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Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 1 1 – CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO: é a ciência que estuda os princípios e normas que disciplinam a ação estatal de exigir tributos, preocupando-se com as relações jurídicas que, em decorrência da tributação, se estabelecem entre o fisco e os contribuintes. Em linhas gerais, o direito tributário é ciência que estuda os princípios e normas que disciplinam a ação estatal de exigir tributos, preocupando-se com as relações jurídicas que, em decorrência da tributação, se estabelecem entre o fisco e os contribuintes. O objetivo das normas, por sua vez, é reduzir os abusos praticados pelo Estado e eliminar qualquer sorte de privilégios infundados. Em outras palavras, o Direito Tributário tem por finalidade alcançar o equilíbrio entre partes que claramente não possuem a mesma grandeza. Nas palavras de Sacha Calmon Navarro Coelho, “o direito tributário regula e restringe o Poder do Estado de exigir tributos e regula os direitos e deveres dos contribuintes, isonomicamente. Seu objeto é a relação jurídica travada entre o Estado e o contribuinte.” 2 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Ao mesmo tempo em que a Constituição criou os direitos individuais, ela também sistematizou a forma do Poder de Tributar (aptidão de criar tributos), delimitando-o no intuito de assegurar os direitos dos contribuintes. Pode-se entender que o sistema tributário possui três níveis distintos de normas, são elas: • plano constitucional: as normas de competência - são as normas que, veiculadas pela própria Constituição, tratam da competência das pessoas políticas para criar e cobrar tributos (positivas e negativas). As imunidades tributárias e as competências tributárias estão previstas na CF/88. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 2 • plano da lei complementar: normas gerais de direito tributário - São normas que, na diretriz do art. 146 da CF, dispõem sobre conflitos de competência, regulam as limitações do poder de tributar e estabelecem as normas gerais em matéria de legislação tributária. Exemplo: Código Tributário Nacional, LC 116/03 (ISSQN), LC 87/96 (ICMS). • plano da legislação ordinária: normas de incidência – Trata-se da lei de cada um dos entes federativos que trazem a norma de incidência, ou seja, a norma que irá criar o tributo. Para Roque Carraza que a Constituição “apontou a hipótese de incidência possível, o sujeito ativo possível, o sujeito passivo passível, a base de cálculo possível e a alíquota possível, das varias espécies e subespécies de tributos. Em síntese, o legislador, ao exercitar a competência tributária, deverá ser fiel à norma-padrão de incidência do tributo, pré-traçada na Constituição”1. Em outras palavras, é a repartição do poder de tributar, constitucionalmente atribuída aos diversos entes públicos, de forma que um tenha o poder de instituir e arrecadar os tributos de sua exclusiva responsabilidade. Continua Roque Carraza que na verdade não se fala em Poder Tributário (incontestável, absoluto) mas sim competência tributária (disciplinada pelo Direito), com as seguintes características: a) privatividade; b) indelegabilidade; c) incadubilidade; d) inalterabilidade; e) irrenunciabilidade; f) facultatividade (LRF - obrigatoriedade). 1 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 483. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 3 Uma vez que a competência tributária é indelegável (art. 7º do CTN), apenas determinadas funções são transferíveis, como as de arrecadação ou de fiscalização, que passam de um órgão público para outro. Assim, a competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária. Contudo, não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. simples função de caixa, que é hoje atribuída aos estabelecimentos bancários. Por exemplo, é permitida a delegação do ITR, a qual foi prevista no art. 153, § 4º, III, da Constituição: “§ 4º - O imposto previsto no inciso VI (que é o ITR, de competência da União) do caput: III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Então, o que os Municípios poderão fazer? Fiscalizar e cobrar o ITR. Temos aqui delegação da capacidade tributária ativa. Espécies de competência: a) Competência legislativa plena: consiste no poder exclusivo da pessoa jurídica de direito público conforme indicada pela CF, de criar e arrecadar tributos, de acordo com o que dispõe o CTN, art. 6º. b) Competência comum a todos as esferas de governo (federal, estadual e municipal, e ainda o DF) se refere às taxas e às contribuições de melhoria. c) Competência residual possibilidade da União, por meio de Lei complementar, instituir outros impostos, desde que não sejam cumulativos e não possuam a mesma base de cálculo e o mesmo fato gerador de outros já previstos. É a determinação do art. 154, I, da CF. Diferença entre “BIS IN IDEM” e BITRIBUTAÇÃO: Bis in idem é quando o mesmo poder tributário competente tentar criar um imposto repetido sobre a mesma coisa. Ex. Estado cobra o IPVA, suponhamos que ele institua o IPAR – imposto sobre automóveis rodantes. A bitributação é a hipótese de dois entes políticos tentarem tributar a mesma situação jurídica. Ex. a União (ITR) e o Município (IPTU) tributam a mesma propriedade. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 4 3 – CONCEITO DE TRIBUTO: No artigo 3.º do Código Tributário Nacional está contida a definição de tributo: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Com a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer que, em circunstâncias extraordinárias, previstas em lei, é possível que o fisco aceite a satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido em moeda, por exemplo a dação em pagamento de bens imóveis. Tributo X Tarifa/Preço Público O fulcro do critério do discrímen está primeiramente no modo de nascimento da obrigação. Se se tratar de vínculo nascido da vontade das partes, estar-se-á diante de figura convencional (obligatio ex voluntate), mútuo, aluguel, compra e venda etc. Isto permite discernir a obrigação tributária das obrigações convencionais. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 37). Tributos X Multas X Indenizações Em outras palavras: o tributo não é sanção por violação de nenhum preceito, nem reparação patrimonial. Com estas delimitações é que se deve entender o conceito de tributo, adotado pelo direito constitucional brasileiro. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 37) O tributo não constitui sanção por ato ilícito, mas isso não quer dizer que seria vedada a tributação de valores oriundos da atividade ilícita. Por força da teoria do non olet, o Supremo Tribunal Federal entende que não importa se os rendimentos obtidos originaram- se de atividade ilícita, haverá a tributação (HC 37530). Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 5 Tributos Multas Prestação que não constitui sanção por ato ilícito Sanção por ato ilícito Obrigação de pagamento surge sempre em virtude da verificação, no mundo dos fatos (fato gerador) da situação hipoteticamente prevista em lei Pode decorrer do inadimplementoda obrigação principal ou da obrigação acessória Não podem apresentar qualquer indício de confisco Possui limites de confisco bem mais elevados do que os fixados para os tributos Têm por objetivo principal arrecadar recursos para o Estado Visam a coibir e punir atos ilícitos Valores desprovidos de natureza tributária: • FGTS: Conforme entendimento doutrinário majoritário e precedente do Supremo Tribunal Federal, FGTS não possui natureza tributária (Súmula 353 STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS) • Pedágio: Sacha Calmon N. Coelho e Ricardo Lobo2 torres entendem que pedágio não possui natureza tributária, mas sim de preço público. 2 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro – São Paulo: Renovar. p. 9; COÊLHO, Sacha Calmon Navarro, Curso de Direito Tributário Brasileiro. 