratamento broncodilatador pleno ou na iminência de intubação e ventilação mecânica. TRATAMENTO Manter adequada saturação de oxigênio arterial através da suplementação de oxigênio Aliviar a obstrução do fluxo aéreo através de repetidas administrações de broncodilatadores Reduzir a inflamação das vias aéreas Prevenir futuras recidivas com a administração de corticosteroides sistêmicos Oxigenoterapia: oxigênio deve ser administrado imediatamente para todos os pacientes com asma aguda que apresentarem SpO2 menor que 92%, através de cânula nasal com fluxo de 2 a 3 l/min. Casos mais graves: fluxos mais elevados de 4 a 5 l/min ou máscara de Venturi. MOV: Monitorização, Oxigênio e Veia Pneumologia – Ana Letícia P A oxigeno terapia deverá ser monitorizada pela oximetria de pulso. OBS: pacientes com comorbidades como doença cardíaca, ou pacientes gestantes, a SpO2 deve ser mantida acima de 95%. Broncodilatadores beta2-agonistas de curta ação: primeira linha para o tratamento da crise asmática sendo que a administração inalatória é a via de eleição. adm por meio de: Aerossol dosimetrado (spray) Nebulizador a fluxo contínuo de ar comprimido. (incidência maior de tremor, palpitações e ansiedade). Indicado: pacientes graves ou sem coordenação motora Ambos produzem broncodilatação As doses preconizadas são: anticolinérgicos: são broncodilatadores menos potentes e com início de ação mais lento do que os beta2- agonistas de curta ação. pode ser utilizado junto com fenoterol na asma aguda grave na sala de emergência em crianças e adultos com VEF1 menor que 50% do previsto. - Quem vai tirar o paciente do broncoespasmo é o broncodilatador!!! Corticosteroides sistêmicos: É a única medicação que evita a recidiva dos sintomas e reduz a taxa de hospitalização, sendo importante seu uso ainda na primeira hora da crise asmática. Indicado: caso sem resposta imediata, ou uso recente de corticóide ou crise grave a ação inicial dele é reduzir o edema inflamação, o pico de ação dele é por volta de 6 horas depois. Sulfato de magnésio: diminui as taxas de internação e melhora a função pulmonar, diminuir a necessidade de intubação e ventilação mecânica. Entretanto, seu uso permanece controverso. Outras medicações Adrenalina Beta 2 agonista em BIC Metilxantinas Hélio: é uma mistura de hélio e oxigênio Halotano Antagonista de leucotrieno MANEJO Indicações de hospitalização PF menor que 40% Sintomas severos Condições psicossociais Uso prévio de corticóide Reavaliar em 1 hora Exame físico PFE ou VEF1 Saturação de oxigênio O que esperar após reavaliar? Resposta ótima: quando está evoluindo bem, sem dispneia, com boa saturação, exame físico sem chiado torácico Resposta incompleta: ainda persiste com os sintomas, tem alguma alteração na ausculta cardíaca, saturação borderline. Assim deve utilizar é um tratamento. Tratamento: Beta 2 agonista e anticolinérgico inalatório Corticóide sistêmico Magnésio endovenoso Monitora PF, saturação de oxigênio, frequência cardíaca. Antecedentes de alto risco Exame físico: sintomas leves ou moderados PF entre 50-70% do predito Saturação de O2 90% 10 a 20 gotas de fenoterol em 3- 5 ML de soro fisiológico ou 4- 8 Puff de salbutamol A cada 20 min na 1ª hora Após, de hora em hora até melhora clínica e funcional Brometo de ipatrópio 20 a 40 gotas associadas ao SF 0,9% ou 4 a 8 jatos Doses 20-60 mg de metilprednisolona - EV (6/6 h) ou; 20-60 mg de prednisolona – VO (6/6 h) MgSO4 a 10% 20 ML ou MgSO4 20% 10 ml em 50 ml 20 minutos (até 2x) Diluídos em SF 0,9% EV Pneumologia – Ana Letícia P Sem resposta: Tratamento na UTI Beta 2 agonista (Salbutamol) e anticolinérgico inalatório Corticóide sistêmico Considerar a beta 2 adrenérgico ou aminofilina EV Considerar IOT e VM Intubação endotraqueal e ventilação mecânica: Na ausência das indicações absolutas, a intubação endotraqueal só deverá ser realizada após uma tentativa de tratamento broncodilatador em doses plenas. A acidose respiratória, isoladamente, sem levar em conta o curso evolutivo da crise, não é indicador de intubação endotraqueal. INDICAÇÕES Parada respiratória ou cardiorrespiratória Esforço respiratório progressivo e sinais de fadiga Alterações grave do estado de consciência [agitação ou sonolência] Retenção progressiva de gás carbônico Hipoxemia não corrigida pela suplementação de oxigênio com máscara (PaO2 menor que 60 mmHg ou saturação de O2 menor que 90%) Protetora, para evitar complica ações como: FR 7 – 11 Tempo de inspiração curto Baixa o volume corrente RASTREAMENTO DE COMPLICAÇÕES Exames complementares Gasometria: sinais de gravidade, PF menor que 30% após tratamento ou SaO2 menor que 93% Radiografia de tórax: possibilidade de pneumotórax, pneumonia ou necessidade de internação por crise grave Hemograma: suspeita de infecção, neutrófilos aumentam um quadro horas após o uso de corticosteróides sistêmicos Eletrólitos: coexistência com doenças cardiovasculares, uso de diuréticos ou altas doses de beta2agonistas, especialmente se associadas a xantinas e corticosteróides. CONCLUSÃO Medidas terapêuticas iniciais com beta 2 agonistas, corticosteróide e anticolinérgico Sulfato de magnésio em casos moderados é graves Reavaliação frequente para direcionamento terapêutico.
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