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731_Gestão dos Espaços Educativos e Prática

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Gestão dos Espaços Educativos e Práticas
SEMESTRE 6
Créditos e Copyright	
BETLINSKI, Carlos
Gestão dos Espaços Educativos e Práticas. Carlos Betlinski: Núcleo de Educação a  Distância da UNIMES. Santos, 2009. 156p. (Material didático. Curso de Licenciatura em Pedagogia).
Modo de acesso: www.unimes.br                 
1. Pedagogia 2. Gestão 3. Gestão dos Espaços Educativos e Práticas
CDD 371.102
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) Unimes Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PLANO DE ENSINO
CURSO: Licenciatura em Pedagogia
COMPONENTE CURRICULAR: Gestão dos Espaços Educativos e Prática
SEMESTRE: 6º
CARGA HORÁRIA TOTAL: 120h/a – teórica: 20h/a – prática: 100h/a
 
EMENTA: 
A disciplina Gestão de Espaços Educativos e Práticas prioriza em seu currículo a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Propõe um olhar crítico sobre o cotidiano escolar e o exercício da gestão democrática, participativa. A partir da escuta dos sujeitos e da observação da prática, as intervenções planejadas devem ter o respaldo teórico que emergirá da pesquisa, em movimento dialético (práxis). Portanto, essa será a metodologia preponderante nas atividades avaliativas propostas.
OBJETIVO GERAL:
Promover condições para que o aluno aproprie-se de conhecimentos e habilidades para o exercício das atividades de gestão, elaboração, acompanhamento e avaliação de projetos, dos sistemas de ensino, escolas e outros espaços educativos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
UNIDADE I: Introdução à Gestão.
- Analisar a função social e política das instituições educativas;
- Conceituar gestão escolar de outros espaços educativos, diferenciando-a de outros conceitos próximos, tais como administração e direção escolar.
- Apresentar e debater sobre as funções da gestão em diferentes espaços educativos, com preferência para a gestão escolar.
- Refletir sobre a gestão dos espaços educativos em sua dimensão política e não apenas entendê-la como instrumento técnico.
- Perceber as dimensões política e pedagógica da gestão/administração.
- Conhecer os princípios e propósitos das teorias científica, clássica e teorias recentes de administração.
UNIDADE II: Estilos de Gestão Educacional.
- Caracterizar diferentes estilos de gestão praticados na realidade educacional brasileira;
- Compreender os fundamentos políticos e pedagógicos de cada estilo de gestão;
- Refletir e analisar as vantagens da prática da gestão democrática nas instituições educacionais;
- Entender a especificidade do fenômeno da educação escolar e a necessidade de uma prática de gestão que se diferencie dos modelos empresariais.
- Situar a função de direção escolar como processo de gestão.
- Conhecer diferentes políticas de inovação educativa.
UNIDADE III: Gestão Democrática
- Compreender os princípios e fundamentos da gestão democrática considerando os princípios de direitos humanos;
- Propor a equidade como princípio das relações pedagógicas, respeitando a diversidade cultural e étnico-racial;
- Refletir sobre a dimensão da formação para o exercício da cidadania nos espaços educacionais como condição para uma educação de qualidade.
- Visualizar as questões implícitas da gestão democrática, tais como: sentido da participação, exercício do poder e constituição do interesse público;
- Conhecer o modelo de gestão colegiada através do Conselho Escolar como processo de viabilização da ordem democrática nas instituições educacionais.
- Formar um conceito de participação e perceber suas diferentes formas de manifestações.
UNIDADE IV: Instrumentos de Gestão Escolar e metodologia para projetos de organizações da sociedade civil
- Conhecer os instrumentos de gestão escolar e seu processo de elaboração e funcionamento;
- Perceber a necessidade do trabalho coletivo e as atribuições dos gestores na condução do planejamento e execução da Proposta Pedagógica e do Plano de Gestão Escolar;
- Compreender o processo histórico e necessidade da gestão social a partir do terceiro setor.
-Desenvolver noções básicas sobre a metodologia de elaboração de projetos para organizações da sociedade civil;
UNIDADE V: Liderança e trabalho em equipe
-Saber o que é liderança e seus desdobramentos no contexto do trabalho coletivo das instituições educacionais;
-Analisar as principais características e comportamentos de uma liderança humanista e democrata;
- Entender as vantagens e o processo de constituição do trabalho em equipe;
- Perceber as necessidades e as vantagens do trabalho em equipe nas instituições educativas.
- Compreender o processo de constituição das equipes.
UNIDADE VI: Instrumentos de Gestão Escolar e metodologia para projetos de organizações da sociedade civil.
- Conhecer os instrumentos de gestão escolar e seu processo de elaboração e funcionamento;
- Considerar na gestão administrativa e pedagógica como diminuir os impactos ambientais do próprio funcionamento da escola e garantir que essa questão esteja presente no currículo;
- Perceber a necessidade do trabalho coletivo e as atribuições dos gestores na condução do planejamento e execução da Proposta Pedagógica e do Plano de Gestão Escolar;
- Compreender o processo histórico e necessidade da gestão social a partir do terceiro setor.
-Desenvolver noções básicas sobre a metodologia de elaboração de projetos para organizações da sociedade civil.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
UNIDADE I: Introdução à Gestão
Concepção de escola e reflexão sobre a criação de outros espaços educativos
Teorias: científica, clássica e teorias recentes de administração
Conceito de administração escolar, gestão e direção escolar
Funções da gestão escolar
Dimensão política e pedagógica da gestão escolar e de outros espaços educativos
UNIDADE II: Estilos de Gestão Educacional.
Gestão: Técnico-científica, auto-gestionária, democrático-participativa e representativa
Gestão capitalista e gestão escolar
Escola e comunidade escolar
O diretor como gestor
Estilos de inovação educativa
UNIDADE III: Gestão Democrática.
Princípios da ordem democrática para a prática da gestão educacional e respeito aos Direitos Humanos
Espaços educativos e diversidade étnico-racial e cultural brasileira
Organograma do estilo de gestão democrática
O Conselho Escolar e sua função no contexto da gestão democrática
Participação e autonomia na escola
Processo de cooperação e interação profissional
Qualidade na educação escolar
UNIDADE IV: Instrumentos de Gestão Escolar e metodologia para projetos de organizações da sociedade civil.
Projeto Político-Pedagógico
Educação ambiental no Projeto Político-Pedagógico
Plano Escolar
Regimento Escolar
Educação não-formal e terceiro setor
Metodologia para projetos das organizações da sociedade civil.
UNIDADE V: Liderança e trabalho em equipe
Conceito e papel da liderança no processo de gestão escolar e de outros espaços educativos
Princípios da liderança servidora
O que é e como se constitui uma equipe
Gestão da formação coletiva dos professores
O diretor como líder pedagógico
UNIDADE VI: Psicologia aplicada à administração 
Composição da personalidade
Estados de Ego
Comportamento assertivo
Confrontação positiva
Bibliografia Básica
KLIPEL, Sandra Regina. A prática da gestão democrática no ambiente escolar. Curitiba: Intersaberes, 2012.
HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola: Artes e ofícios da participação coletiva. Campinas/ SP: Papirus, 1994. 
VEIGA, Ilma Passos A. Projeto político-pedagógico da escola. Campinas, SP: Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
 
