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Gestação de alto risco e atuação Fisioterapêutica Profa Ana Eulina Araújo Fisioterapeuta Gestação de alto risco “É aquela na qual a vida ou a saúde da gestante e ou do feto ou recém- nascido têm maiores probabilidades de serem atingidas do que a média da população considerada.” MS Indicativos que podem comprometer a gravidez, estes marcadores tem por objetivo anunciar graus de morbidade e mortalidades futuras para o binômio mãe+bebê Classificação com objetivo de identificar a vulnerabilidade decorrente do período gravídico-puerperal Para que a classificação? Condições gerais para a gestação de alto risco 02 01 03 Mulheres com doenças crônicas prévias à gestação Gestações anteriores com classificação de alto risco Mulheres que identifica-se, no curso da gestação, uma condição ou doença que ofereça risco para a mãe e ou o bebê 1. Mulheres com doenças crônicas prévias à gestação • Necessário acompanhamento especializado de suas condições prévias a concepção • Controle dos possíveis riscos antes, durante e após a gestação Cuidados prévios a gestação Exemplos destas condições pré- existentes • Hipertensão Arterial • Diabetes Mellitus • Lúpus • Doenças Psiquiátricas • Doenças neurológica • Doenças cardíacas • Infecções crônicas (Hepatite e HIV) 2. Gestações anteriores com classificação de alto risco • Necessário acompanhamento especializado de suas condições prévias a concepção • Controle dos possíveis riscos antes, durante e após a gestação Condições Obstétricas prévias a gestação atual Cuidados prévios a gestação • Gestação prévia com Hipertensão arterial gestacional • História de abortamentos de repetição • Descolamento prévio de placenta • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia • Diabetes Gestacional • Hemorragias da gestação • Obesidade ou baixo peso extremo... 3. Mulheres que identifica- se, no curso da gestação, uma condição ou doença que ofereça risco para a mãe e ou o bebê Principais condições para a gestação de alto risco • Hipertensão arterial gestacional • Descolamento prematuro da placenta (Parcial ou completa, >20° semana gestacional) • Placenta prévia (sangramentos sem sinais premonitórios) • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia • Diabetes Gestacional • Hemorragias da gestação • Quadros de infecção viral ou bacteriana • Insuficiência ístimo-cervical (defeito estrutural ou funcional de reter o concepto até o termo da gestação) • Necessidade de imunização contra o fator Rh (incompatibilidade antígeno associado ao sistema AOB sanguíneo materno e neonatal ) • Amniorrexe prematura (ruptura das membranas precoce) • Trabalho de parto prematuro Principais fatores de risco para a gestação de alto risco • Idade materna (> 35 anos / <15 anos de idade ou menarca a menos de 2 anos da gestação) • Gravidez múltipla • Peso antes da gestação (<45 kg ou >75 kg (IMC<19 kg/m²ou >30kg/m²)) • Intervalo interpartal <2 anos • Ausência da assistência pré-natal • Exposição aos riscos ocupacionais (agentes físico-químicos, carga de trabalho excessivo) • Má nutrição • Estilo de vida sedentário • Hábitos de vida (tabagismo, etilismo, uso de drogas)... Descolamento prematura da placenta • Definido como a separação da placenta da parede uterina no período da 20ª semana até antes do parto Descolamento prematura da placenta • Classificação Descolamento prematura da placenta Principais fatores de risco para o DPP: • HAS • Rotura prematura das membranas ovulares • Cesária prévia • Tabagismo • Idade materna avançada • Uso de drogas • Gestação gemelar • Traumas... Principais sintomas para o DPP: • Dor abdominal • Sangramento vaginal • Aumento de tônus uterino • Cougulopatia e choque hipovolêmico materno.. Placenta Prévia • Definido como a placenta que quase de implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero Placenta Prévia - Classificação Placenta marginal Placenta Prévia