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2 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS- DTA Doenças transmitidas por alimento (DTAs) são todas ocorrências clínicas consequentes à ingestão de alimentos que possam estar contaminados com microrganismos patogênicos (infecciosos, toxinogênicos ou infestantes), toxinas de microrganismos, substâncias químicas, objetos lesivos ou que contenham em sua constituição estruturas naturalmente tóxicas, ou seja, são doenças consequentes da ingestão de perigos biológicos, químicos ou físicos presentes nos alimentos. Os alimentos seguros são aqueles que não oferecem riscos à saúde de quem o está consumindo, ou seja, o alimento sem riscos de contaminação. Para ter um Alimento Seguro é necessário obedecer algumas normas na hora de sua fabricação. Existem diferentes tipos de perigos que podem ser relacionados aos alimentos, podendo ser físicos, químicos e/ou biológicos. São perigos provocados por materiais que podem causar danos como ferimentos na boca, quebrar dentes e injuriar seriamente o consumidor. Tais como: Pedaços de madeira, metal, pedaço de vidro, brincos, parafusos, pedaço de osso, espinha de peixe e outros. Perigos Físicos É quando o alimento entra em contato com substâncias químicas como agrotóxico, desinfetantes, detergentes e reaproveitamento de embalagens de produtos tóxicos. Perigos Químicos Ocorre quando o alimento é contaminado por microrganismos que não podemos ver a olho nu, mas que são as principais causas de contaminação dos alimentos. Estes microrganismos são as bactérias, parasitas, fungos e vírus. Perigos Biológicos Existem diversos fatores que tornam as condições ideais para multiplicação dos microrganismos, tais como, condições ambientais, propriedades físicas do alimento, propriedades químicas do alimento, disponibilidade de oxigênio e temperatura. São de diferente natureza as doenças transmitidas através dos alimentos, podem ser infecções, intoxicações, toxinfecções ou intoxicações químicas. CONTROLE HIGIÊNICO SANITÁRIO DOS ALIMENTOS 3 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos As infecções são transmitidas quando o indivíduo ingere o microrganismo presente no alimento, em geral, os sintomas mais comuns são diarreia frequente, mas não volumosa, pode conter sangue e pus; dores abdominais intensas; febre e desidratação leve. Já a intoxicação alimentar acontece quando o indivíduo ingere um alimento que contenha toxinas liberada pelo microrganismo. Os sintomas mais comuns são vômitos e diarreia. A toxinfecção ocorre quando o indivíduo ingere um alimento contaminado por microrganismos patogênicos e estes liberam a toxina no organismo humano. Os sintomas mais comuns são diarreia intensa, sem sangue ou leucócitos, febre discreta ou ausente e desidratação. Por fim, a intoxicação química, ocorre quando há no alimento a presença de algum agente químico, como por exemplo, sanificantes. As principais doenças veiculadas por alimentos e seus respectivos microrganismos causadores são: Intoxicação Bacillus cereus (cepa emetica) Clostridium botulinum Staphylococcus aureaus Infecção E. coli Salmonella spp Shigella Toxinfecção Bacillus cereus (cepa diarreica) Clostridium perfringens Vibrio cholerae Os surtos são episódios em que duas ou mais pessoas apresentam os mesmos sinais/sintomas após ingerir alimentos e/ou água da mesma origem. Surtos de DTA constituem Eventos de Saúde Pública, e deve haver registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), além disso, deve ser feita notificação compulsória imediata de acordo com a Portaria nº 204 de 17 de fevereiro de 2016. FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS QUE AFETAM O CRESCIMENTO MICROBIANO EM ALIMENTOS Existem condições que influenciam na sobrevivência dos microrganismos, essas condições podem ser próprias dos alimentos, como os fatores intrínsecos, ou fazer parte do ambiente em que o mesmo está, como os fatores extrínsecos. Os fatores intrínsecos são: Atividade de água (Aw), potencial hidrogeniônico (pH), potencial de Oxi-redução (Eh), composição química, presença de antimicrobianos naturais e interação entre os micro- organismos. • Atividade de água (Aw): O valor absoluto de atividade de água fornece uma indicação segura do teor de água livre do alimento, sendo esta a forma ideal de água usada pelos microrganismos. 