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THIAGO DIAS DE SOUZA MOURA AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA: ESTUDO DE CASO NITERÓI / RJ 2018 M929a Moura, Thiago Dias de Souza Avaliação da importância da educação financeira: estudo de caso / Thiago Dias de Souza Moura.– Niterói, 2018. 75 f. : il. color.; 30cm. Orientador: Prof. D.Sc. Jesus Domech More. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Estácio de Sá, Curso de Engenharia de Produção, 2018. 1. Educação financeira. 2. Qualidade de vida. 3. Independência financeira. 4. Método Fuzzy. I. More, Jesus Domech. II. Avaliação da importância da educação financeira: estudo de caso. CDD: 658.15 “Se controlarmos a nossa riqueza, seremos ricos e livres. Se deixarmos a riqueza nos controlar, seremos, certamente, pobres.” Edmund Burk AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, pois tudo que tenho foi proporcionado por Ele. Agradeço aos meus familiares e a minha noiva, pelo suporte que me prestaram sempre que precisei. Agradeço a todos os professores que fizeram parte da minha formação. Agradeço ao meu orientador, pelo incentivo e auxílio ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Agradeço aos meus amigos, pelo apoio e companheirismo ao longo do curso. Agradeço também a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação. AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA: ESTUDO DE CASO RESUMO Em virtude de problemas financeiros existentes em grande parte das famílias brasileiras, devido ao analfabetismo financeiro, este estudo surgiu com o objetivo de demonstrar a importância da educação financeira para obtenção de uma vida financeiramente estável, com possibilidade de crescimento da qualidade de vida e do atingimento da independência financeira. Este estudo, em sua fundamentação teórica, aborda conceitos de educação financeira, qualidade de vida, investimentos, independência financeira e método fuzzy. O desenvolvimento do estudo se deu através de uma pesquisa bibliográfica com teor qualitativo e da aplicação de um questionário que foi aplicado ao corpo docente da Universidade Estácio de Sá, no campus de Niterói. Foi-se levado a crer que os hábitos e atitudes de um indivíduo, bem como sua educação financeira, podem refletir em sua vida econômica e na sua qualidade de vida. Palavras-Chave: Educação Financeira; Qualidade de Vida; Independência Financeira; Método Fuzzy. EVALUATION OF THE IMPORTANCE OF FINANCIAL EDUCATION: CASE STUDY ABSTRACT Because of existent financial problems in a large part of the Brazilian families, due to the financial illiteracy, this study appeared with the objective of demonstrating the importance of the financial education for obtaining of a life economically stable, with the possibility of growth of the life quality and of the reaching of the financial independence. The study has theoretical grounds approaches concepts of financial education, life quality, investments, financial independence and method fuzzy. The development of the study felt through a bibliographical research with qualitative content and of the elaboration of a questionnaire that will be applied to the University of the Universidade Estácio de Sá, in the campus Niterói. It led to believe that the atitudes and habits of an individual as well as his/her financial education can reflect in his/her economic and life quality Keywords: Financial Education; Quality of Life; Financial Independence; Fuzzy Method. Lista de Figuras Figura 1 - Pirâmide da Teoria das Necessidades de Maslow. ............................................. 42 Figura 2 - Ciclo Circadiano ................................................................................................. 43 Lista de Quadros Quadro 1 - Diferença entre patrimônios .............................................................................. 49 Quadro 2 - Média das avaliações ......................................................................................... 49 Quadro 3 - Cálculo do grau de inclusão .............................................................................. 50 Quadro 4 - Critérios para grau de inclusão .......................................................................... 51 Quadro 5 - Critérios corrigidos positivamente .................................................................... 52 Quadro 6 - Qualidade de vida dos "ricos" e "não ricos"...................................................... 55 Quadro 7 - Comparação entre critérios ............................................................................... 53 Lista de Gráficos Gráfico 1 - Montante necessário. ......................................................................................... 22 Gráfico 2 - Comparação: com prestação x sem prestação 1. ............................................... 23 Gráfico 3 - Comparação com prestação x sem prestação 2. ................................................ 23 LISTA DE SIGLAS ICC - Indicador de Confiança do Consumidor PIB – Produto Interno Bruto PNIF – Patrimônio Necessário para Independência Financeira PI – Patrimônio Ideal VP – Valor Presente VF – Valor Futuro VFPM - Valor Futuro com Pagamento Mensal VFT – Valor Futuro Total LCI - Letra de Crédito Imobiliário LCA - Letra de Crédito do Agronegócio CDB - Certificado de Depósito Bancário COE - Certificado de Operações Estruturadas LF - Letra Financeira IDH - Índice de Desenvolvimento Humano CEO - Chief Executive Officer ou Diretor executivo UNESA – Universidade Estácio de Sá CLT - Consolidação das Leis do Trabalho SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12 2. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ................................................................................ 13 3. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14 3.1. OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................... 14 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 14 4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 15 5. EMBASAMENTO TEÓRICO ......................................................................................... 16 5.1. EDUCAÇÃO FINANCEIRA ........................................................................................... 16 5.1.1.Independência financeira ................................................................................................. 17 5.1.2.Reserva de emergência .................................................................................................... 24 5.1.3.Regras para delimitação de gastos ................................................................................... 25 5.1.4.Ferramentas para controle de orçamento ......................................................................... 29 5.1.5.Formas de renda .............................................................................................................. 31 5.1.6.Dívidas .............................................................................................................................32 5.1.7.Sonhos, projetos e metas ................................................................................................. 33 5.1.8.Previdência social ............................................................................................................ 35 5.1.9.Investimentos ................................................................................................................... 37 5.1.10.Mindset .......................................................................................................................... 39 5.2. QUALIDADE DE VIDA ................................................................................................. 41 5.2.1.Acordar mais cedo faz bem? ........................................................................................... 43 5.3. MÉTODO FUZZY ........................................................................................................... 45 5.3.1.Conceito ........................................................................................................................... 45 5.3.2.Grau de Inclusão (GI) ...................................................................................................... 45 6. METODOLOGIA ............................................................................................................. 47 7. ANÁLISE DE DADOS .................................................................................................... 48 8. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 57 9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 58 10. APÊNDICES .................................................................................................................... 60 10.1.Apêndice A – Questionário .............................................................................................. 60 10.2.Apêndice B – Resultado do questionário ......................................................................... 