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RETICULÓCITOS São hemácias ainda imaturas, que estão em processo final de eritropoiese em mamíferos. O núcleo do metarrubrícito sofre extrusão da célula, sendo fagocitado por macrófago e a célula anucleada sequente é denominada de reticulócito. Neles estão presentes RNA citoplasmático, ribossomos, polirribossomos e mitocôndrias, que conferem a capacidade de produzir uma quantidade final de hemoglobina significativa, em torno de 20%, contribuindo para o aspecto de policromatofilia dessas células. Os corantes supravitais (Azul de metileno e Azul de cresil brilhantes), são capazes de corar os reticulócitos, apresentando um padrão intracelular característico. Quando os eritrócitos são incubados e corados por esses corantes supravitais, essas substâncias precipitam e coram o RNA e mitocôndrias , que se apresentam em forma de estruturas basofílicas pontilhadas (ponteados) e de retículos (agregados), dessa forma, teve origem o nome reticulócito. Os reticulócitos podem ser calculados de forma manual ou automática (citometria de fluxo). O método de contagem de reticulócitos é considerado padrão ouro na avaliação da resposta de animais a anemia. No esfregaço sanguíneo corado pelos métodos de Wright, Giemsa ou panótico rápido, os reticulócitos se apresentam como células maiores que os eritrócitos maduros e com uma coloração levemente basofílica (azulada), também conhecidos como policromatófilos, que se dá pela presença de RNA. No entanto, nem todos os reticulócitos possuem quantidade de RNA considerável para que consiga ser identificado na lâmina, durante a visualização microscópica. Por isso, esse tipo de avaliação deve apenas constar como uma estimativa subjetiva de presença ou ausência de resposta regenerativa e que pode acabar subestimando o grau de resposta real. Sendo a contagem de reticulócitos agregados corados por corantes vitais, o método preferencial e padrão ouro. O período de vida de reticulócitos circulantes em cães e seres humanos saudáveis é de 1 a 2 dias, evoluindo para maturação final na circulação ou no baço, resultando em eritrócitos maduros. Em gatos, esse período sofre uma maior variação. Em equinos e ruminantes hígidos, essas células não são encontradas habitualmente, pois todo o processo de maturação dos eritrócitos ocorre dentro da medula óssea. Indicador da efetiva eritropoiese medular, os reticulócitos são liberados da medula óssea em resposta à hipóxia tecidual e o grau de resposta dependerá de vários fatores como, espécie envolvida, tipo e duração da anemia, gravidade e doenças concomitantes. Em casos de hemorragia, por exemplo, uma resposta ativa da medula óssea pode ser analisada, após 3 a 4 Thrall, 2007. dias, pois geralmente esse é o tempo mínimo que a mesma necessita para liberar células jovens para a corrente sanguínea com um pico de produção em torno de 7 dias. Por isso, é importante que os clínicos respeitem esse prazo para detecção da resposta medular, para assim conseguirem achados significativos de reticulocitose. A contagem de reticulócitos é uma técnica bastante útil para aplicação em cães e gatos, tendo também uma certa aplicação em bovinos. No entanto, esse método não possui uma resposta considerável para equinos, pois esses quase nunca liberam quantidades significativas de reticulócitos na circulação. Para a maior parte das espécies, é empregado o termo Reticulócitos a todos os eritrócitos anucleados que possuem RNA corável com corantes vitais. No entanto, em gatos observa-se uma distinção adicional, onde os reticulócitos são divididos em dois tipos: ● Agregados – Células com grandes agregados de retículo. Durante a anemia regenerativa, os animais respondem de forma intensa, observando grandes quantidades de reticulócitos agregados na circulação. Eles são semelhantes aos agregados de cães e demonstram um reflexo da resposta da medula óssea atual. Resposta recente. ● Ponteados - Células com 2 a 6 pequenos grânulos de retículo. Reticulócitos agregados sofrem processo de maturação para ponteados e a presença dessas células, indica que a resposta medular ocorreu há um certo tempo, ou seja, resposta antiga. Os reticulócitos agregados maturam para ponteados em aproximadamente 12 horas após liberação da medula óssea e podem continuar sua maturação por mais 10 a 12 dias, podendo persistir por 3-4 semanas na circulação. Por esse breve tempo entre liberação pela medula óssea e evolução para ponteado, os