Parcial Placenta Total Oclusiva Placenta Prévia – Fatores de risco • Cirurgias uterinas prévias (retirada de miomas, curetagem...) • Cesária prévia • Tabagismo • Idade materna avançada • Uso de drogas • Gestação gemelar • Multiparidade • Curto intervalo interpartal (< 2 anos) Placenta Prévia – Quadro Clínico • Sangramento indolor • Início e cessar súbitos • Pequena quantidade • Início dos episódios ocorrem na maioria das vezes ao final do segundo e início do terceiro trimestre (28° semana gestacional) • Sofrimento fetal apenas em casos mais graves - choque hipovolêmico.. Síndrome hipertensiva da gestação • Pressão Arterial Sistólica (PAS) – igual ou superior a 140 mmHg • Pressão Arterial Diastólica (PAD) – igual ou superior a 90 mmHg • Aferição após 5 minutos de repouso , sentada • Proteinúria – presença de 300mg ou mais de proteína na urina de 24 horas ou em mais de uma amostra no exame simples de urina • Pode ser subdividida em categorias Hipertensão Arterial Crônica (HAC) Elevação da PA antes da gestação ou da 20° semana gestacional , persistente por até 12 semanas após o parto Hipertensão Gestacional Aumento da pressão arterial durante o segundo semestre gestacional (após a 20° semana) sem a proteinúria National High Blood Pressure Education Program (NHBPEP, 2000) Síndrome hipertensiva da gestação Síndrome hipertensiva da gestação Pré-eclâmpsia Elevação da PA acompanhada pela proteinúria, após a 20° semana gestacional + sintomas (cefaleia, visão turva, dor abdominal..) • Leve – ausência os critérios de pré-eclâmpsia grave + aumento do ácido úrico (> 6mg%) • Grave – PAS > 160mmHg e ou PAD > 110mmHg (persistindo-se após repouso de 30 minutos em DLE) + proteinúria igual ou superior a 2g nas 24h + sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia (manifestações visuais, cerebrais e outras) + Creatinina > 1,2 mg Pré- eclâmpsia sobre posta a HAC Proteinúria > ou igual a 300mg/ 24 horas em mulheres com HAC, que não apresentaram esse marcador de proteína (antes da 20° semana da gravidez), ou aumento da proteína na urina + pressão arterial ou plaquetas baixas em gestantes (<100.000/mm³) e ou elevação das enzimas hepáticas (TGO e TGP) DLE – Decúbito Lateral Esquerdo National High Blood Pressure Education Program (NHBPEP, 2000) Eclâmpsia Sintomas das complicações da pré-eclâmpsia grave + crises convulsivas tônico- clônicas, que não podem ser atribuídas a outras causas, em gestantes ou puérperas com hipertensão Síndrome HELLP Complicações da pré-eclâmpsia ou eclâmpsia + sintomas mais graves hemólise + elevação das enzimas hepáticas e plaquetopenia National High Blood Pressure Education Program (NHBPEP, 2000) Síndrome hipertensiva da gestação • Endócrinopatia frequente na gestação e puerpério • Pode iniciar no período gestacional - aumento importante em todo mundo • SBD – Conjunto de distúrbios metabólicos – Hiperglicemia (defeitos na ação ou secreção da insulina) • Encontrado apenas no período gestacional com retorno aos níveis normais após o parto SBD- Sociedade Brasileira de Diabetes Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus • DM tipo 1 - Deficiência absoluta da insulina (destruição das células β pancreáticas) • DM tipo 2 – Defeito progressivo na secreção da insulina • DM outros tipos – Outras causas, como defeitos genéticos (células β), doenças pancreáticas (fibrose cística), induzida por medicamentos ou agentes químicos... • DM gestacional (DMG) – Diagnóstico feito durante a gestação Rastreamento da Diabetes Mellitus 1. Rastreamento do DM tipo 2 (1° consulta) utilizando os critérios de diagnóstico padrão: - Hemoglobina glicada ≥ 6,5% ou - Glicemia de jejum ≥ 126mg/dL, (jejum de pelo menos 8 horas) - TTOG de 2 horas > 200 mg/dL, com 75 mg de glicose anidra dissolvida em água ou - Glicose plasmática > 200mg/ dL, em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica 2. Em gestantes sem diagnóstico prévio de DM, para o