6ª edição. Rio de Janeiro, Forense, 2003. p. 427. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 6 Ocorre que existe pronunciamento do Supremo no sentido de que pedágio é uma espécie de taxa (RE 181.4753). 4 – FUNÇÕES DO TRIBUTO: • Fiscal, quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado. Ex. IRPF; • Extrafiscal, quando seu objetivo principal é a interferência do domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros; Ex. II, IE, IPI, etc • Parafiscal, quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. Ex. CREA, CRM, SESC, etc. 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS o Direto ou indireto: Se o tributo for pago pelo próprio contribuinte de direito (aquele que a lei atribui o encargo de calcular e recolher o tributo), fala-se em imposto direto, a exemplo do IPTU, do IRPF. Caso, ao contrário, o ônus do recolhimento do tributo for repassado pelo contribuinte de direito para outra pessoa, o chamado contribuinte de fato, identifica-se o tributo como indireto. Ex: o ICMS e o IPI. o Fixos ou variável: Fixos são aqueles cobrados a partir de um montante determinado que não se altera, independentemente do valor da mercadoria, serviço ou patrimônio tributado. Os variáveis, por seu turno, caracterizam-se pela fixação de uma alíquota incidente sobre uma base de cálculo, ainda que esta se altere. O imposto variável poderá ainda ser progressivo ou regressivo (art. 153, parágrafo 2.º, I, CF), cumprimento da função social da propriedade (art. 156, parágrafo 1.º, CF), ou produtividade rural (art. 153, parágrafo 4.º, CF). o Seletivos e não seletivos. O imposto é seletivo, quando a sua alíquota é aumentada ou diminuída em razão da essencialidade do bem. O 3 EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I.- Pedágio: natureza jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712, de 1988. III.- R.E. não conhecido. (STF - RE 181475/RS - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO - Julgamento: 04/05/1999 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação – DJ 25-06-99) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 7 imposto é não seletivo quando inexiste tal preocupação. Em regra, o ICMS é um imposto não seletivo. o Cumulativos e não cumulativos. O imposto cumulativo incide em várias fases de circulação do bem, não sendo considerado o valor que já incidiu nas fases anteriores. No imposto não cumulativo (é o caso do ICMS), em cada fase de circulação, há sua incidência sobre o valor que se agregou ao bem ou sobre o valor acumulado do bem, descontando- se, na última hipótese, o valor que já gravou as fases anteriores. o Pessoal ou Real: O imposto será considerado pessoal quando levar em conta a situação subjetiva do contribuinte, como a variação de renda. Já o imposto real, por sua vez, quando a incidência é indireta sobre a pessoa, adotando-se como base para a tributação uma situação relativa aos bens ou operação realizada (IPTU, IPVA, ITCMD, ICMS, etc.). 6– ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Impostos: Os impostos são tributos de caráter genérico que independem de qualquer atividade ou serviço do poder público em relação ao contribuinte. Está descrito no art 16 do CTN, deixando claro que se trata de tributo não vinculado a uma atuação estatal específica. Inclusive, sua vinculação é vedada, exceto para repartições constitucionais, aplicação na saúde e educação, administração tributária e operações de crédito por antecipação de receita (art. 167, IV, CF). Estão compreendidos na competência privativa de cada ente público, com atribuições para instituição definidas na Constituição. Taxas: A taxa pertence a competência comum da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, devendo notar que a pessoa jurídica de direito público que instituiu determinada taxa deve, necessariamente, ser competente para realizar a atividade vinculada ao respectivo fato gerador. Assim, cabe somente a União cobrar taxa sobre a fiscalização de entidades que operam no mercado financeiro (art. 21, VIII, CR/88); só o Estado pode cobrar taxa de incêndio, uma vez que a prevenção e extinção desses não se encontram deferidas à União ou ao Município; e compete ao Município Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 8 instituir taxa relativa aos serviços públicos de interesse local, como a taxa de coleta domiciliar de lixo (art. 30, V, CR/88). Observe a diferença entre taxa e preço público: TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA) Regime jurídico tributário (legal) Regime jurídico contratual Regime jurídico de direito publico Regime jurídico de direito privado Não há autonomia da vontade(cobrança compulsória) Decorre da autonomia da vontade do usuário (é facultativo) Não admite rescisão Admite rescisão Cobrança não proporcional a utilização Pagamento proporcional a utilização Sujeita aos princípios tributários(legalida de, anterioridade etc) Não sujeito aos princípios tributários Serviço uti singuli obrigatório Servico uti singuli facultativo Receita derivada Receita originaria O Fato Gerador da taxa está descrito no art.145, II, da CF e no art. 77 e 78 do CTN: Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 9 (i) exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia) ou (ii) na prestação, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível (taxa de serviço). O exercício do poder de polícia (taxa de polícia) Para Roque Antonio Carraza “compreende atividades dirigidas a procurar uma utilidade genérica aos cidadãos uti universi, sem possibilidade de distinguir a quantidade de utilidade que cada cidadão obtém”. Salienta Carraza que “o simples exercício do poder de polícia – tornamos a repetir – não enseja a cobrança de taxa de polícia. O que enseja tal cobrança é o desempenho efetivo da atividade dirigida ao administrado”4. Por exemplo: “É ilegítima a cobrança de taxa anualmente, a título de mera renovação, sem que haja procedimento de fiscalização” (STF - RREE 195788 e STJ – Resp. 236517) Quanto aos serviços públicos, a sua utilização pode ser efetiva ou potencial (quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento) e deverá obrigatoriamente ser: I - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas e III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Exemplos de taxas que foram declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal: Taxa de lixo (AI 636528/RJ); Taxa de Incêndio (AI677891); Taxa de Sinistro (RE 403453). Mas já foi declarado inconstitucional a Taxa de Limpeza Pública por ser um serviço de natureza geral que se presta a servir a comunidade e não alguém em específico (AI 245539/RJ) Alerta-se que a taxa não poderá ter base de cálculo própria de impostos (art. 145, parágrafo 2.º, CF). Porém, é permitida a utilização desta base de cálculo como mero parâmetro de enquadramento: Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. 4 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 507. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 10 Súmula 595 STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural. ***Taxa do Lixo – Uma segunda discussão está na taxa do lixo. O STF já se manifestou sobre esse assunto e, em diversas ocasiões falou: a taxa do lixo é constitucional: AI 636528 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - RICARDO LEWANDOWSKI - Julgamento: 09/06/2009 -Primeira Turma - I - A taxa de coleta de lixo domiciliar - TCDL, instituída pela Lei Municipal 2.687/98, reúne os pressupostos da especificidade e divisibilidade. Legitimidade da cobrança. Precedentes do STF. II - Opostos embargos infringentes, o prazo para interposição de recurso extraordinário relativo à parte unânime fica sobrestado até a intimação da decisão dos embargos. O recurso extraordinário interposto anteriormente a esta publicação é extemporâneo, se não ratificado posteriormente. Precedentes do STF. III - Agravo regimental improvido. ***Taxa de limpeza pública: se for taxa do lixo vinculada única e exclusivamente à coleta dos resíduos, tudo bem, é constitucional porque específica e divisível, mas não podemos ter uma taxa do lixo que esteja vinculada a esse outro serviço de natureza geral que se presta a servir a comunidade, como a taxa de limpeza pública: STF - AI 245539 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - ILMAR GALVÃO - Julgamento: 14/12/1999 -Primeira Turma - EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. ILEGALIDADE DA TAXA DE COLETA DE LIXO E LIMPEZA PÚBLICA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Tributo vinculado não apenas à coleta de lixo domiciliar, mas também à limpeza de logradouros públicos, hipótese em que os serviços são executados em benefício da população em geral (uti universi), sem possibilidade de individualização dos respectivos usuários e, conseqüentemente, da referibilidade a contribuintes determinados, não se prestando para custeio mediante taxa. Impossibilidade, no caso, de separação das duas parcelas. Agravo regimental improvido. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 11 ***Taxa de Incêndio: TAXA DE COMBATE A INCÊNDIO – INADEQUAÇÃO CONSTITUCIONAL. Descabe introduzir no cenário tributário, como obrigação do contribuinte, taxa visando a prevenção e o combate a incêndios, sendo imprópria a atuação do Município em tal campo. (RE 643247, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-292 DIVULG 18-12-2017 PUBLIC 19-12-2017) ***Taxa de Sinistro: E MENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE DECISÃO MONOCRÁTICA E COM INTUITO MODIFICATIVO. CONHECIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO. TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO. IPTU. TAXA DE LIMPEZA. TAXA DE COMBATE A SINISTRO. VALIDADE DA ÚLTIMA EXAÇÃO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Segundo jurisprudência desta Corte, é constitucional a Taxa de Combate a Sinistros, tal como instituída na espécie. (RE 403453 ED, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe-074 DIVULG 18-04-2011 PUBLIC 19-04-2011 EMENT Contribuições de Melhoria: A arrecadação de recursos financeiros para cobrir os custos da obra é o seu objeto. A fórmula linguística utilizada pela Constituição de 1988 para tratar das contribuições de melhoria é muito limitada. Dela derivam duas premissas: a) relação entre a melhoria observada e a realização de uma obra pública. b) Valorização Imóvel Regulam a instituição e cobrança das contribuições de melhoria os arts. 81 e 82 do Código Tributário Nacional, além do Decreto-Lei n. 195, de 1967, Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 12 já mencionado. Importa destacar a existência de dois limites para a cobrança do tributo: a) limite total ou global é o custo da obra (ou despesa realizada) e o b) limite individual é o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Entende-se que a contribuição de melhoria ao ser cobrada deve respeitar o menor destes valores. Dito isso, podemos concluir que as contribuições de melhoria são tributos vinculados, contudo, diferentemente do que ocorre com as taxas, a vinculação não tem relação com um serviço público prestado pelo Estado, mas sim com a realização de uma obra pública que cause valorização de imóveis. Empréstimos Compulsórios: Prevê o artigo 148 da Constituição que a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ou no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. O parágrafo único do artigo em comento dispõe que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Os principais traços identificadores do empréstimo compulsório como espécie tributária própria são a restituibilidade, a causalidade e a destinação vinculada. Desse modo, pode-se dizer que, consoante à previsão constitucional, são quatro os requisitos para a instituição do empréstimo compulsório: • instituição por lei complementar; • ocorrência das situações urgentes descritas no referido art. 148; a) atender despesas extraordinárias nos casos de calamidade pública ou guerra externa (inclusive sua iminência) ou b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. • destinação legal dos recursos às despesas que deram origem à criação do tributo; e Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 13 • previsão legal para a restituição, pois o empréstimo compulsório é um ingresso de recursos temporários em favor do Estado. Contribuições Sociais: • Contribuição da seguridade social (art. 195 CF) • Outras contribuições sociais (residual – art. 195 § 4º CF) • Contribuições sociais gerais (art. 149 CF – SESC, SESI, salário educação) • Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE – art. 149 CF) • Contribuições corporativas (CREA, SINDICAL – art. 149 CF) ***A União possui competência exclusiva para instituir contribuições sociais, conforme fixa o art. 149 da Constituição. As únicas ressalvas, previstas no mesmo artigo, consistem: a) na instituição de contribuições previdenciárias para custeio dos sistemas de previdência e assistência social dos servidores dos Estados, Distrito Federal e Municípios e b) na criação da contribuição para o custeio da iluminação pública por parte dos Municípios e do Distrito Federal. Assim como nos empréstimos compulsórios, o que distingue cada uma das contribuições especiais das demais espécies tributárias é o destino do produto da arrecadação. O fato gerador da obrigação, por sua vez, poderá ser vinculado ou não a uma atividade estatal específica, logo, as contribuições especiais, a depender do disposto nas leis instituidoras, poderão ter “natureza” de taxa ou de imposto. Nas contribuições sociais,o destino será o financiamento da seguridade social (CF/88, art. 195, caput). Nas contribuições de intervenção no domínio econômico, por sua vez, o produto arrecadado será utilizado pela União em prol do melhor funcionamento de determinado setor da economia, a exemplo da CIDE-Combustível, prevista expressamente no art. 177, § 4º, da CF/88, como forma de regulação e desenvolvimento do setor de combustíveis. Por fim, as contribuições de interesse das categorias Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 14 profissionais ou econômicas servirão ao custeio dos sindicatos de trabalhadores e empregadores. A competência para criação das contribuições sociais, de interesse das categorias profissionais ou econômicas e de intervenção no domínio econômico será exclusiva da União (CF/88, art. 149, caput), ressalvada a hipótese do artigo 149, § 1º, CF/88, segundo o qual os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. A criação das contribuições, em regra, se dará por meio de lei ordinária. Serão instituídas por lei complementar as contribuições sociais residuais, conforme regra prevista no artigo 195, § 4º, da CF/88. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 15 SÍNTESE: ***Características da CIDE: • A Cide somente poderá ser instituída e cobrada pela União, com caráter interventivo e nunca arrecadatório. • Na vigente Constituição, a livre iniciativa da atividade econômica é regra, sendo a intervenção somente possível em casos excepcionais; A interpretação das normas pertinentes à instituição da Cide deve ser feita restritivamente; a) transitoriedade ou temporariedade da cobrança (até que desapareça a situação que motivou a instituição); b) existência da necessidade de controle e/ou de intervenção (pressuposto necessário); Espécies Pessoas competentes Constituição Contribuições sociais gerais União Art. 149 Cont. Previdenciária União Art. 195 CIDE União 149 Contribuição Corporativa União 149 Contribuição Previdenciária União. 