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Livro Eletrônico
.. 07
Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019
(Curso Regular)
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
 
 
 
 
 
 
 1 
1. Solução de Controvérsias ............................................................................................ 2!
1.1. Meios Pacíficos de Solução de Controvérsias .......................................................................... 2!
1.2. Cortes Internacionais: ............................................................................................................. 6!
2. A Carta da ONU ........................................................................................................ 12!
3. Domínio Público Internacional .................................................................................. 28!
3.1. Introdução: ........................................................................................................................... 28!
3.2. Direito do Mar ...................................................................................................................... 28!
3.3. Faixas de Mar: ...................................................................................................................... 28!
Lista de Questões ......................................................................................................... 38!
Gabarito ...................................................................................................................... 47!
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
 
 
 
 
 
 
 2 
1.!SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS 
 
1.1.!MEIOS PACÍFICOS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS 
1.1.1.!Introdução: 
Antes de qualquer coisa, faz-se necessário definir conflito internacional. Para Rezek, conflito ou 
litígio internacional é todo desacordo sobre certo ponto de direito ou de fato ou, ainda, uma 
contradição ou oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois Estados.1 Pode haver, por 
exemplo, uma controvérsia entre dois Estados acerca de limites territoriais. Ou então, um Estado 
pode ter desrespeitado um tratado bilateral de extradição. Também é possível que um Estado tenha 
violado um compromisso assumido no âmbito da OMC. 
O direito internacional se preocupa em dar estabilidade às relações internacionais e garantir que os 
compromissos assumidos sejam cumpridos. É justamente em razão disso que há diversos meios de 
solução de controvérsias, as quais devem ser resolvidas de forma pacífica. Os meios coercitivos 
somente poderão ser legitimamente empregados com a autorização de organizações internacionais. 
A Carta das Nações Unidas prevê em seu art. 33, parágrafo 1º, que “as partes numa controvérsia, 
que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, 
chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, via judicial, 
recurso a organizações ou acordos regionais, ou qualquer outro meio pacífico à sua escolha”. Como 
se percebe, a Carta da ONU enumera diversos meios de solução de controvérsias, os quais, no 
entanto, não encerram um rol exaustivo, mas apenas exemplificativo. Destaque-se, ainda, que não 
há hierarquia entre esses meios de solução de controvérsias, o que significa que não existe uma 
ordem ou gradação a ser seguida na aplicação desses métodos. 
De qualquer forma, fica claro que a busca pela solução pacífica de controvérsias é uma regra 
fundamental do direito internacional. No Brasil, tal regra foi alçada, inclusive, ao nível constitucional, 
com a expressão previsão no art. 4º, inciso VII, da CF/88, de que um dos princípios das relações 
internacionais da República Federativa do Brasil é a solução pacífica de controvérsias. 
Os meios pacíficos de solução de controvérsias recebem duas classificações diferentes: quanto à 
compulsoriedade das decisões (facultativos ou obrigatórios) e quanto à fundamentação da 
decisão (diplomáticos, políticos ou jurisdicionais). 
 
1 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, PP. 
335. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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1.1.2.!Meios diplomáticos: 
Os meios diplomáticos têm como característica fundamental a realização de conversações amistosas 
com o objetivo de satisfazer os interesses mútuos das partes. Podem ser: negociação, bons ofícios, 
consultas, mediação, conciliação e inquérito. 
A negociação é o meio mais simples e mais comum de solução pacífica de solução de controvérsias. 
Consiste em conversações diretas entre os litigantes objetivando alcançar um denominador comum 
(solução mutuamente aceita). As negociações ocorrem por via diplomática, seja oralmente ou por 
escrito, caracterizando-se pela informalidade. A solução de um conflito por meio de negociações 
poderá acontecer de três formas: i) um Estado renuncia a uma pretensão; ii) um Estado reconhece 
o direito pleiteado pelo outro; ou iii) há uma transação entre os Estados (concessões mútuas). 
Os bons ofícios não estão explicitamente previstos na Carta das Nações Unidas, mas consistem em 
meios diplomáticos de solução de controvérsias. Nos bons ofícios, um terceiro, espontaneamente, 
se oferece para colaborar na solução de uma controvérsia. Destaque-se que os bons ofícios não são 
considerados ingerência indevida nos assuntos de outros Estados e seu oferecimento, assim como 
sua recusa, não podem ser considerados gestos ofensivos ou inamistosos.2 O terceiro a oferecer seus 
bons ofícios pode ser um funcionário de uma organização internacional, um terceiro Estado ou 
mesmo uma organização internacional. Sua atuação limita-se a aproximar pacificamente os 
litigantes; nos bons ofícios, o terceiro não apresenta sua posição acerca da controvérsia, tampouco 
uma proposta para a solução desta. 
As consultas representam uma preparação para negociações futuras. As partes consultam-se 
mutuamente, levantando as questões controversas. Consistem em contatos preliminares, prévios a 
uma negociação. Para Portela, as consultas não são propriamente um meio de solução de 
controvérsias. 3 
A mediação se caracteriza pela participação de um terceiro Estado, que colabora na solução da 
controvérsia. No entanto, à diferença do que ocorre nos bons ofícios (em que o terceiro não pode 
apresentar seu posicionamento), na mediação, o terceiro, além de aproximar as partes, apresenta 
proposta para a solução da controvérsia. Trata-se, portanto, de procedimento mais extenso e mais 
solene do que os bons ofícios. A mediação poderá ser facultativa ou obrigatória, oferecida ou 
solicitada, individual ou coletiva. As conclusões do mediador não são obrigatórias e, portanto, não 
vinculam as partes litigantes. 
A conciliação se assemelha muito à mediação, possuindo, todavia, maior grau de formalismo e 
solenidade. Enquanto na mediação existe apenas um “conciliador”, na conciliação há uma “comissão 
de conciliadores”. Esse grupo de conciliadores examina a controvérsia e, ao final, emite parecer 
 
2 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2010, pp.937. 
3 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009, pp. 
475. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privadop/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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propondo a solução do conflito. Destaque-se que as partes litigantes poderão aceitar ou rejeitar a 
proposta dos conciliadores, é dizer, esta não é dotada de força vinculante. 
O inquérito, por último, consiste em uma investigação destinada a apurar fatos relevantes ocorridos 
entre as partes, “preparando o terreno” para a utilização de um dos meios de solução de 
controvérsias internacionais (diplomáticos, políticos ou judiciários). Forma-se, então, uma comissão 
encarregada de investigar fatos controvertidos, que necessitem de maior esclarecimento. 
1.1.3.!Meios políticos: 
São denominados de meios políticos de solução de controvérsias aqueles existentes no âmbito de 
organizações internacionais de vocação política, como a ONU e a OEA. Na atualidade, os conflitos 
de maior gravidade têm sido politicamente resolvidos no âmbito das Nações Unidas por meio de 
seus dois principais órgãos: o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral. Em nível regional, os 
conflitos têm sido resolvidos, nas Américas, no âmbito da Organização dos Estados Americanos 
(OEA), com atuação dos organismos especializados dessa organização internacional. 
Há grande semelhança entre os meios políticos e os meios diplomáticos, com a diferença que nos 
meios políticos a interação entre as partes ocorre no seio de uma organização internacional. Ambos 
são chamados de meios não-jurisdicionais, uma vez que a solução para controvérsia nem sempre 
terá fundamento jurídico. 
1.1.4.!Meios jurisdicionais: 
Os meios jurisdicionais podem ser divididos em dois: meios semi-judiciais (arbitragem) e meios 
judiciários (tribunais internacionais). Ambos se distinguem dos demais meios de solução de 
controvérsias por serem obrigatórios para as partes litigantes. 
1.1.4.1.!Meios semi-judiciais: 
A arbitragem é um meio de solução de controvérsias que consiste no estabelecimento de um 
tribunal composto de vários árbitros para apreciar uma controvérsia. Trata-se de mecanismo 
jurisdicional, porém não judiciário. Os tribunais arbitrais não têm jurisdição permanente; ao 
contrário, possuem natureza “ad hoc”, sendo constituídos com o objetivo de apreciar um caso 
concreto. Competirá às partes na disputa eleger o árbitro, descrever a matéria conflituosa e 
delimitar o direito aplicável.4 
Os laudos arbitrais têm a mesma força vinculante (obrigatória) que uma sentença emanada de um 
tribunal internacional. Vale destacar, quanto a esse ponto, que o descumprimento de um laudo 
arbitral sujeita o Estado à responsabilidade internacional. O laudo arbitral também se caracteriza 
por ser definitivo e não-executório. É definitivo porque dele não cabem recursos; é não-executório 
 
