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Doenças do aparelho digestivo

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Semiologia Médica II Eduarda Alves – Medicina, LI 
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Abdome agudo 
O Toda condição dolorosa no abdome, em geral de início 
súbito que requeira uma decisão rápida seja ela clínica ou 
cirúrgica. 
Classificação 
O Síndrome inflamatória. 
O Síndrome perfurativa. 
O Síndrome hemorrágica. 
O Síndrome oclusiva. 
Todas essas síndromes possuem indicação potencial de 
intervenção cirúrgica imediata ou a curto prazo. 
Síndrome inflamatória 
Sintomatologia: 
O Dor precedida por desconforto, localizada no início, 
podendo evoluir para a generalização. 
O Mal-estar, náuseas ou vômitos. 
O Febre contínua, inferior a 38°C, podendo elevar com a 
evolução. 
Principais patologias: 
O Apendicite aguda. 
O Colecistite aguda. 
O Pancreatite aguda. 
O Abcesso subfrênico. 
O Diverticulite cólica. 
Apendicite aguda 
O Causa mais comum de abdome agudo. 
O Maior incidência em adolescentes e adultos jovens. 
O Agentes mais frequentes: E. coli, Klebisella, Enterobacter 
(gram-negativos), Streptococcus faecalis (gram-positivo). 
Anamnese: 
O Pródomos em alguns casos: flatulência, constipação ou 
diarreia e anorexia. 
O Início do quadro: dor de pequena intensidade na região 
epigástrica. 
 
 
 
 
 
O Evolução: dor com irradiação para fossa ilíaca direita, onde, 
posteriormente, torna-se localizada. Torna-se mais 
acentuada, contínua, intensificando-se com movimentos. 
O Podem surgir náuseas e vômito. 
Exame físico 
Inspeção: normal no início ou com abaulamento quando 
plastrão (bolsa de isolamento formada pelo peritônio visceral, 
é um mecanismo de defesa do peritônio, sinal de que o quadro 
já é mais complexo) 
Ausculta: normal no início ou ruídos ausentes se perfuração 
ou peritonite 
O Temperatura retal 1ºC acima da temperatura axilar. 
Palpação: dor na fossa ilíaca direita. 
O Defesa voluntária evoluindo à contratura. 
O Quando há contratura intensa, indica peritonite. 
Percussão: dolorosa no ponto de McBurney. 
Sinais que podem estar positivos: 
O Sinal de Blumberg 
O Sinal do psoas: quando há irritação do músculo pelo 
processo inflamatório. 
O Sinal do obturador: quando há comprometimento desse 
músculo pelo processo inflamatório. Nesse caso o paciente 
refere dor em hipocôndrio. 
O Sinal de Rovsing: trazer o conteúdo de dentro da alça 
intestinal retrogradamente. Ao chegar no ângulo hepático, 
pode haver dor, levando à hipótese de apendicite. 
 
Ponto de McBurney 
 
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Febre: moderada ou alta, se houver perfuração. 
Variações da localização e da dor 
Apêndice retrocecal: a dor pode ser referida no dorso. 
Manobras utilizadas: 
O Manobra do psoas. 
O Manobra do obturador 
Complicações 
O Perfuração. 
O Peritonite generalizada. 
O Plastrão. 
O Obstrução. 
Em casos de perfuração e peritonite generalizada, ocorre 
abdome em tábua. 
Exames complementares 
O Leucocitose (10.000 a 20.000). 
O Hemossedimentação discretamente elevada – importante 
no diagnóstico diferencial de pelviperitonites, nas quais os 
valores estão 2 a 3x maiores. 
O Raios X – nível hidroaéreo na região cecal, alça sentinela, 
presença de fecalito, pneumoperitônio. 
O Ultrassonografia – aumento do diâmetro do apêndice e da 
espessura da parede, líquido livre e linfadenomegalia 
mesentérica. 
O Tomografia computadorizada – realizada quando os 
apêndices não podem ser visualizados. 
Diagnóstico diferencial 
O Gastroenterite. 
O Salpingite aguda. 
O Torção de cisto ovariano. 
O Ovulação 
O Gravidez ectópica rota 
O Ileíte de Chron. 
O Adenite mesentérica 
O Diverticulite de Meckel 
O Psoíte. 
Colecistite aguda 
Predomínio: pacientes obesos, acima de 40 anos, sexo 
feminino (4:1) 
Predisponentes: obesidade, gravidez múltipla, diabetes, 
distúrbios pancreáticos, hipotireoidismo e doenças hemolíticas. 
O Em 93% dos casos é litiásica 
 