195 Contribuição Previdenciária Residual União 195 §4º Contribuição para o custeio do regime previdenciário dos seus servidores União, Estados, Distrito Federal e Municípios Art. 149, § 1º Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública Distrito Federal e Municípios Art. 149-A Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 16 c) vinculação da receita exclusivamente para aplicação na intervenção (o que afasta o caráter arrecadatório da sua instituição); d) materialidade do fato gerador (vinculada a um fato econômico objeto da intervenção; e e) os contribuintes somente podem ser aquelas pessoas vinculadas à atividade econômica objeto da intervenção (sujeito do verbo que constitui a materialidade do FG). ***COSIP (art. 149-A CF): Nos termos do artigo 149-A da Constituição, acrescido pela EC 39/2002, os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. O parágrafo único do dispositivo em comento estabelece que é facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Trata-se, em verdade, de subespécie de contribuição especial, de forma que à Contribuição de Iluminação Pública aplicar-se-ão praticamente todos os ensinamentos acima listados. A característica principal da Contribuição de Iluminação Pública é o destino do produto da arrecadação, qual seja, o custeio do serviço municipal de iluminação pública. Além disso, só poderão ser criadas por leis ordinárias, municipais ou distritais (CF/88, art. 149-A, caput). 7 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR. 7.1 - Imunidades tributárias: São proibições absolutas para a realização de certas situações jurídicas ou a produção de certos efeitos jurídicos. No campo tributário, as imunidades de impostos estão concentradas no art. 150, inciso VI da Constituição. Ali, podemos encontrar: Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 17 a) imunidade recíproca (Art. 150 alínea "a" e §§ 2o. e 3º CF.). Vedação dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. Lembre-se que a imunidade em tela não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com exploração de atividade econômica reguladas pelo direito privado ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Essa imunidade além da Administração Direta, também alcança as Autarquias e Fundações (Art. 150 § 2º). O STF decidiu, por exemplo, que o Município de São Paulo é imune ao IOF em suas aplicações financeiras: RE 233497 / SP - SÃO PAULO Relator: Min. MOREIRA ALVES Órgão Julgador: Primeira Turma EMENTA: IOF. Aplicação de recursos de Prefeitura Municipal no mercado financeiro. Imunidade do art. 150, VI, "a", da Constituição Federal. - Esta Primeira Turma, ao julgar o RE nº 196.415, que versava hipótese análoga à presente, assim decidiu: "TRIBUTÁRIO. IOF. APLICAÇÃO DE RECURSOS DA PREFEITURA MUNICIPAL NO MERCADO FINANCEIRO. IMUNIDADE DO ART. 150, VI, "A", DA CONSTITUIÇÃO. À ausência de norma vedando as operações financeiras da espécie, é de reconhecer-se estarem elas protegidas pela imunidade do dispositivo constitucional indicado, posto tratar-se, no caso, de rendas produzidas por bens patrimoniais do ente público. Recurso não conhecido." Recurso extraordinário não conhecido. Autarquias e Fundações: O § 2º do art. 150 da CF estende a imunidade recíproca ao patrimônio, à renda e aos serviços das autarquias e das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados às suas finalidades essenciais ou sejam delas decorrentes. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 18 Prestadora de Serviço Público: • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos equiparam-se a autarquias e, por isso, gozam da imunidade recíproca (RE 424.227, em que foi relator o Min. Carlos Velloso) • “A jurisprudência do STF entende que a sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida pela imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea a do inciso VI do art. 150 da CF.” (RE 631.309-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 27-3-2012, Segunda Turma, DJE de 26-4-2012.). • “As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da CF.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 16- 12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão geral.) • A Infraero, empresa pública prestadora de serviço público, está abrangida pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da Constituição. (ARE 638.315-RG, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, julgamento em 9-6-2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com repercussão geral). O § 3º do art. 150 da CF estabelece que a imunidade recíproca não se aplica ao patrimônio relacionado com a exploração de atividade econômica regida pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. b) imunidade sobre templos religiosos (alínea "b" e § 4o.). Vedação dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades mantenedoras de templos de qualquer culto. Direito Tributário | Helton Kramerfocusconcuros.com.br 19 Súmula 724 STJ. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. Maçonaria - A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV - Recurso extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida. (RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-245 DIVULG 13-12-2012 PUBLIC 14-12-2012) Contribuinte de direito: “A imunidade prevista no art. 150, VI, c, do Diploma Maior, a impedir a instituição de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, está umbilicalmente ligada ao contribuinte de direito, não abarcando o contribuinte de fato.” (RE 491.574-AgR, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 21-8-2012, Primeira Turma, DJE de 6-9-2012.) Ensino de línguas: “O ensino de línguas estrangeiras caracteriza-se como atividade educacional para aplicação da imunidade tributária (art. 150, VI, c, da Constituição). A distinção relevante para fins de aplicação da imunidade tributária é o conceito de ‘atividade assistencial’, isto é, a intensidade e a abrangência da prestação gratuita ou altamente subsidiada do ensino da língua inglesa a quem necessitar.” (RMS 24.283-AgR-segundo, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 21-9-2010, Segunda Turma, DJE de 8-10-2010.) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 20 Colônia de férias: "Sindicato. Colônia de férias. Inexistência de imunidade tributária por não ser o patrimônio ligado às finalidades essenciais do sindicato. Recurso extraordinário: descabimento." (RE 245.093-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-11-2006, Primeira Turma, DJ de 7-12-2006.) c) Vedação dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços relacionados com as finalidades essenciais dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei (art. 14 do CTN): requisitos descriminados pelo art. 14 do CTN: a) não distribuam qualquer parcela de seu patrimônio ou de sua rendas, a titulo de lucro ou participação no seu resultado; b) apliquem integralmente, no pais, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais .c) mantenham escrituração de sua receitas e despesas em livros e revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. A imunidade também vai ser aplicada quando o imóvel funciona como escritório ou residência para membros da instituição de educação ou de assistência social (RE-221395 / SP - Julgamento: 08/02/2000) A imunidade também vai alcançar as entidades, como SESC, SENAC, SESI, etc (RE-116188 / SP - Julgamento: 20/02/1990). A cobrança de estacionamento no interior da propriedade das entidades imunes, não desmitifica a imunidade.