4 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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porque não há como impor o cumprimento de um laudo arbitral, uma vez que o Estado não conhece 
nenhuma vontade superior à sua no plano internacional.5 O cumprimento do laudo arbitral depende 
da boa-fé e da honradez das partes litigantes, em especial da parte “perdedora”. 
Em direito internacional público, se reconhece que a sentença arbitral poderá ser anulada caso 
tenha existido corrupção, excesso de poder dos árbitros ou mesmo algum erro fundamental que 
vicie o processo. Embora não sejam admitidos recursos dos laudos arbitrais, as partes litigantes 
poderão solicitar um pedido de interpretação do laudo arbitral. Assim, pode-se afirmar que, apesar 
de os laudos arbitrais serem definitivos, eles podem ser modificados. 
Para que uma controvérsia seja solucionada por arbitragem, é necessário que seja firmado um 
compromisso arbitral, que consiste em um tratado celebrado pelos litigantes. Ressalte-se que o 
compromisso arbitral é um tratado celebrado após o surgimento do litígio, a fim de resolvê-lo. Nele, 
são descritos todos os procedimento aplicáveis à solução daquela controvérsia em particular 
(descrição do litígio, definição dos árbitros, regras procedimentais, prazos e o compromisso das 
partes em dar cumprimento ao laudo arbitral). A obrigatoriedade dos laudos arbitrais tem 
fundamento justamente no compromisso arbitral, em homenagem à regra “pacta sunt servanda”. 
Também é possível que um tratado multilateral já tenha previsão de cláusula arbitral (cláusula 
compromissória). A cláusula arbitral é, portanto, prévia ao surgimento da controvérsia, podendo 
ser tanto um tratado geral de arbitragem quanto uma cláusula prevista em um tratado. Atualmente, 
percebe-se que há vários tratados internacionais que trazem expressa uma cláusula arbitral. No 
MERCOSUL, por exemplo, o Protocolo de Olivos prevê, que, em primeira instância, uma controvérsia 
será levada à apreciação de um tribunal “ad hoc”, que funcionará, então, como um tribunal arbitral. 
Na OMC, os grupos especiais (primeira instância), também consistem em tribunais arbitrais. 
Não podemos nos olvidar de fazer menção à Corte Permanente de Arbitragem, que foi criada em 
1899, na Primeira Conferência Internacional da Paz, realizada em Haia. Trata-se de uma organização 
internacional destinada a facilitar a solução de controvérsias na sociedade internacional. A Corte 
Permanente de Arbitragem mantém uma lista com pessoas qualificadas para atuarem como árbitros 
em uma controvérsia que envolva Estados, organizações internacionais e mesmo particulares. 
Uma forma especial de arbitragem é a arbitragem mista, que é aquela instaurada para resolver uma 
controvérsia entre um Estado e um particular estrangeiro. Ela ocorre quando um Estado celebra 
um contrato internacional com particular estrangeiro e esse instrumento prevê a arbitragem como 
meio de solução de controvérsias. 
 
5 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2010 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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1.2.!CORTES INTERNACIONAIS: 
Na atualidade, o direito internacional vive um fenômeno de multiplicação das instâncias de solução 
de conflitos, com o surgimento de diversos tribunais internacionais. Estudaremos, a seguir, os 
principais tribunais internacionais. 
1.2.1.!Corte Internacional de Justiça: 
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o principal órgão judiciário das Nações Unidas e tem como 
competência central solucionar controvérsias entre seus Membros. 
A CIJ será composta de um corpo de juízes independentes, eleitos sem atenção à sua nacionalidade, 
dentre pessoas que gozem de alta consideração moral e possuam as condições exigidas em seus 
respectivos países para o desempenho das mais altas funções judiciárias ou que sejam jurisconsultos 
de reconhecida competência em direito internacional (art.2º do Estatuto da CIJ). 
 
Se a banca examinadora disser que a Corte Internacional de Justiça é o único órgão judiciário das 
Nações Unidas, ela estará tentando te enganar. 
A CIJ não é o único órgão judiciário da ONU, mas sim o principal órgão judiciário das Nações Unidas. 
Segundo o art. 3º do Estatuto da CIJ, a Corte será composta por quinze membros, não podendo 
figurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado. Cabe destacar que um juiz da mesma 
nacionalidade que uma das partes na controvérsia conserva o direito de nela atuar. No entanto, se 
isso ocorrer, a outra partepoderá escolher uma pessoa para atuar como juiz. Assim, se houver uma 
controvérsia entre Brasil e Argentina, um juiz brasileiro integrante da CIJ poderá participar do 
julgamento. Entretanto, a Argentina terá o direito de escolher alguém para atuar como juiz. Se entre 
os juízes da Corte nenhum for nacional dos Estados litigantes, cada um dos Estados tem o direito de 
escolher um juiz. 
A CIJ tem competência para apreciar todos os litígios que a ela forem submetidos, assim como todos 
os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas e nos tratados e convenções vigentes. No 
desempenho de suas atribuições, a Corte Internacional de Justiça irá aplicar normas de direito 
internacional aos casos em concreto. 
Somente os Estados poderão submeter uma controvérsia à Corte Internacional de Justiça, não 
podendo uma organização internacional postular perante este órgão. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Podemos dividir a competência da Corte Internacional de Justiça em duas: competência contenciosa 
e competência consultiva. 
a)! Competência contenciosa: por meio desta competência, a CIJ delibera sobre litígios que a 
ela tiverem sido encaminhados. Esse é o entendimento do art.38 do Estatuto da CIJ, que 
determina que compete à CIJ decidir, de acordo com o direito internacional, as 
controvérsias que lhe forem submetidas. 
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias 
que lhe forem submetidas, aplicará: 
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; 
c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; 
d) sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais 
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et 
bono, se as partes com isto concordarem. 
Um exemplo de uma controvérsia submetida à apreciação da CIJ seria a situação em que um país A 
é vítima de agressão armada por parte do país B e alega que isso representa uma violação à sua 
soberania e integridade territorial, o que é contrário à Carta das Nações Unidas. Outro exemplo seria 
se um país A e um país B discordassem quanto aos limites de suas fronteiras marítimas. Citamos 
ainda como exemplo a demanda apresentada à CIJ pelo Equador contra a Colômbia devido à 
pulverização aérea de herbicidas tóxicos na fronteira entre os dois países. 
A competência da CIJ abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os 
assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em 
vigor. Dessa forma, não interessa se a controvérsia gira em torno de tratados comerciais ou tratados 
ambientais. 
Em razão do princípio da soberania, não há obrigatoriedade de que os Estados se submetam à 
jurisdição da Corte Internacional de Justiça, ou seja, é decisão de cada um deles se submeter ao 
sistema jurídico internacional. Essa falta de competência compulsória da CIJ está prevista, inclusive, 
no art.36, parágrafo 2º do Estatuto da referida corte, que diz o seguinte: 
2. Os Estados, partes do presente Estatuto, poderão, em qualquer momento, declarar que 
reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acordos especiais, em relação a qualquer 
outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as 
controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: 
a) a interpretação de um tratado; 
b) qualquer ponto de direito internacional; 
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 8 
c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso 
internacional; 
d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional. 
A interpretação que se deve fazer do art. 36, § 2º é a de que cada Estado tem autonomia para definir 
se reconhece ou não como obrigatória a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ). Caso 
reconheça, dizemos que este Estado aderiu à “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”. A 
partir daí, ele se submete automaticamente à jurisdição da CIJ. 
“Entendi, Ricardo! Mas e se um Estado não aderir a essa cláusula, o que acontece?” 
Ótima pergunta, meu amigo! Nessa situação, o Estado terá que declarar sua submissão à jurisdição 
da CIJ caso a caso. É o que acontece com o Brasil, que não aderiu à “cláusula facultativa de jurisdição 
obrigatória”. 
Segundo Accioly6, percebe-se nesse dispositivo do Estatuto da CIJ a “cláusula opcional” de 
competência, que consiste em uma declaração de cada Estado em que são estipulados os limites em 
que reconhece a compulsoriedade da CIJ, bem como as áreas em que não reconhece a competência 
da Corte. 
As decisões da CIJ somente serão obrigatórias para as partes litigantes e a respeito do caso em 
questão, ou seja, não possuem eficácia erga omnes, ficando limitadas ao caso em concreto. A 
sentença proferida pela Corte é definitiva e inapelável. Podem, entretanto, existir dúvidas quanto 
ao sentido e ao alcance da sentença, o que deverá ser interpretado pela Corte mediante pleito de 
qualquer das partes na controvérsia. 
b)! Competência consultiva: a Corte Internacional de Justiça possui também competência 
para emitir parecer consultivo sobre questões de direito internacional. As questões sobre 
as quais for pedido o parecer consultivo da Corte serão a ela submetidas por meio de 
petição escrita, que deverá conter uma exposição do assunto sobre o qual é solicitado o 
parecer e será acompanhada de todos os documentos que possam elucidar a questão. 
Quem possui legitimidade para solicitar uma opinião consultiva à CIJ são os órgãos da 
ONU e as organizações internacionais do Sistema ONU. Na maior parte das vezes, quem 
solicita esse parecer consultivo é a Assembleia Geral da ONU. 
Segundo Accioly7, o procedimento para se requerer um parecer consultivo à Corte é bem mais 
simples que o procedimento contencioso, bastando três requisitos: 
 