Bibliografia Complementar:
BARTINIK, Helena Leomir de Souza. Gestão educacional.Curitiba: InterSaberes, 2012 (Série Formação do Professor)
CORTELLA, Mario Sergio. Política para não ser idiota. Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2013.
FARFUS, Daniele. Espaços educativos: um olhar pedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo: Ática, 2007. 
SOARES, Marcos Aurélio Silva. O Pedagogo e a organização do trabalho pedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico.
METODOLOGIA:
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
Sumário
Aula 01_Concepção de escola e criação de outros espaços educativos	12
Aula 02_A escola como organização aprendente	16
Aula 03_Conceitos de Administração, Direção e Gestão Escolar	20
Aula 04_Conceito e funções da Gestão Escolar	23
Aula 05_Campo de ação e exigências dos gestores nas instituições educativas	25
Aula 06_O que é administração escolar?	28
Aula 07_Dimensão política e pedagógica da gestão da escola e de outros espaços educativos	30
Aula 08_Teoria de Administração Científica	33
Aula 09_Teoria Clássica de Administração	36
Aula 10_Mudanças nas teorias de Administração: enfoques recentes.	41
Resumo_Unidade I	46
Aula 11_Modelos e processos de organização da escola	49
Aula 12_Tendências ou estilos de Gestão Educacional-A Concepção Técnico-científica	53
Aula 13_Concepção de gestão autogestionária	56
Aula 14_Concepção de gestão Democrático-participativa	58
Aula 15_Concepção de Organização e Gestão Interpretativa	62
Aula 16_O diretor como gestor da escola	65
Aula 17_Processos e experiências de inovação educativa	68
Aula 18_Processos e experiências de inovação educativa - II	72
Resumo_Unidade II	76
Referências Bibliográficas	78
Aula 19_Organização da gestão democrática	79
Aula 20_Gestão Democrática e o processo de interação / cooperação na escola	84
Aula 21_Participação e Autonomia: dois princípios da gestão democrática	87
Aula 22_Participação na gestão das instituições educativas	90
Aula 23_Gestão e autonomia da unidade escolar	92
Aula 24_Gestão como mediação para a qualidade da educação pública	96
Aula 25_A cultura organizacional na escola	99
Aula 26_Instrumentos de gestão escolar	103
Resumo_Unidade III	107
Aula 27_Plano de Gestão Escolar	110
Aula 28_Regimento Escolar	114
Aula 29_O Projeto Político-Pedagógico como inovação emancipatória ou regulatória	116
Aula 30_O projeto político-pedagógico como instrumento de inovação emancipatória	120
Aula 31_Gestão da Educação não-formal e sua vinculação com a escola	124
Aula 32_Gestão de projetos sociais	131
Aula 33_Noções básicas sobre elaboração de projetos para organizações da sociedade civil	134
Aula 34_Roteiro para elaboração de projetos para organizações da sociedade civil - I	138
Aula 35_Roteiro para elaboração de projetos para organizações da sociedade civil - II	142
Aula 36_Liderança	146
Resumo_Unidade IV	149
Aula 37_O diretor como líder pedagógico	152
Aula 38_O diretor como líder do processo de inovação do trabalho escolar.	154
Aula 39_Trabalho coletivo na escola	158
Aula 40_Educação para a democracia como condição para a qualidade educacional	161
Aula 41_Desafios da escola e gestão da formação do professor no mundo contemporâneo.	162
Aula 42_O que é uma equipe?	168
Aula 43_Trabalho em equipe	172
Aula 44_Liderança e motivação da equipe escolar	176
Aula 45_Análise transacional	180
Aula 46_Comportamento assertivo	185
Resumo_Unidade V	188
Aula 47_Confrontação positiva	192
Aula 48_Mensagem de encerramento	195
Resumo_Unidade VI	197
Núcleo de Educação a Distância
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
	
Aula 01_Concepção de escola e criação de outros espaços educativos
  
Torna-se fundamental, no primeiro encontro de nossa disciplina, tratar da concepção da escola que se deseja para a sociedade contemporânea marcada por permanentes transformações e desafios.
Ressalta-se que, além da escola, a sociedade atual é composta por outras entidades que também executam atividades educativas, tais como as ONGs (Organizações Não Governamentais), Fundações, Institutos, Sindicatos, Igrejas etc.
Será nesses espaços educativos que atuará o gestor educacional, desempenhando funções de planejamento, organização, motivação e avaliação, como veremos na próxima aula.
Quanto à concepção de escola, numa visão tradicional era vista como um espaço fechado de transmissão de conhecimento, apenas local de ensino-aprendizagem e de disciplinamento das mentes e dos corpos. Por conta das transformações que ocorreram em escala mundial, a escola também precisou ser repensada e, mais do que isto, atualizar-se frente à nova realidade da sociedade globalizada.
Libâneo (2001) destaca que as transformações ocorreram em diferentes setores sociais, políticos, econômicos, culturais e geográficos. Os principais aspectos dessa mudança são:
- Notáveis avanços tecnológicos na microeletrônica, na informática, nas telecomunicações, na automação industrial, na biotecnologia, na engenharia genética, entre outros;
- Globalização da sociedade, internacionalização do capital e dos mercados, reestruturação do sistema de produção e do desenvolvimento econômico;
- Difusão maciça da informação, produção de novas tecnologias da comunicação e da informação, afetando a produção, circulação e consumo da cultura;
- Mudanças nos processos de produção, na organização do trabalho, nas formas de organização dos trabalhadores, nas qualificações profissionais;
- Alterações nas concepções de Estado e das suas funções, prevalecendo o modelo neoliberal de diminuição do papel do Estado e fortalecimento do mercado;
- Mudanças no paradigma da ciência e do conhecimento, influindo na pesquisa, na produção de conhecimento, nos processos de ensino e aprendizagem;
- Agravamento da exclusão social, aumento da distância social e econômica entre incluídos e excluídos dos novos processos de produção e das novas formas de conhecimento. (LIBÂNEO, 2001, p. 33-34)
 
Com o advento da tecnologia e da informação, somando-se a estes os problemas sociais que se colocam como novas tarefas para as instituições educativas, a função social, ou seja, o papel da escola precisou se alterar. Com isso, a concepção de escola também foi modificada.
Hoje, a escola precisa ser concebida como espaço de criação, divulgação de cultura, espaço público de vivência de cidadania, local vivo e dinâmico de múltiplas culturas, com  experiências de construção de diferentes saberes.
Como consequências dessas transformações, principalmente em relação ao papel social do Estado, numa concepção neoliberal, pretende-se hoje, um Estado mínimo, enxuto, gerenciador e determinador das políticas sociais e econômicas.
Portanto, o Estado transfere, cada vez mais, responsabilidades para a sociedade civil. Desta forma, a partir da década de 1990, tivemos um aumento exorbitante de Organizações da Sociedade Civil: ONGs, Fundações, Institutos, dentre outras, que, em parcerias com o Estado ou em substituição ao papel do Estado, estão sendo implementadas para desenvolver projetos assistenciais nos mais diferentes setores da sociedade. Grande parte dessas entidades desenvolve projetos educativos, principalmente de educação não formal, mas também de educação formal.
 
Qual é a escola necessária para esses novos tempos?Quais serão as funções sociais da escola frente a tantos desafios sociais?
A escola vai se convertendo num ‘espaço síntese’, num centro cultural e de vivência interativa. ‘A escola de hoje não pode limitar-se a passar informação sobre as matérias, a transmitir o conhecimento do livro didático’.
Ela é mais uma síntese entre a cultura experienciada que acontece na cidade, na rua, nas praças, nos pontos de encontro, nos meios de comunicação, na família, no trabalho e a cultura formal que é o domínio dos conhecimentos, das habilidades de pensamento. Nela os alunos aprendem a atribuir significados às mensagens e informações recebidas de fora, dos meios de comunicação, da vida cotidiana, das formas de educação proporcionada pela cidade, pela comunidade. (LIBÂNEO, 2001, p.41)
Sendo espaço de vivência e de problematização cultural, a escola no desempenho do seu papel social terá, conforme propõe o mesmo autor, os seguintes objetivos:
-Desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas dos alunos (processos mentais, estratégias de aprendizagens, habilidades do pensar, pensamento crítico), por meio dos conteúdos escolares;
- Desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade e imaginação;
- Preparação para o processo produtivo e para o mundo tecnológico e comunicacional;
- Formação para a cidadania crítica, isto é, um cidadão-trabalhador capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas para integrar o mercado de trabalho;
- Formação ética. (LIBÂNEO 2001, p. 42)
 
Considerando-se as colocações anteriormente expostas, concluímos que as instituições escolares e de outras entidades que desenvolvem projetos educativos precisam ser compreendidas como realidades complexas que acompanham o desenvolvimento histórico da sociedade, sofrendo influências dos diversos setores (políticos, econômicos, culturais, tecnológicos etc.) e atingindo a organização pedagógica e administrativa dessas instituições tornando-as realidades desafiadoras e em permanente transformação.
Aula 02_A escola como organização aprendente
  
No contexto da sociedade globalizada, na sociedade da informação e do conhecimento, a escola ainda pode ser vista como uma instituição acomodada, conservadora, imutável e burocrática? 
Ou será que a escola pode ser vista e entendida como uma organização dinâmica, flexível, ou seja, como uma comunidade aprendente?           
O objetivo desta aula é conceituar “escola aprendente”, e apontar alguns caminhos que percorrem as escolas que se tornam aprendentes.
 
Alguns autores que pesquisam as organizações, como Donald Schön, Andy Hargreaves e Peter Senge, dentre outros, contribuíram para aprofundar o conceito de “escola reflexiva”, isto é, a escola que gera conhecimento sobre si própria, como escola específica e, desse modo, contribui para o conhecimento sobre essa instituição chamada Escola. (Alarcão, 2001, p.15) 
Esta definição está ancorada na concepção de professor reflexivo, mas ela é ampliada a todas as pessoas e circunstâncias que habitam a comunidade escolar. Uma escola que pensa por si própria não ignora os seus problemas, pelo contrário, envolve todos os seus membros nos processos de tomada de decisão e de solução, reconhecendo, por esta via, a aprendizagem que para eles daí resulta. (Alarcão 2001, p. 25)
 
A organização escolar não pode mais ser vista como o somatório do desenvolvimento individual, mas como soma das permanentes interações de todos os elementos que compõem a organização e o contexto que lhe é afeto, sendo este o que lhe condiciona ou que lhe estimula.
 