73 12 1. INTRODUÇÃO A economia do país continua ruim para 79% dos brasileiros, segundo análise do indicador de confiança do consumidor (ICC) realizada pelo SPC Brasil, e 53% dos que estão insatisfeitos com a própria vida financeira afirmam que o elevado custo de vida é o principal motivo. (SPC BRASIL, 2018) Através da análise dos dados do ICC de julho de 2018 percebe-se que a maioria dos entrevistados – talvez, a maioria dos brasileiros − atribuem à fatores externos o motivo de estarem vivenciando um momento ruim financeiramente. (SPC BRASIL, 2018) Por outro lado, é possível observar que a maioria dos entrevistados que estão vivenciando uma vida financeira boa atribuem a causa à fatores internos. Tais fatores internos podem ser caracterizados como comportamentos, pensamentos e hábitos. (SPC BRASIL, 2018) Uma das grandes dificuldades que o ser humano possui é de assumir os próprios erros, dado que encontrar um culpado para os problemas se tornou um hábito. O dinheiro possui grande influência sobre um indivíduo podendo ocasionar problemas em diversas áreas da vida, seja de esfera emocional ou física. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Kansas revela que a vida financeira desestruturada motiva 56% dos divórcios. Além disso, o endividamento pode gerar insônia, falta de apetite, estresse, baixa autoestima, entre outros problemas. (DEW & STEWART, 2012) Visto que os fatores internos do ser humano podem ser as principais causas de problemas ou sucessos financeiros e que o dinheiro possui uma relação direta com o bem estar físico e emocional de um indivíduo, este trabalho visa estudar os padrões subjetivos inseridos no subconsciente de cada pessoa a fim de analisar, através da metodologia fuzzy, os hábitos que favorecem o alcance de uma vida financeira saudável, e consequentemente, o aumento da qualidade de vida. 13 2. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA De acordo com pesquisa do Serasa, aproximadamente 50% das pessoas tiveram o nome incluído em algum serviço de proteção ao crédito e 70% atrasaram ao menos uma conta no ano de 2017. (SPC BRASIL, 2018) Estudos demonstraram que existe uma grande parcela da população que continua trabalhando após se aposentar, devido a necessidades financeiras. (COCKELL, 2014) Foi comprovado que problemas financeiros podem afetar o bem estar de um indivíduo trazendo problemas relacionados à saúde e, inclusive, aos seus relacionamentos. (DEW & STEWART, 2012) Visando proporcionar uma qualidade de vida melhor e um bom planejamento para aposentadoria, este trabalho almeja avaliar a importância da educação financeira para soluções dos problemas apresentados. 14 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVOS GERAIS Esta monografia tem como objetivo geral demonstrar a importância da educação financeira para a obtenção da qualidade de vida de um indivíduo bem como o atingimento da independência financeira. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conceituar educação financeira, qualidade de vida e independência financeira; • Compreender a relação entre a educação financeira e a independência financeira; • Compreender a relação entre a educação financeira e a qualidade de vida; • Apresentar os resultados encontrados. 15 4. JUSTIFICATIVA A educação financeira é um meio eficaz que possibilita o aprendizado sobre o consumo consciente e sobre a administração do dinheiro para que ele trabalhe em favor do investidor. É comum, no Brasil, encontrar cidadãos endividados, não que isso seja o problema, mas geralmente gastam mais do que recebem e consequentemente não conseguem poupar. O ato de poupar possibilita a realização de sonhos de curto, médio e longo prazo, como a independência financeira e o consumo consciente torna mais fácil o alcance da qualidade de vida. Segundo Goldfajn (2018), presidente do Banco Central do Brasil (BCB), o crescimento do país não pode ser baseado somente no consumo, mas também deve haver investimentos. Para Goldfajn (2018) a educação financeira é tão importante quanto a matemática e o português, portanto é de notória importância para o cidadão e para a economia nacional. Com base nisto percebe-se a grandiosa relevância socioeconômica, bem como acadêmica, da temática estudada neste trabalho. 16 5. EMBASAMENTO TEÓRICO 5.1. EDUCAÇÃO FINANCEIRA “A educação financeira sempre foi importante para auxiliar as pessoas a planejar e gerir sua renda, poupar, investir e garantir uma vida financeira mais tranquila” (CONEF, 2017) Segundo o Banco Central do Brasil (2013), a educação financeira é o meio de prover conhecimento e informações sobre comportamentos básicos que contribuem para melhorar a qualidade de vidas das pessoas, sendo, portanto, um instrumento para promover o desenvolvimento econômico. Segundo Bresser-Pereira (2006), o desenvolvimento econômico é o processo histórico de crescimento sustentado pelo PIB per capita implicando na melhoria da qualidade de vida da população de determinado local e resultando na acumulação de capital e da incorporação de conhecimento. O indivíduo educado financeiramente é capaz de gerir os seus rendimentos, investir, controlar seus gastos e evitar endividamentos maléficos. A educação financeira possibilita a alavancagem da qualidade de vida a partir da utilização correta dos recursos financeiros, humanos e do recurso mais precioso, o tempo. Para Pereira & Lopes (2014), o investimento em capital humano melhora o desempenho individual de um trabalhador e eleva seu salário, e também é fator decisivo para a geração de riqueza e de crescimento econômico. Segundo o Banco Central do Brasil (2013), a qualidadedas decisões financeiras dos indivíduos influencia toda a economia por estar intimamente ligada a problemas como os níveis de endividamento e de inadimplência das pessoas e a capacidade de investimento dos países. Consumidores bem educados financeiramente demandam serviços e produtos adequados às suas necessidades, incentivando a competição e desempenhando papel relevante no monitoramento do mercado, uma vez que exigem maior transparência das instituições financeiras, contribuindo dessa maneira para a solidez e para a eficiência do sistema financeiro. Dada a importância da educação financeira o Governo Federal instituiu por meio do Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, a Estratégia Nacional para Educação 17 Financeira (ENEF) que é uma mobilização multissetorial em torno da promoção de ações de educação financeira no Brasil. Além de contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento econômico, a educação financeira viabiliza, através de suas ferramentas, o atingimento da independência financeira. Após compreender o conceito de educação financeira é importante destacar quais são os comportamentos de pessoas educadas financeiramente. Pode-se destacar como critérios mais relevantes: Possuir uma despesa inferior à receita; Poupar mensalmente; Investir com frequência; Estabelecer um planejamento financeiro, para realização das metas de curto, médio e longo prazo, e segui-lo com disciplina; Estar preparado para emergências. As pessoas que apresentam esses comportamentos estão mais propensas a atingir a independência financeira, considerando que realizam um planejamento para isso, se preparam para eventuais imprevistos, executam e monitoram seu planejamento. 5.1.1. Independência financeira Gramaticalmente falando, a independência financeira é o estado onde se tem liberdade em relação ao dinheiro, ou seja, não existe uma relação de dependência entre o indivíduo e o dinheiro. Navarro (2017) relata que a Independência Financeira está diretamente relacionada à geração mensal de um fluxo de renda, de caráter perpétuo, que seja capaz de manter aquele padrão e qualidade de vida por tempo indeterminado. Ele cita como exemplo duas situações clássicas: quando um jovem começa a ganhar seu próprio dinheiro sem precisar da ajuda dos pais e quando, já mais tarde, um casal estabelecido pode viver apenas dos rendimentos (aluguéis, investimentos, poupança etc.) sem precisar de salário para viver. De acordo com Cerbasi (2004), o planejamento financeiro não significa simplesmente "não ficar no vermelho", mas tem sim por objetivo conquistar um padrão de 18 vida e conseguir mantê-lo. Ter independência financeira não significa necessariamente ser milionário, mas obter uma renda permanente que sustente o padrão de vida já estabelecido. As rendas podem ser caracterizadas como ativas e passivas. A renda ativa, que pode ser renda principal ou renda extra, é aquela oriunda do trabalho. Para obter uma renda ativa é necessário estar ativo, trocando a sua mão-de-obra física ou intelectual por determinada quantia de dinheiro. A renda passiva, por outro lado, é a renda que obtém-se sem precisar trabalhar, como por exemplo: rendimentos provenientes de investimentos, de aluguéis, de previdências, de patentes, de direitos autorais ou de pensões. A reserva de emergência é o primeiro, dos quatro passos, para a independência financeira. Sem exceções, todos passam por momentos bons e momentos difíceis na vida, mas o que diferencia as pessoas está na forma como agem em cada situação. Quem se previne das incertezas e se planeja para os momentos difíceis tende a não depender de terceiros para resolução dos seus problemas, alcançando o primeiro nível de independência. Cerbasi (2015) declara que: “Ao contrário do que muitos pensam, seu equilíbrio financeiro não está em ter as contas em dia, sem dívidas atrasadas e sem investimentos. O equilíbrio desse tipo de situação é muito tênue e pode se desfazer diante de qualquer imprevisto. O Patrimônio Mínimo de Sobrevivência é aquele que você precisa ter para simplesmente poder dar um rumo a sua vida em caso de desemprego, doença ou planos frustrados em sua atividade de negócios.” O segundo passo da independência financeira é vivenciado pela ausência de dívidas e pelo equilíbrio financeiro. Neste passo a renda é superior às despesas e não existe o endividamento em nenhuma esfera. Nota-se que no primeiro e no segundo passo a renda predominante ainda é a ativa, havendo uma dependência do trabalho. No terceiro passo é obtida a liberdade de emprego, ou seja, não é necessário que seja mantida uma renda principal inalterada para manter o padrão de vida estabelecido, pois a renda passa a ser composta também pela renda passiva. Contudo, neste passo ainda é necessário que haja alguma renda ativa, mesmo que não seja em sua totalidade ela continua sendo importante. A diferença está na possibilidade de, por exemplo, um dos cônjuges parar de trabalhar para se dedicar à outra atividade, ou de haver uma mudança de emprego para algo que proporcione mais prazer, isto sem a preocupação excessiva com o sustento familiar. A independência financeira é atingida em sua totalidade no quarto passo, onde o indivíduo obtém 100% da renda necessária para a manutenção do seu padrão de vida através 19 da renda passiva. Logo, o trabalho que originava a renda ativa não é mais necessário para o sustento familiar e passa a se tornar algo opcional. Ao atingir a independência financeira o trabalho se torna um hobby e a capacidade de melhor utilizar o tempo é expandida. Com liberdade de tempo e dinheiro, a qualidade de vida é uma escolha. Cerbasi (2015) deduziu a independência financeira por meio da seguinte fórmula: Patrimônio Necessário para Independência Financeira (PNIF) = [Gasto Médio Mensal da Família] / [Rentabilidade Real Mensal] Exemplificando, temos: Uma família que possui determinado padrão de vida tem como gasto mensal R$5.000,00. Esta família aplica seu dinheiro em investimento de renda fixa e obtém um rendimento líquido de 0,70%. O PNIF é igual a R$5.000,00 dividido por 0,7%, ou seja, R$714.285,71. Portanto, com um patrimônio de R$714,285,71 esta família obtém uma renda passiva mensal de R$5.000,00 que é capaz de manter inalterado o padrão de vida desta família. Existem algumas fórmulas que tornam possível calcular o montante necessário para obtenção da independência financeira, bem como fórmulas para calcular e indicar se o planejamento está sendo executado com eficácia. Possuir um capital que proteja das incertezas não irá, necessariamente, garantir que seja possível manter a situação de consumo atual vitaliciamente. Possuir reservas suficientes para assegurar a estabilidade pode não ser suficiente para uma aposentadoria segura. (CERBASI, 2015) Como demonstrado, é possível calcular o montante necessário para obtenção da independência financeira pela fórmula PNIF. Para calcular o indicador do planejamento usamos a fórmula do patrimônio ideal. Portanto é importante que seja definido o patrimônio necessário para atingir a independência financeira e, em seguida, definido o patrimônio ideal para cada momento da vida. O patrimônio ideal serve como um indicador para mostrar se o indivíduo está no caminho certo para atingir seu objetivo no tempo estimado. Existem diversas teorias para estimar o Patrimônio Ideal. Cerbasi (2015) destaca que uma das teorias mais simples e utilizadas entre consultorias financeiras é a que sugere que, para estar no caminho certo, deve-se acumular 10% do gasto familiar anual para cada ano de vida. Ou seja: 20 PI = 10% x [Gasto médio anual da família] x Idade Neste trabalho define-se outra forma para calcular o patrimônio financeiro ideal, o qual tem como base o Patrimônio Necessário para a Independência Financeira(PNIF). O PNIF indica qual o patrimônio necessário para que não seja necessária nenhuma renda ativa para subsistência de uma família ou indivíduo. Simplificando, pode-se dizer que ao atingir o PNIF obtém-se a independência financeira, o estado onde o capital investido oferta uma rentabilidade igual ou superior ao necessário para o sustento familiar. Embasado nisto, e utilizando os conceitos de juros composto, deduziu-se a teoria onde o Patrimônio Ideal é definido pela fórmula do juros composto, alterando o Valor Futuro (VF) para o valor do PNIF e definindo o Valor Presente (VP) como Patrimônio Ideal (PI). 𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 𝑥 (1 + 𝑖)𝑛 (1) 𝑃𝑁𝐼𝐹 = 𝑃𝐼 𝑥 (1 + 𝑖)𝑛 (2) 𝑃𝐼 = 𝑃𝑁𝐼𝐹 (1+𝑖)𝑛 ou 𝑃𝐼 = 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑖 (1+𝑖)𝑛 (3) PNIF = Patrimônio Necessário para Independência Financeira PI = Patrimônio Ideal para idade e situação de consumo i = Taxa de rendimento n = Tempo A medida do tempo irá variar de acordo com a taxa de rendimento aplicada. Se a taxa de rendimento for ao mês, o tempo será medido em meses, se a taxa de rendimento for ao ano, o tempo será medido em anos, e assim por diante. 21 VFPM = Valor Futuro com Pagamento Mensal 𝑃𝐺𝑇𝑂 𝑖 × ((1 + 𝑖)𝑛 − 1) (4) VF = Valor Futuro 𝑉𝑃 × (1 + 𝑖)𝑛 (1) VFT = Valor Futuro Total 𝑉𝐹𝑃𝑀 + 𝑉𝐹 (5) Resumidamente, o PNIF mensura o capital necessário para alcançar a independência financeira e o PI indica se o indivíduo possui o capital necessário proporcional em relação a sua idade atual e a ideia que almeja se aposentar. Por exemplo, considerando que uma determinada pessoa, de 52 anos, possua uma despesa mensal de R$10.000,00 e almeja se aposentar aos 60 anos. Dado que esta pessoa investe em renda fixa e tem um rendimento de 0,70% ao mês. 𝑃𝑁𝐼𝐹 = 𝑅$10.000,00 0,007 = 𝑅$1.428.571,43 (2) Logo, ela precisa de um montante de R$1.428.571,43 para obter uma renda passiva de R$10.000,00 por mês (investindo a uma taxa de 0,70% ao mês). Contudo, sabendo que ela possui 52 anos e almeja se aposentar aos 60 anos, calcula-se, através do PI, o valor ideal que esta pessoa precisa ter, para que após oito anos ela possua o capital estimado (desconsiderando novas aplicações ao montante inicial). Utilizando a fórmula do patrimônio ideal obtém-se: 𝑃𝐼 = 𝑅$1.428.571,43 (1+0,007)96 = 𝑅$731.261,63 (3) No gráfico abaixo é possível compreender o patrimônio ideal em função do tempo. 22 Gráfico 1 - Montante necessário. Fonte: Elaborada pelo autor. Entretanto, caso esta pessoa invista mensalmente, para somar com seu montante inicial, será necessário que seja realizado o cálculo do VFPM. VFPM = 𝑅$1.000,00 0,70% × ((1 + 0,70%)96 − 1) (4) VFPM = 𝑅$142,857,14 × (1,95357088 − 1) (4) VFPM = 𝑅$142,857,14 × (0,95357088) (4) VFPM = 𝑅$136.224,41 (4) No gráfico abaixo é possível observar que o patrimônio desejado, de aproximadamente R$1.428.000,00, foi alcançado em 96 meses, sem aportes mensais, e em 84 meses com aportes mensais. R$731.261,63 R$- R$200.000,00 R$400.000,00 R$600.000,00 R$800.000,00 R$1.000.000,00 R$1.200.000,00 R$1.400.000,00 R$1.600.000,00 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Montante necessário 23 Gráfico 2 - Comparação: com prestação x sem prestação 1. Fonte: Elaborada pelo autor. O gráfico abaixo visa possibilitar uma melhor observação dos valores alcançados nas duas simulações. Gráfico 3 - Comparação com prestação x sem prestação 2. Fonte: Elaborada pelo autor. Considerando que esta pessoa invista um valor mensalmente, correspondente a 10% da sua despesa mensal, ela conseguiria antecipar o seu capital desejado, o PNIF, em um ano, conforme exposto acima. Contudo, apesar de realizar um planejamento adequado e poupar regularmente conforme definido, existe a possibilidade da meta não ser atingida. Problemas de saúde, R$1.428.571,43 R$1.427.671,91 R$- R$200.000,00 R$400.000,00 R$600.000,00 R$800.000,00 R$1.000.000,00 R$1.200.000,00 R$1.400.000,00 R$1.600.000,00 R$1.800.000,00 96939087848178757269666360575451484542393633302724211815129630 Comparação - Com Prestação e Sem Prestação Sem prestações Com prestações R$1.428.571,43 R$1.427.671,91 R$- R$500.000,00 R$1.000.000,00 R$1.500.000,00 R$2.000.000,00 9695949392919089888786858483828180 Comparação - Com Prestação e Sem Prestação Sem prestações Com prestações 24 desemprego, crise financeira entre outros aspectos podem, eventualmente, afetar o planejamento realizado e comprometer o alcance dos objetivos esperados. Portanto, é recomendável que seja estabelecida uma reserva de emergência antes de executar o que foi planejado. 5.1.2. Reserva de emergência Ao contrário do que muitos pensam, seu equilíbrio financeiro não está em ter as contas em dia, sem dívidas atrasadas e sem investimentos. “O equilíbrio desse tipo de situação é muito tênue e pode se desfazer diante de qualquer imprevisto.” (CERBASI, 2015) A reserva de emergência é o patrimônio aplicado, com liquidez diária, ou em dinheiro que tem como objetivo arcar com despesas eventuais e emergenciais. Frente a este tipo de despesa se faz necessário a utilização de um patrimônio líquido, disponível para ser utilizado imediatamente. Desemprego e doença são tipos de imprevistos onde é necessária a utilização imediata da reserva de emergência Patrimônios em situação de desfrute são recomendados apenas após a obtenção da reserva de emergência, composta por investimentos de liquidez. Caso um indivíduo venha a enfrentar um momento de crise – de súbita mudança – e se veja necessitado de uma quantia monetária considerável, ele irá recorrer aos meios que lhe são ofertados. Ou seja, caso ele tenha uma reserva de emergência ele irá utiliza-la, caso não tenha, ele será obrigado a vender alguns de seus bens em situação de desfrute ou solicitará um empréstimo. O mínimo recomendável é que a reserva de emergência seja constituída de uma reserva financeira igual a três vezes o valor do consumo médio familiar. O ideal é que a reserva seja de seis vezes o valor do consumo médio familiar. “Para estar financeiramente seguro, você precisa contar com reservas financeiras que lhe permitam escolhas profissionais e pessoais sem elevar o dinheiro a um grau de importância maior do que seus valores pessoais.” (CERBASI, 2015) Ou seja, com uma reserva financeira elevada torna-se viável a realização de sonhos pessoais ou ousar na vida profissional sem a preocupação excessiva com o sustento familiar. A reserva de emergência pode ser classificada em mínima, ideal e de segurança. A reserva de emergência mínima é composta pelo gasto médio mensal familiar multiplicado por três: Reserva de emergência mínima = 3 x [Gasto médio mensal familiar] 25 A reserva de emergência ideal é composta pelo gasto médio mensal familiar multiplicado por seis: Reserva de emergência ideal = 6 x [Gasto médio mensal familiar] A reserva de emergência de segurança é composta pelo gasto médio mensal familiar multiplicado por 18: Reserva de emergência de segurança = 18 x [Gasto médio mensal familiar] Exemplificando: A família Moura tem um gasto mensal de R$6.000,00, portanto sua reserva de emergência será de: Reserva de emergência mínima: 3 x R$6.000,00 = R$18.000,00 Reserva de emergência ideal: 6 x R$6.000,00 = R$36.000,00 Reserva de emergência de segurança: 18 x R$6.000,00 = R$108.000,00 É importante que a renda familiar seja delimitada em categorias, afim de que possa ser melhor distribuída. Para aqueles que não possuem dívidas e pretendem executar seu planejamento financeiro é necessário que delimitem uma porcentagem para a construção da reserva de emergência. 