6 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 
17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 
7 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 
17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 
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==12d86c==
 
 
 
 
 
 
 
 9 
a)! a pergunta à Corte deverá versar sobre direito internacional; 
b)! a pergunta deve ser feita de forma clara e objetiva; e 
c)! a entidade que faz a consulta deve ser habilitada a fazê-lo. 
Destaque-se que os pareceres da CIJ não são obrigatórios, sendo apenas indicativos da posição da 
Corte no exame de um caso concreto a ser apreciado no futuro. Os Estados e organizações 
internacionais podem ser admitidos no processo na condição de amicus curiae, apresentando 
exposições escritas e orais. 
 
1.2.2.!Corte Interamericana de Direitos Humanos: 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (1979) é uma instituição judiciária autônoma cujo 
objetivo é a aplicação e interpretação da Convenção Americanasobre Direitos Humanos, também 
conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica. Trata-se de órgão de natureza jurisdicional e 
consultiva. 
A CIDH é composta por sete juízes, todos nacionais dos Estados-membros da OEA, eleitos a título 
pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de 
direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções 
judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como 
candidatos. Destaque-se que não pode haver mais de um juiz da mesma nacionalidade. 
A tomada de decisões no âmbito da CIDH ocorrerá por maioria dos juízes presentes, cabendo ao 
Presidente, no caso de empate, o voto de qualidade. Para que a CIDH possa deliberar a respeito de 
alguma matéria é necessário o quórum mínimo de 5 juízes, ou seja, devem estar presentes na 
votação pelo menos 5 juízes. 
A competência jurisdicional da CIDH é regulada pelos arts. 61, 62 e 63 da Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos. O art. 61 determina que somente poderão submeter casos à decisão da 
CIDH os Estados-partes da Convenção e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. No 
sistema interamericano de proteção aos direitos humanos, os indivíduos não poderão peticionar 
diretamente junto à CIDH. É possível, todavia, que os indivíduos recorram à Comissão, nos termos 
do que prevê o art. 44 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, segundo o qual “qualquer 
pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou 
mais Estados membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham 
denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-Parte”. 
A sentença da CIDH é definitiva e inapelável. Os Estados-partes da Convenção se comprometem a 
cumprir a decisão da Corte em todos os casos em que forem partes. Destaque-se que a submissão 
à jurisdição da CIDH não é automática. A CIDH somente terá competência para conhecer de um 
caso relativo à interpretação e aplicação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos se os 
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Estados Partes no caso tiverem reconhecido ou reconheçam a referida competência. O Brasil 
reconhece a competência contenciosa da CIDH. 
 
1.2.3.!Corte Europeia de Direitos Humanos: 
A Corte Europeia de Direitos Humanos foi criada em 1959 e está sediada em Estrasburgo, França. 
Possui competência jurisdicional, examinando casos em que ocorram violações da Convenção 
Europeia sobre Direitos Humanos. No sistema europeu de direitos humanos, admite-se o acesso 
direto do indivíduo à Corte Europeia de Direitos Humanos. 
 
1.2.4.!Tribunal Penal Internacional: 
O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado pelo Estatuto de Roma, que foi adotado em 1998 e 
entrou em vigor em 2002. O Tribunal Penal Internacional constitui-se no primeiro tribunal de 
natureza permanente destinado a apurar a responsabilidade de indivíduos por crimes perpetrados 
contra os direitos humanos, concretizando grande avanço do processo de internacionalização dos 
direitos humanos e de humanização do direito internacional. 
Antes da criação de TPI, já haviam sido criados tribunais para apurar crimes de alta gravidade contra 
os direitos humanos, como, por exemplo, o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal de Tóquio, 
instituídos após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, esses tribunais, criados por tratados 
internacionais, tinham natureza “ad hoc” e são criticados por serem juízos de exceção, criados pelos 
“vencedores” para julgar os “vencidos”. 
O TPI possui jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance 
internacional, notadamente os seguintes: crime de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes 
de guerra e o crime de agressão. São crimes que afetam a comunidade internacional como um todo. 
Perceba-se que o TPI estabelece o princípio da responsabilidade penal individual, ou seja, o 
indivíduo responde a título pessoal pelos crimes de alta gravidade que tenha praticado. Pela 
gravidade desses crimes, eles são imprescritíveis. 
O Estatuto de Roma detalha as condutas classificadas como cada um desses crimes: 
a)! Genocídio: qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de 
destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto 
tal: i) homicídio de membros do grupo; ii) ofensas graves à integridade física ou mental de 
membros do grupo; iii) sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a 
provocar a sua destruição física, total ou parcial; iv) imposição de medidas destinadas a 
impedir nascimentos no seio do grupo; v) transferência, à força, de crianças do grupo para 
outro grupo. 
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b)! Crimes contra a Humanidade: qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no 
quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, 
havendo conhecimento desse ataque: i) Homicídio; ii) extermínio; iii) escravidão; iv) 
deportação ou transferência forçada de uma população; v) prisão ou outra forma de 
privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito 
internacional; vi) tortura; vii) agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, 
gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo 
sexual de gravidade comparável; viii) perseguição de um grupo ou coletividade que possa 
ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou 
de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios 
universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados 
com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do 
Tribunal; ix) Desaparecimento forçado de pessoas; x) crime de apartheid; xi) outros atos 
desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou 
afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental. 
c)! Crimes de guerra: O TPI tem competência para julgar os crimes de guerra, em particular 
quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte 
de uma prática em larga escala desse tipo de crimes. São considerados crimes de guerra: 
i) as violações graves às Convenções de Genebra, de 1949; ii) outras violações graves das 
leis e costumes aplicáveis em conflitos armados internacionais no âmbito do direito 
internacional; iii) no caso de conflitos armados que não sejam de índole internacional, as 
violações graves às Convenções de Genebra, de 1949; iv) outras violações graves das leis 
e costumes aplicados aos conflitos armados que não têm caráter internacional 
d)! Crime de agressão: O crime de agressão não foi definido pelo Estatuto de Roma. 
Com fundamento no art. 27 do Estatuto de Roma, o TPI poderá julgar todas as pessoas, 
independentemente de qualquer distinção baseada na qualidade oficia. Trata-se do princípio da 
irrelevância da qualidade oficial, que admite sejam julgados pelo TPI quaisquer indivíduos, ainda 
que governantes de um determinado Estado. 
Os Estados que ratificaram o Estatuto de Roma aceitam a jurisdição do TPI. O Brasil, tendo ratificado 
o Estatuto de Roma, tem dispositivo constitucional explícito sobre isso, mais especificamente o art. 
5º, § 4º. Segundo o referido dispositivo, “o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal 
Internacional a cuja criação tenha manifestadoadesão.” Cabe ressaltar que não são admitidas 
reservas ao Estatuto de Roma, sendo possível, no entanto, que um Estado se retire do referido 
tratado internacional. 
A jurisdição do TPI é complementar às jurisdições nacionais, o que significa que somente será 
exercida caso o Estado que tenha jurisdição sobre um determinado caso não tenha iniciado o devido 
processo ou, caso o tenha feito, agiu com o intuito de subtrair o acusado à justiça ou de mitigar-lhe 
a sanção. Assim, a atuação do TPI é apenas subsidiária, competindo originariamente aos Estados a 
repressão dos crimes de alta gravidade previstos no Estatuto de Roma. 
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O TPI poderá exercer sua jurisdição em relação aos crimes praticados por nacionais de Estados-
parte do Estatuto de Roma ou, ainda, em relação a crimes praticados no território de Estados-parte 
do Estatuto de Roma. No caso de crimes cometidos em navios ou aeronaves, o TPI exercerá sua 
jurisdição se o Estado de matrícula do navio ou da aeronave por parte do Estatuto de Roma. 
O Estatuto de Roma não admite a pena de morte, o que, aliás, seria totalmente contrário aos 
princípios que levaram à sua criação. O TPI poderá impor as seguintes penas às pessoas por ele 
condenadas: i) prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 anos; ou ii) 
prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o 
justificarem. 
Questão controversa, que gerou discussões anteriores à adesão do Brasil ao Estatuto de Roma foi 
saber se, ao entregar brasileiro nato para ser julgado pelo TPI, estaria o Brasil ferindo dispositivo 
constitucional que veda a extradição de brasileiro nato. Sobre o assunto, é importante 
estabelecermos a diferença entre esses dois institutos: entrega e extradição. A extradição se 
caracteriza pela entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado, enquanto pelo instituto da 
entrega o Estado entrega uma pessoa a um Tribunal Internacional. 
Dessa forma, se um brasileiro cometer um crime passível de ser julgado pelo TPI – crime de 
genocídio, crime contra a humanidade, crimes de guerra, crime de agressão – ele será entregue a 
esta Corte para ser julgado. Enfatize-se que isso não se configura extradição de brasileiro, mas sim 
mera entrega, uma vez que o requerente não é Estado estrangeiro, mas um Tribunal Internacional. 
 