Explicando um pouco mais, pode-se dizer que a escola reflexiva é a escola de pessoas, com pessoas e para pessoas que se reconhecem na sua história de vida coletiva, única, que não se repete no espaço de sua memória. A escola reflexiva se reconhece também no seu desejo de evoluir, de se qualificar, pois ao qualificar pessoas entende que também se qualifica. 
As escolas reflexivas reservam espaço e tempo para promover o desenvolvimento qualitativo da organização escola e dos que nela realizam o seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa através de aprendizagens individuais e coletivas incluindo a formação de todos os seus agentes. As lideranças são reconhecidas, fortes e estimulantes e preocupam-se com a solução dos problemas numa perspectiva sistêmica, em contextos de discussão e formas de participação democráticas e solidárias.
 
O que são escolas aprendentes? Quais os caminhos que seguem para que se tornem escolas aprendentes?
 
Sem dúvida essas escolas aprendem a negociar, a gerir conflitos e divergências, aprendem a aceitar e a conviver com as diferenças, com a complexidade do conhecimento, além de abrir as portas para a solidariedade. São escolas abertas à aprendizagem, interrogam, fazem diagnósticos precisos para que possam orientar suas ações.
 
A escola como comunidade crítica de aprendizagem, na singularidade do seu contexto e na especificidade do seu projeto, segundo Santos Guerra, mostra que: “para aprender de forma eficaz é preciso ter vontade de agir, olhos bem abertos para ver, a mente desperta para analisar e o coração disposto para assimilar o aprendido.”  (2001, p. 12)
 
Segundo o mesmo autor, a escola não deve centrar-se apenas em prescrições e regulamentos, deve, antes, preocupar-se em desenvolver diferentes tipos de inteligências, a saber:
 
1-Inteligência contextual: capacidade de autocrítica relativamente ao seu contexto e aos contextos mais vastos em que se integra e justifica;
2- Inteligência estratégica: capacidade de planejar, desenvolver e avaliar projetos adequados às suas necessidades;
3- Inteligência acadêmica: capacidade de promover a qualidade curricular, em especial, e gerar altas expectativas nos alunos, considerando simultaneamente que a aprendizagem dos alunos está intimamente ligada à atuação dos professores;
4- Inteligência reflexiva: capacidades e competências que possibilitam o controle, a reflexão e a avaliação de todos os níveis da instituição;
5- Inteligência pedagógica: capacidade de analisar o processo de aprendizagem centrando-se no objetivo fundamental da sua missão;
6- Inteligência colegial: capacidade de o corpo docente trabalhar em conjunto na procura de um fim comum;
7- Inteligência emocional: capacidade da escola em dar voz aos sentimentos, emoções e afetos. Este tipo de inteligência é fundamental para a aprendizagem porque sustenta o pacto entre os membros da comunidade.
8- Inteligência espiritual: capacidade de valorizar a vida pessoal de cada indivíduo;
9- Inteligência ética: capacidade de reconhecer a dimensão moral, axiológica. (SANTOS GUERRA, 2001, p. 40).
 
A aprendizagem escolar supõe o diálogo, o intercâmbio e a união de seus membros numa comunidade crítica para o desenvolvimento desses diversos tipos de inteligência, além do desenvolvimento e assimilação de capacidades, competências e procedimentos encaminhados para a compreensão e melhoramento do mundo.
O compromisso moral e intelectual com a ação e as relações interpessoais enriquecedoras são outras marcas da organização aprendente. É fundamental saber para onde se caminha, a consciência de suas características humanas, suas especificidades e de sua alteridade, de sua natureza, de sua flexibilidade, de sua motivação e, principalmente, das exigências que lhe faz o mundo, a nação e o contexto local.
 
Como recomenda Santos Guerra (2001), vale a pena “tornar visível o quotidiano da escola, ou seja, avaliá-la, sistematicamente, em todas as suas dimensões, mesmo que para tal seja necessário observá-la a partir dos seus bastidores e ouvir-lhe o pulsar do coração”.
 
Aula 03_Conceitos de Administração, Direção e Gestão Escolar
  
O objetivo desta aula é esclarecer as diferentes denominações utilizadas para se referir àqueles que desempenham funções de dirigentes das instituições educativas. 
Apresentaremos essas diferentes denominações, o contexto e as demandas em que cada uma delas foi gerada. 
Existe uma larga confusão em relação aos termos utilizados para se referir aos profissionaisque atuam no contexto das escolas e de outras instituições educativas. 
Os termos gestão da educação e administração da educação são utilizados na literatura educacional ora como sinônimos, ora como termos distintos. Algumas vezes, gestão é apresentada como um processo dentro da ação administrativa, em outras, seu uso denota a intenção de politizar essa prática. Apresenta-se também como sinônimo de “gerência”, numa conotação neotecnicista e, em discursos mais politizados, gestão aparece como a nova alternativa para o processo político-administrativo da educação.
 
Por vezes confundida com administração, gestão refere-se a processos, políticas e ações administrativas, em cuja articulação destaca-se o gestor educacional.
 
A gestão, enquanto ação mediadora entre as diretrizes educativas e os sujeitos implicados no processo educacional - alunos, professores, diretores, técnicos, pais - é também conteúdo da educação, pelas relações pedagógicas que se desencadeiam nessa mediação.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio, gestão significa gerência, administração e ato de gerir. A origem do termo gestão vem de gestio, que, por sua vez, vem de gerere (trazer em si, produzir). Assim considerando, gestão não significa apenas o ato de administrar um bem fora de si (alheio), significa também trazer para si algo, porque nele está compreendido. E o conteúdo deste bem é a própria capacidade de participação, um dos princípios da democracia. Nesta perspectiva democrática, a educação e sua gestão se constituem num processo pedagógico permanentemente, transformador da realidade das instituições educacionais.
 
Nestes estudos, o diretor é um termo que designa um cargo, uma função na estrutura organizacional das instituições educativas.
Na década de 1970, o termo diretor era utilizado para se referir especificamente ao ocupante do cargo mais alto na estrutura educativa da escola ou do departamento. A esse personagem eram atribuídas responsabilidades exclusivas para a condução da escola, responsabilizando-se pela delegação de responsabilidades e pelo exercício de tarefas administrativas.
A figura do diretor era marcada pela pessoalidade e pela centralização do poder. Pessoalidade porque sobre ele recaíam todas as responsabilidades da instituição escolar. As decisões e o poder se davam de forma vertical, centralizados na figura do diretor que, além das preferências pessoais na condução do trabalho escolar, era também representante e legitimador das políticas e determinações do sistema educacional. Estabelecia-se, portanto, uma relação de poder com base na obediência e na subordinação.
Na década de 1980, o termo diretor passou a ser questionado com o processo de democratização da sociedade quando a direção exercida colegiadamente começa a tomar força e a ser experimentada nas escolas.
 
Atualmente, a expressão gestor está sendo mais empregada no âmbito das instituições educativas. Isto pode ter relação com o fato de que esse termo representa as diversas demandas a que as instituições educativas estão submetidas, e de que seu uso decorra da noção de competência, cada vez mais utilizada, e das exigências de abertura e participação que atingem as instituições educativas.
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, em seu artigo 14, define os princípios sobre os quais a gestão democrática da Educação Básica será organizada: participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico e participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Na década de 1990 as escolas foram progressivamente responsabilizadas pelos resultados que produziam, pela defesa de sua autonomia, por políticas de “desresponsabilização” de processos e questionamento de procedimentos centralizadores do sistema. 
Nesse sentido, as escolas através de seus gestores estão tendo que assumir suas decisões e tendo mais espaço para reagir dinamicamente a questões de ordem pedagógica, de relações com a comunidade, elaboração do projeto institucional, desenvolvimento profissional dos colaboradores e utilização de recursos materiais e financeiros. Neste contexto, a noção de gestor se coloca como exigência de ação dinâmica em cada situação, de forma integrada e considerando a situação como um todo, integrando o pedagógico, o administrativo, o planejamento, a organização e a formação do pessoal e não mais como diretor, com autoridade pessoal e vinculada à estrutura hierárquica.
 