5.1.3. Regras para delimitação de gastos Após compreenderde onde vem a receita de uma família, por exemplo, e quais são as suas despesas, é recomendável a utilização de uma regra para propor melhorias orçamentárias visando atender as metas de curto, médio e longo prazo da família em questão. Especialistas divergem sobre as variáveis desta regra, contudo sua essência é a mesma. Segundo esta regra um orçamento familiar pode ser dividido em categorias e cada categoria possui uma porcentagem específica para distribuição da receita. Uma forma bem conhecida desta regra é popularmente chamada de Regra 50/15/35. Cada número simboliza uma porcentagem, como exposto abaixo. 50% - Gastos essenciais Os gastos essenciais englobam todas as despesas necessárias para você se manter no dia-a-dia, como por exemplo: moradia, educação, saúde, transporte e alimentação. 26 15% - Prioridades financeiras As prioridades financeiras podem ser diferentes de acordo com a situação do indivíduo. Se o indivíduo estiver endividado sua prioridade financeira será quitar suas dívidas. Se não estiver endividado, sua prioridade financeira será elaborar uma reserva de emergência de três a seis salários, para que você se proteja dos momentos de incerteza da vida e não tenha que recorrer ao cheque especial cada vez que se deparar com um gasto inesperado. 35% - Estilo de vida Após deixar em dia seus compromissos essenciais e suas prioridades financeiras o indivíduo está livre para usufruir dos seus 35% da forma que lhe trouxer maior qualidade de vida, podendo utilizar esse recurso em bares e restaurantes, balada, academia, salão de beleza, viagens, TV a cabo, assinatura de revistas e compras no shopping, entre outras opções. Outra ramificação desta regra é conhecida como Regra 50/20/30 que possui a mesma essência da Regra 50/15/35 alternando 5% do estilo de vida para as prioridades financeiras. Paulo Vieira (2016) categoriza de uma forma diferente e com uma riqueza maior de informações. Para Paulo (2016) existem 6 divisões: Pague-se (5%) “É o exercício do merecimento, em que você deixa de ser coadjuvante e se coloca em primeiro lugar na própria vida. É como gritar ao mundo e a você próprio: "Eu mereço ter dinheiro”. “(Vieira, 2016) Para Vieira (2016) pagar-se primeiro produz crenças de que: 1º Mereço ter dinheiro; 2º Não sou escravo do dinheiro, afinal eu o possuo; 3º Tenho intimidade com o dinheiro e a presença dele na minha vida não me assusta. Doação (10%) Vieira (2016) declara que: “Doar é um comportamento de enriquecimento muitíssimo importante. Talvez o mais importante dos seis comportamentos que o levarão de uma mentalidade de escassez para uma mentalidade abundante. O fato é que pessoas verdadeiramente ricas são abundantes e fartas. Elas têm sobras em sua vida financeira.” 27 Você dessa forma irá constantemente comunicar seu cérebro que não possui problemas financeiros e possui dinheiro o suficiente. Para Vieira (2016) quanto exercitamos a doação como estilo de vida financeiro, algumas crenças são instaladas: 1º Sou abundante; 2º Sou capaz de ganhar mais; 3º Existe mais que o suficiente para todos; 4º Sou generoso e grato; 5º O mundo é um lugar bom de viver; 6º Sou importante para pessoas e para um mundo melhor; 7º Sou merecedor de ter mais, afinal, contribuo e ajudo quem precisa; 8º Agrado a Deus, pois ajudo o desvalido e necessitado. Pagar as contas (60%) Pagar todas as contas, paga-las em dia e paga-las com certa facilidade e, sobretudo, com sobras. Neste passo é importante que tenha dinheiro para pagar todas as suas contas com até 60% do salário ou rendimentos familiares. Investir (10%) Esta etapa é a mais prazerosa para muitas pessoas. Afinal, quem não quer ficar rico? No entanto, está diretamente ligada ao cumprimento das outras três anteriores. Uma complementa a outra e todas juntas produzem o conjunto das crenças financeiras fortalecedoras. Nesta etapa, aplique os ativos financeiros que vão gerar mais dinheiro para você. Realização de sonhos (10%) Nesta etapa você deve poupar 10% para realização dos seus sonhos, como comprar uma casa, um carro, viajar etc. É fundamental realizar sonhos, desejos e ter prazer na vida. Não importa qual é o sonho, o importante é que ele aqueça seu coração e gere expectativa positiva ao longo do processo. 28 Abundar (5%) Com os 5% restantes você poderá fazer o que quiser. Esse passo é necessário porque é junto com esse dinheiro que sobrou que você diz para o seu cérebro que você possui dinheiro em superabundância. Independente da regra nota-se uma similaridade em sua essência, dado em ambas disponibilizam parte da receita para pagar contas essenciais, para compromissos financeiros ou investimentos e para estilo de vida ou realização de sonhos e doações. É importante compreender que as regras promovem uma utilização consciente dos recursos, dado que são escassos, para melhor aproveitamento e com foco no bem estar do indivíduo. Exemplificando a importância das regras citadas, para o bem estar de um indivíduo: 1º Se as contas não forem pagas em dia tem-se por consequência a criação de dívidas que podem trazer problemas familiares e emocionais; 2º Se não for disponibilizados recursos para as prioridades financeiras as eventuais dívidas não poderão ser quitadas, intensificando o problema, ou não seria possível construir uma reserva de emergência para evitar futuras “dores de cabeça”. Por fim, sem essa priorização dos recursos não seria viável o desenvolvimento de um bom plano de aposentadoria, acarretando então em problemas futuros. 3º Se o indivíduo não usufruir do seu capital para adquirir produtos e serviços que lhe gerem prazer ou para que seja possível realizar seus sonhos de curto e médio prazo dificilmente ele terá uma qualidade de vida alta. Neste caso, pode-se considerar que este indivíduo está em uma corrida dos ratos, um exercício sem fim, autodestrutivo ou inútil. Na corrida dos ratos, um rato tenta escapar correndo em uma roda ou em um labirinto, e um exemplo do mundo humano são as pessoas que acordam cedo, pegam transito, trabalham exaustivamente, vivem insatisfeitas, sem qualidade de vida, com um salário que serve apenas para pagar as contas e nem ao menos gostam do que fazem, se tornando “escravas” do trabalho. Inicialmente pode-se imaginar que é difícil realizar a delimitação correta dos gastos e, principalmente, cumprir de acordo com o que foi delimitado. Porém, existem aplicativos que auxiliam no gerenciamento do orçamento pessoal ou familiar e tornam a atividade mais simples. 29 5.1.4. Ferramentas para controle de orçamento Antigamente o método mais comum para controle orçamentário era desenvolvido através de planilhas criadas no Microsoft Excel ou programas similares. Na atualidade já existem numerosos métodos e ferramentas que podem ser utilizadas com a finalidade de controlar o orçamento familiar ou empresarial. O orçamento é importante, resumidamente, para facilitar a identificação das receitas e despesas de uma pessoa ou organização. Após tornar conhecidos os valores referentes às entradas e saídas, é possível realizar uma análise e implantar uma melhoria com o foco no aumento do lucro, por exemplo. Mediante a um controle periódico deste orçamento é possível monitorar o progresso, comparando resultados reais com resultados planejados. Esse feedback ou monitoramento e avaliação do progresso, por sua vez, permite que ações corretivas sejam tomadas oportunamente, se necessárias. (REIS, 2009) Dentro da ampla gama de opções de ferramentas, destacam-se algumas delas abaixo. B3 O site da B3 (antiga BM&FBovespa) disponibiliza uma planilha para baixar e organizar o orçamento. Ela reúne em apenas uma aba do Excel o orçamento de todos os meses do ano. É possível lançar despesas divididas em fixas, variáveis, extraordinárias e adicionais.O documento também permite incluir valores mensais destinados a investimentos em ações, Tesouro Direto, renda fixa, previdência privada e outras aplicações. (LEWGOY, 2018) Gastos Diários 3 O aplicativo “Gastos Diários 3” possibilita classificar receitas e despesas por categorias e agendar gastos e ganhos recorrentes. O aplicativo tem alguns diferenciais: faz um resumo dos