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TICS 11 / 2020-1 / 4° P / MEDICINA ALUNO: DYEFFERSON HENRIQUE JACOBSON ABDOMEN AGUDO CONCEITO Síndrome dolorosa abdominal aguda que leva o doente a procurar um médico ou serviço de emergência e requer tratamento imediato clínico ou cirúrgico. Se não tratado, evolui com piora dos sintomas e progressiva deterioração do estado geral. CLASSIFICAÇÃO: · Inflamatório (apendicite, colecistite, DIP, diverticulite, pancreatite...). · Obstrutivo. · Perfurativo (principal causa: ulcera péptica perfurada). · Vascular/isquêmico. · Hemorrágico (sangue livre na cavidade – principal causa: gravidez tubária rota). ABDOMEN AGUDO INFLAMATÓRIO · Dor é o principal sintoma; média intensidade, insidiosa, acentua-se progressivamente; · Mal definida no início e localiza-se posteriormente. · Intervalo entre o início do sintoma e procura de atendimento é longo. · Pode haver febre, sinais de infecção, sepse. · Febre não é obrigatória!!!! E costuma ser tardia. ETIOLOGIA Principal causa de abdômen agudo inflamatório APENDICITE AGUDA. · Outras causas: colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite, doença inflamatória pélvica. APENDICITE AGUDA CONCEITO · Apêndice localiza-se na base do ceco, na confluência das tênias. · Vascularizado pela artéria apendicular (ramo da ileocecocólica que é ramo da mesentérica superior). · Sua ponta tem posições variáveis diferente clínica. · Posição mais comum: retrocecal (intraperitoneal) · Pode estar paracólico, pélvico, retrocecal, retroileal. EPIDEMIOLOGIA: · Mais comum no sexo masculino. · Pico na 2ª e 3ª décadas. · Mortalidade: 0 a 1,2%. Morbidade: até 20%. FISIOPATOLOGIA: · Obstrução da luz do apêndice. · Fecalito, hiperplasia linfoide, corpo estranho, tumores, parasitas, bário. FASES: · Fase inflamatória/edematosa · Fase supurativa/purulenta/fibrinosa. · Fase gangrenosa/necrótica. · Fase perfurativa. DIAGNÓSTICO: · Clínica: · Anorexia/hiporexia; · Dor epigástrica, mal definida, que se localiza posteriormente em FID; · Náuseas; · Vômitos; · Febre baixa. · Exame físico: · Hiperestesia cutânea. · RHA diminuídos. · Posição antálgica. SINAIS CLÁSSICOS: · Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca do ponto de McBurney. · Sinal de Rovsing: palpação do QIE causa dor no QID. · Sinal de Dunphy: dor à percussão do ponto de McBurney; dor ao tossir. · Sinal de Lapinsky: dor quando eleva o membro inferior direito estendido e palpa o ponto de Mcburney. · Sinal de Sloan: quando segura a perna levantada e palpa o ponto de Mcburney com dor. · Sinal de Summer: hiperestesia cutânea. · Sinal do Psoas: dor à extensão da coxa direita sobre o quadril contra a resistência em decúbito lateral esquerdo. · POSITIVO QUANDO O APENDICE É RETROPERITONEAL***. · Sinal do obturador: dor à rotação interna do quadril direito flexionado em DDH. · Positivo quando apêndice está na pelve. · Sinal de Marco Aurelio: percussão do calcâneo com dor referida no abdômen. Ponto de Mcburney: linha entre a cicatriz umbilical e espinha ilíaca anterossuperior. · Dividir em 3 partes. Entre a parte medial e a parte lateral é o ponto de Mcburney. EXAMES · Laboratoriais: · Leucocitose moderada com neutrofilia. · Leucograma normal, mas com desvio à esquerda. · Urina I normal (leucocitúria? Hematúria?). · Raios X: · Dados indiretos (dx diferencial). · Nível hidroaéreo em FID. · Apagamento dos psoas e gordura pré-peritoneal. · Imagem do fecalito. · Escoliose antálgica. · Pneumoperitonio (raríssimo). · USG: · Excelente meio de diagnóstico! · Diferencial com doenças ginecológicas. · O que o USG vê: · Apêndice não compressivo > 6mm diâmetro. · Presença de apendicolito; · Interrupção da continuidade ecogênica da submucosa; · Liquido ou massa periapendicular; · Dor à compressão do transdutor. *USG NORMAL NÃO EXCLUI APENDICITE. · TC: · Melhor exame. · Mas não precisa fazer em todos os casos; quadros duvidosos, atípicos. · Critérios tomográficos: · Apendice distendido e espessado > 6mm. · Aparencia em halo ou alvo. · Abscesso periapendicular/coleções líquidas. · Borramento da gordura mesentérica. · Presença de fecalito. TRATAMENTO: · Cirúrgico – apendicectomia. · Não perfurada: ATB profilático (cefoxitina 1 dose). · Perfurado/abscesso: ATB amplo espectro: · Cefalosporina 3ª + metronidazol. · Ampicilina + aminoglicosídeo + metronidazol. ABDOMEN AGUDO OBSTRUTIVO CONCEITO Obstrução intestinal acontece quando a propulsão e a passagem normais do conteúdo intestinal não ocorrem. EPIDEMIOLOGIA: · 2ª afecção aguda mais frequente do abdômen. · Obstrução do delgado mais frequente do que o cólon. · Delgado muito mais longo. · Causa mais comum de obstrução: BRIDAS/ADERÊNCIAS. OBS: Quando a obstrução é no colón, a causa mais comum é TUMOR. Brida/aderência não causa obstrução no cólon. CAUSAS: · Extrínseca: · Bridas/aderências. · Hérnias de parede. · Volvo. · Hérnia interna. · Compressão. · Intussuscepção. · Intrínseca: · Tumor. · Corpo estranho. · Cálculo biliar. · Cálculo ileobiliar – fístula entre bile e delgado. · Bezoar. · Bolo áscaris (criança; mais raro hoje em dia). · Estenoses inflamatórias (Doença Chron). FISIOPATOLOGIA: · Obstrução distensão. · Vômitos e sequestro de líquido desidratação choque, IRA. · Aumento da pressão intraluminal pode levar a isquemia necrose perfuração. CLASSIFICAÇÃO QUANDO À LOCALIZAÇÃO DO ABDÔMEN OBSTRUTIVO: · Alta. · Acima da válvula ileocecal. · Baixa. · Abaixo da válvula ileocecal. DIFERENÇA NA CLÍNICA: · Obstrução alta: · Vômitos precoces e parada de eliminação de flatos e fezes tardiamente. · Menos distensão abdominal. · Alcalose metabólica (vômitos elimina suco gástrico, ácido alcalose metabólica). · Obstrução baixa: · Vômitos tardios e parada de eliminação de flatos e fezes precoce. · Mais distensão abdominal. · Acidose metabólica (não vomita; está perdendo líquido para a luz do intestino, com bicarbonato acidose metabólica). CLASSIFICAÇÃO – SIMPLES VS COMPLICADA: · Simples: não tem isquemia. · Dor tipo cólica, sem irritação peritoneal. · Complicada: isquemia e necrose. · Peritonite, leucocitoses, febre, taquicardia, hipotensão, choque... HISTÓRIA CLÍNICA: · Dor em cólica com períodos de melhora. · Distensão abdominal. · Náuseas e vômitos. · Parada de eliminação de gases e fezes. · Sinais de desidratação. · Diarreia paradoxal. · Fezes que estavam já ali antes. · Antes da parada de eliminação de fezes. OBS: Quando inicia sofrimento de alça dor continua, leucocitose, temperatura maior 37,8, taquicardia, mal estado geral. EXAME FÍSICO: · Timpanismo. · Palpação: flácido, doloroso difuso. · RHA aumentados (metálicos) no início, diminuídos ou ausentes depois. · Toque retal (essencial): tumor, fezes, sangue. RAIO-X CARACTERÍSTICO: · Distensão. · Edema de parede de alça. · Níveis hidroaéreos escalonados. · Rx em pé. · Empilhamento de moedas (delgado). · Rx deitado. · Alça em luta (válvulas). · Velamento da pelve. · Fecaloma. · Pneumoperitonio (quando tem perfuração). TRATAMENTO Clínico: · Posso escolher tratamento clínico se for BRIDAS (sem peritonite, obstrução alça fechada). · Evita formação de novas bridas. · Tto clínico: · Sonda nasogástrica. · Hidratação. · Analgesia. · Reavaliações seriadas. · Se não melhorar cirurgia. Cirúrgico: · Obstrução mecânica de tumores. · Sinais de complicação. · Obstrução em alça fechada. REVISÃO: · Brida: principal causa. · Classificação Alta/baixa (válvula ileocecal). · Clínica. · Radiografias (empilhamento moedas, edema parede alça, níveis hidroaéreos). · Tratamento: clínico (bridas; sem complicação), cirurgia. · Volvo (sinal do grão de café, U, bico pássaro): posso tentar manobra por colonoscopia. ABDOMEN AGUDO PERFURATIVO CAUSAS ABDÔMEN AGUDO PERFURATIVO: · Úlcera péptica. · Divertículos de cólon. · DII (Chron – pois pega todas as camadas). · Corpo estranho. ÚLCERA PÉPTICA – MAIS IMPORTANTE: · Duodenal: geralmente parede posterior. · Já que é posterior, leva mais a quadro de hemorragia aguda. · Gástrica: geralmente anterior. · Perfura mais. CLÍNICA: · Dor SÚBITA e INTENSA, difusão precoce no abdômen. · Podemocorrer náuseas e vômitos reflexos. · Intervalo curto entre sintomas busca de atendimento. EXAME FÍSICO: · Peritonite difusa (descompressão positiva em todo abdômen). · Abdomen em tábua. · Sinal de Jobert: · Perda da macicez hepática pneumoperitônio. · OBS: Porém, não é patognomonico. · Posição antálgica: imóvel. · RHA diminuídos ou ausentes devido peritonite. RADIOGRAFIA: · Tórax: raio-x com pneumoperitônio. · Se paciente não fica em pé, faz decúbito lateral