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1 A hipoglicemia é definida pela tríade de Whipple: 1. Valor de glicemia diminuído: glicemia < 45mg/dl em não diabéticos < 70mg/dl em diabéticos 2. Sintomas adrenérgicos ou neuroglicopênicos • Adrenérgicos → palpitação, tremor, sudorese, parestesias, fome, taquicardia e ansiedade; • Neuroglicopênicos → cefaleia, tontura, ataxia, astenia, dificuldade de concentração, lentificação, confusão mental, irritabilidade, distúrbios do comportamento, déficits neurológicos focais, sonolência, convulsões, coma 3. Resolução dos sintomas com a correção da hipoglicemia A hipoglicemia é potencialmente fatal, pode causar graves sequelas e deve ser prontamente corrigida. Entretanto, não é sempre que ela causa sintomatologia clínica, por isso, podemos dividi-la em: • Assintomática: alteração bioquímica • Sintomática leve: o paciente consegue se tratar sozinho • Sintomática grave: o paciente precisa da ajuda de outra pessoa A manutenção da glicemia em uma faixa de normalidade (60 a 100mg/dl) ocorre através da ação de diferentes hormônios hipoglicemiantes e hiperglicemiantes, são eles: ➔ Hipoglicemiante: insulina, sua secreção depende dos níveis de glicemia plasmática ➔ Hiperglicemiantes: epinefrina, glucagon, GH e cortisol As hipoglicemias podem ainda ser classificadas em: 1. Hipoglicemia em jejum • secundária a doenças orgânicas • sintomas neuroglicopênicos. 2. Hipoglicemia pós-prandial • normalmente acontece por distúrbios funcionais • sintomas autonômicos Trata-se de uma classificação mais didática do que rígida, visto que o paciente com insulinoma – por exemplo – apresenta, na maioria das vezes, hipoglicemia de jejum, mas também pode ser pós-prandial. HIPOGLICEMIA GRAVE Convulsões Torpor Coma Hemiplegia Dilatação pupilar Postura de descorticação Tumor endócrino que tem origem nas células beta pancreáticas, que produzem insulina, independente da glicemia, causando, assim, sintomas neuroglicopênicos (hipoglicemia hiperinsulinêmica endógena). 2 A principal causa de hipoglicemia em pacientes doentes é a sepse, que cursa com aumento importante do consumo de glicose por ação das citocinas inflamatórias, mas pacientes com insuficiência – hepática, cardíaca, renal – também podem ter hipoglicemia, pela alteração no metabolismo. Já a hipoglicemia em indivíduos aparentemente saudáveis acontece, no geral, induzida por insulina ou por medicamento oral (hipoglicemia factícia). A hipoglicemia é um evento mais comum nos diabéticos e, nesses pacientes, ela está frequentemente associada a alguns fatores, são eles: doses altas de insulina, perda ou atraso das refeições, falta de compensação de carboidratos antes de atividade física, ingestão de álcool, insuficiência renal, perda da contrarregulação hormonal (casos mais graves). Nas tabelas abaixo, temos as principais causas da hipoglicemia, assim como os achados clínicos mais comuns de acordo com cada etiologia. No que diz respeito aos exames complementares, é importante realizar a dosagem de função renal e eletrólitos, além de outros, dependendo da necessidade de cada paciente. Em pacientes não diabéticos aparentemente doentes, é necessário ainda solicitar função hepática, cortisol, peptídeo C e insulina. • Peptídeo C suprimido em hipoglicemia secundária à insulina exógena (factícia) • Peptídeo C aumentado no insulinoma e na hipoglicemia secundária à sulfoniureia Nas suspeitas de insulinoma sem hipoglicemia atual, fazemos o teste de jejum prolongado. 3 TRATAMENTO Em pacientes sintomáticos, deve-se infundir 15-20g de glicose (considerar até 50g de glicose a 50%). Já os pacientes sem acesso venoso, devemos administrar glucagon IM 1-2mg, mas é importante lembrar que não podemos repetir a dose, porque – além do efeito ser fugaz - as reservas hepáticas de glicose são rapidamente esgotadas. Pacientes pouco sintomáticos e com nível de consciência preservado podem melhorar o quadro clínico se alimentando com carboidratos ou glicose VO. Já pacientes desnutridos, hepatopatas ou etilistas, além da glicose, é importante associar a tiamina IV/IM (dose de 100 a 300mg), a fim de evitar encefalopatia de Wernicke-Korsakoff. *Pacientes com hipoglicemia e aparentemente doentes devem ser internados. Raramente são necessários recursos de UTI, exceto em rebaixamento persistente do nível de consciência. Quando o paciente diabético entra em coma, pode ser por três motivos, são eles: • Coma hipoglicêmico • Cetoacidose diabética • Estado hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico (EHHNC) No quadro abaixo, podemos ver as principais diferenças entre essas situações.
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