seus gastos e ganhos todo mês, permite escolher o formato da moeda e da data que preferir a ferramenta e está disponível em dez línguas. (LEWGOY, 2018) http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/educacional/educacao-financeira/planilha-de-orcamento/ 30 Grana O “Grana” aposta na interface simples, sem anúncios, e sincroniza e categoriza dados da conta bancária de forma automática. O usuário consegue acompanhar gastos diários, semanais e mensais e exportar seus gastos para qualquer planilha financeira, até mesmo para o Google Drive. (LEWGOY, 2018) GuiaBolso O aplicativo “GuiaBolso” permite que você controle suas finanças de forma 100% automática. Funciona assim: o usuário conecta seu banco, o aplicativo tem acesso à sua conta e sempre mostra o saldo e as transações bancárias atualizadas, sem que você precise preencher as informações. O aplicativo também organiza os gastos automaticamente em categorias, e assim você sabe para onde o dinheiro foi. Também pode traçar metas e a ferramenta avisa quanto você ainda tem para gastar em cada categoria, e se está perto de estourar o orçamento. O aplicativo ainda permite consultar seu CPF para checar se você tem pendências financeiras e pegar empréstimos conforme o seu perfil. (LEWGOY, 2018) Microsoft Office As planilhas do Microsoft Office são para quem prefere modelos mais tradicionais de controle financeiro, mas não menos eficientes. Basta acessar o programa no seu computador, sem precisar de internet. Quem não tem o Microsoft Office pode acessar as planilhas online, no site. (LEWGOY, 2018) Minhas Economias O Minhas Economias é bem tradicional e funcional: permite inserir e categorizar os gastos, acompanhar sua evolução em gráfico e organizar a movimentação do cartão de crédito, da carteira, da conta-corrente e da poupança. Além de receber alertas e acompanhar as metas, também dá para calcular suas transações com a ajuda de uma calculadora no próprio aplicativo, programar transações repetidas e inserir anotações. A ferramenta sincroniza seus dados em todas as plataformas e é protegida com um código de segurança de quatro dígitos. (LEWGOY, 2018) https://www.guiabolso.com.br/ https://templates.office.com/pt-br/templates-for-Excel http://minhaseconomias.com.br/ 31 Mediante às análises realizadas no orçamento, por meio das ferramentas, será possível observar e entender como está sendo utilizada a receita familiar. Se for constatado que as despesas são superiores às receitas e não for possível reduzir as despesas, uma alternativa viável será a obtenção de uma nova forma de renda afim de complementar a renda principal. 5.1.5. Formas de renda A renda, ou receita, é o total das importâncias recebidas periodicamente e pode ser classificada em três tipos: renda principal, renda extra e renda passiva. Renda principal é aquela oriunda do trabalho principal. É a responsável por pagar todas ou a maioria das despesas familiares. Pode ser classificada também como renda ativa, a qual exige uma atividade de trabalho para obtenção da receita. A renda extra também pode ser classificada como renda ativa, pois é proveniente de uma atividade de trabalho. Contudo, esta atividade não está atrelada necessariamente ao exercício profissional principal. É possível obter uma renda extra através de horas extras de trabalho, exercendo a mesma função da atividade principal, ou através de diferentes atividades como marketing multinível, venda direta, uber, empresas etc. Por último – e não menos importante – tem a renda passiva, aquela que não é oriunda do trabalho. Com a renda passiva é possível receber periodicamente um rendimento sem que seja necessário exercer alguma atividade de trabalho. Exemplos conhecidos de renda passiva são a poupança e a aposentadoria. Em ambos os casos você obtém um capital independentemente do exercício do trabalho. A poupança oferta rendimentos de acordo com o capital que se encontra aplicado, de forma automática. A aposentadoria remunera o aposentado mensalmente sem a necessidade de que ele exerça qualquer atividade trabalhista. Pode-se citar também como renda passiva os investimentos em renda fixa, renda variável, direitos autorais, royalty, aluguéis, e em alguns casos o marketing multinível. Quando se obtém múltiplas fontes de renda torna-se mais difícil de contrair dívidas que prejudiquem o orçamento familiar. 32 5.1.6. Dívidas O super endividamento dos consumidores constitui um fenômeno social de extrema relevância na atualidade. Todavia, esta questão não faz correlação somente a um campo de conhecimento, posto que se configura como um grave e crescente problema social que necessita, para seu entendimento e enfrentamento, da articulação de diferentes disciplinas tais como Direito, Economia e Psicologia entre outros. (HENNIGEN & GEHLEN, 2012) Uma pesquisa que foi realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 7 em cada 10 brasileiros (70%) deixaram de pagar ou pagaram com atraso pelo menos uma conta no ano de 2017. As contas mais comprometidas no ano passado foram: cartão de crédito (39%), plano de internet (28%) e plano de celular e/ou telefone fixo (26%). (SPC BRASIL, 2018) De acordo com o levantamento, 47% dos brasileiros estão ou tiveram nos últimos 12 meses o nome incluído em algum serviço de proteção ao crédito, sobretudo entre as classes C, D e E (50%). (SPC BRASIL, 2018) Diante destes aspectos a educação financeira constitui uma importante estratégia de superação e prevenção ao endividamento. Neste sentido, em 2010 houve a criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF, 2010) uma política de Estado que busca estimular o consumo responsável entre a população e promover a reflexão dos consumidores sobre os riscos do endividamento. De acordo com esta estratégia a Educação Financeira é compreendida como um processo que permite que as pessoas tenham melhor entendimento dos conceitos e dos produtos financeiros para tomar decisões sobre as oportunidades e os riscos envolvidos. Vieira (2012) revela que em estudo realizado em nenhum dos casos, o endividamento foi causado por um fato isolado, por exemplo, doença, catástrofe, falência. Destaca-se que o endividamento foi causado pela falta de controle mensal dos gastos. Notou-se uma despesa superior ao salário, repetidamente, com itens como alimentação, roupas e viagens. Quando não existe um controle orçamentário adequado os pequenos gastos podem se tornar uma “bola de neve” ocasionando grandes problemas no orçamento. “Tudo leva a crer que a qualidade de vida no trabalho é prejudicada, principalmente, no que se refere aos inter-relacionamentos e à própria concentração e motivação para o trabalho.” (VIEIRA, 2012) 33 O dinheiro possui grande influência sobre um indivíduo podendo ocasionar problemas em diversas áreas de vida, seja de esfera emocional ou física. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Kansas revela que a vida financeira desestruturada motiva 56% dos divórcios. Além disso, o endividamento pode gerar insônia, falta de apetite, estresse, baixa autoestima, entre outros problemas. (DEW & STEWART, 2012) É importante citar que existem as dívidas boas e as dívidas ruins, levando em conta o seu objetivo e sua utilização. Acima foi abordado sobre as dívidas ruins, as dívidas oriundas de escolhas erradas pautadas nas emoções, contudo existem as dívidas boas que muitos desconhecem.A forma mais fácil de demostrar a existência dessa dívida é através de um exemplo. Considerando, hipoteticamente, que exista um investimento que oferte um retorno líquido de 6% ao ano e que determinado banco oferte um empréstimo a uma taxa de juros de 2% ao ano é possível concluir que o investidor obterá uma lucratividade de 4% ao ano em cima do seu investimento através de um crédito obtido no banco, uma dívida inteligente. Ou seja, de forma inteligente o investidor usufruiu de um dinheiro que não era dele para gerar um rendimento superior às prestações do banco, de forma que obtivesse um saldo entre o valor recebido e o valor pago nas prestações. O crédito é algo bom quando utilizado com inteligência e algo prejudicial, em muitas esferas, quando utilizado sem planejamento. A população cujo índice de educação financeira é baixo certamente possuirá um índice de endividamento alto. Tão importante quanto o valor da receita mensal de uma família é a conscientização e aplicação dos conceitos da educação financeira, como por exemplo, gastar menos do que ganha. Para aqueles que possuem um bom índice de educação financeira é mais viável a conquista dos seus sonhos de curto, médio e longo prazo. 