Germes mais comuns: E. coli, Streptococcus não hemolítico, 
Klebsiella, Proteus e anaeróbios. 
Fisiopatologia 
Obstrução → pressão intra-biliar → isquemia da parede biliar 
→ proliferação bacteriana → formação de pus e 
sangramento intra-biliar → desconjugação dos sais biliares → 
ácidos biliares lesivos à mucosa → necrose → perfuração. 
Anamnese 
O Inicialmente a dor é do tipo cólica, no epigástrio ou 
hipocôndrio direito com irradiação para dorso ou para 
região da escápula direita. 
O Evolui com dor parietal fixa no HD por mais de 6h. 
O Náuseas e vômitos. 
O Febre de 38°C a 39°C 
O Icterícia se houver edema acometendo o colédoco. 
O Procurar saber sobre litíase biliar prévia. 
Exame físico 
Inspeção: paciente em posição antálgica, imóvel, com 
respiração superficial, entrecortada e sudoreico. 
Ausculta: normal 
Percussão: dor em HD. 
Palpação: hiperestesia cutânea nos dermátomos equivalentes 
a T8 e T9, defesa voluntária, dor à palpação local e sinal de 
Murphy positivo em 65%. 
Complicações 
O Supuração 
O Perfuração: peritonite biliar, abcesso sub-hepático 
O Íleo biliar. 
Exames complementares 
O Leucocitose moderada (10.000 a 15.000) 
O Hiperbilirrubinemia com predomínio da fração direta. 
O Amilase aumentada. 
O RX – Mostrará cálculos na região da vesícula, calcificação 
da parede, íleo focal ou alça sentinela. 
O US – Presença de cálculos, aumento da espessura da 
parede, característicos do conteúdo. 
Diagnóstico diferencial 
O Colangite 
O Úlcera péptica perfurada. 
O Pancreatite aguda 
O IAM 
O Pneumonia 
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O Apendicite 
Colangite 
Conceito: obstrução do colédoco associada a infecção por 
bactérias de origem intestinal. 
Anamnese 
Tríade de Charcot: cólica em HD, febre com calafrios e 
icterícia. 
Pêntade de Reynold: tríade de Charcot associada a hipotensão 
e confusão mental. 
O Colangite sempre vai ter icterícia, pois o colédoco vai estar 
obstruído por processo inflamatório. 
O Os cálculos biliares são formados por gordura ressecada. 
O O RX não é o exame ideal para diagnóstico de colelitíase 
pois os cálculos não são calcificados. 
Pancreatite aguda 
O Sua forma de apresentação varia entre um simples edema 
e congestão do órgão até necrose hemorrágica, 
supuração e gangrena. 
Fatores desencadeantes: 
O Doença biliar 
O Alcoolismo 
O Traumatismos 
O Caxumba 
O Doenças metabólicas (hiperlipidemia, hiperparatireoidismo) 
O Imunossupressores 
O Herança 
Fisiopatologia: autodigestão pancreática, resultante da ativação 
de suas enzimas. 
Sintomatologia 
O Dor súbita, intensa, contínua, com início em epigástrio e 
flanco esquerdo com irradiação para flanco direito e dorso 
(dor em faixa). 
O Náuseas e vômitos. 
O Sudorese fria, pulso de pequena amplitude. 
O Casos de maior gravidade: sequestro de líquidos para a 
cavidade abdominal gerando hipotensão e choque. 
O Sinais de hipovolemia devido à perda de líquido para o 
terceiro espaço. 
O Primeiro espaço: circulação 
O Segundo espaço: interstício 
O Terceiro espaço: pleura, pericárdio e peritônio (processos 
patológicos). 
O Icterícia em 50% dos casos (em virtude da compressão 
do colédoco e hemólise). 
O Taquipneia e ventilação superficial (pois o paciente tem 
dor ventilatório dependente, com a movimentação do 
diafragma e consequente movimentação do pâncreas). 
Exame físico 
Inspeção: 
O Distensão abdominal, ascite e, quando necro-hemorrágica, 
apresentam: 
O Sinal de Cullen: equimose periumbilical 
O Sinal de Grey-Turner: equimose em flanco 
esquerdo 
O Sinal de Fox: equimose em base do pênis ou abaixo 
do ligamento inguinal. 
Palpação: 
O Contratura da parede, inicialmente em epigástrio. 
O Contratura difusa, quando há peritonite generalizada. 
O Tumor palpável em epigástrio em 20% dos casos. 
Percussão: 
O Normal ou timpanismo, se íleo adinâmico. 
Ausculta: 
O RHA diminuídos ou ausente, se íleo adinâmico. 
Íleo adinâmico: o intestino para sua movimentação, 
secundariamente ao processo inflamatório intenso. 
O Alguns pacientes podem apresentar derrame pleural 
esquerdo. 
O Derrame pleuralpela proximidade do pâncreas com o 
pulmão 
Desencadeantes 
O Coledocolitíase 
O Alcoolismo 
O Traumatismos 
O Caxumba 
O Úlcera duodenal perfurante: o ácido liberado queima o 
pâncreas, levando à pancreatite. 
