Prévia do material em texto
ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Roberto Guedes de Nonohay Projeto do Processo Produtivo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar os componentes de um fluxograma. � Identificar os tipos de processos produtivos. � Identificar duas ferramentas para controle de projetos de pro- cesso. Introdução Após a criação do produto a empresa precisa produzi-lo de fato. A produção pode seguir diversas organizações dependendo do volu- me e variedade de produção desejados. Uma vez que a organização produtiva seja determinada, existem ferramentas que podem auxiliar na determinação e controle do processo produtivo. Neste texto, você vai estudar as formas de organização produtivas e ferramentas para o controle de processo produtivo. Fluxograma Um fluxograma é uma representação gráfica de um processo, sistema ou con- junto de atividades. A ideia é demonstrar de forma lógica e inter-relacionada o caminho que um processo deve seguir para ser completado. Se bem feito, um fluxograma demonstra claramente, até para um leigo, como o processo deve ser realizado. Ele deve ser feito de forma simples, detalhada e direta, utilizando símbolos e setas que determinam o caminho lógico de cada ativi- dade ou tarefa. A Figura 1 demonstra os principais símbolos utilizados em um fluxograma. O fluxograma irá mapear o processo conforme determinado pelo seu projeto. Conforme já foi explorado, tudo começa com o projeto de um produto. Quando esse produto está desenhado e validado, parte-se para o desenho do seu processo produtivo, em todos os detalhes que se fazem neces- sários. Para isso, usa-se o fluxograma para mapear o processo e determinar sua ordem lógica de acontecimento. Figura 1. Símbolos de um fluxograma. Fonte: Adaptada de Slack, Chambers e Johnston (2009). O mapeamento irá auxiliar na determinação do processo produtivo. O ma- peamento também serve para identificar possíveis pontos críticos e de risco para o processo e assim criar maneiras para mitigá-los. É uma ótima ferra- mentas para treinamentos e atualização de processos e atividades. Veja o exemplo de um fluxograma na Figura 2. Administração da produção70 Figura 2. Exemplo de um fluxograma. Fonte: Fluxograma (2016). Neste exemplo, você pode visualizar um processo de cópias de documentos. Esse processo pode ser parte de uma empresa de cópias. Você pode notar que todas as atividades necessárias à execução do processo estão listadas. Inicial- mente, os documentos são recebidos, após a determinação do número de cópias necessárias, a reprodução é realizada. Após, torna-se necessário um ponto de decisão em que se verifica a necessidade de juntar as cópias. Note que toda a atividade que envolve uma decisão é escrita na forma de uma pergunta e sempre deverá ter dois fluxos levando a novas atividades, caso positivo ou negativo. No caso do exemplo, caso seja necessária a juntada de documentos, os devidos do- cumentos são juntados e então chama-se o cliente para recolher o produto final. Caso não seja necessária a juntada de documentos, então somente as cópias e os documentos originais são entregues e o processo chega ao fim. Dependendo do tipo de processo produtivo que a empresa escolha operar ou de acordo com o produto ou serviço oferecido, a empresa pode utilizar fluxo- gramas para melhor controlar ou até mesmo determinar a escolha do processo. 71Projeto do Processo Produtivo Os fluxogramas podem representar desde processos pequenos até processos com uma ampla gama de atividades e equipes envolvidas. Tipos de processos produtivos O início do projeto do processo produtivo se dá obviamente pela determi- nação do produto/serviço que será oferecido. Uma vez que o produto esteja determinado, a empresa deve escolher qual a melhor estratégia para este pro- duto de acordo com o nível de volume e variedade desejados. Volume diz respeito a quantidade que será produzida. Variedade é o número de produtos diferentes que a empresa pretende produzir. Em geral, o volume e a varie- dade são opostos, ou seja, se a empresa decide produzir altos volumes, não fica economicamente viável de ter uma variedade alta de produtos. Por outro lado, se a empresa decide ter uma variedade