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Professor Ivo Mai Junho, 2017 ENTROPIA E A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL – IFRS Engenharia Mecânica Física Geral e Experimental II Contextualização ENTROPIA mede o grau de desordem da natureza. O ovo cai e quebra; Nós envelhecemos... Numa batida o carro amassa; Sempre ocorrem nossa ordem, ou seja, da ordem para a desordem. São processos considerados IRREVERSÍVEIS. ENTROPIA Explica o funcionamento de motores, determina sua eficiência máxima com que o motor pode funcionar. O segredo para compreender a razão pela qual os processos unidirecionais não podem ser invertidos envolve uma grandeza conhecida como ENTROPIA. PROCESSOS IRREVERSÍVEIS E ENTROPIA Consideramos caráter unidirecional dos processos irreversíveis como a ordem natural das coisas. Porém, nenhum processo viola a lei da conservação da energia. O resfriamento dos alimentos num refrigerador é um exemplo onde o sentido do fluxo do calor é o inverso do natural. ENTROPIA O sentido dos processos irreversíveis é determinado pela variação da entropia ∆𝑆 do sistema. ENUNCIADO: Todos os processos irreversíveis em um sistema fechado são acompanhados por aumento da entropia. A entropia não obedece a lei da conservação, logo é diferente da energia. Entropia A energia num sistema fechado é conservada; Nos processos irreversíveis entropia de um sistema fechado aumenta. Duas formas para definir ∆𝑆 (1) Em termos da Temperatura e da Energia na forma de calor; (2) Contando as diferentes formas de distribuir os átomos ou moléculas que compõe o sistema. VARIAÇÃO DA ENTROPIA Considerando os estados p-V inicial e final de um gás num recipiente como o da figura. Pressão e volume são propriedades de estado que só depende do estado do gás e não da forma como ocorreu a transformação. Outras propriedades de estado são a temperatura e a energia. Outra propriedade de estado é a ENTROPIA. VARIAÇÃO DA ENTROPIA A variação da entropia 𝑆𝑓 − 𝑆𝑖 que leva o sistema de um estado inicial para um estado final é dado pela equação ∆𝑺 = 𝑺𝒇 − 𝑺𝒊 = 𝒊 𝒇𝒅𝑸 𝑻 Assim, a variação da entropia depende da quantidade de calor transferida (𝑄) e da temperatura (𝑇) Unidade: 𝐽 𝐾 O problema do sistema irreversível é a imprevisibilidade do comportamento da pressão, temperatura e volume numa expansão livre. Não há uma trajetória entre o estado inicial e final, então não possibilita a integração. Como entropia é uma propriedade de estado que depende apenas de seu estado inicial e final. Substituindo o sistema por um processo reversível que liga os mesmos estados i e f Variação da Entropia Num processo reversível podemos plotar uma trajetória p-V e encontrar a relação entre Q e T. Na isoterma 𝑇𝑖 = 𝑇𝑓 = 𝑇 Processos diferentes: um é isotérmico reversível, outro é expansão livre irreversível, mas ambos com o mesmo estado inicial e final. Então, ∆𝑆 é igual nos dois casos. Variação da Entropia Considerando a temperatura constante e integrando a equação 20-1, obtemos: ∆𝑺 = 𝑺𝒇 − 𝑺𝒊 = 𝟏 𝑻 𝒊 𝒇 𝒅𝑸 Então, ∆𝑺 = 𝑺𝒇 − 𝑺𝒊 = 𝑸 𝑻 CONCLUSÃO: Para calcular ∆𝑆 de um sistema irreversível, usamos um processo reversível com o mesmo estado inicial e final. Entropia como uma função de Estado A entropia pode ser considerada uma função de estado quando o gás passa por um processo reversível. Num processo reversível, lento, para cada pequeno passo temos a relação da primeira lei da termodinâmica: 𝑑𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊 Como 𝑑𝑊 = 𝑝 𝑑𝑉, 𝑑𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑛𝐶𝑉𝑑𝑇, temos: 𝑑𝑄 = 𝑝 𝑑𝑉 + 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 Entropia como uma função de Estado 𝑑𝑄 = 𝑝 𝑑𝑉 + 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 Substituindo 𝒑 = 𝒏𝑹𝑻 𝑽 𝑑𝑄 = 𝒏𝑹𝑻 𝑽 𝑑𝑉 + 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 Dividindo os termos por T 𝑑𝑄 𝑇 = 𝑛𝑅 𝑑𝑉 𝑉 + 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 𝑇 e integrando, 𝑖 𝑓 𝑑𝑄 𝑇 = 𝑖 𝑓 𝑛𝑅 𝑑𝑉 𝑉 + 𝑖 𝑓 𝑛𝐶𝑉 𝑑𝑇 𝑇 ∆𝑺 = 𝑺𝒇 − 𝑺𝒊 = 𝒏𝑹 𝒍𝒏 𝑽𝒇 𝑽𝒊 + 𝒏𝑪𝑽 𝒍𝒏 𝑻𝒇 𝑻𝒊 Segunda Lei da Termodinâmica Consideremos o postulado da entropia válido para sistemas reversíveis: Se um processo ocorre em um sistema fechado, a entropia do sistema aumenta se o processo for irreversível e permanece constante se