Aula 04_Conceito e funções da Gestão Escolar
  
Nesta aula vamos tratar de conceituar mais especificamente os termos gestão e administração e quais são as funções daqueles que ocupam essas responsabilidades no contexto das instituições escolares e de outros espaços educativos. 
Conforme vimos na aula anterior, os termos administração e gestão estão vinculados a contextos históricos e políticos que lhes atribuem ênfase e sentido.
O termo Administração escolar era mais utilizado no contexto do sistema hierárquico, burocratizado e centralizado que moldavam com predominância as práticas do sistema educacional. Já o termo gestão passou a ser mais utilizado no contexto da democratização da sociedade brasileira e, também, influenciado pelas reformas educacionais dos anos de 1990, cujas marcas são a descentralização, a autonomia e a participação. 
Para efeito de organização de nossas aulas utilizaremos administração e gestão como conceitos sinônimos. 
Para Chiavenatto (1989), administrar significa trabalhar com e por meio de pessoas e grupos para alcançar objetivos organizacionais. 
Libâneo (2001) afirma que administrar significa a utilização racional de recursos para atingir os objetivos organizacionais. 
O primeiro autor enfatiza o aspecto da relação interpessoal e da mobilização dos recursos humanos em função dos objetivos para os quais se constituíram as organizações. Neste caso, o administrador seria um especialista em pessoas. 
O segundo autor destaca o aspecto da racionalidade, ou seja, da atividade científica que caracteriza a administração, como algo pensado, metódico, estratégico e, portanto, o administrador é um especialista nesses processos (planejamento, organização, coordenação e controle).
Funções básicas da administração/ gestão:
a)    Planejar: estabelecer metas e objetivos para a organização e desenvolver planos  de trabalho que mostrem como isso será alcançado;
b)    Organizar: alocação de recursos humanos, financeiros e técnicos de modo a otimizar a consecução das metas. Organizar significa integrar recursos;
c)    Motivação: determina o nível de desempenho dos empregados, que por sua vez, influenciará o grau de eficácia com que serão alcançados os objetivos;
d)    Controlar: significa dar feedback dos resultados e dar acompanhamento, comparando os resultados com os planos e fazer ajustes onde as expectativas não foram atingidas.
 
Acreditamos que, para bem desempenhar tais funções, os gestores necessitam de algumas habilidades e competências que podem ser desenvolvidas a partir da formação (acadêmica e continuada), da experiência (exercício da função na gestão das instituições) e do autoconhecimento (conhecimento da própria personalidade e de como estabeleço relações com o outro). 
Destacamos a seguir algumas habilidades exigidas do gestor, fundamentais para o exercício dessa função:
a)    Técnica: saber aplicar conhecimentos, técnicas e utilizar equipamentos para a execução de tarefas específicas;
b)    Humana: capacidade de discernimento para trabalhar com e por meio de pessoas, conhecimento do processo de motivação e liderança;
c)    Conceitual: compreender a complexidade da organização e de cada área específica. Permite agir em função de objetivos gerais e não somente em função de necessidades imediatas;
d)    Política: compreender a função social da instituição e atribuir sentido político ao trabalho realizado pela organização. Compromete-se com certas causas e desafios, tem clareza dos valores e princípios que se colocam como norteadores para o trabalho na organização.
Aula 05_Campo de ação e exigênciasdos gestores nas instituições educativas
  
Retomando o estudo da aula anterior, a título de sistematização dos conceitos de administração, gestão e organização, é importante considerar o contexto histórico e o referencial teórico que acompanha esses conceitos. 
O termo administração, embora ainda muito utilizado, passou a ser questionado ainda nos anos de 1980, quando se exigia a democratização dos sistemas educacionais e das escolas. A ênfase estava na racionalidade, no conhecimento técnico, na autoridade, burocracia, hierarquia e centralização. 
O termo gestão tem sua ênfase no processo decisório, na autonomia das pessoas e das instituições. 
E por último, o termo organização é utilizado no sentido de que a escola é vista como unidade social com vida própria, geradora da própria cultura, ou seja, de suas próprias maneiras de racionalização, com seus próprios costumes, hábitos e processos de solução de problemas e de estruturação do seu trabalho. 
Passando ao tema da aula de hoje, logo de início é preciso reconhecer o grau de exigência e de complexidade das funções dos profissionais que atuam na gestão de instituições educativas, uma vez que a complexidade aumenta com as mudanças e com os novos desafios que estão sendo colocados para essas instituições.
É importante registrar que alguns sistemas públicos realizam concursos para o provimento do cargo de gestor enfatizando com isso a exigência de experiência e competência técnica que a função exige. Em outros sistemas, ainda uma minoria, o processo de provimento para a função de gestor se dá mediante eleição direta da comunidade escolar, enfatizando com isso a dimensão política e a articulação em torno de um projeto de trabalho para a escola. E temos ainda, infelizmente, um grande número de sistemas municipais que não fazem nem concursos, nem eleições. Nestes municípios os gestores das escolas são designados - como cargos de confiança do prefeito. Neste caso, o critério para se ocupar a função é o apadrinhamento político e, muitas vezes, são nomeadas pessoas sem competência e experiência para administrar uma escola.
 
Em relação às atribuições dos gestores e seu campo de atuação dentro das unidades escolares, podemos destacar que atuam especialmente na:
1-    Gestão pedagógica: planejamento e definição dos objetivos, meios e recursos para a execução do trabalho educativo. Acompanhar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem zelando pela qualidade do trabalho realizado.
2-    Gestão administrativa: diz respeito a registros e documentação de alunos e funcionários. Responsabilidade pela escrituração, patrimônio, documentos oficiais, livros de posse/ exercício, atas, ocorrências, comunicados etc., que fazem parte da organização de toda instituição.
3-    Gestão financeira: administração dos recursos financeiros, contabilidade, contas, orçamentos, compras, investimentos e acompanhamento de obras, reformas, instalações do prédio escolar. Prestação de contas de forma transparente à comunidade escolar e aos órgãos superiores.
4-    Gestão de pessoas: preocupar-se e realizar a formação continuada dos professores e funcionários da instituição, saber exercer a liderança e motivar a equipe, conhecer a capacidade dos membros da equipe e distribuir tarefas segundo a capacidade de cada um; acompanhar, avaliar e intervir no processo de trabalho quando observar equívocos ou insuficiências.
5-    Gestão da relação escola-comunidade: liderar, mediar, promover e estimular a participação das famílias, alunos, fazer parcerias. Abertura da escola à comunidade. Prestar contas do trabalho escolar à comunidade e representar a escola em eventos sociais.
 
Para que os gestores consigam exercer suas funções e atribuições de forma qualitativa e prestando bons serviços à comunidade escolar, entendemos que precisam reunir as seguintes competências:
- Política: saber definir o sentido e a intencionalidade do trabalho realizado. Ter clareza sobre a função social da escola, atentando para as questões ideológicas, culturais e filosóficas que envolvem a atividade educativa;
- Conceitual: referencial teórico-prático, conhecimento sobre a área da educação (filosofia, psicologia, sociologia, história e das tendências da própria pedagogia) que são dados pela formação inicial (graduação) e pela formação continuada;
- Técnica: saberes específicos sobre as atividades administrativas, habilidades específicas referentes ao cargo ou função exercida;
- Humana: saber trabalhar com pessoas e equipes. Saber praticar relações interpessoais de forma assertiva, saber resolver conflitos, motivar e liderar o conjunto de pessoas que trabalham na instituição.
Aula 06_O que é administração escolar?
   
Nesta aula, trabalharemos numa perspectiva histórica, reportando-nos ao início da década de 1960, quando Anísio Teixeira debatia sobre a necessidade de um administrador escolar. Nesta década, período de grande expansão industrial e de formação da classe operária brasileira, especialmente nos grandes centros urbanos que se formavam (São Paulo, Rio de Janeiro), era a época da democratização ou expansão também do ensino público estatal e Anísio Teixeira era um dos seus grandes defensores. 
Neste momento histórico houve um aumento da demanda pela escola pública e, consequentemente, um aumento de seus problemas de ordem administrativa, tais como: a formação inadequada dos professores, o debate sobre a organização do currículo, problemas estruturais que iam desde a existência ou não dos prédios escolares, materiais didáticos até o atendimento desta massa de alunos que chegava à escola pública.
Neste contexto, a noção de gestor se coloca (não mais como diretor, com autoridade pessoal e vinculada à estrutura hierárquica) como exigência de ação dinâmica em cada situação, de forma integrada e considerando a situação como um todo, abrangendo o pedagógico, o administrativo, o planejamento, a organização e a formação do pessoal.
 
Para pensar e problematizar: Seria possível uma escola funcionar de forma eficaz sem a figura dos gestores (especialmente, da direção escolar)? Que papéis exerciam os administradores escolares no modelo burocrático (tecnicista) de organização escolar?
 
Seria interessante fazer a comparação com o papel e com os desafios que estão postos para os gestores educacionais no contexto atual da organização escolar. Se na década de 1960, as preocupações dos administradores eram com o aumento da demanda, despreparo dos professores, com a garantia de uma educação de qualidade, quais são as principais preocupações e os desafios que estão colocados para os profissionais que ocupam os cargos da administração escolar nos dias de hoje? Quais são as habilidades e competências que esses personagens precisam ter para que possam exercer adequadamente suas funções?
 