4 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos Tolerância mínima: Crescem em meio com concentração salina (0,75). Halófilos Crescem em ambiente com pouca presença de água (0,65) Xerófilos Crescem em meio com concentração de açú- cares (0,60) Osmófilos • Potencial hidrogenionico (pH): Os microrganismos têm valores de pH ótimo e máximo para sua multiplicação. Verifica-se que pH em torno da neutralidade (6,5 – 7,5) é o mais favorável para a maioria dos microrganismos. Em alimentos ácidos ou muito ácidos o poder de multiplicação de alguns microrganismos tem uma queda elevada, apenas bactérias láticas e algumas formas esporuladas do gênero Bacillus e Clostridium conseguem se reproduzir em pH entre 4- 4,5 • Potencial de Oxi-redução (Eh): Os microrganismos, em relação ao potencial de oxidação-redução, podem ser classificados como aeróbios, anaeróbios, aeróbios facultativos e micro-aerófilos. A presença do oxigênio é o fator que mais contribui para o aumento do potencial redox de um alimento. O Eh é medido em milivolts (mv). Tipo de microrganismo Eh Exemplos Aeróbios Entre + 500 e + 300 mV Bolores, bactérias e asleveduras oxidativas Aeróbios facultativo Entre + 300 e – 100 mV Bactérias da famíliaEnterobacteriaceae Anaeróbios Entre + 100 emenos de – 250 mV. Clostridium botulinum • Composição química: Para que a multiplicação microbiana seja possível, os seguintes nutrientes devem estar disponíveis: água, fonte de nitrogênio, fonte de carbono, vitaminas e sais minerais. Assim, de acordo com o tipo de nutrientes que compõe o alimento, podemos determinar qual o microrganismo que terá maiores possibilidades de se desenvolver. • Presença de antimicrobianos naturais: Alguns alimentos contêm naturalmente algumas substâncias com características anti- microbianas que lhes conferem alguma estabilidade acrescida. Como por exemplo, o eugenol presente no cravo e canela, timol presente no orégano, lisozima no ovo e alcina no alho. • Interação entre os micro-organismos: Alguns microrganismos naturalmente presentes nos alimentos produzem substâncias que são inibidoras ou letais para outros microrganismos. Estas incluem os antibióticos, bacteriocinas, peróxido de hidrogénio e ácidos orgânicos. 5 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos Os fatores extrínsecos são: temperatura ambiental, umidade relativa (UR) e composição química da atmosfera. • Temperatura ambiental: Todos os microrganismos precisam estar numa temperatura específica para o seu desenvolvimento, a partir do momento que o mesmo se afasta dessa temperatura considerada ótima, sua multiplicação reduz drasticamente, ou cessa por completo. Tipo de microrganismo Temperatura mínima Temperatura ótima Temperatura máxima Exemplos Psicrófilos 0º C 10 a 15ºC 20ºC Pseudomonas Flavobacterium Micrococcus AlcaligenesPsicrotróficos - 0 a 7ºC - Mesófilos 5 a 25ºC 25 a 40ºC 40 a 50º C Microrganismos importantes em alimentos Termófilos 35 a 45ºC 45 a 65 ºC 60 a 90ºC BacillusClostridium • Umidade relativa: A umidade relativa influencia diretamente a atividade de água do alimento. Se estocarmos um alimento de baixa atividade de água em ambiente com alta umidade relativa, a Aa do alimento aumentará, podendo ocorrer deterioração. Geralmente, quanto maior a temperatura de armazenagem, menor a humidade relativa, e vice-versa. • Composição química da atmosfera: O dióxido de carbono, o ozônio e o oxigênio são gases que são tóxicos para alguns microrganismos. O mecanismo de inibição depende das propriedades físico-químicas do gás eda sua interação com a fase líquida e lipídica do alimento. Não é recomendado o uso desse gás em alimentos com alto teor de lipídeos, pois acelera a rancificação. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS Os procedimentos operacionais padronizados (POPs), abrangem todo e qualquer procedimento escrito de forma objetiva que estabelece instruções sequenciais para a realização de operações rotineiras e específicas na produção, armazenamento e transporte de alimentos. Este Procedimento pode apresentar outras nomenclaturas desde que obedeça ao conteúdo estabelecido na RDC Nº 275/2002 Existem requisitos que devem ser seguidos para que a implementação dos POPs seja efetiva. Deve ser baseado em Legislação Federal, Estadual e Municipais e as Referências Técnicas. Os POPs devem ser aprovados, datados e assinados pelo responsável técnico, responsável pela operação, 6 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos responsável legal e ou proprietário do estabelecimento. A técnica relativa às boas práticas do POP em questão devem ser descritas. Deve-se prever registros periódicos suficientes para