rastreamento do DMG entre a 24° a 28° semana deve ser utilizado o TOTG com 75 mg de glicose anidra, em jejum e após 1 e 2horas (deve ser realizado com no mínimo 8 horas de jejum e pela manhã): CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO (se pelo menos um dos valores alterados): - Jejum > 92 mg/dL - 1h > 180 mg/dL - 2h > 153mg/dL American Diabetes Association Rastreamento da Diabetes Mellitus 3. O rastreamento do DM2 persistente em mulheres com DMG deve ser realizado após 6 a 12 semanas depois do parto, usando-se hemoglobina glicada 4. Mulheres com história prévia de DMG devem-se fazer rastreamento ao longo da vida para DM ou pré-diabetes pelo menos a cada 3 anos - Para o diagnóstico de DM2, observa-se os critérios diagnósticos acima - Para o diagnóstico de pré-diabetes os critérios são: - Glicemia de jejum: 100 a 125 mg/dL - TTOG de 2h: 140 a 199 mg/dL (75 grama de glicose anidra) - Hemoglobina glicada: 5,7 a 6,4% 5. Mulheres com história de DMG diagnosticada posteriormente a pré- diabetes devem receber intervenções de estilo de vida ou metformina para evitar a DM American Diabetes Association Quadro clínico geral da gestante de alto risco • Processo de internação pode afetar a interação da gestante com seu meio habitual – afastamento das AVD’s, laborativas e de lazer • Pode haver necessidade de repouso ao leito: Interferência Psicoemocional (medo, ansiedade, distúrbios dos sono e depressão) + Desconfortos musculoesqueléticos (tensão muscular, processos álgicos na coluna vertebral (lombalgias)) + Alterações hemodinâmicas (edemas em MMII) Fisioterapia na gestação de alto risco Objetivos da fisioterapia na gestação de alto risco • Promover melhor bem-estar, funcionalidade e qualidade de vida • Fornecer orientação, e tratamento das disfunções funcionais individualizado • Aplicar os princípios da fisiologia do exercício adequados á gestante baseado nas evidências científicas • Normalizar alterações musculoesqueléticas, respiratórias e hemodinâmicas respeitando as especificações da gravidez de risco Avaliação fisioterapêutica na gestação de alto risco • Observação das limitações/ restrições causadas pela gestação e condição de risco • Informações sobre a história reprodutiva, antecedentes pessoais, familiares, estado emocional, hábitos comportamentais (tabagismo, alcoolismo e uso de drogas) • Dados clínicos: Peso, altura, PA, FC, FR + Queixa principal Avaliação fisioterapêutica na gestação de alto risco • Identificação de estruturas musculoesqueléticas: dor, tensão muscular... • Alterações nos sistemas: digestivo(ex.: náuseas, constipação), cardiovascular (ex.: edemas, cansaço em MMII), urinário (ex.: IU, ITU)... Intervenção Fisioterapêutica Condições gerais • Prática de exercícios – fator de proteção • Possíveis benefícios - Redução dos riscos de complicações e melhora psicoemocional (autoestima e qualidade de vida) • Melhora associada a parâmetros como: de volume plasmático e DC Bem estar emocional de triglicerídeos plasmáticos de resistência a insulina Estresse e ansiedade Intervenção Fisioterapêutica Condições gerais • O protocolo fisioterapêuticos deve-se basear nas suas repostas fisiológicas ao exercício de leve a moderado • Respeitando o sistemas cardiovascular e respiratório: • DC durante o trabalho • Volume sistólico com qualquer carga de trabalho • FR • Ventilação por minuto • Consumo de O2 • Volume Corrente Intervenção Fisioterapêutica Condições gerais • Basear- se em técnicas de consciência e propriocepção corporal • Exercícios linfomiocinéticos (ativação vascular e metabólica) • Promoção de tonificação muscular e consciência perineal • Técnicas de padrão respiração diafragmática • Orientações ao leito • Basear a escolha das condutas no estado clínico da gestante e local de acompanhamento: Ex.: Gestante com DMG, clinicamente estável e em acompanhamento ambulatorial Ex.:Gestação com placenta prévia com repouso ao leito no ambiente