ampla, não chegará a volumes de produção elevados. A Figura 3 mostra os tipos de processos produtivos que podem ser assumidos devido ao balanceamento da escolha entre volume e variedade. Você pode notar que alguns tipos se sobrepõem, de modo que, de- pendendo da escolha e da estratégia, a empresa possa adotar um ou outro tipo. Figura 3. Matriz produto-processo. Fonte: Jacobs e Chase (2009, p. 97). Célula de produção Projeto Baixo otlAotudorp od emuloV Baixa – um produto de determinado tipo Alta – produtos padronizados (commodity) Padronização de produtos Centro de trabalho Linha de montagem Processo contínuo Administração da produção72 Caso, por exemplo, a empresa queira ter um volume de produção relati- vamente baixo e variedade média, ela pode escolher entre centro de trabalho e célula de produção. A seguir, você terá uma introdução sobre os tipos de processo produtivo. Projeto Neste tipo, o produto costuma ter alta variedade e baixo volume justamente por suas características principais. Por seu tamanho ou peso, o produto per- manece imóvel e são os agentes transformadores (trabalhadores e máquinas) que vão até ele e movimentam-se dentro dele para que suas atividades sejam realizadas. Prédios, navios, filmagens, entre outros, são exemplos de produtos que são feitos em um projeto. Centro de trabalho À medida que a variedade diminui e o volume aumenta, o processo produtivo passa a adaptar-se a esse tipo de produção. Em um centro de trabalho, as fun- ções e equipamentos se encontram em uma única área de modo que o produto passa pelas áreas de acordo com uma sequência lógica pré-determinada. Célula de produção Aqui, volume e variedade tendem a estar em equilíbrio em relação as quanti- dades. Conforme Jacobs e Chase (2009), as células de produção são formadas por áreas dedicadas à fabricação de produtos semelhantes com requisitos pro- cessuais similares. Elas executam tarefas que podem ser aplicadas a vários produtos da gama oferecida pela empresa. Linha de montagem Neste modelo, o volume de produção já ultrapassa a variedade. Os processos de produção seguem uma ordem mais restrita, sendo que as máquinas são mais especializadas e executam uma gama muito pequena de procedimentos. O maior exemplo desse tipo de processo é a linha de montagem criada por Henry Ford. 73Projeto do Processo Produtivo Processo contínuo Este último tipo apresenta o maior volume e a menor variedade possíveis. Os produtos que passam por esse tipo de processo produtivo devem seguir uma ordem ainda mais restrita que a da linha de montagem. Outra grande dife- rença é que o processo deve ser contínuo, ou seja, não deve (ou pelo menos faz-se todo o esforço para que não se tenha) ter qualquer tipo de interrupções. A produção de polímeros químicos, gasolina, energia elétrica, entre outros, são exemplos. O principal objetivo das linhas de montagem e dos processos contínuos é obter ga- nhos de escala. Ferramentas de controle Existem duas ferramentas muito importantes para o controle e gerenciamento de processos produtivos. Elas são o Gráfico de Gantt e o Método do Caminho Crítico (CPM). É claro que existem outras ferramentas que também são im- portantes para o gerenciamento de processos; por uma questão de simplici- dade de aplicação e de robustez de resultados que escolhemos essas duas para serem apresentadas a seguir. Gráfico de Gantt Conhecido também como gráfico de barras, ele mostra o tempo do projeto e a sequência das atividades que devem ser executadas. A Figura 4 mostra um exemplo de um gráfico de Gantt. Administração da produção74 Figura 4. Gráfico de Gantt. Fonte: Jacobs e Chase (2009, p. 43). O gráfico mostra o horizonte de tempo total do projeto dadas as atividadespropostas. É possível ver que as atividades “Compras de longo prazo” e “Pro- gramações de produção” podem ser iniciadas ao mesmo tempo, ou seja, são atividades simultâneas. Contudo, elas só podem ser iniciadas após o término da atividade “Assinatura de contrato”, ou seja, são condicionadas por essa ati- vidade. O gráfico de Gantt é uma forma de fácil interpretação das atividades, seus tempos e suas inter-relações. 