Essas são algumas questões que, com certeza, deverão ficar esclarecidas durante o desenvolvimento da nossa disciplina, afinal de contas, seu principal objetivo é contribuir para a formação dos gestores das instituições escolares e de outros espaços educativos. 
Vamos provocar o debate e problematizar sobre a necessidade e quais as tarefas específicas que devem ser exercidas pelos gestores educacionais. É bom percebermos que até a nomenclatura a que se refere àqueles que exercem essas funções vem mudando no percurso histórico, o que realmente evidencia tendências e objetivos ideológicos e políticos que perpassam as práticas educativas, especialmente as ocorridas nas instituições escolares. 
Desde a década de 1960 até hoje, a escola vem ocupando centralidade, adquirindo importância para as famílias e para a sociedade brasileira. Um jogo de interesse gira em torno das escolas, em alguns momentos históricos, avançando em termos de democratização e de atendimento aos interesses da maioria da população e, em outros, atendendo tendencialmente às perspectivas das classes ou grupos econômicos e políticos que ocupam o comando do Estado nacional.
 
Aula 07_Dimensão política e pedagógica da gestão da escola e de outros espaços educativos
   
O objetivo destaaula é a compreensão da gestão ou da administração das instituições educativas não apenas como processos técnicos e científicos, mas, principalmente, em suas dimensões política e social.
As questões que se colocam para reflexão são estas: o que a gestão escolar ensina? Qual a dimensão política da gestão escolar e de outros espaços educativos?
Sem nenhuma dúvida, o estilo de gestão praticado nas instituições colabora para a formação política dos cidadãos que de forma direta se envolvem com as atividades desenvolvidas no espaço escolar. Se o estilo é o da gestão democrática participativa poderemos ressaltar que esse processo possibilita a aprendizagem e a prática da ordem democrática. Ou seja, de certos princípios e valores que vão desde o direito a ter voz, o desenvolvimento de capacidade de argumentação, a formação do interesse público, o diálogo, o respeito à diferença de pensamento, a formação de consenso, o respeito à vontade da maioria, o compromisso com as decisões coletivas e o acompanhamento e fiscalização do cumprimento ou realização das decisões tomadas coletivamente. 
Se a gestão democrática pratica e estimula o aprendizado desses comportamentos e atitudes, podemos assegurar que ocorre um processo político e pedagógico que se estende a toda uma comunidade que se dispõe a participar e está interessada ou se envolve com os processos de planejamento, execução e fiscalização das instituições educacionais.
 
Recorro a uma citação de Paulo Freire para melhor compreendermos a dimensão política da gestão participativa da escola. Quando foi gestor municipal da educação do município de São Paulo nos anos de 1989 e 1990, ressaltou como ponto significativo que:
a participação não pode ser reduzida a uma pura colaboração que setores populacionais devessem e pudessem dar à administração pública. Participação e colaboração, por exemplo, através dos chamados mutirões por meio dos quais se reparam as escolas, creches, ou se limpam ruas ou praças. A participação para nós, sem negar esse tipo de colaboração, vai mais além. Implica, por parte das classes populares, um “estar presente na História e não simplesmente nela estar representadas”. Implica a participação política das classes populares através de suas representações ao nível das opções, das decisões e não só fazer o já programado. Por isso é que uma compreensão autoritária da participação a reduz, obviamente, a uma presença concedida às classes populares a certos momentos da administração. Para nós, também, é que os conselhos de escola têm real importância enquanto verdadeira instância de poder na criação de uma escola diferente. (FREIRE, 1995, p. 75)                   
 
No mesmo texto, Freire manifesta seu desejo de transformar as bases sobre a qual está assentada a gestão pedagógica e do próprio conhecimento. O que ele propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando de tal forma que não deve e não pode ser feito através do depositar informações para os alunos. Por isso repudio a “pedagogia bancária” e proponho e defendo uma pedagogia crítico-dialógica, uma pedagogia da pergunta. A escola pública que desejo é a escola onde tem lugar de destaque a apreensão crítica do conhecimento significativo através da relação dialógica. É a escola que estimula o  aluno a perguntar, a criticar, a criar; onde se propõe a construção do conhecimento coletivo, articulando o saber popular e o saber crítico, científico, mediados pelas experiências no mundo. (FREIRE, 1995, p. 83)
 
Essas duas citações são bastante reveladoras da compreensão que o autor tinha da escola, especialmente da escola pública que era vista por ele como espaço de vivência política, de cidadania, de exercício do poder democrático.
 
Essa vivência e exercício da cidadania têm uma dimensão pedagógica capaz de extrapolar os muros da escola e interferir no entorno da escola e em outros espaços sociais. Não apenas os alunos aprendem conhecimentos significativos, capazes de transformar suas vidas, mas toda a comunidade, pais, funcionários, professores, quando envolvidos na gestão escolar participativa, podem aprender através da visualização do interesse coletivo, da argumentação, do conflito, da formação de consenso, aprender a fazer uso da palavra e do direito. Enfim, podem aprender a praticar a ordem democrática. 
É bom ressaltar que em outros espaços educativos, na ONG, na Igreja, na Fundação, no Instituto, na Associação de Bairro etc., quando se pratica a gestão participativa, quando se envolvem as pessoas e se abre espaço para a convivência pedagógica da gestão, todas as pessoas envolvidas sairão modificadas. 
É preciso compreender que o exercício da participação e da cidadania precisa ser entendido como processo educativo-pedagógico, que supõe paciência, diálogo, estímulo, capacidade de mobilização e articulação dos gestores. Nesse sentido, a escola não educa somente na sala de aula, na relação professor aluno, mas a escola educa no seu todo, inclusive pelo estilo de gestão que adota.
Aula 08_Teoria de Administração Científica
   
Esta aula tem como objetivo a compreensão de alguns princípios e a análise do sentido político das teorias de administração do início do século XX. Faremos uma abordagem objetiva da Teoria Científica de Administração, cujo principal representante foi Taylor e, da Teoria Clássica de Administração que teve em Fayol o seu principal expoente.
 
É preciso considerar que toda teoria de administração no sistema capitalista precisa ser compreendida como ação em nível político cujos principais objetivos são:
1- A repressão, o controle e o desenvolvimento de mecanismos sociais de exploração sobre as massas, tanto dentro como fora do local de trabalho (incide na extorsão da mais-valia e na solução de conflitos interclasses);
2- A coordenação das atividades das unidades econômicas, das instituições sociais em geral que assegurem às classes dominantes mecanismos de controle do poder (incide sobre o campo da regulação e apropriação da mais-valia, bem como no campo da coordenação da atividade econômica).
 
A Teoria da Administração Científica
Frederick W. Taylor desenvolveu estudos a respeito de técnicas de racionalização do trabalho dos operários. Suas ideias preconizavam a prática da divisão do trabalho. A característica mais marcante do estudo de Taylor é a busca de uma organização científica do trabalho, enfatizando tempos e métodos e por isso é visto como o precursor da Teoria da Administração Científica. Taylor via necessidade de aplicar métodos científicos à administração para assegurar seus objetivos de máxima produção a mínimo custo.
A maior preocupação de Taylor e de seus seguidores era com o chão da fábrica, ou seja, em encontrar maneiras para melhor controlar o tempo e o movimento dos trabalhadores que atuavam diretamente na produção.
Como resultado de suas preocupações produziram os seguintes princípios científicos de administração:
· Seleção científica do trabalhador - O funcionário desempenha a tarefa mais compatível com suas aptidões. É importante para o funcionário que é valorizado, e para empresa que aumenta sua produtividade e aumenta seus lucros.
· Tempo padrão - O funcionário deve atingir a produção mínima determinada pela gerência. Esse controle torna-se importante pelo fato do ser humano ser naturalmente preguiçoso.
· Plano de incentivo salarial - O funcionário ganha pelo que produz.
· Trabalho em conjunto - Os interesses da empresa e dos funcionários quando aliados resultam numa maior produtividade.
· Gerentes planejam, funcionários executam - Cabe aos gerentes planejarem e aos funcionários agirem.
· Divisão do trabalho - A tarefa subdivide-se ao máximo, dessa forma, se ganha velocidade, produtividade e o funcionário garante lucro de acordo com seu esforço.
· Supervisão - É especializada por áreas. Controla o trabalho dos funcionários verificando o número de peças feitas, assegurando o valor mínimo da produção.
· Ênfase na eficiência - Há uma única maneira certa de se fazer o trabalho.Para descobri-la, a administração empreende um estudo de tempo e métodos, decompondo os movimentos das tarefas exercidas.
 