o processo for reversível. Para sistemas fechados ∆𝑺 ≥ 𝟎 Força associada a Entropia A primeira lei da termodinâmica é 𝑑𝐸 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊 Uma força elástica realiza um trabalho 𝑑𝑊 = −𝐹 𝑑𝑥 De acordo com ∆𝑆 = 𝑄 𝑇 , para pequena variação 𝑑𝑆 = 𝑑𝑄 𝑇 𝑜𝑢 𝑑𝑄 = 𝑇 𝑑𝑆 e substituindo, temos 𝑑𝐸 = 𝑇 𝑑𝑆 + 𝐹 𝑑𝑥 Para pequenas variações 𝑑𝐸 = 0, então, fica 𝑭 = −𝑻 𝒅𝑺 𝒅𝒙 Máquinas Térmicas Uma máquina térmica é um dispositivo que extrai energia do ambiente na forma de calor e realiza um trabalho útil. Para que uma máquina térmica realize trabalho de forma contínua, a substância de trabalho deve operar em um ciclo. Deve passar por uma série fechada de processos termodinâmicos, chamados de tempo. A máquina de Carnot É um tipo particular de máquina ideal. Estuda-se gases ideais, porque os gases reais em condições especiais se aproximam deste comportamento. Assim, estuda-se máquinas ideais para melhor compreender o funcionamento de máquinas reais. Uma máquina térmica ideal, todos os processos são reversíveis e as transferências de energia são realizadas sem as perdas causadas por efeitos como o atrito e a turbulência. Máquina de Carnot É uma máquina imaginada por Sadi Carnot em 1824. É a máquina térmica que utiliza o calor com maior eficiência para realizar trabalho útil. No seu funcionamento, em cada ciclo da máquina, a substância de trabalho absorve uma quantidade de calor 𝑸𝑸 de calor da fonte a uma temperatura 𝑻𝑸 e fornece uma quantidade 𝑸𝑭 de calor a uma segunda fonte de calor a uma temperatura constante mais baixa 𝑻𝑭. Ciclo de Carnot Dois processos isotérmicos e dois adiabáticos. Entropia no Ciclo Carnot A equação ∆𝑆 = 𝑑𝑄 𝑇 significa que a transferência de energia na forma de calor envolve uma variação da entropia. O gráfico ilustra as variações de entropia de uma máquina de Carnot no ciclo. Trabalho Aplicando a 1𝑎 Lei da Termodinâmica ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑄 −𝑊 Num ciclo completo ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 0 Então, 𝑾 = 𝑸𝑸 − 𝑸𝑭 𝑄𝑄 = 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑄𝐹 = 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑟𝑖𝑎 Variação da Entropia Há duas transferências reversíveis na forma de calor num ciclo, logo, duas variações de entropia. A variação líquida de entropia por ciclo é dada por ∆𝑺 = ∆𝑺𝑸 + ∆𝑺𝑭 = 𝑸𝑸 𝑻𝑸 − 𝑸𝑭 𝑻𝑭 Considerando ∆𝑆 = 0, temos ∆𝑺 = 𝑸𝑸 𝑻𝑸 − 𝑸𝑭 𝑻𝑭 Eficiência de uma Máquina de Carnot A eficiência térmica (𝜀), definida como o trabalho que a máquina realiza por ciclo é a razão entre a “energia utilizada” e a “energia adquirida”. 𝜀 = 𝑊 𝑄𝑄 Para a máquina de Carnot 𝑾 = 𝑸𝑸 − 𝑸𝑭 , substituindo obtemos 𝜀 = 𝑸𝑸 − 𝑸𝑭 𝑄𝑄 = 1 − 𝑸𝑭 𝑄𝑄 𝜀 = 1 − 𝑻𝑭 𝑇𝑄 Eficiência de uma Máquina de Carnot O sonho de qualquer engenheiro é construir uma máquina com 100% de eficiência, porém: Não existe uma série de processos cujo único resultado seja a conversão total em trabalho da energia contida em uma fonte de calor. http://ecen.com/content/eee7/proenes.htm Máquina Eficiência real Máquina de Carnot 55% Motor Otto 25% a 32% Motor Diesel Máximo 52% Motor Álcool 38% http://ecen.com/content/eee7/proenes.htm A máquina de Stirling Diferença da máquina de Carnot que a Stirling funciona com dois processos isométricos no lugar das adiabáticas. Refrigeradores É uma máquina térmica que tira calor da fonte fria e leva para a fonte quente fornecendo trabalho mecânico ao sistema. Um refrigerador ideal, todos os processos são reversíveis e as transferências de energia são realizadas sem as perdas causadas por efeitos como o atrito e a turbulência. 𝑲𝑪 = 𝑸𝑭 𝑾 𝐾𝐶 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑝𝑒𝑛ℎ𝑜. Eficiência de Refrigeradores 𝑲𝑪 = 𝑸𝑭 𝑾 Como é uma máquina de Carnot operando no sentido inverso: 𝑲𝑪 = 𝑸𝑭 𝑸𝑸 − 𝑸𝑭 E combinando a Eq. 20-10 com 20-15, obtemos: 𝑲𝑪 = 𝑻𝑭 𝑻𝑸 − 𝑻𝑭 Entropia em Refrigerador Como o refrigerador opera em ciclos, a entropia não varia num ciclo completo. Porém, a entropia das duas fontes variam: A variação da entropia da fonte fia é: ∆𝑆 = − 𝑄 𝑇𝐹 A variação da entropia da fonte quente é ∆𝑆 = + 𝑄 𝑇𝑄 Assim, o sistema todo ∆𝑺 = − 𝑸 𝑻𝑭 + 𝑸 𝑻𝑸 Referência Halliday & Resnick. Fundamentos de Física.
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