documentar a execução e o monitoramento dos Procedimentos Operacionais Padronizados, bem como a adoção de medidas corretivas. O registro das observações ou avaliações deve ser realizada em planilhas, que devem ser datadas e assinadas pelo responsável pelo controle do POP. Plano de ação para correção dos pontos de controle em não conformidade, observado no monitoramento. O POP 1, referente às operações de higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios devem conter informações sobre: natureza da superfície a ser higienizada, método de higienização, princípio ativo selecionado e sua concentração, tempo de contato dos agentes químicos e ou físicos utilizados na operação de higienização, temperatura e outras informações que se fizerem necessárias. Quando aplicável o desmonte dos equipamentos, os POPs devem contemplar esta operação. O POP 2, referente ao controle integrado de vetores e pragas urbanas devem contemplar as medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas. No caso da adoção de controle químico, o estabelecimento deve apresentar comprovante de execução de serviço fornecido pela empresa especializada contratada, contendo as informações estabelecidas em legislação sanitária específica. No POP 3, referente à higienização do reservatório de agua, quando a higienização do reservatório for realizada pelo próprio estabelecimento, os procedimentos devem contemplar os tópicos especificados no item. Nos casos em que as determinações analíticas e ou a higienização do reservatório forem realizadas por empresas terceirizadas, o estabelecimento deve apresentar, para o primeiro caso, o laudo de análise e, para o segundo, o certificado de execução do serviço. No POP 4, o programa de capacitação dos manipuladores em higiene deve ser descrito, sendo determinada a carga horária, o conteúdo programático e a frequência de sua realização, mantendo-se em arquivo os registros da participação nominal dos funcionários. LEGISLAÇÃO SANITÁRIA Entende-se por Vigilância Sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 1 - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas de processo, da produção ao 7 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos consumo; 2 - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. As Boas Práticas de Fabricação (BPF) abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimentos e pelos serviços de alimentação, a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos alimentos com os regulamentos técnicos. A legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, aplicável a todo o tipo de indústria de alimentos e serviço de alimentação, e também específico, voltadas às indústrias que processam determinadas categorias de alimentos. Compete aos Serviços de Vigilância Sanitária Estaduais e Municipais o estabelecimento de normas complementares, de forma a abranger aspectos sanitários mais específicos à sua localidade, não podendo contrariar as normas federais. PORTARIA N° 1428 DE 26/11/93 - Esta portaria aprova, na forma dos textos anexos, o "Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos", as "Diretrizes para o Estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos" e o "Regulamento Técnico para o Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ´s) para Serviços e Produtos na Área de Alimentos". Determina que os estabelecimentos relacionados à área de alimentos adotem, sob responsabilidade técnica, as suas próprias Boas Práticas de Produção e/ou Prestação de Serviços, seus Programas de Qualidade, e atendam aos PIQ's para Produtos e Serviços na Área de Alimentos.(RSL.) PORTARIA SVS/MS Nº 326, DE 30 DE JULHO DE 1997 - Baseada no Código Internacional Recomendado de Práticas: Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos CAC/VOL. A, Ed. 2 (1985), do Codex Alimentarius, e harmonizada no Mercosul, essa Portaria estabelece os requisitos gerais sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. RESOLUÇÃO - RDC Nº 275, DE 21 DE OUTUBRO DE 2002 - Essa Resolução foi desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle contínuo das BPF e os Procedimentos Operacionais 8 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos Padronizados, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das BPF. Portanto, é ato normativo complementar à Portaria SVS/MS nº 326/97. RESOLUÇÃO - RDC Nº 216, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2004 - Este Regulamento estabelece os procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação, a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Aplica-se