1.2.5.!Tribunal Internacional sobre o Direito do Mar: 
O Tribunal Internacional sobre o Direito do Mar foi criado pela Convenção das Nações Unidas sobre 
o Direito do Mar (1982), também conhecida por Convenção de Montego Bay. Possui competência 
para julgar as controvérsias que envolvam a interpretação e aplicação da Convenção de Montego 
Bay. 
 
2.!A CARTA DA ONU 
Em 1926, foi celebrado o Pacto Briand-Kellog8, por meio do qual declarou-se a proscrição da guerra. 
A partir de então, a guerra passou a ser considerado uma forma ilícita para a solução de controvérsia. 
 
8 O nome desse tratado é uma homenagem aos Ministros das Relações Exteriores da França e dos Estados Unidos, 
cujos nomes eram, respectivamente, Aristide Briand e Frank Kellog. 
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Por meio do Pacto Briand-Kellog, os Estados declararam expressamente a renúncia à guerra como 
mecanismo para a solução de controvérsias. 
Com a Carta da ONU, em 1945, a guerra foi definitivamente considerada ilícita para o direito 
internacional. Embora a Carta da ONU quase não faça menção à palavra “guerra”, ela estabelece 
que “todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de 
modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais”. 
Pode-se dizer, desse modo, que a Carta das Nações Unidas tem como um de seus princípios basilares 
a solução pacífica de controvérsias. No entanto, uma vez que tenham falhado os meios 
diplomáticos, políticos e jurisdicionais, poderão ser empregados meios coercitivos para a solução de 
controvérsias. Poderá haver, inclusive, em situações excepcionais determinadas pelo Conselho de 
Segurança da ONU, o uso da força armada. 
O uso da força é admitido em direito internacional somente em situações excepcionais: em caso de 
legítima defesa ou de segurança coletiva. A primeira está prevista no art. 51 da Carta da ONU, que 
estabelece que um Estado poderá agir em legítima defesa, individual ou coletiva, quando ocorrer 
um ataque armado. A segunda, por sua vez, está prevista nos art. 42 da Carta da ONU. 
A legítima defesa possui limites definidos pela Carta da ONU, pressupondo 4 (quatro) 
condicionantes9: 
a)! Uma agressão atual ou iminente: agressão não precisa, necessariamente, já ter ocorrido. 
Uma agressão pode ser considerada iminente quando há fortes indícios de que ela está 
prestes a ocorrer. 
b)! Uma resposta proporcional ao ataque 
c)! A comunicação imediata do ato ao Conselho de Segurança da ONU. 
d)! A limitação da resposta até que o Conselho de Segurança tome medidas efetivas para o 
estabelecimento da paz e da segurança internacional. 
A segurança coletiva, por sua vez, é prevista em três situações diferentes: ameaça à paz 
internacional, ruptura da paz e diante de atos de agressão10. É o Conselho de Segurança da ONU o 
responsável por determinar a existência de qualquer uma dessas situações, bem como fazer 
recomendações ou decidir que medidas deverão ser tomadas a fim de manter ou restabelecer a paz 
e a segurança internacionais. 
O uso da força armada é a última alternativa do Conselho de Segurança da ONU. Prevê a Carta da 
ONU uma gradação das ações para a resolução do conflito, iniciando pelas negociações e passando 
a outras formas de pressão não-militares - isolamento do Estado, interrupção do comércio e das 
 
9 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 
10 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 
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relações diplomáticas, como exemplo. O uso da força armada, por meio do envio de tropas, é o 
último recurso admitido. 
Antes disso, serão adotados meios coercitivos para a solução da controvérsia. Segundo o art. 41, da 
Carta da ONU, estas medidas poderão incluir “a interrupção completa ou parcial das relações 
econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, 
radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas”. 
Se essas medidas previstas no art. 41, da Carta da ONU, se mostrarem inadequadas, o Conselho de 
Segurança poderá realizar, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar 
necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. 
As ações necessárias ao cumprimento das decisões do Conselho de Segurança da ONU para 
manutenção da paz e da segurança internacionais serão levadas a efeito por todos os membros da 
ONU ou por alguns deles, conforme seja determinado pelo Conselho de Segurança. Essas ações 
poderão compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, 
navais ou terrestres dos membros da ONU. 
 