reticulócitos agregados são os melhores indicadores de produção eritrocitária recente. Em outras espécies, os reticulócitos ponteados estão presentes, porém, em quantidade muito pequena para serem diferenciados na contagem. Em princípio, apenas agregados apresentam- se policromatófilos nos esfregaços corados por Wright. Cães e gatos saudáveis possuem em média cerca de 1% (60,000 reticulócitos/µl de sangue) e 0,4% (40,000 reticulócitos/µl de sangue), respectivamente de reticulócitos na circulação. Sendo esses, os valores mínimos para se avaliar o grau de resposta regenerativa. Para essa avaliação, uma contabilização de reticulócitos é feita em 1.000 células (entre hemácias maduras e reticulócitos), multiplicando o resultado com a contagem global de eritrócitos. É importante corrigir o percentual de reticulócito para a espécie envolvida, a fim de se obter um resultado condizente com o estado real do animal. Contagem Reticulócito – Método Manual 1. Homogeneizar tubo com sangue e anticoagulante; 2. Diluir na proporção de 1:1. Colocar iguais de sangue e corante supravital (ex: 70µl de sangue + 70µl de Azul de Metileno) em um tubo de ensaio; 3. Homogeneizar a solução; 4. Incubar em banho-maria a 37 °C por 15 minutos; 5. Retirar o material incubado, homogeneizar e realizar a confecção do esfregaço. 6. Deixar secar e realizar a leitura no microscópio. 7. Contar reticulócitos em aumento de 1000x: a) Dividir campo em quatro partes iguais; b) Contar hemácias de ¼ do campo e multiplicar por 4: a) Dividir 1000 pelo resultado encontrado, encontrado a quantidade de campos que deverão ser contados os reticulócitos: b) A quantidade de reticulócitos deverá ser dividido por 1000 e multiplicado por 100, encontrando a percentagem de reticulócitos: a) Reticulócitos corrigidos: VG médio: canino: 45% felino: 37% b) Calcular valor absoluto de reticulócitos AGENTE INFECCIOSOS CAUSADORES DE ANEMIA ANAPLASMOSE 1000/n = nº de campos (reticulócitos/1000) x 100 = %reticulócitos %reticulócitos x VG VG médio p/ esp. %reticulócitos x nº hemácias (x106) 100 Bactéria intracelular obrigatória, intraeritrocitária, Gram-negativa, as espécies do gênero Anaplasma pertencem a ordem Rickettsialles, família Anaplasmataceae. Esse agente, já foi descrito por causar infeccção em animais domésticos, selvagens e humanos, sua transmissão ocorre através de vetores, sendo o principal e mais estudado, o carrapato, onde ocorre biologicamente. Mas também pode ocorrer mecanicamente por moscas hematófagas, fômites contaminados por sangue e transmissão transplacentária. Doença zoonótica e de distribuição cosmopolita, possui altos índices de prevalência, especialmente em bovinos, causada principalmente pela espécie Anaplasma marginale, podendo gerar febre, perda de peso, retardo no crescimento, letargia, baixa fertilidade, abortos, perdas significativas de produção e morte. Bovinos que se recuperam da anaplasmose, tornam-se persistentemente infectados e atuam como reservatório de infecção. Apresentam-se como “pontos marginais”, pequenas inclusões azul-escuras (0,5 a 1µm) na margem das hemácias, podendo ser visualizadas por miscroscopia óptica em infecções agudas. Após a detecção da infecção, anticorpos ligam-se a eritrócitos danificados pelo agente, onde são subsequentemente fagocitados no baço, levando a uma hemólise extravascular. Resultandoem anemia hemolítica leve a grave, icterícia sem hemoglobinemia ou hemoglobinúria e esplenomegalia. O diagnóstico de Anaplasmose, está intimante ligado a junção dos sinais clínicos, presença de carrapatos ou outros vetores, exames laboratorias (saguíneo, sorológico, molecular) e a possível presença das inclusões azul-escuras na análise microscópica. Outras espécies de interesse são: A. Centrale - É menos patogênica para bovinos, onde as inclusões azul-escuras se assemelham a A. Marginale, porém, estão localizadas em uma posição mais central das hemácias. Tem sido amplamente utilizada como vacina viva em Israel, Austrália, África e América do Sul. Sua infecção pode resultar ocasionalmente em doença clínica. A. ovis – Infectam hemácias de ovinos e caprinos, resultando em anemia hemolítica nessas espécies. Não estabelece infecção persistente em bovinos. BABESIOSE As espécies do gênero Babesia são protozoários pertencentes ao filo apicomplexa que parasitam os eritrócitos de seus hospedeiros vertebrados, onde se reproduzem assexuadamente. A transmissão dá-se por carrapatos, onde ocorre a forma sexual do ciclo, sendo os agentes inoculados nos hospedeiros vertebrados durante o repasto sanguíneo. Em conjunto com Theileria spp., são também conhecidos como piroplasmas ou piroplasmídeos. Causam infecção em mamíferos domésticos, humanos e já existem relatos de piroplasmídeos em algumas espécies de vida selvagem nas últimas décadas. Podem se apresentar em níveis de gravidade diferentes, sendo sua resposta dependente da idade do hospedeiro, coinfecção, estado imunológico e fatores genéticos. As infecções por Babesia spp. em fase aguda, são geralmente caracterizadas por anorexia, letargia, febre, anemia (macrocítica hipocrômica), hemoglobinúria, bilirrubinúria, icterícia e esplenomegalia, devido a presença de hemólise intravascular (lise dos eritrócitos pelos piroplasmas) e extravascular. Nessa fase, também é possível detectar com mais facilidade o agente no interior das hemácias em esfregaços sanguíneos. Em quadros crônicos, os animais podem se apresentar assintomáticos ou a presença de uma leve anemia e linfocitose. O diagnóstico se dá pela união dos achados clínicos e laboratoriais, detecção do agente em esfregaço sanguíneo, PCR e sorologia. Hospedeiros e Espécies Mais Relevantes: ▪ Bovinos - B. bovis, B. bigemina e B. divergens ▪ Equinos - B. caballi ▪ Pequenos Ruminantes - B. ovis e B. motasi ▪ Cães – B. canis e B.gibsoni THEILERIOSE A piroplasmose equina é uma doença que afeta principalmente cavalos, burros e mulas. Essa enfermidade é causada pelo protozoário Theileira equi e se apresenta endêmica em regiões tropicais e temperadas do mundo. Possui como vetor o carrapato, que variam em gêneros e espécies, dependo da região estudada. A doença pode se apresentar de forma subaguda, aguda ou crônica e equinos uma vez infectados, apresentam-se portadores do agente ainda por um longo período, sendo dessa forma, fonte de infecção para outros carrapatos e equinos sucessivamente. Seu ciclo possui algumas especificidades que ocorrem anterior a infecção e destruição eritrocitária. Após entrar na circulação do hospedeiro vertebrado, os esporozoítos penetram nos linfócitos, sofrem esquizogonia com formação de esquizontes que liberam merozoítos na circulação, esses invadem as hemácias, apresentando-se como estruturas piriformes, que podem estar em duplas ou quádruplos, nessa última, são também conhecidas como forma de “cruz de Malta”. Os sinais clínicos frequentemente observados em infecções agudas são: febre, inapetência, edema periférico, icterícia, hepatomegalia, esplenomegalia, podendo levar à morte em alguns casos. Os principais achados laboratoriais são, detecção do piroplasma em esfregaço sanguíneo, anemia hemolítica, resultante da hemólise das hemácias infectadas, hemoglobinemia, macrocitose, policromasia, pontilhado basofílico, linfocitose e hirperbilirrubinemia e bilirrubinúria CITAUXZOONOSE Cytauxzoon felis – Essa espécie acomete gatos domésticos e felinos selvagens. São parasitas de hemácias, porém, realizam esquizogonia em macrófagos e vasos sanguíneos adjacentes antes da infecção dos eritrócitos. A doença clínica é marcada pela oclusão vascular, decorrente da distensão de macrófagos intensamente parasitados, levando a trombose. Outros achados clínicos incluem desidratação, febre, icterícia, letargia aguda e anorexia. Apesar do agente causar anemia hemolítica, geralmente apresenta-se de forma não regenerativa e são frequentemente acompanhadas de leucopenia e trombocitopenia. O agente é observado em esfregaços sanguíneos e sua morfologia é semelhante a forma de um “anel de sinete” (∼ 1 - 3 μm), como também podem ser visualizados esquizontes em macrófagos em exames citológicos do baço, fígado, linfonodos, pulmão e medula óssea. São transmitidos por carrapatos e a doença tem um prognóstico grave, quase 100% fatal. HEMOPLASMOSE Hemosplasmas são bactérias pleomórficas gram-negativos, de pequeno diâmetro (aproximadamente 0,3µm) e sem presença de parede celular que parasitam os eritrócitos. Também conhecidos como Micoplasmas hemotrópicos, este grupo possui distribuição cosmopolita, infectando uma grande variedade de mamíferos, onde compartilham características morfológicas semelhantes. São tipicamente reconhecidos em análise de esfregaço sanguíneo como pequenos organismos basofílicos arredondados, em bastão ou em formato de anel e podem estar distribuídos nas superfícies das hemácias, individualmente ou em cadeias, onde ficam frouxamente aderidos à membrana por fibrilas delicadas, sendo também encontrados livres no plasma e podem induzir os animais infectados a anemias hemolíticas potencialmente fatais. Em amostras de sangue envelhecidas com EDTA, os hemoplasmas morrem e se desprendem das hemácias e podem aparecer como aglomerados arredondados de coloração rosa clara, na parte final (cauda) do esfregaço sanguíneo. Hemoplasmas felinos Espécies relevantes em gatos domésticos: Mycoplasma haemofelis, “Candidatus Mycoplasma haemominutum” e “Candidatus Mycoplasma turicensis Mycoplasma haemofelis – Essa espécie é altamente patogênica, podendo gerar uma anemia hemolítica aguda. É transmitida presumivelmente por artrópodes hematófagos (pulgas e carrapatos), por transfusão sanguínea, mordidas, transmissão vertical ou fontes iatrogênicas. Os principais sinais clínicos apresentados englobam, anemia, esplenomegalia, febre, letargia e em alguns casos, icterícia também pode ser encontrada. A presença de hemólise é principalmente extravascular, resultando em anemia regenerativa, entretanto, a infecção por retrovírus (FeLV ou FIV) pode ser um fator primário que acabe interferindo na resposta da eritropoiese. A aglutinação de hemácias pode estar presente, pois a existência do microorganismo nas hemácias apresenta como consequência, anemia hemolítica imunomediada. A presença de coinfecção, imunossupressão ou de animais esplenectomizados podem facilitar e predispor a infecção aguda. Os gatos que se recuperam após o tratamento, geralmente continuam portadores com baixa parasitemia. “Candidatus Mycoplasma haemominutum” – Evidências científicas demonstram essa espécie como menos patogênica que M. Haemofelis, porém, em animais imunossuprimidos e com presença de infecção concomitante, existem relatos que a mesma pode gerar uma anemia significativa. Hemoplasmas caninos Espécies relevantes em cães domésticos: Mycoplasma haemocanis e “Candidatus Mycoplasma haematoparvum” Mycoplasma haemocanis – Possui estreita similaridade genética com o M. Haemofelis, porém em cães hígidos a espécie M. Haemocanis costuma provocar infecções crônicas e assintomáticas com baixa parasitemia esporádica. Já em animais imunocomprometidos ou apresentando coinfecção e esplenectomizados, podem desenvolver anemia hemolítica aguda. No esfregaço sanguíneo são visualizados como pequenas ou longascadeias de cocos na superfície das hemácias, podendo aparecer como forma de “arco de violino” ou se ramificar em forma de “Y”. A transmissão se dá por vetores artrópodes (carrapato Rhipicephalus sanguineus), transfusão de sangue e fontes iatrogênicas. Hemoplasmas Suínos Espécies relevantes em suínos: Mycoplasma suis e Mycoplasma parvum. Mycoplasma suis – Pode causar infecções assintomáticas, agudas ou crônicas, sendo a última mais comum com redução na produtividade e desempenho reprodutivo. Em quadros agudos são observados anemia hemolítica, danos vasculares, diátese hemorrágica, imunossupressão, infertilidade, podendo chegar a morte. Leitões lactentes, fêmeas gestantes e os suínos em terminação são preferencialmente afetados. A transmissão se dá de forma iatrogênica, transmissão vertical e possivelmente por vetores hematófagos, aerossóis e água. Hemoplasmas em Ruminantes: Espécies relevantes em suínos: Mycoplasma wenyonii e M.ovis Mycoplasma wenyonii – Com distribuição cosmopolita, esse agente costuma causar anemia hemolítica em animais imunocomprometidos, esplenectomizados e com outras infecções concomitantes. M.ovis – Anemia hemolítica em ovinos e caprinos. A gravidade da anemia está relacionada a idade, estado nutricional, carga de vermes concomitantes e nível de patogenicidade das cepas. LEPTOSPIROSE Leptospira interrogans sorovar pomona Leptospira interrogans sorovar icterohemorrhagica Doença infecciosa causada por bactérias saprófitas em forma de espiral, que habitam ambientes úmidos, a leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial, infectando humanos, animais domésticos e selvagens. Geram comprometimento em fígado, rins, vasos e podem levar a quadros hemolíticos, estes aparecem com frequência em bezerros, porcos e cordeiros. Nesses casos, são observados, anorexia, febre, depressão, anemia, icterícia, hemoglobinemia, hemoglobinúria, neutrofilia e hemorragias que se apresentam em forma de petéquias ou equimoses. Cordeiros demonstraram fragilidade de eritrócitos aumentada em infecções experimentais. Existem muitas pesquisas propostas para explicação desse processos hemolíticos relacionados à infecção por Leptospira, como a possível ação de toxinas bacterianas que possam atuar como hemolisinas, como também o envolvimento de uma aglutinina fria de imunoglobulina M (IgM), levando a uma anemia hemolítica imunomediada. Na leptospirose canina, existem sorovares causadores de anemia, porém sem presença de processos hemolíticos. A confirmação da infecção por Leptospira é possível, através da detecção de espiroquetas em exame de microscópico direto de campo escuro da urina ou outros fluidos infectados, cultura, inoculação animal, exames sorológicos e PCR. VÍRUS DA LEUCEMIA FELINA (FELV) O Vírus da Leucemia Felina (FeLV) pertence à família Retroviridae, esse agente pode induzir a imunossupressão do sistema imunológico, linfoma e/ou anemias, esta última referente a diminuição da eritropoiese (não regenerativa), deixando os felinos mais suscetíveis a infecções secundárias, como visto acima, na sessão de hemoplasma. ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE) A Anemia Infecciosa Equina, doença também conhecida como febre do pântano é uma enfermidade infecciosa causada por um vírus da família retroviridae, é considerada uma das mais relevantes enfermidades que acometem equídeos (cavalos, poneis, burros e mulas), onde possui maiores índices de prevalência em regiões de pântano. Sua transmissão ocorre através de insetos hematófagos (gênero Tabanidae), vertical e fômites, infectando células do Sistema Fagocitário Mononuclear (SMF) e podem se manifestar de forma assintomática, subaguda, aguda e crônica. Animais uma vez infectados, tornam-se portadores permanentes. Os achados laboratoriais incluem, anemia, hiperbilirrubinemia, trombocitopenia, neutropenia ou neutrofilia. Em infecções agudas, anemias hemolíticas podem ser induzidas pela adesão do vírus à membrana e ativação do complemento. Num momento posterior, o processo que acarreta em anemia não regenerativa progressiva da AIE crônica é equivalente a anemia causada por doença inflamatória. O diagnóstico é feito por detecção sorológica, através do teste de Coggins (imunodifusão de ágar em gel). TRIPANOSSOMÍASE Os tripanossomas são organismos flagelados que podem ser encontrados em esfregaço sanguíneo durante a fase aguda da infecção. A anemia relacionada a esses protozoários, está associada a uma gama de espécies que incluem, Trypanosoma cruzi, T. congolense, T. vivax, T. brucei, T. Simiae. A anemia possui uma patogênese complexa, na fase aguda os eritrócitos sofrem danos decorrentes das hemolisinas que são liberadas pelos tripanossomos. O revestimento de antígenos tripanossomais induz a remoção extravascular, ocorrendo no baço, medula óssea e pulmões. Os achados clínicos mais frequentes são, febre intermitente, aumento de nódulos linfáticos e taquicardia. O diagnóstico pode ser obtido pela detecção do agente em esfregaço sanguíneo, na análise do líquido cérebro-espinhal, culturas de sangue, testes sorológicos e PCR. Referências: BARGER, Anne M. The complete blood cell count: a powerful diagnostic tool. The Veterinary clinics of North America. Small animal practice, v. 33, n. 6, p. 1207-1222, 2003 BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. Editora Elsevier, 2010. CRUZ, Nathan Da Rocha Neves. Mycoplasma suis hemotrófico no Estado de São Paulo: epidemiologia e hematologia. 2019. FELDMAN, Bernard F.; SINK, Caroline A. Urinálise e hematologia-laboratorial para o clínico de pequenos animais. Editora Roca, 2006. KOCAN, Katherine M. et al. The natural history of Anaplasma marginale. Veterinary parasitology, v. 167, n. 2-4, p. 95-107, 2010. ONYICHE, ThankGod E. et al. A review on equine piroplasmosis: epidemiology, vector ecology, risk factors, host immunity, diagnosis and control. International journal of environmental research and public health, v. 16, n. 10, p. 1736, 2019. SCHNITTGER, Leonhard et al. Babesia: a world emerging. Infection, Genetics and Evolution, v. 12, n. 8, p. 1788-1809, 2012. STOCKHAM, Steven L .; SCOTT, Michael A. Fundamentals of veterinary clinic pathology . John Wiley & Sons, 2013. THRALL, Mary Anna. Hematologia e bioquímica clínica veterinária. Editora Roca, 2007. URÁN, Johanna; ARIAS, Jaiberth Antonio Cardona. Prevalencia de Anaplasma spp. en el ámbito mundial: Revisión sistemática 1978–2018. Hechos Microbiológicos, v. 10, n. 1-2, 2019. WEISS, Douglas J.; WARDROP, K. Jane (Ed.). Schalm's veterinary hematology. John Wiley & Sons, 2011.
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