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Bioquímica da digestão - FINAL

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Bioquímica da digestão – PCI 2- 02/10/2020
1) Explique o mecanismo de ação do omeoprazol para tratamento de acidez estomacal.
As células parietais são responsáveis por secretar ácido através de uma estrutura chamada bomba de prótons (bomba proto-potássio-atpase, que é justamente o alvo da ação do omeprazol. O medicamento irá se ligar às bombas de prótons, provocando assim a sua inativação promovendo a entrada de prótons para o lúmen e saída de potássio do interior do lúmen. Tal fator propicia a redução da produção de ácido, tendo em vista que ATPase é a responsável pela formação de HCl no estômago, dessa forma, a inativação das células parietais do estômago pelo omeprazol é capaz de reduzir a produção de ácido em até 95%, motivo pelo qual esse fármaco tem sido o medicamento de eleição para o tratamento das doenças gástricas relacionadas com a acidez.
2) Orlistat (Xenical) é um fármaco utilizado no tratamento da obesidade, cuja função principal é prevenir a absorção de gorduras da dieta, reduzindo a quantidade de calorias absorvidas. O uso de Orlistat é geralmente acompanhado de complexo multivitamínico, contendo vitamina D, E, A e beta-caroteno, duas horas ANTES de tomar o Orlistat.De acordo com seus conhecimentos sobre a digestão de lipídeos, diga qual é o alvo molecular do xenical e justifique a sua utilização no tratamento de obesidade. O que vc pensa acerca da eficiência da utilização deste medicamento a longo prazo ?
O Orlistat (xenical) é um medicamento seu efeito anti-obesidade cujo atua através da inibição de uma enzima pancreática chamada lipase, tendo sua ação terapêutica ocorrendo no lúmen gástrico e intestino delgado através de uma ligação covalente. Ele age através de uma inibição potente e de ação prolongada, inibindo especificamente as lipases gastrointestinais. Sua ligação covalente é estabelecida com o local ativo da serina das lipases gástricas e pancreáticas. Dessa forma, a enzima se encontrará em sua forma inativada o que impedirá a realização da hidrólise da gordura proveniente da alimentação (triglicerídeos) em ácidos graxos livres e monoglicerídeos absorvíveis, havendo assim, a grande eliminação de gordura através das fezes. O uso a longo prazo desse fármaco poderá acarretar a diminuição da absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) devido a inibição da lipase atuante sobre a gordura proveniente da alimentação, dessa forma, isso explica o uso de orlistat geralmente associado com um complexo multivitamínico.
3) Qual a principal função dos sais biliares na digestão de lipídeos da dieta? O que é a bile secundária e como ela é formada ? Podemos creditar diferenças individuais na absorção de lipídeos a bile secundária ? Explique
A principal função dos sais biliares é emulsificar as gorduras no intestino delgado.
Os sais biliares são produzidos pelo fígado de forma que os primários agem na mesma conformação em que são produzidos, enquanto os secundários são modificados por bactérias que estão na flora intestinal em ácidos biliares secundários litocólico e desoxicólico a partir de uma desidroxilação. São responsáveis pela quebra de gordura (possuem uma estrutura anfipática, ou seja, um lado interage com a gordura e outro lado com a água, funcionando como detergente) contribuindo para solubilizar colesterol, facilitar a digestão de triacilglicerol e a absorção de vitaminas lipossolúveis. Após ser utilizada nos intestinos, a maioria dos sais biliares é reabsorvida.
Como a bile secundária é modificada por bactérias presentes da flora intestinal, haverá diferenças na absorção de lipídeos de um indivíduo a outro, já que a microbiota intestinal depende de fatores como nutrição, sistema imunológico, genética, probióticos e prebióticos e até mesmo meio ambiente.
A microbiota benéfica auxilia a digestão e absorção dos nutrientes, produz vitaminas que são utilizadas pelo hospedeiro e diminui, por competição exclusiva e/ou liberação de substâncias, a proliferação de agentes patogênicos. Esta microbiota nativa produz ácidos graxos de cadeia curta e ácido lático. Esses ácidos orgânicos diminuem o pH da excreta, favorecendo a inibição das bactérias patogênicas e estimulando a proliferação dos enterócitos. Com isso pode ocorrer uma melhoria nas estruturas e integridade das células, aumentando a capacidade de absorção dos nutrientes e consequente melhora no desempenho. Já as bactérias patogênicas causam inflamação na mucosa intestinal, geram metabólitos tóxicos, e propiciam o aparecimento de enfermidades, como é o caso da Salmonella, E. coli, Clostridium, Staphylococcus, Pseudomonas.
4) O intestino é o principal órgão responsável pela digestão final e absorção dos produtos das macromoléculas da dieta. Porém, as secreções intestinais praticamente não contém enzimas. Como e onde se dá a digestão final de pequenos polissacarídeos e proteínas em monossacarídeos e aminoácidos livres no intestino?
A maior parte desta digestão ocorre no lúmen do duodeno e jejuno, sob a influência do suco pancreático, tendo a digestão quase completa na porção do íleo terminal. No intestino delgado, a enteropeptidase, em pH neutro, ativa o tripsinogênio modulando-o á tripsina que, por sua vez, promove a ativação das outras propeptidases do suco pancreático. Ocorre, então, a hidrólise luminal de proteínas e polipeptídios, produzindo aminoácidos livres e peptídeos de cadeias menores. Esses últimos produtos sofrem hidrólise pelas peptidases da borda em escova, no jejuno proximal (interior dos enterócitos), resultando em aminoácidos livres que são trans- portados através da membrana basolateral. Os sistemas de acoplamento de aminoácidos com o sódio presentes na membrana basolateral, realizam o transporte desses aminoácidos do interstício, para o citosol dos enterócitos.
A absorção de di, tri e tetrapeptídeos se dá através de um contransportador dependente do gradiente de potencial eletroquímico de H+ através da membrana luminal de enterócitos.
O contratransportador eletrogênico Pep-T1 situado no túbulo proximal do néfron, é o responsável pelo influxo de peptídeos para o enterócito. Este transportador utiliza o gradiente de pH gerado pelo contratransporte Na+/H+ que move H+ para o meio intracelular por transporte ativo secundário em acoplamento com o influxo de Na+. Dessa forma, os peptídeos são absorvidos mais rapidamente que os aminoácidos livres e a carga resultante dos aminoácidos é quem determina o transporte via membrana basolateral e na membrana luminal.
Bibliografia
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