5.1.7. Sonhos, projetos e metas O Banco Central do Brasil (2013) declara que: "A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre os quais, possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, preparar para o enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria, qualificar para o bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibilidade de o indivíduo cair em fraudes, preparar o caminho para a realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor." 34 O ser humano é movido pelos sonhos, os quais trazem esperança, motivação e norteiam os desejos pelo futuro. Por meio deles criamos uma expectativa de onde queremos chegar. Nem todos os sonhos envolvem necessariamente o dinheiro, contudo existem sonhos que necessitam desse recurso. A boa administração dos recursos financeiros maximiza as chances de concretização dos sonhos, e a educação financeira pode auxiliar neste objetivo. Um problema enfrentado por muitos é não saber como concretizar os sonhos, ora por falta de uma visão nítida do caminho a ser trilhado entre o sonho e sua realização, ora porque é necessário refletir no assunto e "vestir a camisa" para transformar os sonhos em projetos. Os sonhos podem ser definidos como o desejo ou anseio. O projeto é o sonho colocado "no papel" para que possa ser analisado quais os melhores caminhos a serem percorridos para alcançar o objetivo. "O projeto implica um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo na direção do sonho ou dos objetivos que se quer concretizar. Como você pode ver, um é a complementação do outro." (BCB, 2013) Os projetos podem ser comparados com a Meta SMART, ou seja, podemos defini-los da seguinte forma: Específicos: Deverá ser bem definido qual é a meta, quem será responsável pela realização, como ela será conquistada e porque ele deve ser seguida. Mensurável: O projeto deve poder ser medido. Espera-se saber qual o resultado esperado e o tempo estimado para atingir a meta. Atingível: É inútil criar um projeto que não seja possível ser concretizado. Este erro aparentemente óbvio pode desmotivar e criar uma grande frustração. Relevante: Quanto mais relevante for a meta para o indivíduo, mais motivado ele estará para trabalhar em prol da realização do seu projeto. Uma meta irrelevante pode facilmente ser classificada como não prioritária e ser deixada de lado com o passar do tempo. Temporal: Qualquer projeto deve ter um prazo para conclusão. Ou seja, se você cria um objetivo e não estabelece uma “deadline”, ele pode ser alcançado em 1 dia, 1 mês ou 1 ano. 35 É importante que sejam estabelecidas etapas intermediárias para verificar o percurso caminhado e, caso necessário, reavaliar e direcionar melhor o projeto. Um projeto pode levar anos para ser finalizado, desta forma, até que se consigam os recursos necessários para realização do sonho existe a possibilidade de desânimo ou desvio do foco. Portanto, além de estabelecer as etapas intermediárias é importante comemora-las. Não importa como você irá comemorar, desde que não desvie do foco principal do projeto. Dentre as metas de curto, médio e longo prazo, pode-se exemplificar, respectivamente, como a compra de um aparelho celular novo, uma viagem para outro país, e a aposentadoria. 5.1.8. Previdência social A previdência é o resultado de contribuições realizadas por trabalhadores com a finalidade de prover alguma subsistência na incapacidade de trabalhar. (JUNIOR, 2018) A previdência social pode ser dividida em dois tipos: pública ou privada. A previdência pública é subdividida em três regimes, o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e o Regime Facultativo Complementar de Previdência Social (RFCPS). O RGPS é operado pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), uma entidade pública e de filiação obrigatória para os trabalhadores regidos pela CLT. O RPPS é instituído pelo Instituto de Previdência ou pelo Fundo Previdenciário e é de filiação obrigatória para os servidores públicos titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O RFCPS ou Regime de Previdência Complementar (RPC) é operado por entidades abertas e fechadas de previdência complementar, de regime privado e filiação facultativa, criado com o propósito de proporcional uma renda extra ao trabalhador que complemente a sua previdência oficial. (FUNPRESP, 2013) A previdência social garante uma renda de pelo menos um salário mínimo ao trabalhador e sua família nas seguintes situações, previstas no art. nº 201 da Carta Magna: I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II – proteção à maternidade, especialmente à gestante; III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 36 IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. A Previdência Social do Brasil funciona pelo regime de caixa. As contribuições efetuadas pelos ativos hoje, são automaticamente utilizadas para pagamento dos inativos. Sendo assim, os recursos previdenciários não são suficientes para pagar a massa de aposentados. (WEINTRAUB, 2003) Calixto (2007) expôs que: “Em 1950, eram 8 contribuintes financiando um aposentado; em 1970, esta relação caiu para 4,2; na década de 90 eram 2,5 e atualmente a proporção é de 1 para 1. O sistema de pagamento das contribuições é realizado por meio de repartição simples, ou seja, a geração ativa financia os pagamentos dos benefícios da população inativa. [...] O maior problema, para a Previdência Social brasileira, não está no presente, mas no futuro. Nos próximos cinco anos, o Brasil estará no auge da população produtiva, mais trabalhadores, maior receita. De acordo com estudos do IBGE (2006), em 43 anos a população idosa crescerá 5 vezes.” Calixto (2007) constatou e demostrou a importância do planejamento financeiro pessoal visando a complementação de renda na aposentadoria, partindo do pressuposto que a previdência social pública tem sinalizado que não conseguirá sustentar por muito tempo o pagamento das aposentadorias, transferindo a responsabilidade de garantir uma renda vitalícia a cada indivíduo. O aumento da perspectiva de vida é acompanhado, segundo Cockell (2014), pela permanência dos trabalhadores por um período maior de tempo no mercado de trabalho, induzida pelo aumento da idade mínima para se aposentar, bem como pela necessidade de complementação da renda. “No caso dos brasileiros com 65 anos ou mais, cerca de 3,1milhões (22,5%) continuam trabalhando, sendo que a grande maioria (74,7%) é aposentada. Parte da renda dos idosos provém dos benefícios da Previdência Social.” (COCKELL, 2014) Segundo Cockell (2014), dentre os fatores que influenciam os idosos aposentados, a decisão de continuar trabalhando estão: hobby, bem-estar físico e mental ou em decorrência de necessidades financeiras. 37 Cockell (2014) relata: “Outro dado interessante é que o valor dos benefícios é percebido de maneira singular de acordo com a classe social do aposentado. Segundo Libâneo (citado por Vieira, 2009), a aposentadoria nas classes mais baixas é um “dinheiro certo” e “constante”, às vezes maior que o rendimento anterior ao benefício, pois, para as classes mais baixas, a aposentadoria é uma renda constante e segura. Afirma ainda que, nas classes mais altas, a aposentadoria significa uma queda da renda devido à perda, por exemplo, das gratificações.” Dado que o teto previdenciário é de R$5.645,80, é aconselhável, principalmente àqueles que recebem acima de seis salários mínimos, a realização de um planejamento financeiro para complementar a renda no período da aposentadoria para que não haja a necessidade de trabalhar em decorrência de necessidades financeiras e para que não haja uma queda da renda, incorrendo numa diminuição do padrão de vida já estabelecido. O planejamento financeiro pode ser composto de investimentos de renda fixa, variável ou imóveis 5.1.9. Investimentos Porque investir? O dinheiro sofre, diariamente, variações positivas ou negativas, que impactam no poder de compra do consumidor. Esta variação do valor do dinheiro é chamada de inflação. Normalmente a inflação é positiva fazendo com que o poder de compra seja reduzido com o passar do tempo. Dado que o dinheiro pode-se desvalorizar em determinado período, o que certamente acontece, o ato de investir, em contrapartida, proporciona uma proteção contra a inflação para que não haja tal desvalorização. Além de proteger o dinheiro contra a inflação, o dinheiro bem investido pode proporcionar rendimentos passivos que são superiores às perdas de poder de compra. Como investir? Atualmente existe uma grande facilidade para realizar investimentos financeiros com menos burocracia. Através dos bancos tradicionais é possível investir na famosa caderneta de 38 poupança que, em alguns casos, já estão atreladas a conta corrente, não havendo necessidade de fazer nada além de depositar o dinheiro na conta. Para outros investimentos em renda fixa se faz necessário a abertura de uma conta de uma corretora de valores onde haverá uma cartela de opções de investimentos a sua escolha. No tesouro direto, por exemplo, é possível começar a investir com apenas R$30,00. Com que frequência investir? A frequência dos investimentos deve estar atrelada às metas individuais de cada pessoa, porém, é recomendável o hábito de investir mensalmente. Desta forma a mente será condicionada a gastar sempre menos do que está disponível evitando possíveis problemas com endividamento e gastos descontrolados. Onde investir? Os investimentos são condicionados ao perfil de cada investidor, podendo ser, por exemplo, conservador, moderado ou agressivo. Alguns tipos de investimentos são: renda fixa, renda variável, imóveis, negócios etc. Renda fixa Os investimentos de renda fixa são conservadores, de baixo risco, trazendo segurança e rendimentos baixos ou moderados. Dentre eles estão a poupança, tesouro direto, LCI, LCA, CDB, COE, LF, debentures etc. Os investimento de renda fixas podem ser pré-fixados ou pós-fixados. Os pré- fixados, são os investimentos com taxa de retorno já conhecida no momento da aplicação. Ou seja, não importa quanto as taxas se movimentem, para mais ou para menos, o seu retorno já está definido para a data de resgate. A BTG Pactual Digital (2017) exemplificou: “Uma aplicação em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) com rendimento de 10% ao ano, é um exemplo de pré-fixado. Em contrapartida, um investimento pós- fixado só terá o seu rendimento conhecido no futuro, apesar de você poder realizar simulações que cheguem perto do valor final. Esses rendimentos são sempre atrelados a algum índice, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa Selic ou IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Por exemplo, uma LCA que rende 95% do 39 CDI é pós-fixada, uma vez que a taxa do CDI oscila e não sabemos qual será a taxa no futuro.” Renda Variável Os investimentos de renda variáveis são agressivos, de alto risco, trazendo insegurança e rendimentos baixos, moderados ou altos, podendo também haver perda de capital. Dentre eles estão as ações, derivativos, câmbio, fundos de ações etc. Imóveis Para investir em imóveis é interessante que seja feita uma análise para avaliar se o imóvel tem a tendência de se valorizar. Para isso pode-se considerar o processo de urbanização, saturação de regiões vizinhas e o histórico da construtora e do arquiteto. Caso o imóvel já tenha sido adquirido é aconselhável que se analise a diferença do rendimento do imóvel alugado, acrescido a possível valorização, em relação à rentabilidade que seria obtida se o valor do imóvel fosse aplicado em outro investimento. Existem casos onde o indivíduo não consegue poupar para investir, pois sempre gasta um valor maior do que aquele que recebe. Alguns desses casos são reflexo do condicionamento que tiveram em algum momento de suas vidas. 