aos serviços de alimentação que realizam algumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo. RESOLUÇÃO - RDC N° 52, DE 29 DE SETEMBRO DE 2014 - Altera a Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para os Serviços de Alimentação. BOAS PRÁTICAS - MANIPULAÇÃO HIGIÊNICA DOS ALIMENTOS O serviço de alimentação específica os critérios para avaliação e seleção dos fornecedores de matérias-primas, ingredientes e embalagens, sendo o transporte desses insumos realizado em condições adequadas de higiene e conservação. A recepção das matérias-primas, dos ingredientes e das embalagens é realizada em área protegida e limpa. São adotadas medidas para evitar que esses insumos contaminem o alimento preparado. As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens são submetidos àinspeção e aprovados na recepção. As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens são armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir proteção contra contaminantes. São adequadamente acondicionados e identificados, sendo que sua utilização deve respeitar o prazo de validade. Para os alimentos dispensados da obrigatoriedade da indicação do prazo de validade, é observada a ordem de entrada dos mesmos. As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens são armazenados sobre paletes, estrados e ou prateleiras, respeitando-se o espaçamento mínimo necessário para garantir adequada ventilação, limpeza e, quando for o caso, desinfecção do local. Os paletes, estrados e ou prateleiras são de material liso, resistente, impermeável e lavável. Os manipuladores adotam procedimentos que minimizem o risco de contaminação dos alimentos preparados por meio da antissepsia das mãos e pelo uso de utensílios ou luvas descartáveis. Os equipamentos necessários à exposição ou distribuição de alimentos preparados sob temperaturas controladas, são devidamente dimensionados, e estão em adequado estado de higiene, conservação e funcionamento. A temperatura desses equipamentos é regularmente monitorada. O equipamento de exposição do 9 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos alimento preparado na área de consumação dispõe de barreiras de proteção que previnam a contaminação do mesmo em decorrência da proximidade ou da ação do consumidor e de outras fontes. MANUAL DE BOAS PRÁTICAS A Resolução-RDC ANVISA nº 216/04 estabelece as Boas Práticas para Serviços de Alimentação. E o que são Boas Práticas? São práticas de higiene que devem ser obedecidas pelos manipuladores desde a escolha e compra dos produtos a serem utilizados no preparo do alimento até a venda para o consumidor. O objetivo das Boas Práticas é evitar a ocorrência de doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados. A elaboração do Manual de Boas Práticas tem como objetivos: Apresentar as práticas definidas na empresa; Comunicar o com- prometimento da Alta Direção; Preservar informação e know how da empresa. Permitir definição clara e comunicação de responsabilidades; Demonstrar a capa- cidade da empresa em se estruturar; Facilitar treinamentos e processos de auditoria, provendo confiança; Padronizar práticas. E cada uma das práticas deve conter: Título Objetivos Escopo de aplicação Definições Referências Responsabilidades Descrição ou Detalhamento da/s prática/s Controle da Revisão Dados sobre elabo- ração e aprovação do documento BOAS PRÁTICAS MANIPULADORES DE ALIMENTOS O controle da saúde dos manipuladores é registrado e realizado de acordo com a legislação específica. Os manipuladores que apresentarem lesões e/ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a qualidade 10 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos higiênico-sanitária dos alimentos são afastados da atividade de preparação de alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde. Os manipuladores têm asseio pessoal, apresentando-se com uniformes compatíveis à atividade, conservados e limpos. Os uniformes são trocados, no mínimo, diariamente e usados exclusivamente nas dependências internas do estabelecimento. As roupas e os objetos pessoais são guardados em local específico e reservado para esse fim. Os manipuladores lavam cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário. São afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem e antissepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios. Os manipuladores não fumam, falam, cantam, assobiam, espirram, cospem, tossem, comem, manipulam dinheiro ou praticam outros atos que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades. Os manipuladores usam cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba. As unhas são curtas e sem esmalte ou base. Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem. Os manipuladores de alimentos são supervisionados e capacitados periodicamente em higiene pessoal, em manipulação higiênica dos alimentos e em doenças transmitidas por alimentos. A capacitação é comprovada mediante documentação. Os visitantes cumprem os requisitos de higiene e de saúde estabelecidos para os manipuladores. MICRO-ORGANISMOS PATOGÊNICOS EM ALIMENTOS • Salmonella sp. Causa a salmonelose, infecção que pode atingir o homem e outros animais. São conhecidos mais de 2600 sorotipos de Salmonella As salmonelas causam três tipos de síndrome: ┐A febre tifóide, causada por Salmonella typhi; ┐As febres paratíficas, causadas por Salmonella paratyphi A, B e C; ┐As gastroenterites, ou salmoneloses, causadas por uma ampla variedade de sorotipos. Os sintomas mais comuns de uma salmonelose são: dores abdominais, diarreia, desidratação e dores de cabeça. O período de incubação dura de 6 a 72 horas. • Staphylococcus sp. S. aureus é uma bactéria Gram-positiva pertencente à família Micrococcaceae. As células têm a forma de cocos, apresentam-se frequentemente agrupados em cacho e são imóveis. Quando em condições favoráveis, produz toxinas – enterotoxinas, responsáveis pela toxinose. Estas toxinas são proteínas 11 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos hidrosolúveis e termorresistentes, mantendo a sua atividade mesmo após a pasteurização. Os sintomas são: dores abdominais, diarreia, náuseas e vômitos. E o tempo de incubação vai de 1 a 6 horas após a ingestão. • Clostridium botulinum C. botulinum é uma bactéria Gram-positiva pertencente à família Bacillaceae. As células têm a forma de bastonetes (bacilos), são móveis por flagelos peritricos, formam esporos e produzem neurotoxinas, causando uma toxinose determinada botulismo. Existem quatro tipos epidemiológicos de botulismo: O botulismo alimentar, o botulismo infantil, causado pela ingestão de esporos que germinam e produzem a toxina no intestino, o botulismo dos ferimentos (o mais raro), causado pela contaminação de uma ferida com esporos do microrganismo que germinam e produzem a toxina, e o botulismo de classificação indeterminada, que é semelhante ao botulismo infantil mas ocorre no adulto. Com base na sua especificidade serológica, são considerados ainda sete tipos de toxinas, classificadas de A a G. Os principais sintomas do botulismo são: visão dupla, dificuldades para falar ou engolir, e paralisia. No botulismo clássico, o período de incubação normalmente varia de 12 a 36 horas. • Listeria monocytogenes Listeria monocytogenes é uma bactéria Gram-positiva pertencente à família Listeriaceae e é anaeróbia facultativa. As células têm a forma de pequenos bastonetes e a sua mobilidade é conferida por flagelos (a 25ºC apresenta uma mobilidade do tipo "cambalhota", e a 35ºC é imóvel). A infecção causada pelo microrganismo é a listeriose e seus sintomas são: Febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. O período de incubação varia, pode se manifestar de 7 a 30 dias após a ingestão, porem a maioria dos sintomas foram reportados após 48-72 horas do consumo dos alimentos contaminados. • Bacillus cereus B. cereus é uma bactéria Gram-positiva pertencente à família Bacillaceae, anaeróbia facultativa, causa toxinose. As células têm a forma de bastonetes (bacilos) de grandes dimensões, geralmente móveis, e formam esporos. Produz 2 tipos de enterotoxinas: ┐A toxina diarreica é uma proteína produzida durante o crescimento das células. ┐A toxina emética (induz o vómito) é um pequeno peptídeo sem propriedades antigénicas, produzido durante a fase estacionária do crescimento e extraordinariamente resistente ao calor (resistea uma incubação a 126ºC durante 90 minutos), a pH extremos e à digestão enzimática. Isolado do solo, pó, colheitas de cereais, vegetação, pêlos de animais, água e matéria em decomposição. O período de incubação varia entre 6 e 15 12 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos horas. Os sintomas mais comuns são diarreia aquosa e cólicas abdominais, mas, por vezes, também podem surgir náuseas. • Escherichia coli As bactérias do gênero E. coli são Gram-negativas que pertence à família Enterobacteriaceae. As células têm a forma de bastonetes (bacilos) e podem ser