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ASMA - GINA: consenso mundial que direciona tratamento, diagnóstico e comorbidades - 2019 (alterações no tratamento da asma leve) - Doença inflamatória crônica: hiperresponsividade das VAs, episódios de obstrução do fluxo aéreo - 10 a 20% da população - 3ª causa de internação no SUS em crianças e jovens adultos - FISIOPATOLOGIA - Múltiplas células inflamatórias (principais neutrófilos e eosinófilos) agem nos brônquios e bronquíolos: inflamação + intensa produção de secreção >> broncoconstrição - Padrões diversos: muito a pouco sintomáticos - Inflamação crônica: mesmo quando sintomas apenas episódicos - Parênquima pulmonar não afetado - RX e TC normais - Inflamação pode normalizar com o tratamento - Falta de ar oscila: pior a noite, no inverno - DIAGNÓSTICO - Clínico e funcional - Espirometria normal NÃO AFASTA #Quadro clínico - Tríade clássica: dispneia + tosse + sibilância - Podem melhorar espontaneamente - Melhora total/parcial com tratamento - Opressão/desconforto torácico: por obstrução ao fluxo aéreo, não dá dor torácica - Piora dos sintomas com exposição aos alérgenos - Sintomas: noturno (queda do cortisol) e primeiras horas do dia (cortisol baixo) - Período intercrise: assintomático ou oligossintomático #Antecedentes - Início de sintomas respiratórios na infância (minoria de início na idade adulta - fenótipo de início tardio) - Rinite: alta associação, 80% dos asmáticos têm rinite alérgica - História familiar de asma ou alergia (rinossinusite alérgica, dermatite atópica, alergia a AAS/anti-inflamatórios) #Reduzem probabilidade do diagnóstico - Tosse isolada sem outros sintomas respiratórios - Produção crônica de secreção (em grande quantidade - asma hialino e em pequena quantidade) - Dor torácica - Sintomas constitucionais, febre e perda de peso #Avaliação complementar - HMG: eosinofilia - inespecífico, mas + na maioria dos asmáticos - RX tórax: diagnóstico diferencial apenas - Pesquisa de alergia: teste cutâneo de leitura imediata, IgE sérica específica - Funcional: espirometria (maior benefício) e pico de fluxo expiratório #Espirometria - Demonstra limitação ao fluxo de ar: relação VEF1/CVF reduzida (< 0,7), muito maior no 1º segundo (VEF1 diminuído) - Resposta ao broncodilatador: melhora significativa, aumento 12% E 200 ml no VEF1 ou 350 ml no CVF, após 4 jatos de 100 mcg de SABA (salbutamol) - Períodos intercrises/remissão: espirometria normal - Gravidade da obstrução: quanto pior o VEF1, maior exacerbação - Acompanhamento e resposta ao tratamento: 3/6 meses após início #Pico de fluxo expiratório - Mede longitudinalmente o grau diurno de obstrução das VA e sua instabilidade - Sem variação na fase estável - Flutuação = asma não controlada - PFE maior - menor/ média (maior e menor) - Seriado em 10 e 14 dias - Variabilidade diurna diária > 13% em crianças e > 10% em adultos #Exame físico - Limitação de fluxo aéreo: mais ar no tórax - FTV normal ou diminuído - Percussão: normal ou hipersonoridade - Ausculta: passagem do ar em vias de calibre diminuído >> sibilos (ausência não exclui, sobretudo na doença compensada, mas mesmo na exacerbação - fechamento importante pode gerar tórax silencioso, sinal de gravidade) #Diagnóstico diferencial - DPOC: início > 40 anos, sem antecedentes de atopias, sem história familiar de asma, sintomas sempre presentes e sem muitas variações (progressivos, piora nas exacerbações), tabagismo presente (85%), melhora variável com tratamento - Asma: início na infância, antecedentes de atopia e histórico familiar de asma presentes, sintomas variam dia-a-dia e pioram à noite, tabagismo variável, melhora com tratamento #Fluxograma - Paciente com sintomas respiratórios: sintomas típicos de asma? - História e exame físico detalhado: confirmam DX de asma? - Realizar espirometria/PFE com teste de reversibilidade: resultados confirmam DX de amas? - Instituir tratamento - Se sintomas + história/exame favoráveis em situação de urgência com outros diagnósticos improváveis: tratamento empírico com CI e SABA de resgate + avaliar resposta + avaliar resposta/diagnóstico em 1-3 meses - Sintomas ou história/exame não compatível: detalhar história e solicitar testes para outro diagnóstico: se outro diagnóstico não confirmado, realizar espirometria (se essa negativa, repetir em outra ocasião ou definir outros testes) - Espirometria persistentemente negativa: considerara tratamento do diagnóstico mais provável ou encaminhar para outros exames - TRATAMENTO - > 60% dos pacientes: asma leve - maior mudança no