5.1.10. Mindset Eker (2005) deduziu uma fórmula que determina como criamos a nossa realidade e a nossa riqueza, e a chamou de “Processo de Manifestação”. A fórmula demonstra que a programação mental conduz aos pensamentos, os pensamentos conduzem aos sentimentos, os sentimentos conduzem às ações e as ações conduzem aos resultados. Ou seja, a mudança da programação é o primeiro e indispensável passo para modificar os resultados. Existem 4 passos para a reprogramação, são eles: conscientização, entendimento, dissociação e recondicionamento. Conscientização: Não é possível modificar algo que a existência seja ignorada. Entendimento: Compreensão do modo de pensar. Dissociação: Constatar a origem do modo de pensar e analisar, como uma informação, se é útil ou não. 40 Recondicionamento: Reprogramação de acordo com os objetivos individuais. Dweck (2006) demonstrou, através de suas pesquisas, que a opinião adotada por um indivíduo a respeito de si mesmo afeta profundamente a maneira pela qual ele leva sua vida. Ela pode decidir se ele se tornará a pessoa que deseja ser e se realizará aquilo que é importante pra ele. Eker (2005) relata que aquilo que se ouve na infância exerce uma enorme influência na vida da criança, fazendo parte de sua programação mental. Exemplificando: Uma criança que sempre ouviu dos pais “Eu não tenho dinheiro”, “Dinheiro não é importante”, “Os ricos são más pessoas" ou “Nós somos pobres” possui uma grande probabilidade de reproduzir o comportamento e as mesmas frases que os pais diziam. Dweck (2006), analisando o comportamento das crianças, observou que enquanto algumas resmungavam perante um desafio havia algumas que diante de um fracasso viam uma oportunidade de aprendizado. Em meio aos adultos não é diferente, cada um enxerga o mundo com uma perspectiva diferente e consequentemente possuem resultados opostos diante de adversidades e oportunidades. Em uma entrevista à BBC, Zimbardo (2015) afirmou que: "O experimento nos mostra que a natureza humana não está totalmente sujeita ao livre arbítrio, como gostamos de pensar, mas que a maioria de nós pode ser seduzida a se comportar de maneira totalmente atípica em relação ao que acreditamos que somos." Em seu experimento na Universidade Stanford, realizado em 1971, Zimbardo buscou entender se uma pessoa “boa” poderia mudar a sua forma de serde acordo com a influência do meio onde ele está. Ele concluiu que o entorno tem influência sobre o comportamento humano, ou seja, que o ser humano aceita como verdade, em seu subconsciente, aquilo que o meio externo impõe a ele. E, consequentemente, ele muda o seu comportamento mediante ao condicionamento que sofreu. (ZIMBARDO, 2015) Ou seja, além do conhecimento técnico, que torna uma pessoa capacitada para exercer uma atividade e conquistar um objetivo, é essencial o condicionamento mental, que favorecerá para que de fato ela obtenha sucesso. Caso contrário, por mais capacitada que seja, poderá fracassar. O mesmo, teoricamente, pode-se aplicar em alguns critérios que influenciam na qualidade de vida de uma pessoa. Se ela estiver condicionada, por exemplo, a estar em paz em 41 meio as dificuldades, a estar bem humorada, reclamar menos, aproveitar a vida com os recursos ao seu alcance, em tese, ela obterá uma qualidade de vida melhor. 5.2. QUALIDADE DE VIDA “O universo de conhecimento em qualidade de vida se expressa como uma área multidisciplinar de conhecimento que engloba além de diversas formas de ciência e conhecimento popular, conceitos que permeiam a vida das pessoas como um todo.” (ALMEIDA, GUTIERREZ, & MARQUES, 2012) O conceito de qualidade de vida é amplo e abrangente compreendendo aspectos físicos, sociais, psicológicos, educacionais, financeiros, dentre outros valores. A definição proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é a que melhor traduz a abrangência do construto qualidade de vida. O “THE WHOQOL GROUP” (1995) definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores em que vive e em relação a suas expectativas, seus padrões e suas preocupações”. Qualidade de vida não pode ser medida apenas através do IDH, pois seria incompleta, muito menos pode ser comparada com o padrão de vida. A qualidade de vida é relativa, subjetiva e pessoal, portanto não pode-se estabelecer um padrão universal. De forma geral pode-se estabelecer uma relação entre a qualidade de vida e a pirâmide de necessidades de Maslow, que determina as condições necessárias para que cada ser humano atinja a sua satisfação pessoal e profissional. Segundo Robbins (2002), as necessidades do ser humano são divididas em cinco partes: Necessidades fisiológicas básicas; Necessidades de segurança; Necessidades sociais; Necessidades de autoestima; Necessidades de autorrealização. 42 Figura 1 - Pirâmide da Teoria das Necessidades de Maslow. Fonte: Maslow, 1943 Dado que a qualidade de vida é relativa, subjetiva e pessoal, a relação com a pirâmide de Maslow é generalizada, pois além do fato das cinco partes da pirâmide serem necessidades de qualquer pessoa, cada pessoa sana suas necessidades de uma forma diferente da outra. Apesar de ser um conceito difícil de explicar, a maioria das pessoas percebe intuitivamente o que é qualidade de vida. De forma simples, a qualidade de vida propõe um melhor aproveitamento do tempo com o intuito de estar próximo às pessoas que são importantes para cada indivíduo e realizar atividades que possam lhe proporcionar prazer. Para Seabra (2017), a relação entre qualidade de vida e educação financeira não é uma regra. Segundo ele, existem pessoas que aparentam ter uma ótima qualidade de vida, mas que não tem a mínima noção de dinheiro, e várias pessoas que administram seus patrimônios de forma extraordinária, mas não tem tempo para nada. Conforme dito anteriormente, a qualidade de vida é relativa, subjetiva e pessoal e não pode ser atribuída em sua totalidade a algum fator, como a educação financeira. Entretanto, Seabra (2017) conclui seu pensamento afirmando que o segredo está em aproveitar os resultados da educação financeira para ficar cada vez mais próximo da qualidade de vida, ou seja, para intensifica-la. 43 5.2.1. Acordar mais cedo faz bem? Todos os seres vivos possuem um mecanismo regulador chamado de relógio biológico, que é baseado no ritmo ou ciclo circadiano que é influenciado pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e a noite. “A região que controla os ritmos biológicos, que são de 24 horas, é o hipotálamo anterior, e são esses ritmos biológicos, chamados de ciclos circadianos, que regulam os horários de dormir, acordar, comer, dentre outras atividades como esvaziar a bexiga, o intestino, e também a produzir hormônios como o cortisol, a melatonina e o hormônio do crescimento.” (MORAES, 2018) Segundo Teixeira (2016), os principais hormônios relacionados ao sono que são afetados pelo relógio biológico são a melatonina, que gera sonolência e abaixa a temperatura do corpo, e o cortisol. Quando funcionando corretamente a liberação de melatonina ocorre em oposição à luz do sol, conforme demonstrado na figura abaixo, e quanto mais esses hormônios funcionam corretamente mais reparador é seu sono. Figura 2 - Ciclo Circadiano Fonte: Teixeira ,2016. Existe um grupo de pessoas que assumiram o compromisso de acordarem todos os dias às 5h00, por escolha própria. Estas pessoas são aderentes ao 5am club. Dentre os participantes do 5am club estão algumas pessoas mais bem sucedidas do mundo. Pode-se destacar o nome do Tim Cook (CEO da Apple), Richard Branson (CEO da Virgin), Jeff Bezos (CEO da Amazon), Indra Nooyi, (CEO da Pepsico), entre outros. (PATI, 2016) Embasado apenas entendimento do relógio biológico, o qual possui uma relação direta com o sono, e no fato de muitas pessoas bem sucedidas adotarem o 5am club é possível 44 constatar que seguir o ciclo do nosso corpo é benéfico para uma boa noite de sono. Contudo, existem outros motivos que fazem os “high achievers”, os empreendedores de sucesso, a aderirem ao clube. Dentre esses motivos destaca-se pelo menos três: Saúde: Existem pessoas que iniciam uma rotina de exercícios, mas eventualmente desanimam, pois chegam cansadas do trabalho. Contudo, mesmo que não houvesse o desânimo, seria prejudicial ao sono dado que o exercício físico no período noturno deixa o indivíduo agitado. Logo, ao acordar cedo existe um tempo hábil para prática de exercícios físicos sem prejudicar a qualidade do sono além de dar um “gás” para começar o dia. Produtividade: Iniciando o dia mais cedo é possível realizar um planejamento adequado de suas atividades, a fim de obter produtividade. Após o planejamento, torna-se viável a realização de atividades importantes antes das atividades urgentes que costumam aparecer quando o “resto do mundo” está acordado. De acordo com Teixeira (2016): “O que é importante gera não só mais resultados, mas também a sensação de eficiência, competência e realização. Tudo que é urgente suga energia, gera cansaço mental, e muitas vezes nem traz retorno significativo. Por isso, quanto menos você agir nesse estado de urgência melhor para você e para os seus resultados.” No período matutino cria-se um ambiente adequado para trabalhar ou estudar em “paz” e em silêncio. Neste período não existe uma dependência da agenda de outras pessoas, é possível começar o dia de acordo com o planejamento, sem interrupções. Ao acordar, a mente está descansada, calma, livre e a todo vapor para exercer seu potencial e obter produtividade. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Brighton, as pessoas que acordam mais cedo (em média às 6h58) são mais saudáveis que aquelas que acordam mais tarde (em média às 8h54). (PETROS, OPACKA-JUFFRY, & HUBER, 2013) Felicidade: Um estudo realizado na Universidade de Binghamton comprovou que existe uma relação entre o horário e a duração do sono e o pessimismo. (NOTA & COLES, 2014) Ou seja, quanto mais tarde o indivíduo for dormir ou quanto menos ele dormir, maiores as chances de terem altas taxas de pensamentos negativos. Segundo pesquisa,pessoas que vão dormir tarde devido a problemas com insônia possuem um risco três vezes maior de desenvolver depressão em contraste que as não sofrem de insônia. (NUTT, WILSON, & PATERSON, 2018) 45 Quando o indivíduo acorda tarde, torna possível sentir a sensação de que a vida está sem controle, acarretando problemas como priorizar atividades urgentes, estando sempre com pressa, estressado e sem tempo para se programar. 5.3. MÉTODO FUZZY 5.3.1. Conceito A Teoria dos Conjuntos Fuzzy foi introduzida por Lofti Asker Zadeh, em 1965, com a finalidade de dar um tratamento matemático a termos linguísticos subjetivos, tais como: “aproximadamente”, “em torno de”, “baixo”, etc. Na teoria de conjuntos clássica, um elemento pertence ou não a um dado conjunto. Dado um universo U e um elemento particular x ∈ U, o grau de pertinência µA(x) com respeito a um conjunto A ⊆ U é dado por: Lima (2007) afirma que: “Entretanto, existem casos em que a pertinência entre elementos e conjuntos não é precisa, isto é, não sabemos dizer se um elemento pertence efetivamente a um conjunto ou não. Podemos, porém, dizer qual elemento do conjunto universo se enquadra “melhor” ao termo que caracteriza o subconjunto.” Seja U um conjunto “crisp” (clássico). Um conjunto fuzzy A em U é caracterizado por uma função µ: U → [0, 1] chamada função de pertinência do conjunto fuzzy A. Em outras palavras, um conjunto fuzzy A em U é expresso em conjunto de pares ordenados: A= {(x, µA(x)) | x ∈ U} 5.3.2. Grau de Inclusão (GI) Moré (2004) Estabelece que através da fórmula do Grau de Inclusão, de Kosko (1992), é possível determinar o nível de pertinência de um elemento em um conjunto fuzzy, e consequentemente, calcular a distância perceptiva entre eles. O grau de inclusão corresponde a um valor qualquer no intervalo [0,1] que um conjunto fuzzy A detém em relação a um determinado conjunto fuzzy B. Assim sendo, utilizando o método neste projeto, é possível ftp://calhau.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/gudwin/publications/ifsa95.pdf ftp://calhau.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/gudwin/publications/ifsa95.pdf ftp://calhau.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/gudwin/publications/ifsa95.pdf http://matematicauva.org/semana2011/palestras/carpegiani.pdf http://matematicauva.org/semana2011/palestras/carpegiani.pdf http://matematicauva.org/semana2011/palestras/carpegiani.pdf http://matematicauva.org/semana2011/palestras/carpegiani.pdf 46 atribuir suas características ao processo de identificação de áreas críticas, determinando quão incluído está o perfil padrão de criticidade (GPC), estabelecido pelos especialistas, no perfil crítico de cada amostra. 𝐺.𝐼.(𝑝,𝑎)= 1 − ∑ max ( 0 ;P.Criticidade−I.Fuzzy 𝐶𝑎𝑟𝑑 𝑝 ) (5) Onde: 𝐺. 𝐼𝑝,𝑎= valor do grau de inclusão que o perfil padrão de criticidade (GPC) possui em relação à amostra Card (p) = cardinalidade (soma de todos os valores do conjunto padrão de criticidade) P. Criticidade = Padrão de criticidade dos indicadores (GPC) I.Fuzzy = Índices-Fuzzy 47 6. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de definir o perfil dos indivíduos que possuem independência financeira e qualidade de vida. A pesquisa quantitativa, que também foi realizada, se deu por meio do questionário, contendo dados numéricos e subjetivos, aplicados aos docentes da UNESA de Niterói. Os dados subjetivos obtidos, na pesquisa bibliográfica e questionários, foram submetidos aos métodos fuzzy para serem analisados objetivamente. Por fim, foram apresentados os resultados do estudo apontando a importância da educação financeira para alcançar a independência financeira e qualidade de vida, e foi exposta a diferença entre o perfil da amostra e do padrão estabelecido neste trabalho. Para validar as conclusões foram utilizados os parâmetros financeiros, sob a característica numérica, obtidos da amostra, pelo questionário. A metodologia realizada neste trabalho seguiu as seguintes etapas: 1. Análise qualitativa dos hábitos das pessoas endinheiradas; 2. Elaboração do questionário colocando como critérios os hábitos anteriormente observados; 3. Aplicação do questionário através da ferramenta de formulário do Google, o Google Forms; 4. Exportação dos dados do Google Forms para o Microsoft Excel; 5. Realização do cálculo de PNIF, PI e VFT para cada indivíduo da amostra; 6. Seleção dos indivíduos com alto desempenho econômico nos cálculos realizados; 7. Realização da média aritmética das avaliações dos indivíduos nos critérios relacionados à educação financeira; 8. Aplicação do método de grau de inclusão aos indivíduos selecionados, considerando a média aritmética de cada critério como peso do mesmo; 9. Aplicação do método de grau de inclusão à amostra completa 10. Análise dos dados obtidos e comparação com os demais critérios 48 7. ANÁLISE DE DADOS O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância da educação financeira na vida de um indivíduo, levando em consideração a sua qualidade de vida e a obtenção da sua independência financeira. Inicialmente foi realizada uma pesquisa qualitativa com o intuito de conhecer os hábitos das pessoas endinheiras bem como conhecer o que, teoricamente, poderia proporcionar um aumento na qualidade de vida de uma pessoa. Em seguida foi elaborado um questionário, com base no conhecimento teórico adquirido, e aplicado aos docentes da Universidade Estácio de Sá. Através do questionário foi obtida uma amostra com 28 pessoas, classificadas em 75 critérios. Os critérios utilizados foram segmentados em: Perfil Demográfico, Conhecimentos, Pensamentos e Hábitos, Qualidade de Vida e Finanças. Através da segmentação de Finanças foram identificadas as pessoas que possuem uma probabilidade alta de atingir a independência financeira dentro do tempo estimado. Utilizando o valor da despesa mensal e da taxa mensal de rendimentos foi calculado o PNIF. Utilizando a taxa mensal de rendimentos, o PNIF e o tempo faltante para aposentadoria foi calculado o PI. Após a obtenção do resultado do PI foi realizada uma comparação com o patrimônio atual do indivíduo. Se o patrimônio atual fosse maior ou igual ao PI indicaria que o indivíduo está no caminho certo para atingir seu objetivo no tempo determinado, caso contrário, o prazo deveria ser estendido. Utilizando o valor investido mensalmente, a taxa mensal de rendimentos, o tempo faltante para aposentadoria e o patrimônio atual, foi calculado o VFT, ou seja, o valor total arrecadado até o prazo final do objetivo. Em seguida o VFT foi comparado com o PNIF servindo novamente como um indicador para a independência financeira. Se o valor do VFT fosse igual ou superior ao PNIF indicaria que o indivíduo teria chance alcançar seus objetivos caso continue seguindo seu planejamento. 49 Quadro 1 - Diferença entre patrimônios Fonte: Elaborada pelo autor. Na tabela acima se pode observar que o indivíduo 5 possui um patrimônio atual superior ao PI e possui um VFT superior ao PNIF. Após a realização dos cálculos acima para a amostra completa, foram selecionadas 10 pessoas que obtiveram um resultado positivo, ou seja, com o PI superior ao patrimônio atual e o VFT superior ao PNIF. A partir da nova amostra, composta pelas 10 pessoas escolhidas, foi realizada uma análise das respostas e calculada a média aritmética das avaliações, como exemplificado abaixo. Quadro 2 - Média das avaliações Número Você sabe quanto você ganha mensalmente? 5 10 10 10 13 9 16 10 17 10 20 10 22 10 23 9 25 10 27 10 ∑ 10 Fonte: Elaborada pelo autor. Número Patrimônio atual PNIF PI Diferença (PI - Realidade) VFPM VF VFT Diferença (PNIF - VFT) 1 R$ R$ 1.908.000,00 R$ 208.375,64 208.375,64 R$ - R$
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