1.! (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
Um marcona proteção internacional dos direitos humanos foi a celebração da Conferência de 
Roma, em 1998, que aprovou a criação de um tribunal penal internacional para julgar crimes 
contra a humanidade e crimes de genocídio e de guerra. 
Comentários 
Em 1998, na Conferência de Roma, foi aprovada a criação do Tribunal Penal Internacional, o que 
representou um grande marco na proteção internacional dos direitos humanos. 
Gabarito: certa 
2.! (Procurador do Banco Central-2009) 
A primeira arbitragem moderna no direito internacional foi instalada na I Conferência de Paz 
da Haia para resolver controvérsias entre Reino Unido e França. 
Comentários 
O que ocorreu na I Conferência de Paz da Haia de 1889 foi a criação da Corte Permanente de 
Arbitragem e não a instalação de uma arbitragem para resolver um litígio entre Reino Unido e 
França. 
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Gabarito: errada 
3.! (Procurador do Banco Central-2009) 
Assim como os meios judiciários, a arbitragem possui o caráter de permanência. 
Comentários 
Ao contrário dos meios judiciários, a arbitragem não possui o caráter de permanência. Os tribunais 
arbitrais são “ad hoc”, isto é, são formados para apreciar um caso concreto específico, enquanto as 
Cortes Internacionais possuem composição fixa. 
Gabarito: errada 
4.! (Procurador do Banco Central-2009) 
Arbitragens mistas são aquelas em que mais de dois Estados figuram na causa. 
Comentários 
Na arbitragem mista, figuram na causa um Estado e um particular estrangeiro. 
Gabarito: errada 
5.! (Procurador do Banco Central-2009) 
Decisões arbitrais são meramente recomendatórias. 
Comentários 
A decisão arbitral (sentença arbitral) é obrigatória para as partes litigantes. Apesar de ser obrigatória, 
a sentença arbitral não possui executoriedade, já que não existe nenhuma vontade superior à dos 
Estados no plano internacional. 
Gabarito: errada 
6.! (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002) 
Em 1991, os presidentes do México, da Colômbia e da Venezuela resolveram oferecer seus 
bons ofícios conjuntos aos governos de Cuba e dos Estados Unidos da América, para viabilizar-
lhes o diálogo. Entretanto, a oferta foi recusada. Nessa situação, o oferecimento caracterizou 
uma intromissão indevida nas relações bilaterais daqueles Estados e a recusa representou um 
ato inamistoso para com os Estados que ofertaram seus bons ofícios. 
Comentários 
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O oferecimento de bons ofícios, assim como sua recusa não constitui atos inamistosos. 
Gabarito: errada 
7.! (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002) 
Pela via do inquérito, instaura-se uma instância prévia para a posterior solução do conflito. 
Trata-se da investigação preliminar, por uma comissão conjunta, da materialidade dos fatos 
controvertidos. Posteriormente, parte-se para uma das esferas — diplomática, política ou 
judiciária — de solução de controvérsias. 
Comentários 
O inquérito é uma instância prévia à solução de controvérsias. Busca-se, por meio do inquérito, 
apurar fatos controvertidos para, depois, partir para a solução do conflito com a utilização de meios 
políticos, diplomáticos ou judiciários. 
Gabarito: certa 
8.! (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002) 
As sentenças arbitrais são definitivas e imodificáveis. 
Comentários 
As sentenças arbitrais são definitivas, porém podem ser modificadas. 
Gabarito: errada 
9.! (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002) 
Para o direito internacional contemporâneo, o uso de meios coercitivos para a solução de 
controvérsias apenas se legitima com a aprovação e determinação das organizações 
internacionais. 
Comentários 
O direito internacional tem como princípio básico o de que as controvérsias deverão ser resolvidas 
com a utilização de meios pacíficos. Os meios coercitivos somente poderão ser legitimamente 
empregados com autorização de organizações internacionais. 
Gabarito: certa 
10.!(Instituto Rio Branco-2008) 
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O sistema de solução de controvérsias da OMC corresponde à forma arbitral de composição de 
conflitos e, como tal, não é passível de pedido recursal. 
Comentários 
Os grupos especiais atuam como tribunais arbitrais, mas da decisão deles caberá recurso ao Órgão 
de Apelação da OMC. 
Gabarito: errada 
11.!(AFC/CGU-2008) 
Constituída em 1998, essa corte internacional dedica-se a julgar as pessoas responsáveis pelos 
crimes de maior gravidade de alcance internacional, sendo complementar às jurisdições 
nacionais. Indique qual das instituições abaixo corresponde a essa descrição. 
a) Corte Internacional de Justiça. 
b) Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
c) Tribunal Penal Internacional. 
d) Corte Permanente de Arbitragem. 
e) Conselho de Segurança das Nações Unidas. 
Comentários 
A Corte com competência para julgar os crimes de maior gravidade de alcance internacional é o 
Tribunal Penal Internacional (letra C). 
Gabarito: letra C 
12.!(OAB-2008.1) 
Acerca de tribunais internacionais e de sua repercussão, assinale a opção correta. 
a) O Tribunal Penal Internacional prevê a possibilidade de aplicação da pena de morte, ao passo 
que a Constituição brasileira proíbe tal aplicação. 
b) O § 4.º do art. 5º da Constituição Federal prevê a submissão do Brasil à jurisdição de tribunais 
penais internacionais e tribunais de direitos humanos. 
c) O Estatuto de Roma não permite reservas nem a retirada dos Estados-membros do tratado. 
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d) O Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, estabelece uma diferença 
entre entrega e extradição, operando a primeira entre um Estado e o mencionado tribunal e a 
segunda, entre Estados. 
Comentários 
Letra A: errada. Não há previsão, no Estatuto de Roma, para a aplicação de pena de morte. 
Letra B: errada. O art. 5º, § 4.º, da CF/88 prevê apenas que o Brasil se submete à jurisdição do 
Tribunal Penal Internacional (e não de todos os Tribunais de direitos humanos). 
Letra C: errada. O Estatuto de Roma não admite reservas. No entanto, ele admite a retirada dos 
Estados-parte. 
Letra D: correta. A extradição se caracteriza pela entrega de uma pessoa por um Estado a outro 
Estado, enquanto pelo instituto da entrega o Estado entrega uma pessoa a um Tribunal 
Internacional. 
Gabarito: letra D 
13.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2003) 
Pode-se mencionar como exemplos de tribunais internacionais: a Corte Internacional de Justiça 
(sede em Haia), a Corte Interamericana de Direitos Humanos (San Jose da Costa Rica), o 
Tribunal Penal Internacional (Haia) e a Corte Constitucional Italiana (Roma). 
Comentários 
A Corte Constitucional Italiana não é um tribunal internacional, ao contrário dos demais. 
Gabarito: errada 
14.!(Instituto Rio Branco-2009) 
Entre os princípios que regem as relações internacionais do Estado brasileiro, estão a 
prevalência dos direitos humanos e a solução pacífica dos conflitos (art. 4.º da Constituição 
Federal). Com relação à tendência contemporânea de institucionalização jurídica internacional,assinale a opção correta. 
a) Todos os Estados-membros da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos estão, 
ipso facto, sujeitos à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em 
São José, na Costa Rica. 
b) A Corte Internacional de Justiça foi o primeiro tribunal internacional de caráter permanente 
estabelecido por tratado multilateral. 
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c) Os tribunais de Nuremberg e de Tóquio, instituídos ao final da Segunda Guerra Mundial, 
foram estabelecidos com base em resoluções do então recém-criado Conselho de Segurança 
das Nações Unidas. 
d) A jurisdição do Tribunal Penal Internacional restringe-se a situações ocorridas no território 
de um Estado-Parte do Estatuto de Roma. 
e) Como mecanismo para a solução de controvérsias marítimas, a Convenção das Nações 
Unidas sobre o Direito do Mar (também conhecida como Convenção de Montego Bay), 
estabeleceu o Tribunal Internacional do Direito do Mar. 
Comentários 
Letra A: errada. Os Estados se submetem, facultativamente, à jurisdição da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos. 
Letra B: errada. Antes da CIJ, tivemos a Corte Permanente de Justiça Internacional, tribunal criado 
no âmbito da Liga das Nações. 
Letra C: errada. Os tribunais de Nuremberg e de Tóquio não foram criados por resoluções do 
Conselho de Segurança da ONU. 
Letra D: errada. A jurisdição do TPI também abrange os crimes praticados por nacionais de Estados-
parte do Estatuto de Roma, independentemente de onde tenham praticado o crime. 
Letra E: correta. O Tribunal Internacional do Direito do Mar foi criado pela Convenção de Montego 
Bay para solucionar controvérsias marítimas. 
Gabarito: letra E 
15.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2007) 
Indique V para os itens verdadeiros e F para os falsos. Em seguida, assinale a sequência correta. 
( ) O Brasil ratificou o tratado internacional que constitui o Tribunal Penal Internacional. 
( ) O Tribunal Penal Internacional, ademais de poder julgar Estados, exerce jurisdição sobre 
indivíduos acusados dos crimes previstos em seu Estatuto. 
( ) Entre as penas previstas pelo Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional, 
estão a prisão perpétua e a pena de morte. 
( ) Entre os crimes da competência do Tribunal Penal Internacional estão os crimes de 
genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. 
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( ) O Estado condenado pelo Tribunal Penal Internacional está sujeito a sanções econômicas. 
a) V,V,F,V,V 
b) V,V,F,V,F 
c) V,V,V,V,V 
d) V,F,F,V,F 
e) F,F,F,F,V 
Comentários 
A primeira assertiva está correta. De fato, o Brasil ratificou o Estatuto de Roma. 
A segunda assertiva está errada. O Tribunal Penal Internacional não pode julgar Estados. 
A terceira assertiva está errada. O TPI não admite a pena de morte. 
A quarta assertiva está correta. O TPI tem competência para apurar os seguintes crimes: crimes de 
guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de agressão. 
A quinta assertiva está errada. O TPI não julga Estados; ele apura a responsabilidade penal de 
indivíduos. 
Gabarito: letra D 
16.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2004) 
A violação das leis de guerra por parte de um combatente nos conflitos internacionais implica 
sua punição. Em 17 de julho de 1998 foi adotado o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, 
seus Anexos e a Ata Final da Conferência de Roma sobre o estabelecimento de um Tribunal 
Penal Internacional. O principal dispositivo do Estatuto, que figura no artigo 1o , consagra o 
princípio da complementaridade, nos termos do qual a jurisdição do Tribunal Penal 
Internacional 
a) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações 
Unidas, comprovada a violação das leis de guerra, com exceção dos crimes de genocídio. 
b) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações 
Unidas, a menos que o país prejudicado não tenha ratificado a Ata Final da Conferência de 
Roma. 
c) será exercida permanentemente, independente de provocação da Organização das Nações 
Unidas e de comprovação de violação das leis de guerra, dependendo, no entanto, de 
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instalação de um tribunal ad hoc a ser designado pela Corte de Haia, mediante provocação de 
no mínimo cinco países signatários da Ata Final da Conferência de Roma. 
d) terá caráter excepcional, isto é, somente será exercida em caso de manifesta incapacidade 
ou falta de disposição de um sistema judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária, 
ou seja, os Estados terão primazia para investigar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal. 
e) terá caráter eventual, isto é, somente será exercida em caso de comprovada violação de 
crimes contra a humanidade, dependendo, no entanto, de instalação de um tribunal a ser 
organizado pelas forças de ocupação. 
Comentários 