Considerações da Administração Científica de Taylor
· Enfoque mecanicista - A organização é comparada com uma máquina, que segue um projeto pré-definido. Recebe críticas dos estudiosos em administração. A partir desta visão, cada funcionário é visto como uma engrenagem na empresa, desrespeitando sua condição de ser humano.
· Homo economicus - O salário é importante, mas não é fundamental para a satisfação dos funcionários. O Reconhecimento do trabalho, incentivos morais e a autorrealização são aspectos importantes que a Administração Científica desconsidera.
· Abordagem fechada - A Administração Científica não faz referência ao ambiente da empresa. A organização é vista de forma fechada, desvinculada de seu mercado, negligenciando as influências que recebem.
· Superespecialização do funcionário - Com a divisão de tarefas, a qualificação do funcionário passa a ser supérflua. Dessa forma, o funcionário executa tarefas repetidas, monótonas e gera uma desarticulação do funcionário no processo como um todo.
· Exploração dos empregados - A Administração Científica faz uso da exploração dos funcionários em prol de seus interesses particulares, uma vez que estimula a alienação dos funcionários, reforça a desconsideração do aspecto humano e deficiência das condições sociais da época.
Segundo essa teoria de administração, a capacidade de pensar dos trabalhadores é ignorada, pois cabia aos gerentes e aos mestres fazê-lo. A rigidez da produção e a alta padronização das mercadorias podiam prescindir da capacidade de raciocínio dos trabalhadores, apoiando-se basicamente nos cálculos previamente realizados pelos técnicos e especialistas.
As formas de controle e de disciplina do capital sobre o trabalho incidiam, sobretudo, sobre o corpo e o tempo do trabalhador. Nenhuma forma de participação é prevista pela teoria científica de administração. 
Ressalto que a intenção é apenas apresentarmos alguns princípios e fundamentos desta teoria de administração e da administração clássica de Fayol que estudaremos na próxima aula. É interessante percebermos como muitos destes princípios e fundamentos destas duas teorias marcaram e se fazem presentes ainda hoje nas escolas e nos sistemas educacionais como um todo.
Aula 09_Teoria Clássica de Administração
  
O objetivo desta aula é apresentar as principais características da Teoria Clássica de Administração e analisar sua dimensão política, especialmente as relações de poder no âmbito interno das empresas e outras organizações. 
A obra de Fayol “Administração industrial e geral”, publicada em Paris no ano de 1916, tratou das funções gestoriais no âmbito político-administrativo, definindo o que ele considerava como administração e estabeleceu uma hierarquia de funções no âmbito da estrutura fisiológica das organizações.
 
Assim, Chiavenato (2000), citando a obra de Fayol, diz  que:
à medida que alguém se eleva na escala hierárquica, a importância relativa da capacidade administrativa aumenta, enquanto a capacidade técnica diminui... A capacidade principal do diretor é a capacidade administrativa. Quanto mais elevado é o nível hierárquico mais capacidade domina. (CHIAVENATO, 2000, P 18)
 
As atividades comercial, financeira, de segurança e de contabilidade subordinam-se a esta mais geral e de caráter essencialmente político, que é a atividade administrativa. Fayol define-a nos seguintes termos: “administrar é planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar o conjunto das diferentes atividades existentes no interior das empresas”.
 
Teoria clássica da administração 
Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica de Administração, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as consequências da Revolução Industrial e, mais tarde, da I Guerra Mundial. Enquanto Taylor e outros engenheiros americanos desenvolviam a chamada Administração Científica nos Estados Unidos, em 1910 surgia na França, espraiando-se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração.
Se a Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a Administração Científica, essa eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e no somatório da eficiência individual.
Na Teoria Clássica, ao contrário, partia-se do todo organizacional e da sua estrutura para garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). 
A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da teoria geral da administração. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor.
 
As funções básicas da administração 
Para aclarar o que seja Administração, Fayol define o ato de administrar como sendo constituído das funções prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, mais tarde acrescidos de planejar, formando a sigla PPOCCC.
 
Estas funções administrativas constituem, assim, as funções do administrador:
Prever: Visualizar o futuro e definir os objetivos e metas da empresa. Envolve a avaliação do futuro e aprovisionamento em função dele.
Planejar: Traçar os planos de ação. Um bom plano de ação deve ter unidade, continuidade e flexibilidade.
Organizar: Constituir o duplo organismo material e social da empresa. Organização proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social.
Comandar: Dirigir e orientar o pessoal. Consiste em levar a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o rendimento máximo dos funcionários no interesse global.
Coordenar: Ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. A coordenação harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e seu sucesso. Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins.
Controlar: Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras e as ordens dadas. Consiste em assegurar que todas as coisas ocorram em conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e erros para corrigi-los no presente e preveni-los no futuro.
           
Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo, e que são localizáveis em qualquer trabalho do administrador, em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Em outros termos, tanto o gerente, o chefe, o supervisor, como o encarregado - cada qual em seu nível - desempenham atividades de previsão, planejamento, organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais.
 
Princípios gerais da administração 
A Administração, como toda ciência, deve se basear em leis ou em princípios. Fayol tentou também definir os "princípios gerais" de Administração. Como a função administrativa restringe-se somente ao pessoal, isto é, ao corpo social, é necessário certo número de condições e regras, a que se poderia dar o nome de princípios, para assegurar o bom funcionamento da empresa. Fayol adota a denominação princípio, afastando dela a ideia de rigidez, porquanto nada existe de rígido ou de absoluto em matéria administrativa. Tudo em Administração é questão de medida, de ponderação e bom senso. Tais princípios, portanto, são maleáveis e adaptam-se a qualquer circunstância, tempo ou lugar.
 
Os Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são:
1. Divisão do trabalho: Consistena especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência.
2. Autoridade e responsabilidade: Autoridade é o direito de dar ordens e o de esperar obediência; a responsabilidade é uma consequência natural da autoridade: é a obrigação de cumprir as atribuições do cargo e responder pelas consequências dos próprios atos e decisões. Ambas devem estar equilibradas entre si.
3. Disciplina: Depende da obediência. Corresponde ao cumprimento dos acordos estabelecidos e das determinações vigentes.
4. Unidade de comando: Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o principio da autoridade única.
5. Unidade de direção: Uma cabeça e um plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo.
6. Subordinação do particular ao geral: Os interesses setoriais devem subordinar-se aos interesses maiores, como o interesse pessoal deve subordinar-se ao interesse grupal.
7. Remuneração do pessoal: Deve haver justa e garantida satisfação para empregados e empresa, em termos de retribuição.
8. Centralização: Refere-se ao grau de concentração da autoridade na hierarquia organizacional. Seu inverso é a delegação.
9. Cadeia escalar: É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo. É também denominado princípio do comando.
10. Ordem: Um lugar para cada coisa e cada coisa  em seu lugar; um tempo para cada coisa e cada coisa em seu tempo; uma função para cada pessoa e cada pessoa em sua função. É o princípio da ordem material, temporal e funcional.
11. Equidade: Amabilidade e justiça para alcançar lealdade do pessoal.
12. Estabilidade e duração (num cargo) do pessoal: A rotação tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização. Quanta mais tempo uma pessoa permanecer num cargo, tanto melhor.
13. Iniciativa: A capacidade de visualizar a necessidade de uma ação e executá-la sem precisar aguardar ordens superiores.
14. Espírito de equipe: Harmonia e união das pessoas em torno de propósitos comuns, que asseguram o sucesso da organização.
 
Assim, a Teoria Clássica caracterizou-se principalmente pelo seu enfoque prescritivo e normativo, descrevendo os elementos da administração (funções da administração) e os princípios gerais que o administrador deve seguir na sua atividade. Esse enfoque prescritivo e normativo em indicar como o administrador deve proceder no seu trabalho passou a ser o foco principal da Teoria Clássica.
 
Aula 10_Mudanças nas teorias de Administração: enfoques recentes.
  