Exames complementares 
O Amilase: dosada no sangue, urina, líquido peritoneal e 
pleural. Estará aumentada atingindo 3x ou mais o valor de 
referência. Retorna aos níveis normais em 36h a 72h. 
O Lipase: elevada e costuma se manter nesses níveis por 
mais tempo do que a amilase. 
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O Glicose: pode estar elevada por conta do aumento da 
liberação do glucagon ou da queda da insulina. 
O Cálcio: indicador da evolução. Redução abaixo de 7mg% 
indica mau prognóstico. 
O RX: pode mostrar íleo segmentar do intestino delgado, alça 
sentinela, distenção do cólon transverso, apagamento do 
psoas, calcificação pancreática. 
O É comum derrame pleural à esquerda. 
O TC: pode mostrar alterações de parenquima pancreático 
e de tecido peripancreático. 
O Laparoscopia: permite a realização de biópsias e revela 
áreas de esteatonecroses. 
Complicações 
O Sintomas de diabetes 
O Sintomas de hipoglicemia 
Abcesso subfrênico 
Região subfrênica: 
O Limitada superiormente pelo diafragma. 
O Limitada inferiormente pelo colo transverso e 
mesocólon. 
Classificação 
O Primários ou secundários 
O Agudos ou crônicos 
O Unilaterais ou bilaterais 
O Únicos ou múltiplos. 
Provêm de: 
O Úlcera gastroduodenal 
O Apendicite aguda 
O Diverticulite cólica perfurada 
O Cirurgias e traumatismos abdominais 
Em abcessos subfrênicos são comuns a associação de 
bactérias aeróbias (E. coli, Streptococcus, Proteus, Klebisella, 
Pseudomonas, Stafilococcus) com anaeróbios, clostrídio e 
fusobactérias. 
Sintomatologia 
O Febre 
O Taquicardia 
O Leucocitose com desvio para a esquerda 
O Anemia 
O Perda de peso 
O Anorexia 
O Sudorese. 
O Dor unilateral. 
Exame físico 
O Dor à palpação do hipocôndrio direito. 
O Punhopercussão lombar positiva, se o abcesso for 
posterior. 
O Compressão brusca na parte inferior do tórax no lado do 
abcesso provoca dor aguda. 
Abcesso subfrênico pode ser consequência de cirurgia 
abdominal prévia. 
Exames complementares 
O RX: elevação do diafragma, nível hidroaéreo 
subdiafragmático, bolhas de gás na cavidade abcedada, 
derrame pleural com lobo inferior atelectasiado. 
O US: presença de cavidade hipoecogênica, rodeada pela 
parede do abcesso. 
O TC 
Abcesso pélvico 
O Pode se apresentar como coleção purulenta no findo do 
saco de Douglas, abcesso tubo-ovariano. 
O Pode ser uni ou bilaterais. 
Causas predisponentes: 
O Doenças inflamatórias da pelve 
O Cirurgias ginecológicas prévias 
O Cirurgias abdominais prévias 
O Exemplo: cirurgia abdominal que derramou pus 
(infecção supurada em que a lavagem não foi 
suficiente ou que o antibiótico não foi efetivo) 
Sintomatologia 
O Dor pélvica, febre alta, calafrios e sintomas urinários. 
O Dispareunia e sintomas evacuatórios. 
Exame físico 
Inspeção: 
O Normal ou distensão pélvica. 
Ausculta: 
O Normal 
Percussão: 
O Dolorosa 
Palpação: 
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O Pode ser notada massa dolorosa ao nível da região inguinal 
ou mais alta. 
O Toque vaginal doloroso à mobilização do colo uterino. 
O Abaulamento do fundo do saco de Douglas. 
Fundo de saco de Douglas: porção mais baixa da cavidade 
peritoneal, entre o reto e o útero. 
Germes mais comuns: 
O Aeróbios: E. coli, Klebsiella, Streptococcus, Pseudomonas, 
Stafilococcus e N. gonorrheae. 
O Anaeróbios (bacteroides fragilis), clostrídio e fusobactérias. 
Exames complementares 
O Leucocitose com desvio para a esquerda 
O Hemossedimentação elevada 
O RX: massa pélvica, íleo-intestinal e gás em pequenas bolhas 
na cavidade do abcesso. 
O US: mostra o abcesso e eu conteúdo livre. 
O Colpocentese/Culdocentese: punção do fundo do saco de 
Douglas. Pode confirmar o diagnóstico ao mostrar a 
presença de material purulento. 
Diverticulite cólica 
O Acomete principalmente pacientes acima de 45 anos. 
O O colo sigmoide é o mais afetado. 
O Um ou mais divertículos no mesmo segmento podem se 
infectar. 
O Pode haver perfuração gerando peritonite generalizada. 
O Pode infectar vísceras vizinhas. 
Sintomatologia 
O Achados mais comuns à esquerda. 
O Dor intensa e localizada, principalmente à evacuação em 
fossa ilíaca esquerda e/ou hipogástrio. 
O Hematoquezia (presença de sangue vivo nas fezes em 
pouca quantidade). 
O Pode haver náuseas e vômitos. 
Dor localizada: 
 