A jurisdição do TPI é complementar à dos Estados, o que significa que “terá caráter excepcional, isto 
é, somente será exercida em caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição de um sistema 
judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária, ou seja, os Estados terão primazia para 
investigar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal” (letra D). 
Gabarito: letra D 
17.!(Procurador BACEN-2006) 
No âmbito da Corte Internacional de Justiça, é cláusula facultativa de jurisdição obrigatória a 
que: 
a) permite ao Estado membro da ONU decidir se adere ou não ao Estatuto da Corte. 
b) uma vez aceita pelo Estado-parte no Estatuto, garante a jurisdição da Corte em todos os 
conflitos internacionais que envolvam aquele Estado, verificada a reciprocidade. 
c) uma vez aceita pelo Estado-parte no Estatuto, garante a jurisdição da Corte em todos os 
conflitos internacionais que envolvam aquele Estado, independentemente de reciprocidade. 
d) possibilita aos Estados membros da ONU a opção, no caso concreto, de se submeter à 
jurisdição da Corte. 
e) garante ao Estado-parte no Estatuto ampla imunidade de jurisdição ratione materiae. 
Comentários 
Questão bem direta! Se um Estado aderir à cláusula facultativa de jurisdição obrigatória, isso 
significa que ele se submete automaticamente à jurisdição da CIJ em todos os conflitos 
internacionais que o envolvam. Há que se observar, ainda, a reciprocidade, pois se um Estado se 
submete à jurisdição da CIJ, o outro litigante também deverá fazê-lo (ainda que no caso concreto) 
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para que a controvérsia seja apreciada. Se o Estado não aderir a essa cláusula, terá que declarar, 
caso a caso, sua submissão à jurisdição da CIJ. A resposta é, portanto, a letra B. 
Gabarito: letra B 
18.!(Juiz Federal – TRF-2ª Região-2009) 
O fato de um Estado oferecer ajuda a outros dois Estados para resolver certa controvérsia, sem, 
contudo, interferir nas negociações, configura o meio de solução de controvérsias 
denominado: 
a) mediação. 
b) conciliação. 
c) bons ofícios. 
d) inquérito. 
e) troca de notas. 
Comentários 
Se o terceiroauxilia na solução da controvérsia sem interferir nas negociações, o meio de solução 
usado é o denominado de “bons ofícios” (letra C). 
Gabarito: letra C 
19.!(Juiz Federal – TRF-2ª Região-2009) 
O instrumento no qual as partes elegem a arbitragem internacional como forma de solução de 
possíveis litígios futuros caracteriza: 
a) o compromisso arbitral. 
b) a qualificação prévia arbitral. 
c) a cláusula de eleição do foro. 
d) o reenvio prejudicial arbitral. 
e) a cláusula compromissória. 
Comentários 
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 23 
O compromisso arbitral é um tratado celebrado após o surgimento do litígio; a cláusula arbitral ou 
cláusula compromissória (letra E) é um instrumento por meio do qual as partes elegem a arbitragem 
como forma de solução de um conflito futuro. A cláusula compromissória é, portanto, prévia ao 
surgimento do conflito. 
Gabarito: letra E 
20.!(Instituto Rio Branco – 2010) 
Assinale a opção que apresenta o mecanismo de solução pacífica de controvérsias 
internacionais a que corresponde a descrição abaixo: 
“Quando as negociações diretas mostram-se ineficazes, é utilizado mecanismo que recorre à 
participação de um terceiro Estado, que tem como função aproximar os litigantes. A 
característica principal do mecanismo consiste em que o Estado harmonizador não tome parte 
nas negociações entre os contendores nem na solução da controvérsia, pois seu papel consiste 
apenas em colocá-los em contato, a fim de que sejam retomadas as negociações 
interrompidas.” 
a) bons ofícios 
b) sistema consultivo 
c) negociação direta 
d) mediação 
e) conciliação 
Comentários 
A assertiva descreve o meio de solução de controvérsias conhecido como “bons ofícios” (letra A). 
Nos bons ofícios, o terceiro apenas irá buscar aproximar os litigantes, sem tomar parte nas 
negociações e sem apresentar seu posicionamento. Na mediação, ao contrário, o terceiro, além de 
aproximar os litigantes, apresenta proposta para a solução da controvérsia. 
Gabarito: letra A 
21.!(Juiz Federal / TRF 5a Região – 2013) 
Com relação aos crimes de competência do TPI, assinale a opção correta. 
a) A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso para outro é classificada como 
crime contra a humanidade. 
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b) O TPI pode exercer jurisdição sobre o Estado como um todo apenas em caso de crime de 
agressão. 
c) O crime de apartheid é praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão 
e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou mais grupos nacionais e com a intenção 
de manter esse regime. 
d) O TPI não tem jurisdição em relação aos crimes de guerra cometidos em conflitos armados 
não internacionais se não existir declaração formal de guerra. 
e) As normas costumeiras sobre crimes de guerra somente podem ser base para o julgamento 
do TPI se estiverem codificadas em tratados. 
Comentários 
Letra A: errada. A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso para outro é classificada 
como crime de genocídio. 
Letra B: errada. A jurisdição do TPI não se dá sobre os Estados, mas sim sobre as pessoas. 
Letra C: correta. O crime de apartheid é um crime contra a humanidade e, segundo o Estatuto de 
Roma, é praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático 
de um grupo racial sobre um ou mais grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime. 
Letra D: errada. A definição de crimes de guerra abrange atos praticados em conflitos armados não 
internacionais. 
Letra E: errada. Não há necessidade de que normas costumeiras estejam codificadas para que sirvam 
de base para o julgamento do TPI. 
Gabarito: letra C 
22.!(Juiz Federal / TRF 3a Região – 2011) 
No que se refere ao Tribunal Penal Internacional, assinale a opção correta.! 
a) De acordo com o Estatuto de Roma, esse tribunal tem competência expressa para julgar o 
terrorismo como crime contra a humanidade. 
b) As línguas de trabalho, nesse tribunal, são o inglês e o francês. 
c) Trata-se de organismo especializado da ONU. 
d) De acordo com o que prevê o Estatuto de Roma, esse tribunal pode decidir pela pena de 
morte em casos graves. 
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e) Essa corte começou a funcionar em 1998, com a conclusão do Estatuto de Roma. 
Comentários 
Letra A: errada. O terrorismo não se enquadra como crime contra a humanidade. 
Letra B: correta. De fato, as línguas de trabalho do TPI são o inglês e o francês. 
Letra C: errada. O TPI não é órgão da ONU. 
Letra D: errada. O TPI não poderá decidir pela aplicação da pena de morte. 
Letra E: errada. O TPI começou a funcionar em 2002, com a entrada em vigor do Estatuto de Roma. 
Gabarito: letra B 
23.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) 
O TPI, instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de 
maior gravidade e funções complementares às jurisdições penais nacionais, constitui corte 
internacional vinculada à ONU, não dispondo de personalidade jurídica própria. 
Comentários 
O TPI possui personalidade jurídica própria e não está vinculado à ONU. 
Gabarito: errada 
24.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) 
Nos termos do Estatuto de Roma, o TPI só poderá exercer os seus poderes e funções no 
território de qualquer Estado-parte, sendo-lhe defeso agir em relação a atos praticados no 
território dos Estados que não tenham subscrito o Estatuto. 
Comentários 
O TPI também poderá exercer sua jurisdição em relação aos crimes praticados por nacionais de 
Estados-parte do Estatuto de Roma, independentemente de onde tenham praticado o crime. 
Gabarito: errada 
25.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) 
O TPI poderá impor à pessoa condenada pelos crimes que afetem a humanidade no seu 
conjunto a pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude e as condições pessoais do 
condenado o justificarem. 
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Comentários 
De fato, é possível que o TPI aplique a pena de prisão perpétua, se o elevado grau de licitude e as 
condições pessoais do condenado o justificarem. 
Gabarito: certa 
26.!(Procurador da República / MPF – 2011) 
A jurisdição do Tribunal Penal Internacional é desencadeada (“trigger”) pelo princípio da 
complementaridade, segundo o qual: 
a) a jurisdição somente incide nas hipóteses em que o Estado-Parte do Estatuto de Roma falha 
na persecução penal de crime da competência material do tribunal, por incapacidade efetiva 
ou falta de vontade para a promover; 
b) o procurador do tribunal é independente e não pode ser impedido de iniciar uma 
investigação, sempre que constatar a falta de vontade ou a incapacidade efetiva de um Estado-
Parte do Estatuto de Roma de promover a persecução penal de crime da competência material 
do tribunal; 
c) a admissibilidade de caso depende da falha na persecução penal doméstica de crime da 
competência material do tribunal, por incapacidade efetiva ou falta de vontade do Estado com 
jurisdição sobre o mesmo; 
d) o tribunal tem primazia na persecução penal de crime de sua competência material,sem 
prejuízo da jurisdição dos Estados-Parte. 
Comentários 
Letra A: errada. A falha na persecução penal é um requisito para admissibilidade do caso. Assim, não 
diz respeito à jurisdição do TPI. 
Letra B: errada. A falha na persecução penal não é um requisito para que o Procurador do TPI inicie 
uma investigação. 
Letra C: correta. A atuação do TPI é subsidiária, ou seja, a admissibilidade do caso depende da falha 
na persecução penal doméstica, por incapacidade efetiva ou falta de vontade do Estado. 
Letra D: errada. A primazia na persecução penal não é do TPI, competindo aos Estados a repressão 
dos crimes de alta gravidade de competência do Tribunal. 
Gabarito: letra C 
27.!(AGU – 2015) 
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Como é vedado o uso da força nas relações internacionais, os Estados não podem executar 
atos beligerantes com o aval do direito internacional, ressalvada a hipótese de legítima defesa 
em caso de agressão externa. 
Comentários 
A guerra é um ilícito internacional, não sendo admitido, portanto, o uso da força no direito 
internacional. Há, entretanto, duas exceções, nas quais se admite a guerra: 
a)! por legítima defesa individual ou coletiva, em caso de ocorrer um ataque armado contra 
um Estado. 
b)! diante de medidas tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU para manutenção da paz 
e da segurança internacionais (“segurança coletiva”). 
Gabarito: errada 
28.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
O Pacto Briand-Kellog, firmado no período entreguerras, é considerado um marco na evolução 
do direito internacional, entre outros aspectos, por proscrever a guerra na relação entre 
Estados. 
Comentários 
O Pacto Briand-Kellog foi celebrado em 1926. Por meio dele, os Estados renunciaram à guerra como 
meio para solução de controvérsias. 
Gabarito: certa 
29.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
Com o propósito de manter a paz e a segurança internacionais, a Carta da ONU considera o 
recurso ao uso da força não mais como um direito do Estado, mas como um ilícito 
internacional, impedindo o seu uso ainda que em legítima defesa. 
Comentários 
De fato, a Carta da ONU considera a guerra um ilícito internacional. No entanto, o uso da força é 
admitido em caso de legítima defesa. 
Gabarito: errada 
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3.!DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL 
3.1.!INTRODUÇÃO: 
Existem certas áreas do globo terrestre cuja utilização envolve o interesse de diversos Estados 
soberanos. São espaços geográficos que não estão subordinados à soberania de nenhum Estado ou 
que, apesar de estarem sujeitos ao domínio estatal, são de interesse comum da sociedade 
internacional. Com essas características, conseguimos identificar o mar, os rios internacionais, o 
espaço aéreo e extra-atmosférico e o continente antártico. Tais áreas constituem o “domínio 
público internacional”. 
 