O objetivo desta aula é mostrar a evolução das concepções de administração, evidenciando que elas acompanham o desenvolvimento do próprio capitalismo. Quando se trata da relação capital e trabalho a equação é sempre mais favorável aos detentores do capital. Mudam-se as teorias de administração, mas o sentido político da mudança é sempre o mesmo: produtividade, competitividade, adaptação à economia globalizada, flexibilidade etc., mas as relações de poder continuam centradas nos detentores do capital. 
Se nas teorias de administração do início do século XX, intencionava-se o domínio, o disciplinamento do tempo e do movimento dos trabalhadores, padronização, fragmentação do processo produtivo, especialização do trabalho, de tal forma que os trabalhadores não precisavam pensar, atualmente, nas mais recentes ondas das teorias administrativas, a inteligência do trabalhador se tornou objeto de exploração do capital. 
O modelo organizacional formulado por Fayol exerceu grande influência no campo da educação, da administração pública e nos demais campos especializados, expandindo-se para todos os países industrializados. 
Apesar dos desdobramentos posteriores das teorias (científica e clássica) propostas por Taylor e Fayol, a partir dos anos de 1960, a teoria administrativa começa a evoluir num outro sentido. O que passa a caracterizar as teorias modernas da administração não é mais a coerção, a manipulação, mas o dirigismo calcado nas práticas de motivação, cooperação e integração. 
As décadas de 1950 e 1960 são marcadas pelo processo de internacionalização da economia, através das empresas transnacionais. Ao mesmo tempo a inter-relação das organizações de todos os tipos se estreita, exigindo estudos mais específicos e aprofundados dos diferentes tipos de estrutura organizacional. 
A nova empresa, resultante das grandes concentrações monopolistas, já não se adapta às estruturas tradicionais monocráticas (um centro de governo) de poder, exigindo um novo tipo de estrutura organizacional, caracterizado pela descentralização administrativa e pela despersonalização do exercício do poder. 
A prática de gestão se torna mais complexa e precisam solucionar ou mesmo prever os dilemas e conflitos das organizações fazendo com que esses sejam canalizados para canais úteis e produtivos. 
A teoria estruturalista, nos anos de 1960, vai elaborar estudos sobre os ambientes, a partir do pressuposto de que as organizações são sistemas abertos em constante interação com o meio ambiente. A interdependência das organizações leva os autores estruturalistas a estenderem suas análises para outras instituições distintas das fábricas, tais como: a universidade, os hospitais, os sindicatos, os partidos políticos e as escolas. 
Na teoria sistêmica, a organização era vista como uma contínua mudança, na medida em que só sobreviveria e se desenvolveria quem se adaptasse a um ambiente em constante mutação. 
A administração de conflitos e a construção de consenso se tornaram mecanismos de controle, tanto em relação ao ambiente externo, ou seja, o conjunto de instituições com as quais a empresa se relaciona, bem como na dimensão interna, tais como os diferentes departamentos e níveis funcionais, das classes e segmentos de classe que se inter-relacionam. 
As noções de cultura e de clima organizacional surgiram nos Estados Unidos na década de 1960, numa época de explosão da economia, das comunicações, do conhecimento e da tecnologia. A internacionalização dos mercados, a importância do marketing, a participação das pessoas em diferentes grupos e organizações, a natureza mutável do trabalho coloca uma série de exigências novas para o administrador. 
O pensamento administrativo buscou fundir o estudo da estrutura com o comportamento humano nas organizações, integrando-os através de um tratamento sistêmico. Nasceu nessa época o conceito de cultura organizacional, ou seja, um dado modo de vida, um sistema de crenças e valores, uma forma aceita de interação e de relacionamento característicos de uma determinada organização. Para que as organizações sobrevivessem num mundo de permanente mutação era necessário que a cultura organizacional se revitalizasse e se renovasse permanentemente. 
Também se criou o conceito de clima organizacional, que pode ser caracterizado como: um ambiente psicológico de uma dada organização, envolvendo diferentes aspectos que se sobrepõem em graus diversos, como o tipo de organização, os tipos de técnicas empregadas, as políticas de recursos humanos, as metas formais, os regulamentos internos, além de atitudes, sistemas de valores e formas de comportamento social que são encorajados no interior das organizações. 
Os métodos modernos de administração são diversos e vão desde aqueles dirigidos às atividades diretamente ligadas ao processo de trabalho, em que se busca a cooperação entre proletários e gestores médios, como os círculos de controle de qualidade e outras formas participativas: ginástica e festas coletivas, atividades esportivas, até atividades impregnadas de poder simbólico, como as sessões de revitalização da lealdade, onde os trabalhadores são encorajados a prestar testemunhos pessoais dos motivos de sua adesão aos objetivos da empresa. 
Na nova organização, o poder de decisão pessoal tende a desaparecer diante de uma estrutura abstrata de regras de funcionamento. Embora o poder permaneça vertical, processando-se de cima para baixo, ele perde a forma piramidal e assume a conformação de esferas articuladas que se sobrepõem. O poder localiza-se na articulação de centros múltiplos, de onde emanamnão só diretrizes de ação, como também um sistema abstrato de regras que se aplica a todos os membros que compõem a organização.
Uma estrutura de poder onde ninguém controla individualmente o conjunto, obedecendo todos a um sistema impessoal de regras que funciona como elemento regulador da autoridade. Esta forma implica romper com toda apropriação de poder ao nível local, impedindo a constituição de impérios e feudos no interior das organizações. 
O tipo de controle neste âmbito de administração tende a ser de ordem normativa, baseado em símbolos cuja utilização visa desenvolver um determinado tipo de obediência e conformação às regras da organização. Ele se baseia na produção do consenso quanto aos objetivos e métodos organizacionais. Seus participantes têm um alto envolvimento moral e motivacional. 
A necessidade de substituir a antiga estrutura burocrática tradicional por uma estrutura mais flexível adaptada aos enfrentamentos constantes com um ambiente extremamente mutável e dinâmico foi muito propagada pelos teóricos modernos da administração. Desta forma, a reformulação interna que vem ocorrendo nas grandes empresas encaminha-se para a criação de pequenas unidades descentralizadas, com autonomia local, conectadas por laços mais ou menos frouxos ao núcleo central da organização, que exerce o controle global através da definição dos canais de comunicação e informação e da distribuição de recursos.
No novo sistema de organização administrativa numa espécie de rede (Networks) onde todas as unidades estão interconectadas, a participação é controlada e a autonomia é meramente operacional, o que permite o atendimento às condições locais sem ameaça da estabilidade de toda a rede sobre controle da organização. 
Não podemos ignorar que hoje, cada vez mais, é o cérebro do trabalhador o elemento a ser explorado. As formas de controle e disciplina não incidem mais sobre o corpo do trabalhador, sobre sua capacidade de realizar gestos com regularidade e rapidez, mas sobre a sua estrutura psíquica. O seu envolvimento psicológico é fundamental para o sucesso da empresa o que demanda cada vez mais a participação dos trabalhadores nas decisões relativas ao processo do trabalho.
 
No que diz respeito à escola, o que pode significar participação e autonomia?
 
Sem dúvida, diante da complexidade das funções da gestão das unidades escolares e do sistema educacional a estrutura burocrática torna-se inoperante. Faz-se necessária a descentralização administrativa, inclusive dos recursos financeiros, concedendo-se mais autonomia às unidades escolares, permitindo adaptação às condições locais sem riscos para o sistema. Aumenta também a participação dos agentes envolvidos no processo educacional, uma vez que as responsabilidades aumentam com  a descentralização operacional. 
O controle da Secretaria de Educação passa a realizar-se basicamente através da distribuição de recursos, da definição dos meios de acompanhamento e avaliação dos resultados, estabelecimento de canais de distribuição de informações e da definição de padrões gerais de funcionamento das unidades escolares.
Resumo_Unidade I
  
É de fundamental importância, no início do desenvolvimento desta disciplina, a formação crítica de uma concepção de escola, bem como ter clareza das funções social, política e econômica que as instituições educativas desempenham na sociedade. 
Os estilos de gestão, as funções e atribuições do gestor educacional estão diretamente vinculados às concepções de escola e de educação que temos. Além disso, é preciso salientar que todas as práticas, sejam as educativas ou práticas de gestão, estão sempre ancoradas em teorias, com seus pressupostos, princípios e valores que se revelam no cotidiano e conduzem as ações dos atores das instituições educativas. 
Quanto à concepção de escola, já está superado o seu entendimento como unidade burocrática do sistema, local de transmissão de conhecimento e de preparação para sequência ou etapas seguintes da vida escolar do aluno. Hoje, compreende-se a escola como comunidade aprendente, como espaço de produção e divulgação da cultura, como instituição autônoma de prática da democracia, onde uma gama de interações contribui para o processo de formação das pessoas que por ela passam ou trabalham. 
Apresentamos nesta unidade as teorias científica e clássica de administração, as teorias de Administração que marcaram todo o século XX e que influenciaram fortemente a organização e funcionamento da escola e do sistema de ensino. Embora essas teorias ainda não estejam totalmente superadas e deixem suas marcas no funcionamento das instituições, outras teorias recentes começam a atingir as escolas e os sistemas de ensino, chamadas de Gestão da Qualidade, Networks (rede de trabalho) e Gestão Democrática Participativa. São algumas das tendências teóricas que travam disputas e buscam a hegemonia no campo da organização da educação. 
Temos diferentes denominações para nos referir àqueles que atuam na organização do trabalho educativo: administração, gestão, direção e gerência são algumas formas utilizadas e que revelam diferentes enfoques e propósitos. As diferentes denominações acompanham as diferentes tendências de Administração e de políticas públicas que se implementam nos sistemas de ensino. Administração era utilizada quando a escola era uma unidade burocrática e o diretor ocupava uma posição hierárquica, um cargo que lhe dava poder e assim se cumpria as regras e determinações do sistema. 
Gestão tanto pode ser utilizada no contexto da democratização da escola, quando uma comunidade assume o poder de forma coletiva e faz o controle social sobre as organizações do Estado, quanto no contexto da Administração moderna (apontadas anteriormente) quando as instituições precisam gerar soluções para os problemas que enfrentam, precisam se auto conduzir, mas precisam sempre prestar contas dos resultados a uma instância superior que gerencia à distância. 
Nesta unidade ainda apresentamos as funções da gestão escolar e de outros espaços educativos acompanhando as mudanças e os recentes enfoques da Administração. A lógica seguida é a seguinte: se as teorias de administração mudam, se as instituições educativas enfrentam novos desafios e novas demandas, também os gestores dessas instituições precisam atualizar o seu modo de atuar. Para isso, apresentamos suas funções básicas (planejar, organizar, motivar e controlar) e também apontamos as competências exigidas para atuar no campo da gestão educacional (política, conceitual, técnica e humana). 
 