75Projeto do Processo Produtivo O Método do Caminho Crítico (CPM) A sigla CPM vem do termo inglês Critical Path Method, cuja tradução li- teral é a que está no título da seção. Esse método consegue programar e gerenciar o projeto ao mostrar as atividades e seus tempos de realização. Ao colocar as atividades em um formato relacional, é possível determinar qual o caminho que levará o maior tempo e, portanto, não pode sofrer nenhum tipo de atraso, caso contrário o tempo de entrega de todo o projeto estará prejudicado. A Figura 5 mostra um exemplo. Figura 5. Exemplo de um CPM. Fonte: Jacobs e Chase (2009, p. 46). B(2) A(1) C(1) D(1) O gráfico mostra que existem 4 atividades (A, B, C e D). Para que o projeto seja finalizado, a atividade D precisa ser realizada. Essa atividade é precedida pelas atividades B e C, ou seja, a atividade D somente pode começar após o término das atividades B e C. O projeto inicia-se com a atividade A. Como é possível ver, existem dois caminhos possíveis (A-B-D e A-C-D). O caminho crítico é aquele determinado pelo caminho que tem a maior soma de tempo. Nesse caso, a sequência A-B-D é o caminho crítico dado que seu tempo total para término é de 4 unidades de tempo, enquanto a sequência A-C-D tem um tempo de 3. Assim, a empresa sabe que deve ter foco e cuidado para que a sequência A-B-D não sofra nenhum atraso, caso contrário o projeto inteiro também sofrerá atraso. A sequência A-C-D apresenta um conceito interessante. A diferença de tempo entre as duas sequências é de 1 unidade de tempo. À essa diferença dá-se o nome de tempo de folga. Isso significa que a atividade C teria uma “folga” caso ela venha a se atrasar em até 1 unidade de tempo. Administração da produção76 Projetos normalmente apresentam mais do que quatro atividades. Calcular o caminho crítico de um projeto mais amplo pode ser um desafio. 1. O que é um fluxograma? a) É uma representação gráfica de um conjunto de atividades. b) É um gráfico que representa o tempo de um projeto. c) É uma maneira de representar as atividades de um projeto e seus tempos de duração. d) É uma ferramenta que determina qual caminho de atividade é o que deve ter o maior foco. e) Nenhuma das anteriores. 2. Qual o significado do retângulo em um fluxograma? a) Direção de fluxo b) Decisão c) Atividade d) Transporte e) Armazenagem 3. O que é o Método do Caminho Crítico? a) É um método utilizado para determinar as atividades condi- cionantes. b) É um método utilizado para en- contrar o caminho crítico. Aquele que, se sofrer atraso, irá atrasar todo o projeto. c) É um método para representar graficamente as atividades e seus tempos de produção. d) É um método para determinar a quantidade de atividades que devem estar no projeto. e) É um método para representar graficamente um conjunto de atividades. 4. A melhor definição para um processo de Célula de Produção é: a) Os processos produtivos seguem uma ordem restrita. b) Os processos produtivos seguem uma ordem contínua. c) É caracterizado por alta variedade e baixo volume. d) É caracterizado por baixa varie- dade e alto volume. e) Áreas de produção dedicadas à fabricação de produtos seme- lhantes. 5. Entre as características listadas, marque qual delas diz respeito ao tipo de processo de Projeto. a) É caracterizado por média varie- dade e médio volume. b) É caracterizado por alta variedade e baixo volume. c) Os processos produtivos seguem uma ordem restrita. d) Áreas de produção dedicadas à fabricação de produtos seme- lhantes. e) Os processos produtivos seguem uma ordem contínua. 77Projeto do Processo Produtivo FLUXOGRAMA. [S.l.: s.n., 2016]. Disponível em: <http://fluxograma.net/fluxograma-de- -processo-como-fazer/modelo-de-fluxograma-de-processo>. Acesso em: 05 set. 2016. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração da produção e de operações: o essencial. Porto Alegre: Bookman, 2009. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. Rio de Janei- ro: Atlas, 2009. Leituras recomendadas ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. PAIVA, E. L.; CARVALHO JR., J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégia de produção e de opera- ções: conceitos, melhores práticas, visão de futuro. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. Administração da produção78 Conteúdo: