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da obrigação principal ou da obrigação acessória Não podem apresentar qualquer indício de confisco Possui limites de confisco bem mais elevados do que os fixados para os tributos Têm por objetivo principal arrecadar recursos para o Estado Visam a coibir e punir atos ilícitos Valores desprovidos de natureza tributária: • FGTS: Conforme entendimento doutrinário majoritário e precedente do Supremo Tribunal Federal, FGTS não possui natureza tributária (Súmula 353 STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS) • Pedágio: Sacha Calmon N. Coelho e Ricardo Lobo2 torres entendem que pedágio não possui natureza tributária, mas sim de preço público. 2 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro – São Paulo: Renovar. p. 9; COÊLHO, Sacha Calmon Navarro, Curso de Direito Tributário Brasileiro. 6ª edição. Rio de Janeiro, Forense, 2003. p. 427. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 6 Ocorre que existe pronunciamento do Supremo no sentido de que pedágio é uma espécie de taxa (RE 181.4753). 4 – FUNÇÕES DO TRIBUTO: • Fiscal, quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado. Ex. IRPF; • Extrafiscal, quando seu objetivo principal é a interferência do domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros; Ex. II, IE, IPI, etc • Parafiscal, quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. Ex. CREA, CRM, SESC, etc. 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS o Direto ou indireto: Se o tributo for pago pelo próprio contribuinte de direito (aquele que a lei atribui o encargo de calcular e recolher o tributo), fala-se em imposto direto, a exemplo do IPTU, do IRPF. Caso, ao contrário, o ônus do recolhimento do tributo for repassado pelo contribuinte de direito para outra pessoa, o chamado contribuinte de fato, identifica-se o tributo como indireto. Ex: o ICMS e o IPI. o Fixos ou variável: Fixos são aqueles cobrados a partir de um montante determinado que não se altera, independentemente do valor da mercadoria, serviço ou patrimônio tributado. Os variáveis, por seu turno, caracterizam-se pela fixação de uma alíquota incidente sobre uma base de cálculo, ainda que esta se altere. O imposto variável poderá ainda ser progressivo ou regressivo (art. 153, parágrafo 2.º, I, CF), cumprimento da função social da propriedade (art. 156, parágrafo 1.º, CF), ou produtividade rural (art. 153, parágrafo 4.º, CF). o Seletivos e não seletivos. O imposto é seletivo, quando a sua alíquota é aumentada ou diminuída em razão da essencialidade do bem. O 3 EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I.- Pedágio: natureza jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712, de 1988. III.- R.E. não conhecido. (STF - RE 181475/RS - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO - Julgamento: 04/05/1999 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação – DJ 25-06-99) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 7 imposto é não seletivo quando inexiste tal preocupação. Em regra, o ICMS é um imposto não seletivo. o Cumulativos e não cumulativos. O imposto cumulativo incide em várias fases de circulação do bem, não sendo considerado o valor que já incidiu nas fases anteriores. No imposto não cumulativo (é o caso do ICMS), em cada fase de circulação, há sua incidência sobre o valor que se agregou ao bem ou sobre o valor acumulado do bem, descontando- se, na última hipótese, o valor que já gravou as fases anteriores. o Pessoal ou Real: O imposto será considerado pessoal quando levar em conta a situação subjetiva do contribuinte, como a variação de renda. Já o imposto real, por sua vez, quando a incidência é indireta sobre a pessoa, adotando-se como base para a tributação uma situação relativa aos bens ou operação realizada (IPTU, IPVA, ITCMD, ICMS, etc.). 6– ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Impostos: Os impostos são tributos de caráter genérico que independem de qualquer atividade ou serviço do poder público em relação ao contribuinte. Está descrito no art 16 do CTN, deixando claro que se trata de tributo não vinculado a uma atuação estatal específica. Inclusive, sua vinculação é vedada, exceto para repartições constitucionais, aplicação na saúde e educação, administração tributária e operações de crédito por antecipação de receita (art. 167, IV, CF). Estão compreendidos na competência privativa de cada ente público, com atribuições para instituição definidas na Constituição. Taxas: A taxa pertence a competência comum da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, devendo notar que a pessoa jurídica de direito público que instituiu determinada taxa deve, necessariamente, ser competente para realizar a atividade vinculada ao respectivo fato gerador. Assim, cabe somente a União cobrar taxa sobre a fiscalização de entidades que operam no mercado financeiro (art. 21, VIII, CR/88); só o Estado pode cobrar taxa de incêndio, uma vez que a prevenção e extinção desses não se encontram deferidas à União ou ao Município; e compete ao Município Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 8 instituir taxa relativa aos serviços públicos de interesse local, como a taxa de coleta domiciliar de lixo (art. 30, V, CR/88). Observe a diferença entre taxa e preço público: TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA) Regime jurídico tributário (legal) Regime jurídico contratual Regime jurídico de direito publico Regime jurídico de direito privado Não há autonomia da vontade(cobrança compulsória) Decorre da autonomia da vontade do usuário (é facultativo) Não admite rescisão Admite rescisão Cobrança não proporcional a utilização Pagamento proporcional a utilização Sujeita aos princípios tributários(legalida de, anterioridade etc) Não sujeito aos princípios tributários Serviço uti singuli obrigatório Servico uti singuli facultativo Receita derivada Receita originaria O Fato Gerador da taxa está descrito no art.145, II, da CF e no art. 77 e 78 do CTN: Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 9 (i) exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia) ou (ii) na prestação, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível (taxa de serviço). O exercício do poder de polícia (taxa de polícia) Para Roque Antonio Carraza “compreende atividades dirigidas a procurar uma utilidade genérica aos cidadãos uti universi, sem possibilidade de distinguir a quantidade de utilidade que cada cidadão obtém”. Salienta Carraza que “o simples exercício do poder de polícia – tornamos a repetir – não enseja a cobrança de taxa de polícia. O que enseja tal cobrança é o desempenho efetivo da atividade dirigida ao administrado”4. Por exemplo: “É ilegítima a cobrança de taxa anualmente, a título de mera renovação, sem que haja procedimento de fiscalização” (STF - RREE 195788 e STJ – Resp. 236517) Quanto aos serviços públicos, a sua utilização pode ser efetiva ou potencial (quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento) e deverá obrigatoriamente ser: I - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas e III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Exemplos de taxas que foram declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal: Taxa de lixo (AI 636528/RJ); Taxa de Incêndio (AI