hospitalar Efeitos do repouso ao leito Metas Fisioterapêuticas Intervenções Fisioterapêuticas Cuidados Descondicionamento cardiovascular Melhorar postura, posicionamentos e mobilidade Orientações e adequações posturais Contraindicados os exercícios que aumentem a pressão abdominal Perda de Cálcio Manter ADM articular Exercícios ativos de extremidades Exercícios isométricos – cautela!! Perda ou ganho de peso corporal Diminuir rigidez articular Mobilizações ativas e ativo- assistidas Contraindicado exercícios resistidos Alterações cognitivas e afetivas Promover relaxamento Massoterapia (dorso, extremidades..) Movimentar sempre envolvendo ADM das articulações Aumento de risco TVP Diminuir risco de trombose Mobilização e flexibilização MMII Considerar frequência e intensidade dos exercícios Edema em MMII Melhorar circulação Mobilização de cintura escapular, MMSS e MMII Observar a PA na drenagem linfática Alterações Musculoesqueléticas Manter trofismo e flexibilidade muscular Alongamentos da musculatura cervical, MMSS Orientações para exercícios Diabetes Mellitus Gestacional • Considerar nível de atividade física + uso de medicação antiglicêmicas • Ingestação adequada de calorias (não inferior a 1.500kcal) pela gestante + horário da medicação antiglicêmica • Exercícios de preferência após 3 horas da última refeição – NUNCA EM JEJUM!! • Contraindicado exercícios no período de pico de ação insulina (conhecimento do tipo e mecanismo de ação das medicações importante!!) • Movimentação fetal ≥ 10 vezes no período de 24h e com glicemia capilar acima de 60mg/dL ou acima de 250mg/dL Orientações para exercícios Diabetes Mellitus Gestacional • Monitorização constante da atividade fetal, glicemia capilar (antes e após a atividade), FC, PA, dinâmica uterina, FCF – a cada 10 minutos • Casos de Bradcardia fetal– FCF < 120 bpm • Casos de Taquicardia fetal– FCF > 160 bpm • Presença de contrações uterinas – monitoradas contando-se a duração das mesmas • Contrações com duração mínima de 30 segundos em 10 minutos - EXERCÌCIOS DEVEM SER INTERROMPIDOS!! Interrupção gradual + DLE até a normalização da FCF (pelo menos 10 minutos ) Orientações para exercícios Diabetes Mellitus Gestacional • Estar atento aos sinais e sintomas da hipoglicemia: tremor, sudorese intensa, palpitação, perda na concentração, cansaço, redução da capacidade física ou mental, náuseas, nervosismo, dormência dos lábios e língua • Intensidade 70% da FC máxima ou 50% VO2 máx. • Frequência de 2 a 3 vezes na semana • Duração de 30 a 40 minutos • Acompanhamento da intensidade pela escala de Borg e ou pelo teste de fala • Treinamento mínimo de 4 a 6 semanas – redução dos níveis glicêmicos Orientações para exercícios Diabetes Mellitus Gestacional Fase de aquecimento (5 minutos) Exercícios aeróbico Fase de condicionamento (30 a 40 minutos) Fase de desaquecimento (5 minutos) Orientações para exercícios Síndromes Hipertensivas Gestacionais • Condutas individuais – conforme estabilidade clínica + nível de atividade física pré- gestacional • Prudente para atividade aeróbica: Intensidade moderada (60% a 70% FC máx.) + Escala de Borg entre 11 e 13 + Duração de 30 a 40 minutos + frequência de 3 vezes/semana American College of Obstetricians and Gynecologists; American College of Sport Medicine Orientações para exercícios Síndromes Hipertensivas Gestacionais • Nas síndromes hipertensivas, em condições clínicas estáveis: • Iniciar: no final do primeiro trimestre ou início do segundo – para que os mecanismos protetores fisiológicos do exercício possam atuar em tempo adequado • Gestantes com pré-eclâmpsia instaladas – Não existem evidências sobre a prática segura do exercício físico – Contraindicação absoluta!!! • HAS na gestante sem proteinúria – Contraindicação relativa! Gestação de alto risco e atuação Fisioterapêutica Profa Ana Eulina Araújo Fisioterapeuta
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