( RE-144900 / SP - Julgamento: 22/04/1997) Previdência: Súmula 730 STF: “A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 21 previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.” d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Segundo Roque Antonio Carrazza, a alusão ao papel da imprensa possui uma explicação histórica: “O governo, durante o Estado Novo, impedia que os jornais de oposição recebessem papel de imprensa. Esta pratica arbitraria teria inspirado o Constituinte de 1946 a proibir que as pessoas políticas tributassem, por via de imposto, o papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros”. O STF entende que essa imunidade pode ser estendida a filmes e ao papel fotográfico, utilizados na impressão de livros, jornais e periódicos, mas não para os equipamentos e outros insumos utilizados (Súmula 657 STF) As listas telefônicas são também imunes (RE-101441 / RS) Até mesmo álbum de figurinhas e apostilas foram considerados imunes (RE 221239/SP A publicação de anúncios e publicidade em jornais é imune ao imposto sobre serviços de qualquer natureza (RE 91662/SP) ***Livro eletrônico: O STF definiu que a imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o livro digital (e-book). TESE DA REPERCUSSÃO GERAL. Em relação ao tema nº 593 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet, foi aprovada a seguinte tese: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.” (RE 330817, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 22 08/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 30-08-2017 PUBLIC 31-08-2017) e) Incentivo musical Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI - instituir impostos sobre: ... e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) f) ouro como ativo financeiro e cambial – (ICMS 153 § 5º CF, 155 §2º. X, c, CF) g) imóveis rurais pequenos e os destinados a reforma agrária (art. 153 § 4º CF) h) ITBI: não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; (art. 156, § 2º I CF) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 23 7.2 - Princípios Constitucionais Tributários Legalidade: Garante que nenhum tributo será instituído, nem aumentado, a não ser através de lei; CF/88 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Entende-se que o art. 97 do Código Tributário Nacional é exaustivo na enumeração das matérias reservadas ao tratamento por lei: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua basede cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 24 § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. . Prazo de Pagamento: Interessantes decisões do Supremo Tribunal Federal, permitindo a alteração do prazo de pagamento do tributo por decreto (RE 182.971 e RE 193.531), sem ofensa à legalidade. Base de cálculo IPTU: “Somente por via de lei, no sentido formal, publicada no exercício financeiro anterior, é permitido aumentar tributo, como tal havendo de ser considerada a iniciativa de modificar a base de cálculo do IPTU, por meio de aplicação de tabelas genéricas de valorização de imóveis, relativamente a cada logradouro, que torna o tributo mais oneroso. (RE 234.605, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 8-8-2000, Primeira Turma, DJ de 1º-12-2000.) Lei Complementar: Em regra, a lei a ser utilizada para criação de tributo é a ordinária, exceto: : A) imposto sobre grandes fortunas B) competência residual C) empréstimos compulsórios D) normas gerais em matéria de legislação tributaria E) regular limitações constitucionais ao poder de tributar etc Exceções: a constituição Federal também prevê exceções à reserva a lei formal, ou seja, pode-se alterar a alíquota (e não a base de cálculo), do tributo nos limites da lei, dos seguintes tributos: • Imposto de Importação – II • Imposto de Exportação – IE • Imposto sobre Operações Financeiras – IOF • Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI • CIDE combustíveis • ICMS combustíveis Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 25 Anterioridade: Disposto na alínea “b” do inciso III do artigo 150 da Constituição Federal, trata-se de princípio exclusivamente tributário. De acordo com esse princípio, a lei que cria ou majora (aumenta) determinado tributo, ao entrar em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando, só então, produzirá todos os seus efeitos próprios. Clausula Pétrea: Em uma de suas mais importantes decisões, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que o princípio da anterioridade constitui garantia individual do contribuinte, não podendo ser subtraído ou afastado nem por emenda à constituição (ADIN 939). Na oportunidade, a Emenda 3, de 1993, foi declarada inconstitucional ao tentar viabilizar a cobrança do IPMF, estabelecendo nova exceção ao princípio da anterioridade, ainda no ano de 1993. CF/88 - Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... III - cobrar tributos: ... b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) ***Exceções ao princípio da anterioridade: (Art. 150 § 1º CF): • Imposto de importação; • Imposto de exportação; • Imposto sobre produtos industrializados; • Imposto sobre operações financeiras; • Impostos extraordinários de guerra; • Empréstimos compulsórios somente aqueles instituídos em caso de guerra externa ou sua iminência e em caso de calamidade pública; Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 26 • Contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195 § 6º CF). • CIDE combustíveis – art. 177, § 4º, I, b, CF • ICMS combustíveis – art. 155, § 4º IV, c, CF Súmula 669 STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. ***Principio Anterioridade Nonagesimal: nenhum tributo poderá ser exigido antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b (anterioridade). Exceção: Emp. Compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; Imposto de importação; Imposto de exportação; Imposto de renda; Imposto de operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; impostos extraordinários de guerra. fixação de base de cálculo: propriedade de veículos automotores. propriedade predial e territorial urbana Prorrogação de alíquota “TRIBUTÁRIO. ICMS. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA. PRORROGAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRAZO NONAGESIMAL (ARTIGO 150, III, C, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei paulista 11.601/2003. 2. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já aplicada anteriormente. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido para possibilitar a prorrogação da cobrança do ICMS com a alíquota majorada.” (Supremo Tribunal Federal. RE 584100 / SP - SÃO PAULO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 25/11/2009 Órgão Julgador: Tribunal Pleno) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 27 O art. 104 do CTN e o Principio da Anterioridade “Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I – que instituem ou majoram tais impostos; II – que definem novas hipóteses de incidência; III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no art. 178”. Há de se ressaltar que o ultimo julgamento do STF entendeu-se que a revogação de isenção se equipara a criação ou a majoração de tributo, sendo apenas a dispensa legal do pagamento de exação já existente, de forma que o tributo volta a ser imediatamente exigível, sendo aplicável o principio da anterioridade . Irretroatividade: a lei tributária só vale em relação a fatos geradores ocorridos depois do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Apresenta-se como exceção ao princípio o art. 106 do CTN e a súmula 584 STF: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 28 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Súmula 584 STF: "Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração". Isonomia: a lei, em princípio não deve dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente; Segundo SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO, "... o princípio da igualdade da tributação impõe ao legislador: (a) discriminar adequadamente os desiguais, na medida de suas desigualdades; (b) não discriminarentre os iguais, que devem ser tratados igualmente"5. capacidade contributiva: o tributo deve ser cobrado de acordo com as possibilidades de cada um, tratar os desiguais de modo desigual; Art. 145. ... ... § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 5 COELHO. Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário. 5a. Edição. Forense. Pág. 328 Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 29 termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte Existe duas correntes doutrinárias a respeito do princípio: • Cap. contributiva subjetiva - aptidão individual de determinado contribuinte para concorrer com os gastos públicos. O Fisco verifica no cálculo geral qual a riqueza da pessoa, pessoa física ou jurídica e cobra pelo que possui. • Cap. contributiva objetiva - revela-se com o próprio bem. O sistema para o qual interessa o fato a ser tributado, individualizado. Ex.: quem tem Ferrari presume-se que supostamente deve pagar imposto (IPVA). Para o Estado não interessa se a pessoa tem condição financeira de pagar imposto. Para Roque Carrazza no Brasil a Capacidade contributiva é absoluta. Predomina a objetiva (absoluta) porque mesmo no Imposto de Renda não há uma consideração individual, mas as manifestações de riqueza como objetos. As manifestações de riquezas são fatos individuais. Meios de exteriorização do princípio da capacidade contributiva: • Seletividade: IPI: Art. 153...§ 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; ICMS: Art. 155...§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; • Proporcionalidade • Progressividade: IR: Art. 153...§ 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; ITR: Art. 153...§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; IPVA: Art. 155...§ 6º O imposto previsto no inciso III: II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. IPTU: § 1º Sem Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 30 prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II6, o imposto previsto no inciso I poderá: I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel vedação do confisco: o tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco; O problema reside na definição do conceito, na delimitação da ideia, como limite a partir da qual incide essa vedação. Neste ponto, somente o exercício doutrinário e jurisprudencial, atento aos casos concretos e a evolução legislativa, poderá firmar parâmetros mais precisos para o disposto no art. 150, inciso IV da Lei Maior. A Constituição Federal não prevê a aplicação deste princípio às multas, só ao fenômeno jurídico da incidência. Contudo, o artigo 5º da Constituição traz a intangibilidade do direito de propriedade, o que gera o não confisco por multas Esta última premissa foi consagrada pelo Supremo Tribunal Federal no reconhecimento da inconstitucionalidade da contribuição previdenciária dos servidores públicos federais no absurdo patamar de 25% (vinte e cinco por cento) (ADInMC 2.010). Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela aplicação do princípio às multas ou penalidades tributárias no percentual de 300% (trezentos por cento) sobre o valor da mercadoria no caso de não emissão de nota fiscal no ato de venda (ADInMC 1.075). Hugo de Brito Machado abordando o princípio constitucional do não confisco, sustenta que em relação aos impostos incidentes sobre o patrimônio, o melhor critério para indicar o caráter confiscatório é a renda provável que o bem tributado pode 6 Art. 182...§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 31 gerar. então: "Se o imposto tiver alíquota superior à renda que se pode razoavelmente esperar seja produzida pelo patrimônio, sobre o qual incide, será confiscatório. Por outro lado, um imposto com alíquota inferior àquele limite, mesmo que o contribuinte, por inabilidade como administrador, ou por qualquer outro motivo, não aufira renda para o respectivo pagamento, e tenha por isto de privar-se de parte de seu patrimônio, não será considerado confiscatório." Andrei Veloso, citando Klaus Tipke, identifica que um tributo será confiscatório quando: a) inviabiliza o desenvolvimento das atividades empresariais; b) absorve todos os rendimentos do patrimônio e do trabalho; c) sacrifício da própria substância do patrimônio; d) priva cidadão dos meios necessários de sua substância; e) imposto de sucessão esvazia o direito sobre a herança7 Uniformidade geográfica: O tributo da União deve ser igual em todo território nacional, sem distinção entre os Estados. CF/88: Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 7VELLOSO, Andrei Pitten. Constituição Tributária interpretada. São Paulo: Atlas, 2008, p. 163. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 32 Liberdade de tráfego: O princípio tratado no art. 150, inciso V da Constituição veda a fixação pelo legislador de limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. Segundo Hugo de Brito Machado, "isto não significa devam ser as operações interestaduais imunes a qualquer tributação. O que não pode haver é agravamento do ônus tributário pelo fato de ser interestadual, ou intermunicipal, a operação." (Curso de Direito Tributário. 21a. Edição. Malheiros. Pág. 245). A Constituição de 1988, ainda no art. 150, inciso V, ressalvou expressamente a possibilidade de cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público: “150... V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;” Resumo das exceções aos princípios LEGALIDA DE ANTERIORID ADE ANT. NONAGESIMA L II II II IE IE IE IPI IPI IR IOF IOF IOF CIDE combustíve is Emp. Comp. (Guerra e calamidade) Emp. Comp. (Guerra e calamidade)ICMS combustíve is Imposto extraordinário Imposto extraordinário Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 33 8 – NORMAS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO Instrumentos primários: são instrumentos que podem inovar no ordenamento jurídico, conforme prescreve o art. 59 da CF/88. Instrumentos secundários: ao contrario do anterior, este não pode inovar no ordenamento, apenas regular o que disciplina nos instrumentos primários. são os atos administrativos normativos, como decretos, regulamentos, atos, instruções, circulares, portarias, ordens de serviço, etc.; incluem-se ainda, os costumes administrativos e os convênios entre órgãos estatais. (CTN art. 100). ***Diante da prescrição do art. 151, III da CF/88,8 é possível a União Federal, por meio de tratado internacional, conceder isenção de tributos estaduais e municipais? O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF. RE 229096 / RS. Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO. Julgamento: 16/08/2007) 8 Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. CIDE combustíveis Fixação BC do IPTU e IPVA ICMS combustíveis Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 34 Legalidade estrita: as matérias previstas no art. 97 CTN somente podem ser definidos em lei. Seria a aplicação da reserva legal. Em resumo, a lei tributária deve se abster de dar indicações genéricas, devendo definir “in abstracto” todos os elementos relevantes do tributo, a saber (art. 97 do CTN): • Sujeito ativo – a quem pagar • Sujeito passivo – quem deve pagar • Fato gerador • Prestação - objeto - obrigação – dar (quanto deve se pagar) ou fazer (obrigação acessória). • Base de cálculo + Alíquota + Multa ***Não engloba correção monetária e prazo para recolhimento – RE 172.394/SP ****As Resoluções do Senado Federal: É extremamente importante conhecer os casos em que o Senado Federal tem competência para tratar, mediante resolução, de matéria tributaria de interesse dos estados e do distrito federal. São eles: 1) No que concerne ao IPVA (CF, art. 155, §6º, I), o Senado fixará (obrigatoriamente) as alíquotas mínimas. 2) Quanto ao ITCMD, o Senado fixará (obrigatoriamente) suas alíquotas máximas (CF, art. 155, §1º, IV): 3) No tocante ao ICMS, o Senado detém três competências distintas: a) Estabelecer, obrigatoriamente, com iniciativa do Presidente da Republica ou de um terço dos senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as alíquotas aplicáveis as operações interestaduais e de exportação (CF, art. 155, §2º, IV). Com o advento da Emenda Constitucional Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 35 42/2003, a imunidade das exportações ao ICMS passou a abranger todas as mercadorias. b) Estabelecer, facultativamente, com iniciativa de um terço dos Senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as alíquotas mínimas aplicáveis as operações internas (CF, art. 155, §2º, V, “a”). c) Estabelecer, facultativamente, com iniciativa da maioria absoluta dos Senadores e aprovação de dois terços deles, as alíquotas máximas aplicáveis as operações internas. ***Tratados e Convenções Internacionais: Os tratados e as convenções internacionais tem grande importância no direito tributário interno, tendo em vista sua posição hierárquica; • Status de Emenda Constitucional – quando versar sobre direitos humanos e for aprovado por 3/5 (art. 5 § 3º CF) • Status de supralegalidade – versarem sobre direitos humanos e aprovados por maioria simples antes de 88; • Status de Lei Complementar – aprovados em matéria tributária e desde que seja tratados lei e não tratados contrato (art. 98 CTN e Resp 426.945/PR) • Status de Lei ordinária – regra geral ***Diante da prescrição do art. 151, III da CF/88,9 é possível a União Federal, por meio de tratado internacional, conceder isenção de tributos estaduais e municipais? 