Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unip – Universidade Paulista Campus S.J. Rio Preto Agosto/2018 Profª. Me. Lara Bérgamo Silva Composição de Alimentos AULA 1 Roteiro da Aula • Perspectiva Histórica do Estudo dos Nutrientes • Definição de Nutrientes e Caracterização Química dos Componentes Alimentares • Classificação dos nutrientes e Grupos Alimentares Composição de Alimentos • Bromatologia é a ciência que estuda a composição química dos alimentos “BROMATOS” (alimento) “LOGIA” (estudo) ➢Extrema importância o conhecimento da composição química dos alimentos, in natura ou processado ➢Através desse conhecimento podemos entender as influências que possam exercer no organismo BOBBIO & BOBBIO, 1995 Influência dos alimentos no organismo ✓Doenças cardiovasculares alimentos ricos em calorias e gorduras saturadas e pobres em fibras e ácidos graxos polinsaturados. ✓Câncer dietas inadequadas, ricas em gorduras e pobres em fibras que ✓Diabéticos carboidratos adequados, fibras abundantes, proteínas de alto valor biológico e ácidos graxos insaturados ✓Fenilcetonúrico alimentação em que essas proteínas sejam pouco representativas ✓ Intolerantes à lactose produtos lácteos desenvolvidos que possuem lactose ausente ou a enzima lactase. ✓Celíacos advertidos da sua presença em alimentos que devem ser evitados. ✓Hipertensos devem reduzir a oferta de sódio na sua alimentação Perspectiva Histórica 1700s Robert Hooke – Teoria sobre a Combustão Scheele (Suécia) e Priestley (Inglaterra) – Descoberta do Oxigênio 1665 1766 – Cavendish – Identificação do hidrogênio 1757 – Black da University of Glasgow – Descobriu formação de CO2 na respiração 1780 – Lavoisier - Demonstrou a natureza da combustão e entendeu o processo de produção de energia em relação ao alimento MCMASTERS, 1963; KOIVISTOINEN, 1996 Perspectiva Histórica Século XVIII Rouel - identificação química de componentes em material animal e vegetal por aplicações sucessivas de solventes orgânicos; Friederich John - University of Nuremberg - compilou resultados seus e de outros pesquisadores sobre cinzas em 135 vegetais 1795 Primeira análise quantitativa em alimentos PEARSON na Inglaterra Água, amido, material fibroso, cinzas e a existência de lipídios, ácidos e açúcar. MCMASTERS, 1963 E a história continua... 1811 Gay-Lussac e Thenard (franceses)- análises quantitativas de carbono, hidrogênio e nitrogênio Berzelius (sueco), Scottish (escocês) e o alemão Liebig identificação em compostos carbônicos KOIVISTOINEN, 1996 1816 Magendie - distinguiu as diferenças entre carboidratos, gorduras e proteínas nos alimentos 1844 Magendie - nutrientes entram no fígado pela circulação portal SAVAGE, 1992 SAVAGE, 1992 1838 Mulder - termo proteína em estudos sobre albumina MCMASTERS, 1963 1841 Magendie - proteínas podem ter diferentes constituições SAVAGE, 1992 1844 Boussingault - publica uma tabela sobre o valor nutricional da ração animal MCMASTERS, 1963 1851 Liebig compilou uma tabela com o teor nutritivo de uma lista de alimentos, baseada em alimentos em nitrogenados ou plásticos, como carne, sangue e caseína, e alimentos não nitrogenados como gorduras, carboidratos e bebidas alcoólicas, que respondem pelo crescimento e produção de energia no homem. Max Rubner - conseguiu demonstrar, com um cão, o resultado da combustão de alimentos pela excreção da uréia e das trocas gasosas ao mesmo tempo E a história continua... 1894 CARPENTER, 2003 MCMASTERS, 1963;KOIVISTOINEN, 1996 1866 Frankland estudou a quantidade de energia produzida na combustão dos alimentos e, usando um calorímetro, obteve a energia de 29 alimentos comumente consumidos em seu país MCMASTERS, 1963 1850 Henneberger e Stohmann - análise de composição centesimal de alimentos, em ração animal, chamada de método Weende utilizado ainda hoje KOIVISTOINEN, 1996; ATWATER & WOODS, 1896 Século XIX • Outros pesquisadores - asseguraram que o trabalho muscular dependia da energia proveniente da oxigenação de compostos não nitrogenados (gordura e carboidratos) • Von Voit - necessidade energética do homem; Pettenkofer - metabolismo = Henneberger, considerado o pai da composição química • Rubner (Alemanha) e a Atwater (Estados Unidos) - investigação sistemática do conteúdo de energia bruta dos alimentos usando bombas calorimétricas. • Rubner - demonstrou que o corpo humano não consegue aproveitar toda energia proveniente da combustão dos alimentos. • Atwater e Bryant - determinaram coeficientes de disponibilidade energética para os macronutrientes através da determinação do conteúdo de lipídios e nitrogênio de alimentos e da urina e fezes de indivíduos; os carboidratos resultaram da diferença entre a quantidade total de material orgânico e a soma de proteína e gordura. 1909 Thomas introduziu o conceito de qualidade protéica e o método para identificar o valor biológico das proteínas SAVAGE, 1992 E a história continua... BUCHHOLZ & SCHOELLER, 2004 Avanços do Século XX • 1924 – Mitchell – determinação da qualidade protéica medindo o balanço nitrogenado em animais • 1930 – Rosa e equipe - experimentos sobre as proteínas e seu conteúdo de aminoácidos • 1957 – Definiram os aminoácidos essenciais • 1941 – Jones - conteúdo de nitrogênio varia de acordo com o peso molecular dos aminoácidos, de 13 a 19%, dependendo da composição de aminoácidos. Variam de 5,18 para nozes e sementes a 3,68 para leite SAVAGE, 1992; JONES 1941 • 1955 - Merrill e Watt - criaram fatores específicos de digestibilidade de diferentes proteínas, lipídios e carboidratos (13). • 1970 - Southgate e Durnin - quando há grande consumo de carboidratos não disponíveis, há um aumento de excreção de lipídios, nitrogênio fecal e, conseqüentemente, da energia derivada destes nutrientes. • Século XX - grandes progressos na identificação de vitaminas e do papel dos minerais na nutrição e começaram a surgir tabelas complementares. Avanços do Século XX FAO, 2003 SOUTHGATE E DURNIN, 1970 MCMASTERS, 1963 Sobre o estudos dos nutrientes: • 1ª revolução: Atwater - descreveu a energia advinda dos alimentos • 2ª revolução: Caracterização de vitaminas e minerais que se mostraram importantes para evitar as doenças decorrentes de sua deficiência • 3ª revolução: Conhecer melhor a composição dos alimentos, fazer associações entre dieta e doenças, incluindo as relacionadas com má nutrição e as doenças crônicas não-transmissívei • 4ª revolução: Descobrir outras substâncias nos alimentos que também podem afetar a saúde humana, como os compostos bioativos e fatores antinutricionais, que vem sendo estudados e evidenciam que há um amplo campo de atuação a ser explorado • Possível 5ª - Relacionada com a biodiversidade. GIUNTINI et al., 2006 Mas o que é um NUTRIENTE? • DEFINIÇÃO: o que nutri, o que alimenta MACRONUTRIENTES : CARBOIDRATOS, PROTEÍNA E LIPÍDIOS MICRONUTRIENTES : VITAMINAS E MINERAIS Classificação dos Nutrientes Nutrientes Macronutrientes Carboidratos Proteínas Lipídios Micronutrientes Minerais Vitaminas Macronutriente: CARBOIDRATO • “HIDRATOS DE CARBONO” – formados por C, H e O • Poli-hidroxialdeídos, poli-hidroxicetonas, Poli-hidroxiálcoois, poli-hidroxiácidos C H H 0 (CH2O)n N, P, S • Classificados como: • MONOSSACARÍDIOS • OLIGOSSACARÍDIOS • POLISSACARÍDIOS Macronutriente: CARBOIDRATO Não hidrolisados a compostos menores Hidrólise resulta em até 10 monossacarídios Hidrólise resulta em centenas de monossacarídios MONOSSACARÍDIOS • 4, 5 e 6 C • Ligados a H e a hidroxilas (OH) Ex: glicose, frutose – C6H1206 OLIGOSSACARÍDIO • Junção de 2 a 6 monossacarídios • Nas células são ligados a lipídios e proteínas GLICOSE FRUTOSE SACAROSE • Dissacarídios = 2 monossacarídios com perda de água, ligados por ligação glicosídica Ex: glicose + glicose = MALTOSE glicose + galactose = LACTOSE glicose + frutose = SACAROSE OLIGOSSACARÍDIO OLIGOSSACARÍDIO • Trissacarídios e Tetrassacarídios – formados por 3 ou 4 monossacarídios GALACTOSE+ GLICOSE + FRUTOSE RAFINOSE MELIBIOSE + SACAROSE + RAFINOSE ESTAQUIOSE POLISSACARÍDIOS • Compostos macromoleculares (moléculas gigantes), formadas pela união de muitos (centenas e milhares) monossacarídeos. Ex: amido: reserva energética dos vegetais glicogênio: reserva energética dos animais celulose: papel estrutural - participa da parede das células vegetais, humanos não digerem AMILOSE AMILOPECTINA Macronutriente: PROTEÍNA • Polímeros de alto peso molecular – caracterizados pela presença do N • Formada por Aminoácidos – ligados por ligações peptídicas formados por carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre Macromoléculas formada a partir de menores 1 H dá lugar a 1 NH2 GRUPO AMINA CARBONO ALFA GRUPAMENTO CARBOXILA GRUPAMENTO AMINA ÁTOMO DE HIDROGÊNIO GRUPAMENTO QUE DIFERE OS 20 AA Aminoácidos - aa Essenciais – corpo não produz, devem ser ingerido 1) Histidina 2) Isoleucina 3) Leucina 4) Lisina 5) Metionina 6) Fenilalanina 7) Treonina 8) Triptofano 9) Valina Não Essenciais – produzidos pelo corpo 1) Alanina 2) Ácido Aspártico 3) Aspargina 4) Ácido Glutâmico 5) Serina 6) Arginina 7) Cisteína 8) Glutamina 9) Glicina 10) Prolina 11) Tirosina Aminoácidos - aa Essenciais Dispensáveis: podem ser sintetizados a partir de outros aa ou metabólitos nitrogenados Condicionalmente Indispensáveis: pode ser sintetizados para alcançar necessidades metabólicas • Classe de compostos insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos Macronutriente: LIPÍDIO Acetona, éter, clorofórmio, metanol e hexano Macronutriente: LIPÍDIO • Lipídios Simples: ácidos graxos, gorduras neutras, ceras • Lipídios Compostos: fosfolipídios, esfingolipídios, lipoproteínas • Lipídios Variados: esteróis, sesquiterpenos, clorofila, carotenoides e vitaminas A, D, E e K • São ácidos Carboxílicos – RCO2H Ácidos Graxos- classificação ➢Cadeia carbônica longa, não ramificada, com número par de átomps de C – variam de 4 a 24 ➢Acetil-CoA adiciona 2 C à cadeia ➢ Saturado ou Insaturado Ácidos Graxos- classificação • Moninsaturados: insaturação entre os carbonos, por falta de 2 H • Poliinsaturados: 2 ou mais duplas ligações entre carbonos, por falta de 2 ou mais H Ácidos Graxos Insaturados – CIS e TRANS • CIS: H do mesmo lado em relação à dupla ligação • TRANS: H do lado oposto da dupla ligação Ácidos Graxos - classificação • Cadeia Curta – de 2 a 4 átomos de carbono • Cadeia Média – de 6 a 10 átomos de carbono • Cadeia Longa – 12 ou mais átomos de carbono Micronutriente: MINERAIS • CÁLCIO • FÓSFORO • MAGNÉSIO • FERRO • ZINCO • COBRE • IODO • SELÊNIO • MANGANÊS • CROMO ELEMENTOS QUÍMICOS Cálcio • Símbolo – Ca • Número atômico é de 20 • Massa atômica éde 40,078 • 1,5% da massa corporal, 1,0 a 1,3kg de cálcio no esqueleto Fósforo • Símbolo – P • Número atômico é de 15 • Massa atômica éde 31 • 85% nos ossos14% nos músculos e 1% nos fluídos Magnésio • Símbolo – Mg • Número atômico 12 • Massa atômica 24,305 • 20 a 28g no organismo adulto Ferro • Símbolo – Fe • Número atômico 26 • Massa atômica 55,933 • Ferro heme • Ferro não-heme Zinco • Símcolo – Zn • Número atômico 30 • Massa atômica 65,390 • 2 a 3g de zinco no organismo adulto Cobre • Símbolo – Cu • Número atômico 29 • Massa atômica 63,546 IODO • Símbolo – I • Número atômico 53 • Massa atômica 126,90 • 15 a 20mg de iodo no corpo humano Selênio • Símbolo – Se • Número atômico 34 • Massa atômica 78,96 Manganês • Símbolo – Mn • Número atômico 25 • Massa atômica 54,938 Cromo • Símbolo – Cr • Número atômico 24 • Massa atômica 51,996 Micronutriente: VITAMINAS •Vitamina A •Vitamina D •Vitamina K •Vitamina E •Vitamina C •Complexo B – B1, B2, B3, B5, B6, B7, B8, B9, B12 LIPOSSOLÚVEIS X HIDROSSOLÚVEIS Micronutriente: VITAMINAS ✓A ✓D ✓E ✓K ✓Insolúveis em água ✓Complexo B ✓Vitamina C ✓Solúveis em água Micronutriente: VITAMINAS ➢Compostos químicos que possuem amina (NH2) em suas moléuclas ➢Estruturas químicas variadas ➢Não são sintetizadas pelo organismo VITAMINA A Retinol – animais Carotenóides (pré vitaminas) - vegetais VITAMINA D CALCIFEROL (D2) COLECALCIFEROL (D3) Porduzida quando há luz solar VITAMINA E Tocoferol Tocotrienol VITAMINA K FILOQUINONA (K1) - vegetal MENAQUINONA (K2)- animal VITAMINA C Ácido Ascórbico VITAMINA B1 • Tiamina VITAMINA B2 • Riboflavina VITAMINA B3 • Niacina VITAMINA B5 • Ácido Pantotênico VITAMINA B6 Piridoxina Piridoxamina Piridoxal VITAMINA B7 • Biotina Vitamina B8 • Colina VITAMINA B9 • Ácido Fólico • Cobalamina Vitamina B12 Classificação dos Nutrientes • Carboidratos • Proteínas • Lipídios • Minerais • Vitaminas Cereais, Raízes e Tubérculos, Áçúcares e doces, Frutas e Vegetais Carnes e derivados, Leite e derivados, Leguminosas Óleos e gorduras, Açúcares e doces Cerais, Raízes, Tubérculos, Frutas, Vegetais, Carnes e Derivados, Leite e Derivados, Leguminosas, Açúcares e Doces, Óleos e Gorduras Grupos Alimentares • Cereais, Tubérculos e Raízes • Frutas • Vegetais • Carnes e Derivados • Leites e Derivados • Leguminosas • Açúcares e Doces • Óleos e Gorduras Referências • BOBBIO, F.; BOBBIO, P.A. Introdução à química de alimentos. 3 ed. São Pualo: Varela, 2003. • MCMASTERS V. History of food composition tables of the word. J Am Diet Assoc 1963; 43:442-50 • KOIVISTOINEN PE. Introduction: the early history of food composition analysis – source of artifacts until now. Food Chem 1996;57(1):5-6 • SAVAGE, G. Experimental chemists: the founders of nutrition. Nutr Today 1992 Sept/oct:24-9 • ATWATER WO, WOODS CD. The chemical composition of american food materials. Farmers' Bulletin No. 28. U.S. Department of Agriculture. Washington, 1896. • CARPENTER KJ. A short history of nutritional science: Part 1 (1785–1885). J Nutr 2003;133:638–45 • BUCHHOLZ AC, SCHOELLER DA. Is a calorie a calorie? Am J Clin Nut 2004;79 Suppl:899-906. • JONES DB. Factors for converting percentages of nitrogen in foods and feeds into percentages of protein. U. S. Department of Agriculture, Circular 183, 1941. 22p. Se consigue en: RL: http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/Data/Classics/cir183.pdf • SOUTHGATE DAT, DURNIN JV. Calorie conversion factors. An experimental reassessment of the factors used in the calculation of the energy value of human diets. Br J Nutr 1970;24(2):517-35. • Food and Agriculture Organization (FAO). Food energy: methods of analysis and conversion factors. Report of a technical worshop. FAO, Food and Nutrition Paper, 77, Rome, 2003. Se consigue en: URL: ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/006/y5022e/ y5022e00.pdf. • BISTRICHE GIUNTINI, E.; LAJOLO, F. M; WENZEL DE MENEZES, E. Composição de alimentos: um pouco de história. ALAN, Caracas , v. 56, n. 3, p. 295-303, sept. 2006 . Disponible en <http://www.scielo.org.ve/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004- 06222006000300014&lng=es&nrm=iso>. accedido en 12 jul. 2017. • ARAÚJO, W. M. C.; MONTEBELLO, N. P.; BOTELHO, R. B. A.; BORGO, L. A. Alquimia dos alimentos. 3ª ed. Brasília: SENAC, 2014 • COZZOLINO, S. M. F. & COMINETTI, C. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição nas diferentes fases da vida na saúde e na doença. São Paulo: Manole, 2013 http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/ Data/ Classics/cir183.pdf ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/ 006/y5022e/y5022e00.pdf
Compartilhar