  
Referências Bibliográficas 
ALARCÃO, I. Escola reflexiva, a nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
________ Iniciação à organização e controle. São Paulo: McGraw-Hill,1989.
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1995.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4ª ed., Goiânia: Alternativa, 2003.
SANTOS GUERRA, M.A. A escola e a aprendizagem da democracia. Porto, Edições Asa, 2001.
TEIXEIRA, Anísio. Que é administração escolar? In: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v. 36, n. 84, 1961.
Aula 11_Modelos e processos de organização da escola
  
O nosso objetivo nesta aula será a apresentação de modelos teóricos para o estudo da escola como organização educativa, possibilitando a sua descrição enquanto tal, mas, sobretudo, permitindo a sua compreensão e interpretação. LIMA (2003, p.16) apresenta quatro modelos ou faces das organizações escolares: racional, político, de sistema social e anárquico.
 
A tipologia apresentada elege os objetivos e as preferências organizacionais, por um lado, e os processos e as tecnologias organizacionais por outro, como elementos centrais da sua construção.
 
O autor trabalha com duas variáveis para referir-se aos modelos organizacionais:
I - clareza e consenso compartilhado versus falta de clareza e conflito;
II - transparência versus ambiguidade.
 
Como modelos mais distintosem relação às duas variáveis selecionadas, temos o modelo racional (objetivos claros e consensuais e tecnologia clara) e o modelo anárquico (objetivos em conflito e tecnologia ambígua). Como modelos mistos, temos o político (objetivos em conflito, mas tecnologia clara) e o de sistema social (objetivos consensuais, mas tecnologias ambíguas). 
Tanto os objetivos como as tecnologias nos remetem a uma questão central para a gestão das escolas – a racionalidade e os processos de decisão nas organizações.
Quadro Modelo de Licínio Lima (2003, p. 17)
 
A - Modelo Político: baseado na racionalidade política. Esse modelo realça a diversidade de interesses e de ideologias, a inexistência de objetivos consistentes e partilhados por todos, a importância do poder, da luta e do conflito. Revela a existência de grupos antagônicos, seus interesses e suas ações como potencial de intervenção e mudança.
 
Mesmo diante de quadros de controle, centralizados no Estado (no caso da escola pública), existe uma margem de liberdade para os atores da escola. Os subordinados podem ser considerados agentes livres que discutem os seus próprios problemas e fazem negociações sobre eles, que não só se submetem a uma estrutura de poder, mas também participam nessa estrutura.
 
B - Modelo de Sistema Social: privilegia a consideração da cultura organizacional e do clima organizacional. É uma forma de aplicação da teoria de sistemas entendendo as organizações mais como fenômenos espontâneos de caráter adaptativo e muito menos a intencionalidade da ação organizacional. Valoriza o estudo da informalidade, dos processos de integração, de interdependência e colaboração de base psicossociológica.
A escola é uma organização complexa composta de relações formais e informais entre membros docentes e entre estudantes. Ao passo que é integralmente sujeita às normas da comunidade e outras importantes condições societais, os seus alunos e professores criam o seu próprio currículo vivo à medida que interagem nas salas de aula. Em suma, a escola constitui um sistema social diverso e complexo com um múltiplo de partes interdependentes. (LIMA, 2003, p.19)
 
As escolas constituem-se, numa analogia com os sistemas biológicos, em sistemas abertos, dinâmicos e evolutivos. Portanto, não há sistemas sociais inteiramente regulados ou controlados.
 
C - O Modelo Racional/Burocrático: as organizações são vistas como formas de realização de objetivos, numa visão instrumental centrada na orientação para a tarefa e na importância das estruturas organizacionais. Nesse modelo acentuam-se o consenso e a clareza dos objetivos organizacionais e se pressupõe a existência de processos e de tecnologias claros e transparentes.
Quando aplicado ao estudo da escola este modelo acentua a importância de normas abstratas e das estruturas formais, os processos de planejamento e de tomada de decisões, a consistência dos objetivos e das tecnologias, a estabilidade, o consenso e o caráter preditivo das ações organizacionais.
Conclui-se, portanto, que a escola, segundo esse modelo, é uma organização caracterizada pela rigidez das leis e dos regulamentos, hierarquia, organização formal, na especialização e em outros elementos comuns às organizações consideradas burocráticas. Dessa forma, apresenta padrões de comportamento mais estáveis baseados numa estrutura de papéis e tarefas especializadas.
 
D - Modelo de Anarquia Organizada: neste modelo os objetivos são considerados pouco claros e em conflito, e as tecnologias são consideradas ambíguas e incertas em oposição ao modelo racional-burocrático. A escola e outras organizações públicas podem ser entendidas como uma anarquia organizada, uma vez que nelas poderemos encontrar três características gerais:
- Objetivos e preferências inconsistentes e insuficientemente definidos e uma intencionalidade organizacional problemática (existe vaga coleção de ideias, descobrem-se as preferências na ação).
- Processos e tecnologias pouco claros e pouco compreendidos pelos membros da organização (opera com base em procedimentos de tentativa - erro, aprendizagem em experiências passadas e de invenções pragmáticas de necessidades).
- Participação fluida, ou seja, inconstante (varia na quantidade de tempo e de esforço dedicado aos diferentes domínios, varia de uma ocasião para outra. As fronteiras da organização são incertas e mutáveis).
 
Nesse sentido, a compreensão da escola figura mais como imagem de desorganização, pois apresenta fraqueza entre objetivos, tecnologias e estrutura. Embora a imagem de anarquia organizada não envolva juízo de valor ou apreciação negativa à escola, segundo esse modelo será vista como uma organização debilmente organizada, onde alguns  elementos são desligados, encontram-se relativamente independentes em termos de intenções e ações.
 
Em relação às escolas esta perspectiva poderá ter a vantagem de nos fazer lembrar que, por mais poderosos que os controles político-administrativos possam ser, mesmo no contexto de uma administração burocrática centralizada, os atores educativos gozam de certa margem de autonomia, revelando também o caráter experimental, o risco inerente ao jogo, o disparate, a loucura sensata que se opõe ao modelo quase sagrado da racionalidade burocrática.
Aula 12_Tendências ou estilos de Gestão Educacional-A Concepção Técnico-científica
  
A partir desta aula abordaremos as diferentes tendências ou estilos de gestão ressaltando suas características e também a atuação do gestor. Perceber a não neutralidade e as consequências políticas para a organização são os principais objetivos dessa unidade temática. 
Nesta aula começaremos a estudar dos estilos de gestão educacional, que segundo Libâneo (2001) destacam-se no cenário brasileiro em: técnico-científica, auto gestionária, democrático-participativa e interpretativa. Trataremos do estilo técnico-científico de administração ressaltando suas características e consequências.
 
Concepção de Organização e Gestão Técnico-científica 
Segundo essa concepção as instituições escolares buscam seguir os métodos de administração empresarial. Ela baseia-se na hierarquia de cargos e funções visando à racionalização do trabalho e à eficiência dos serviços escolares.
 
 De acordo com Libâneo (2001, p.97), as principais características desse modelo são:
- Prescrições detalhadas de funções, acentuando-se a divisão técnica do trabalho escolar.
- Poder centralizado no diretor, destacando-se as relações de subordinação em que uns têm mais autoridade do que os outros.
- Ênfase na administração (sistema de normas, regras, procedimentos burocráticos de controle das atividades), às vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituição escolar.
- Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras.
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas.
A versão mais conservadora dessa concepção é denominada administração clássica ou burocrática. A versão mais recente é conhecida como modelo de gestão da qualidade total, com utilização mais forte de métodos e de práticas da administração empresarial. 
De acordo com essa concepção de gestão, a organização escolar é tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica que funciona racionalmente e, por isso pode ser planejada, organizada e controlada, a fim de alcançar os maiores índices de eficácia e eficiência. 
A direção é centralizada em uma pessoa (diretor), professores, alunos, funcionários não têm oportunidade de participação. As escolas que operam com esse modelo dão muito peso à estrutura organizacional: organograma de cargos e funções, planos de ações feitos de cima para baixo. Este ainda é o modelo mais comum encontrado na realidade educacional brasileira, embora já existam experiências bem sucedidas de adoção de modelos alternativos  numa perspectiva progressista. 
Segundo Alonso (2003, p.25-26), a base estrutural do modelo tradicional é o burocratismo e o funcionalismo taylorista (escola como máquina) com ênfase à produção, entendida aqui como acumulação de conhecimentos (informação, reprodução). A instituição

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