3.2.!DIREITO DO MAR 
O grande marco do direito do mar foi a celebração, em 1982, no âmbito das Nações Unidas, da 
Convenção de Montego Bay. O objetivo era promover a progressiva codificação do direito do mar. 
Ressalte-se, desde já, que a maior parte da superfície terrestre é composta de água, daí a 
importância de se promover a regulação do espaço marítimo. 
A Convenção de Montego Bay (1982) definiu o regime jurídico aplicável ao mar territorial, zona 
contígua, zona econômica exclusiva, plataforma continental, águas interiores e alto-mar. Além disso, 
a Convenção reconheceu os direitos dos Estados costeiros e dos Estados sem litoral. Sobre os 
Estados sem litoral, é importante mencionar que estes têm o direito de acesso ao mar e, ainda, o 
direito a participar, numa base equitativa, no aproveitamento de uma parte apropriada dos 
excedentes dos recursos vivos das zonas económicos exclusivas dos Estados costeiros da mesma 
sub-região ou região. 
 
3.3.!FAIXAS DE MAR: 
3.3.1.!Mar Territorial: 
A soberania estatal não está limitada ao seu território e às suas águas interiores. Ela alcança também 
o mar territorial e o espaço aéreo a ele sobrejacente, assim como o leito e o subsolo do mar 
território. 
O mar territorial é, portanto, uma área adjacente à costa terrestre, em relação à qual o Estado 
costeiro possui soberania. Pela Convenção de Montego Bay, todo Estado tem o direito de fixar a 
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largura do seu mar territorial até um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas contadas a partir 
de linhas de base definidas na convenção. 
Mas o que são “linhas de base”? 
Linha de base é a linha da baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas 
marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro. Em outras 
palavras, a linha de base é a linha da maré baixa. O mar territorial compreende o espaço 
de até 12 milhas marítimas contadas a partir da linha da maré baixa. O limite exterior do 
mar territorial é definido por uma linha em que cada um dos pontos fica a uma distância 
do ponto mais próximo da linha de base igual à largura do mar territorial. 
Problema surge para delimitar o mar territorial entre Estados com costas adjacentes ou situadas 
frente a frente. Imaginando dois Estados com costas frente a frente, você pode perceber que, em 
alguns casos, seria inviável que cada um deles tivesse um mar territorial de 12 milhas marítimas. 
Para isso, seria necessário que a distância marítima entre eles fosse de, pelo menos, 24 milhas 
marítimas. Mas e se eles forem mais próximos do que isso? 
Para resolver o dilema, aplica-se o critério da equidistância. Salvo acordo entre os Estados, nenhum 
deles terá o direito de estender seu mar territorial para além da linha mediana cujos pontos são 
equidistantes dos pontos mais próximos das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do 
mar territorial de cada um desses Estados. 
Para efeitos de delimitação do mar territorial, as instalações portuárias permanentes ao longo da 
costa que sejam parte integrante do sistema portuário são consideradas como fazendo parte da 
costa. As instalações marítimas situadas ao largo da costa e as ilhas artificiais não são consideradas 
instalações portuárias permanentes. Os ancoradouros utilizados habitualmente para carga, 
descarga e fundeio de navios, os quais estariam normalmente situados, inteira ou parcialmente, 
fora do traçado geral do limite exterior do mar territorial, são considerados como fazendo parte do 
mar territorial. 
No mar territorial, os navios de qualquer Estado, costeiro ou sem litoral, gozarão do direito de 
passagem inocente. Entende-se por passagem inocente aquela que não seja prejudicial à paz, à boa 
ordem ou à segurança do Estado costeiro. No mar territorial, os submarinos e quaisquer outros 
veículos submersíveis devem navegar à superfície e arvorar a sua bandeira. Destaque-se que o 
Estado costeiro poderá adotar leis e regulamentos relativos à passagem inocente pelo seu mar 
territorial. Daí não se poder afirmar que o direito de passagem inocente limita a soberania estatal 
sobre o seu mar territorial. 
 