esquerdo com raios horizontais: ar se acumula na parte de cima da radiografia. Sinal de Rigler - raio-x abdômen: · Desenhado das alças muito bem delimitado, esbranquiçado. · Desconfiar de pneumoperitonio. TOMOGRAFIA: · Não é muito boa para ver pneumoperitonio. · Janela de pulmão no abdômen: · Muda a tonalidade ( esbranquiçar) e vê se gás ainda aparece. TRATAMENTO: · CIRURGIA. · Trata apenas a perfuração ULCERORRAFIA. · Depois, trata clinicamente a ulcera (IBP + erradicação H. pylori). · Realiza gastrectomia apenas quando desconfia de câncer. ABDOMEN AGUDO VASCULAR / ISQUÊMICO CONCEITO: · Obstrução do fluxo sanguíneo intestinal. · Abdômen agudo vascular = isquemia mesentérica. INSUFICIÊNCIA VASCULAR INTESTINAL: · Aguda: infarto intestinal. · Crônica: angina abdominal. ETIOLOGIA: · Embolia da artéria mesentérica superior (50%). · Quem pode jogar o êmbolo: o coração (cardiopatas, fibrilação atrial, endocardite, valvulopatias). · Isquemia não oclusiva (20 a 30%). · Vasoconstrição devido choque hipovolêmico, uso de drogas vasoativas... · Trombose da artéria mesentérica (15 a 20%). · Trombo se forma na artéria mesentérica. · Trombose da veia mesentérica (5%). CARACTERÍSTICAS DA DOR: · Dor súbita e intensa, mal localizada (podem ser em cólica e surda). · Persistente e progressiva. · Intervalo curto entre sintomas e procura do atendimento. OBS: Abdômen agudo que causa dor súbita: perfurativo, vascular, hemorrágico. DESPROPORÇÃO ENTRE CLÍNICA E O EXAME FÍSICO. · Muita dor; poucos achados no exame físico abdominal. DIAGNÓSTICO: · Náuseas e vômitos reflexos. · Parada de eliminação de gases e fezes. · RHA diminuídos ou ausentes. · Distensão abdominal progressiva. · Desidratação importante. · Hipotensão e choque. · Se necrose com posterior perfuração peritonite. · Leucocitose intensa, desvio à esquerda. · Acidose metabólica. · Toque retal: · Isquemia da mucosa descamação. · Sanguinolento geleia de framboesa. EXAMES COMPLEMENTARES: · Radiografia: · Dd de outras doenças. · Achados relacionados a complicações tardias: · Impressões digitiformes. · Pneumatose intestinal. · Aeroportograma. · Tomografia: · TC com contraste venoso. · Sinais indiretos: · Edema de alças. · Espessamento do mesentério em focos hemorrágicos. · Aeroportograma. · ARTERIOGRAFIA (dx e terapêutica). · Confirmar ou excluir obstrução da mesentérica. · Ostrução total do óstio da MAS: sinal do menisco. · Possibilidade de tratamento. · Complicações de punção e insuficiência renal (devido contraste). TRATAMENTO: · Quando não há necrose/peritonite: · Embolia arterial embolectomia (arteriografia). · Trombose arterial revascularização. · Trombose venosa anticoagulação. · Isquemia não oclusiva papaverina. · Necrose/peritonite: · Laparotomia com ressecção das áreas inviáveis. · Problema: quando tem muita isquemia, leva a sd de intestino curto. RESUMO: · Principal causa: embolia da art mesentérica superior. · Desproporção entre clinica e exame físico. · Toque retal e acidose metabólica. · Arteriografia. · Cirurgia precoce. ABDOMEN AGUDO HEMORRÁGICO CONCEITO: · Abdômen agudo hemorrágico = sangue livre na CAVIDADE ABDOMINAL. · Diferente de hemorragia digestiva, onde o sangue está dentro da luz (ex.: úlcera aguda hemorrágica). · Lembrar que trauma NÃO É ABDOMEN AGUDO. ETIOLOGIA: · Gravidez ectópica rota (principal). · Cisto ovariano rota. · Aneurismas rotos. · Qualquer artéria. · Mais comum: aneurisma de artéria esplênica. · Rotura de tumor hepático (quem mais rompe é o adenoma). OBS: Abscesso ovariano roto abdômen INFLAMATÓRIO. Não é sangue. CLÍNICA E EF: · Dor de início súbito e difusão precoce. · Choque hipovolêmico***. · Sinais de peritonite são tardios (sangue irrita menos). · Abdômen maciço (líquido na cavidade). EPÔNIMOS: · Sinal de Laffont: · Sangue livre na cavidade irrita nervo frênico dor referida no ombro direito. · Sinal de Kehr: · Dor referida na escápula devido irritação do nervo frênico. EXAMES COMPLEMENTARES: · USG: · Para avaliar se há líquido livre na cavidade. Outras formas de avaliar: · Abaulamento do fundo de saco posterior. · Pode puncionar esse fundo com culdocentese (especular). · Hb/Ht. · Beta-HCG. TRATAMENTO: · Cirúrgico – laparotomia mediana. · Emergência!
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