9 Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 36 EMENTA: O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição (STF. RE 229096 / RS. Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO. Julgamento: 16/08/2007) As Normas Complementares O artigo 100 do CTN10 enumera as normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: Os Atos Normativos Expedidos pelas Autoridades Administrativas: Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas editadas pelos servidores da administração tributária que visam a detalhar a aplicação das normas que complementam. Da mesma forma, a portaria ministerial pode fundamentar a edição de uma Instrução Normativa pelo Secretario da Receita Federal, desde que esta Instrução Normativa não contrarie as regras constantes da Portaria, e assim por diante. • Decreto regulamentar: para fiel execução de leis, não pode extravasar, não cria. Competência privativa dos chefes dos executivos.. No âmbito federal, vide art. 84, IV da CF/88 (RIPI, RIR, RICMS, RISS, etc.) • Instruções ministeriais: para o fim de promover a execução de leis, decretos e regulamentos que digam respeito à pasta dos ministros de estado. 10 “Ementa: .... V. As normas complementares do Direito Tributário são de grande valia porquanto empreendem exegese uniforme a ser obedecida pelos agentes administrativos fiscais (art. 100 do CTN). Constituem, referidas normas, fonte do Direito Tributário porquanto integrantes da categoria ‘legislação tributária’ (art. 96 do CTN).....” (STJ. REsp 460986/PR. Rel.: Min. Luiz Fux. 1ª Turma. Decisão: 06/03/03. DJ de24/03/03, p. 151.) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 37 • Circulares: ordenação uniforme do serviço administrativo, visam setores específicos com o fim de orientar agentes cometidos de atribuições especiais. • Portarias: consubstanciam regras gerais ou individuais que um superior edita para serem observadas por seus subalternos. • Ordens de serviço: autorizações ou estipulações concretas, para um determinado tipo de serviço a ser desempenhado por um ou mais agentes. • Outros atos estabelecidos pelas autoridades administrativas: pareceres administrativos e decisões de órgãos singulares ou colegiais, que quando reiteradamente convergentes, aplicam-se, com força normativa. As Decisões dos Órgãos Coletivos e Singulares de Jurisdição Administrativa a que a Lei atribua Eficácia Normativa: A Constituição Federal prevê a aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa tanto aos processos judiciais quanto aos administrativos. Como conseqüência, é obrigatória aos entes administrativos a criação de um órgão administrativo ao qual os contribuintes e responsáveis possam direcionar sua impugnações quando entenderem ser indevida qualquer imposição da administração tributaria. A título de exemplo, na esfera federal existem as Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ, que já foram órgãos singulares – quando então a competência para julgar era deferida com exclusividade ao Delegado de Julgamento. Hoje, as DRJ podem ser consideradas órgãos coletivos, visto que os julgamentos são realizados por turmas compostaspor cinco auditores-fiscais da Receita Federal. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 38 As Praticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades Administrativas: O principio da legalidade é muito rígido em direito tributário. Uma das conseqüências dessa rigidez é a interpretação extremamente restritiva que se deve dar ao art. 100, III. Ao falar em “praticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas”, o legislador abriu espaço, é verdade, para a utilização dos usos e costumes como normas complementares em matéria tributaria. Todavia, os usos e costumes aqui admitidos são aqueles meramente interpretativos, jamais podendo inovar em matérias sujeitas a reserva de lei ou, ainda com mais razão, derrogar disposições legais. Vigência, aplicação e integração Vigência: CTN - Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do art. 116. - Aplicação Prospectiva: Significa que a legislação nova não alcança os fatos já concluídos antes do inicio da sua vigência. - Aplicação Imediata: Significa que a legislação nova alcança os fatos pendentes, ou seja, aqueles que já tiveram início, mas ainda não estão concluídos. Vigência Espacial: A regra fundamental aqui é a territorialidade. “Art. 102. A legislação tributaria dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no Pais, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União”. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 39 CTN - Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados11 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado12: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CTN - Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará, sucessivamente, na ordem indicada: I. a analogia; II. os princípios gerais de Direito Tributário; III. os princípios gerais de direito público; IV. a eqüidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. 11 STF: admite a existência de leis interpretativas, desde que voltadas a esclarecer preceitos da legislação, não havendo vulneração ao princípio da separação funcional do poder (Vide ADI MC 605/DF, Rel. Min. Celso de Mello, pleno, DJU 05/03/1993) - Ricardo Lobo Torres: “A lei interpretativa retroage (art. 106, I, CTN), pois tem eficácia meramente declaratória. Não cria direito novo nem tributo, senão que apenas fixa o sentido da norma tributária preexistente. (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 12 ed, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 117). 12Tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se considera como encerrada a Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou não de Embargos à Execução, procedentes ou não. (STJ – Resp. 200.781/RS – julg. 12/06/2001) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 40 § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Princípios gerais do direito privado Utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários (Art. 109 CTN). Ao mesmo tempo em que a lei tributária não pode alternar a definição e o conteúdo jurídico do direito privado, conforme art. 110 CTN: CTN - Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. CTN - Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Interpretação É a busca do significado de uma norma. Quando se escreve CASA, o cabe ao intérprete desvendar se a casa será no sentido tradicional, feito de material sobre o solo, ou um barco que serve de casa, ou até mesmo um trailer. I - Interpretação quanto à fonte (ou quanto ao agente que a realiza): a) Pública. b) Privada. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 41 II - Interpretação quanto à natureza (ou meios adequados à sua exegese): a) gramatical; b) histórica; c) teleológica; d) lógico-sistemática. III - Quanto à extensão (ou resultados da exegese): • declarativa: o enunciado da interpretação coincide com o da lei. Não há necessidade de estender o pensamento da lei a casos não previstos ou restringi-los mediante a exclusão de casos inadmissíveis; • extensiva: o intérprete da norma conclui que o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos; • restritiva: quando o legislador escreveu mais do que realmente pretendia, utilizando expressões mais amplas que o seu pensamento. Meios de Interpretação: • Gramatical: é investigado antes de tudo o significado gramatical das palavras usadas no texto legal em exame; • Histórica: o sentido da norma é buscado com o exame da situação a que a mesma se refere através dos tempos; investiga-se o direito anterior; • Sistemático: é procurado o sentido da regra jurídica, verificando a posição em que a mesma se encarta no diploma legal e as relações desta com as demais regras no mesmo contidas; • Teleológico: é emprestado maior relevância al elemento finalístico, busca o sentido da regra jurídica, tendo em vista o fim para o qual foi ela elaborada. Pode ser ainda: autêntica, doutrinária, jurisprudencial, lógica, de direito comparado, extensiva e restritiva. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 42 ***Deverá haver interpretação literal (art. 111 CTN): d) suspensão ou exclusão do crédito tributário; e) outorga de isenção; f) dispensa do cumprimento de obrigações tributarias acessórias. ***Interpretação benigna – “pro contribuinte”: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Domicílio tributário REGRA: ELEIÇÃO DO DOMICÍLIO: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no territórioda entidade tributante. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 43 § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. 9 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Hipótese de incidência tributária REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA (Paulo de Barros Carvalho) HIPÓTESE (descritor) Critério material ser proprietário de propriedade territorial; Critério espacial Curitiba Critério temporal 01/01/2018 CONSEQÜÊNCI A (prescritor) Critério pessoal a) sujeito ativo; (Ctba) b) sujeito passivo; (Fulado) Critério quantitativo a) alíquota (2,5%) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 44 b) base de cálculo (valor venal) O antecedente da norma há de significar, sempre, “a descrição normativa de um evento que, concretizado no nível das realidades materiais, fará irromper o vínculo abstrato que o legislador estipulou na consequência”. Chamaremos referido evento, quando abstratamente previsto na lei, de hipótese tributária ou hipótese de incidência. Verificada, no mundo dos fatos, a situação descrita no antecedente, que desencadeia a relação jurídica contida no consequente, falaremos em fato jurídico tributário ou fato gerador. Em outras palavras, o antecedente da regra matriz de incidência nada mais é do que uma situação em que alguém, em dados momento (critério temporal) e lugar (critério espacial), pratica uma conduta (critério material) apta a gerar a obrigação de pagar um tributo. O aspecto material diz respeito apenas a um comportamento; tal comportamento, salientemos desde já, será condicionado pelas circunstâncias de tempo e espaço. Além disso, a conduta em comento deve ser representada sempre por um verbo pessoal e de predicação incompleta, o que implica necessariamente a existência de um complemento. . É o aspecto temporal da regra matriz que determina a partir de que momento surgirá o dever jurídico de pagar o tributo; em outras palavras, o aspecto temporal determina o exato instante ao qual se reportam os efeitos da obrigação tributária. No exemplo citado anteriormente, o aspecto temporal da regra matriz do IPVA é a data de 1º de janeiro de cada ano. O aspecto espacial da regra matriz de incidência está relacionado ao “local em que o fato deve ocorrer, a fim de que irradie os efeitos que lhe são característicos13”. 13 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 253. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 45 Enquanto o antecedente da norma tributária está relacionado à descrição objetiva do fato, o consequente da norma diz respeito à relação jurídica decorrente da conduta praticada em determinados tempo e local. Como consequência da hipótese tributária, alguém será obrigado a pagar a algum ente da Federação determinada quantia em dinheiro. O aspecto subjetivo da regra matriz de incidência aponta os sujeitos da relação jurídica constante do consequente da norma. Quando se fala em aspecto subjetivo está-se falando tanto da pessoa obrigada ao pagamento do tributo quanto do ente público credor da referida obrigação. O sujeito ativo da obrigação, nos termos do CTN, é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento (CTN, art. 119), enquanto o sujeito passivo da obrigação é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (CTN, art. 121). O aspecto quantitativo da regra-matriz relaciona-se ao cálculo do montante do tributo a ser pago pelo sujeito passivo e há de vir expresso pela conjugação de 2 (duas) entidades: alíquota e base de cálculo. Em resumo, o aspecto quantitativo define precisamente a dívida tributária. A base de cálculo é grandeza integrante do aspecto quantitativo que, além da função de – conjugada à alíquota – definir o quantum a ser pago pelo sujeito passivo da obrigação tributária, possui outras 2 (duas) missões de grande relevância, quais sejam: a) medir as proporções reais do fato jurídico tributário14 e; b) confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro aspecto material da descrição contida no antecedente da norma15. A alíquota, por sua vez, é o componente aritmético que se conjuga à base de cálculo para determinar a quantia objeto da prestação tributária, podendo assumir 2 (duas) feições: a) um valor monetário, fixo ou variável e; b) uma fração, percentual ou não. A alíquota do IPVA, por exemplo, é um percentual incidente sobre o valor do veículo; tal valor é fixado por lei do Estado competente para sua instituição. 14 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 324. 15 Idem, p. 325. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 46 Obrigação Tributária: A relação tributária surge da ocorrência de um fato previsto em uma norma como capaz de produzir esse efeito; a lei descreve um fato e atribui a este o efeito de criar uma relação entre alguém e o Estado. Obrigação principal: tem por objeto, o pagamento de tributo, tem sempre conteúdo patrimonial. (art. 114 CTN: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência). Obrigação Acessória: decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos (art. 113, § 2º CTN). Paulo de Barros Carvalho entende que em ao invés de obrigações acessórias seriam deveres instrumentais. E para Ives Gandra Martins, seria obrigação administrativa. Podendo segundo a linguagem do CTN, se não paga, virar obrigação principal. Classificação do Fato Gerador: a) Instantâneo: quando ocorre num dado momento no tempo, através de um ato ou fato que o caracteriza e faz nascer a obrigação tributária. Ex. IE. b) Periódico: no caso em que sua configuração prolonga-se no tempo até completar-se. Ex. IR. c) Continuado: é representado por uma situação que se prolonga no tempo. Ex. IPTU. • do direito aplicável (Art. 117 CTN). Ex. registro do imóvel Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 47 Momento da ocorrência do Fato Gerador: Art. 116 do Código Tributário Nacional que, salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos (nascimento da obrigação tributária): • situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. ex. entrada da mercadoria em território brasileiro. Exemplo: saída de mercadoria do estabelecimento comercial • situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável (Art. 117 CTN). Ex. registro do imóvel Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; (ex. casamento, compromisso de compra e venda) II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. (retrovenda) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 48 Validade do negócio jurídico e efeitos tributários: Art. 118. A definição legal do
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