GINA 2019 - Não é mais usada teofilina no tratamento (xantina) - Alívio: antes SABA nos steps 1 e 2 e SABA/CI+formoterol nos 3-5, agora tudo baixa dose CI-formoterol - LABA: formoterol ou salmeterol - LTRA (antileucotrieno): montelucaste - LAMA (tiotrópio): alternativa step 4 - Budesonida: baixa < 400, média 400-800, alta dose > 800 mcg - Sem recomendação de salbutamol (SABA) isolado - Gravidade: dose de medicação - leve steps 1 e 2, moderada step 3, grave steps 4-5 - CONTROLE - Últimas 4 semanas --- Sintomas diurnos > 2x/sem --- Despertar noturno devido à asma --- Necessidade de medicação de resgate > 2x sem --- Limitação de atividades - 0: asma controlada - 1 a 2: parcialmente controlada - 3 a 4: não controlada - Direciona stepping up e down - Step up: sintomas não controlados ou exacerbações, rever técnica e adesão ANTES - Step down: sintomas controlados por 3 meses, baixo risco de exacerbações, não suspender CI - CRISE ASMÁTICA - Episódio agudo ou subagudo de piora progressiva de falta de ar, chiado, tosse, aperto no peito - Principal fator: má adesão/uso incorreto do inalador - Outras causas: infecção viral, exposição a alérgenos/irritantes, comorbidades (rinossinusite alérgica, DRGE, obesidade, síndrome apneia obstrutiva do sono) - Hipoxemia é rara: presença = outra causa ou crise muito grave - Avaliação clínica rápida - Adultos: espirometria, pico de fluxo expiratório (maior importância) - Oximetria de pulso - Exames complementares: normalmente dispensáveis - Gasometria: se quadro grave ou SpO2 < 93% - RX tórax: se exacerbação grave ou suspeita de comorbidades ou complicações - HMG: se suspeita de infecção - Não subestimar gravidade - Tratamento imediato - Pacientes de risco: história de asma quase fatal (IOT, VM), atendimento de urgência < 12 meses, em uso atual/recente de corticoide oral, uso excessivo de beta 2 agonistas (SABA - > 200 doses/mês), má aderência, doença psiquiátrica/problemas psicossociais, história de não adesão #Gravidade - Leve a moderada: EG e mental normais, dispneia ausente ou leve, FC < 110, sibilos ausentes, localizados ou difusos, PFE > 50% previsto - Grave a muito grave: alteração EG (cianose, exaustão, sudorese) e mental (agitação, confusão, sonolência), dispneia intensa, FC > 110 bpm, sibilos ausentes, PFE < 50% previsto #Tratamento - Fluxograma - Rápida avaliação da gravidade: clínica, PFE, SpO2 - Sinais de crise grave ou muito grave (não consegue falar, exaustão, cianose, RNC): cuidados intensivos (UTI) - Leve a moderada: até 3 doses de B2 agonista a cada 10-30 min (média 20 min - 3 doses na 1ª hora) + O2 3l/min se SpO2 < ou= 95% - Reavaliar resposta em 30 min - Boa (sem sinais de gravidade, PFE > 70%): alta, manter B2 2-5 jatos 4/4h por 48 h, prednisona 40-60 mg VO no PS e em casa por 7 dias (5 a 7 dias) - Parcial (redução dos sinais de gravidade, PFE 50-70%): manter no PS, B2 a cada 30-60 min até 4h, associar ipratrópio (atrovent) e prednisona 60 mg - Ausente ou pequena (persistência dos sinais de gravidade, PEF 35-50%): manter no PS, manter no B2 a cada 20-30 min até 4h, associar ipratrópio e/ou corticoide EV (metilprednisolona 40-60 mg ou hidrocortisona 200 mg), considerar sulfato de magnésio - Piora (piora dos sinais de gravidade, PFE < 35%): cuidados intensivos - Reavaliar resposta 1-4h - Boa (sem sinais de gravidade ou FdR, PFE > 70%, aceitável > 50%): continuar B2 alta dose, orientar técnica uso dispositivo, prednisona 40-60mg 7 a 10 dias, referir ao especialista - Parcial ou ausente (sinais de gravidade ou FdR,PFE < 70-50%): INTERNAÇÃO - Berotec (fenoterol): 2,5 mg 10 gotas em 3-5 ml de SF 0,9% - Ipratrópio: 0,25mg∕ml 20 gotas - crise moderada ou grave, sem resposta a condutas iniciais - Pacientes graves: dobro da dose usual - B2 EV ou SC: sem evidências - Adrenalina: apenas IM e se anafilaxia, sem uso rotineiro - Coirticoide VO tão efetivo que EV: mais barato e menos invasivo, preferível na 1ª h - Aminofilina e teofilinas: uso proscrito, muitos EC, sem benefício em relação ao SABA - Sulfato de Mg: pacientes graves e crises graves recorrentes, 2g EV em 20 min - Antileucotrieno (montelucaste): EV ou VO, pode melhorar função pulmonar, necessários mais estudos - ATB: não usado de rotina, apenas se PNM/sinusite/etc. #VNI - Sem boas evidências para uso atualmente - Pacientes sem resposta adequada ao tratamento, para os que evoluem com fadiga (p. ex. aumento PaCO2) e não necessitam de IOT imediata: pode ser usada - Deve estar alerta e cooperativo, não necessitar de proteção de VA para manejo de secreções e hemodinamicamente estável