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3.3.2.!Zona Contígua: 
A zona contígua é uma área adjacente ao mar territorial, na qual o Estado costeiro pode tomar as 
medidas de fiscalização necessárias para: i) evitar as infracções às leis e regulamentos aduaneiros, 
fiscais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial; ii) reprimir as infrações 
às leis e regulamentos no seu território ou no seu mar territorial. Como se vê, na zona contígua, o 
Estado costeiro exerce apenas direitos de fiscalização. 
A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de 
base que servem para medir a largura do mar territorial. Perceba que a zona contígua não se 
sobrepõe ao mar territorial. Na verdade, ela começa no ponto em que termina o mar territorial. 
Assim, a extensão da zona contígua será de até 12 milhas marítimas contadas a partir do limite 
exterior do mar territorial. 
 
3.3.3.!Zona Econômica Exclusiva (ZEE): 
A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente. Nela, o 
Estado costeiro tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento econômico. 
Segundo o art. 56 da Convenção de Montego Bay, “na zona económica exclusiva, o Estado costeiro 
tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos 
recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu 
subsolo e no que se refere a outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para 
fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos.” Ademais, 
na zona econômica exclusiva o Estado costeiro tem exclusividade na colocação e utilização de ilhas 
artificiais, instalações e estruturas; investigação científica marinha e ; proteção e preservação do 
meio marinho. 
A zona econômica exclusiva não se estenderá além de 200 milhas marítimas contadas das linhas 
de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial. Assim, considerando que a zona 
econômica exclusiva é adjacente ao mar territorial, não se sobrepondo a este, ela terá uma extensão 
máxima de 188 milhas marítimas. Dessa maneira, começando a contar das linhas de base (linhas de 
baixa-mar), a zona econômica exclusiva chega até 200 milhas marítimas. Entretanto, o tamanho da 
ZEE é de 188 milhas marítimas. Cuidado com isso na prova! 
Na zona econômica exclusiva, todos os Estados (quer sejam costeiros ou sem litoral) gozam das 
liberdades de navegação e sobrevoo e de colocação de cabos e dutos submarinos, bem como de 
outros usos do mar internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como 
os ligados à operação de navios, aeronaves e cabos e dutos submarinos. 
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3.3.4.!Plataforma Continental: 
O mar é uma imensa fonte de riquezas minerais, o que torna importante a discussão acerca da 
plataforma continental. Com efeito, em sua plataforma continental, o Estado costeiro tem direitos 
de soberania exclusivos sobre a plataforma continental para efeitos de exploração e 
aproveitamento dos seus recursos naturais. A exclusividade desse direito de exploração e 
aproveitamento de recursos tem como consequência o fato de que se o Estado costeiro não explorar 
a plataforma continental ou não aproveitar seus recursos, ninguém mais poderá fazê-lo, salvo com 
o consentimento desse Estado. 
Mas até onde vai a plataforma continental? Qual sua extensão? 
Segundo o art. 76 da Convenção de Montego Bay, a plataforma continental de um Estado 
costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do 
seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território 
terrestre, até ao bordo exterior da margem continental ou até uma distância de 200 
milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar 
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa 
distância. 
Redação complexa, não é mesmo? 
Para entendê-la perfeitamente, é necessário compreender o que seria “bordo exterior da margem 
continental”. A margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre 
do Estado costeiro e é constituída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo talude e pela 
elevação continentais. 
Se fosse possível sair pela praia caminhando rumo ao fundo do mar (rs), você veria que, em 
determinado momento, lá na frente mesmo, haveria uma abrupta depressão. Esse seria o ponto em 
que a massa terrestre do Estado costeiro termina, dando lugar às profundezas marítimas. Trata-se 
do bordo exterior da margem continental, que é até onde se estende a plataforma continental de 
um Estado. Destaque-se que a plataforma continental não poderá se estender para além de 350 
milhas marítimas contadas a partir das linhas de base (linhas de baixa-mar). Caso o bordo exterior 
da margem continental não chegue a 200 milhas marítimas contadas das linhas de base, a 
plataforma continental se estenderá até essas 200 milhas marítimas. 
Segundo a Convenção de Montego Bay, o Estado costeiro deve traçar o limite exterior da sua 
plataforma continental, quando esta se estender além de 200 milhas marítimas das linhas de base 
a partir das quais se mede a largura do mar territorial. Assim, verifica-se que uma plataforma 
continental cuja extensão ultrapasse as 200 milhas marítimas é situação excepcional. Em regra, o 
limite exterior da plataforma continental coincide com o da zona econômica exclusiva (200 milhas 
marítimas contadas a partir das linhas de base). 
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Tendo em vista a excepcionalidade da situação, é necessário o reconhecimento da Organização das 
Nações Unidas (ONU) para que a plataforma continental ultrapasse as 200 milhas marítimas. 
O Brasil realizou estudos acerca da sua plataforma continental e constatou que, em diversos pontos 
de nosso literal, o bordo exterior da margem continental prolonga-se além das 200 milhas 
marítimas. Já tendo apresentado à ONU a proposta de extensão da plataforma continental, o Brasil 
apenas aguarda a decisão daquela organização internacional (seu pleito ainda não foi reconhecido!). 
Caso a decisão seja positiva, o território marítimo brasileiro irá aumentar bastante e, com isso, as 
riquezas minerais sob o domínio do País. Nessa imensa área, estão as maiores reservas de petróleo 
e gás, fontes de energia imprescindíveis para o desenvolvimento do Brasil, além da existência de 
grande potencial pesqueiro. 
 
3.3.5.!Alto Mar: 
A Convenção de Montego Bay conceito alto mar como sendo as partes do mar não incluídas na 
zona económica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado. 
O alto mar está aberto a todos os Estados, quer eles sejam Estados costeiros ou sem litoral. Aplica-
se, aqui, o princípio da liberdade de alto mar, que implica: 
c)! Liberdade de navegação; 
d)! Liberdade de sobrevoo; 
e)! Liberdade de colocar cabos e ductos submarinos 
f)! Liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações permitidas pelo direito 
internacional 
g)! Liberdade de pesca 
h)! Liberdade de investigação científica, 
O alto mar será utilizado para fins pacíficos e um Estado não pode legitimamente pretender 
submeter qualquer parte do alto mar à sua soberania. Trata-se de região de domínio público 
internacional, considerada patrimônio comum da humanidade. Assim, o regime jurídico do alto mar 
é considerado, na atualidade, como res communis.

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