imóveis ou móveis por flagelos. Existem iferentes espécies: ┐E. coli enteropatogénicas (EPEC)- associada ao consumo de alimentos; ┐ E. coli enterotoxigénicas (ETEC), ┐E. coli enteroinvasivas (EIEC) e ┐E. coli enterohemorrágicas (EHEC), onde se inclui E. coli O157:H7 As estirpes patogénicas para o homem que são transportadas por animais representam um risco potencial de infecção por diferentes formas: ┐Fecal- oral durante a criação de animais; ┐Contaminação das terras quando os excrementos dos animais são utilizados como fertilizantes sem qualquer tratamento prévio; ┐Contaminação fecal das carcaças devido ao não cumprimento das boas práticas durante o abate e a evisceração; ┐Consumo de leite cru com contaminantes fecais; ┐Consumo de leite proveniente de vacas com mastites causadas por E. Coli . consumo de água contaminada. APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) O APPCC – Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle ou HACCP (sigla em inglês) é um sistema de controle que aborda a segurança do alimento através da análise e controle dos riscos físicos, químicos e biológicos, desde a produção da matéria-prima, suprimento e manuseio até fabricação, distribuição e consumo do produto acabado. Esse sistema é baseado nos sete princípios abaixo: Princípio 01 – Identificação e avaliação dos perigos Essa é a primeira etapa, o momento em que deve-se observar o processo de produção do alimento e identificar quais são os perigos que ele pode vir a apresentar ao consumidor. Princípio 02 – Identificação dos Pontos Críticos de Controle Os pontos críticos de controle são conhecidos como PCC. São pontos localizados no processo de produção que são críticos à segurança do alimento. Quando identificados os “pontos” críticos, podem aplicar as medidas preventivas Princípio 03 – Estabelecimento dos Limites Críticos Valores máximos ou mínimos atribuídos aos parâmetros selecionados para controlar os pontos críticos. Exemplos: temperatura, tempo, Ph, atividade 13 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos de água, teor de substâncias químicas. Quando os limites críticos não são atendidos, quer dizer que não é possível garantir a segurança do alimento que está sendo analisado. Princípio 04 – Estabelecimento dos Procedimentos de Monitoração Deverão ser seguidos os seguintes passos: 1. Definir o que vai monitorar 2. Quando vai fazer o monitoramento (em que momento do processo de produção) 3. Como será? (descrever como vai observar e monitorar) 4. Definir quem será o responsável pela tarefa. Não esquecer que essas pessoas devem ser capacitadas para essa tarefa. Princípio 05 – Estabelecimento das Ações Corretivas As ações corretivas devem ser feitas para cada ponto crítico que foi percebido. Princípio 06 – Estabelecimento dos Procedimentos de Verificação aqui você vai verificar se tudo o que você monitorou antes e as ações corretivas que definiu estão sendo cumpridas, essa verificação pode ser feita todos os dias, ou em dias escolhidos aleatoriamente, e vai servir para constatar se o APPCC está funcionando conforme planejado. Princípio 07 – Estabelecimento dos Procedimentos de Registro Deve-se estabelecer como tudo isso será registrado, e esse registro deve ser padrão para que caso no futuro seja necessária alguma busca, esta seja mais simples e unificada. 14 Material complementar - Controle Higiênico Sanitário dos Alimentos REFERÊNCIAS Ministério da Saúde. Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 19 p. Disponível em: <http:// portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/junho/08/Apresenta----o- Surtos-DTA-2016.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 158 p. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA Nº 275. Brasilia: Ministério da Saúde, 2002. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha Vigilância Sanitária: cidadania e controle social. 2. ed. Brasilia: Anvisa, 2002. 58 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_vigilancia.pdf>. Acesso em 25 jan. 2018 SILVA, Lauriete Carlos et al. Boas práticas na manipulação de alimentos em Unidades de Alimentação e Nutrição. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, Vitória, v. 4, n. 10, p.797-820, abr. 2015. ANVISA, A Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação: Resolução-RDC nº 216/2004. 2004. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/ cartilha_gicra_final.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2018.
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