 
 
Exame físico 
Inspeção: normal 
Ausculta: normal 
Palpação: 
O Dor intensa em fossa ilíaca esquerda, contratura e 
Blumberg + (mas nem em todos os casos) 
O Presença de massa palpável em palpação abdominal ou 
toque, que é intensamente doloroso. 
O Pode haver sangue no toque retal. 
Síndrome perfurativa 
O Perfuração de vísceras ocas do tubo digestivo, além de 
útero, trompar, ureter e bexiga. 
O A consequência da perfuração é uma peritonite. 
O 1º ocorre peritonite química local ou difusa. 
O 2º ocorre peritonite bacteriana local ou difusa. 
O A perfuração de um órgão pode penetrar na víscera 
vizinha, não havendo necessariamente perfuração em 
peritônio livre, ocasionando um quadro mais localizado. 
Processos perfurativos agudos comuns: 
O Úlcera péptica perfurada 
O Perfuração uterina 
O Perfuração de bexiga e ureter 
Úlcera péptica perfurada 
O Geralmente duodenal e em homens entre 30 e 50 anos. 
O É mais comum à noite, após refeições volumosas, vômitos 
e tosse. 
O Maioria dos casos já apresentou úlcera péptica prévia. 
Sintomatologia 
Primeira fase: prostração ou choque neurogênico 
O Dor aguda, intensa, em punhalada, persistente. 
O Pode ser referida em um ou ambos os ombros 
(decorrente da irritação diafragmática). 
O Sinal de Kher: dor no ombro por consequência de 
uma afecção de abdome superior. Normalmente no 
ombro esquerdo. 
O Náuseas e vômitos. 
Segunda fase: fase de reação ou de peritonite química 
O Ocorre de 2h a 6h após a perfuração. 
O Melhora de estado geral, da dor e dos vômitos. 
Terceira fase: peritonite franca ou peritonite séptica 
O Após 12h da perfuração. 
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O Agravamento do caso. 
O Toxemia, vômitos frequentes, soluços, oligúria, face 
de sofrimento, febre, sinais de hipovolemia, pulso 
filiforme, oligúria. 
O Desidratação e hipotensão. 
Exame físico 
Inspeção: 
O Pouco ou nenhum movimento respiratório, pernas fletidas. 
O Dor ventilatório dependente 
Ausculta: 
O RHA diminuídos ou ausentes. 
O Sinal de Jakoucheff: som do ar passando pela fístula à 
respiração. 
Palpação: 
O Contratura acentuada (abdome em tábua). 
O Dor à palpação. 
O Blumberg (+) 
O Kullen Kampf: toque retal doloroso na úlcera perfurada, 
por escoamento do suco gástrico e sua coleção na pelve. 
Percussão: 
O Dor intensa e difusa. 
O Sinal de Jobert: timpanismo na área hepática por 
pneumoperitonio. 
Atenção: não confundir com sinal de Chilaidit! 
Sinal de Chilaidit: timpanismo na área hepática por 
sobreposição de alça intestinal. 
Exames complementares 
O Leucocitose (acima de 15.000) com desvio à esquerda na 
terceira fase 
O Hematócrito: elevado pela perda de plasma para o terceiro 
espaço. 
O Amilase: pode estar aumentada em até 2x. 
O RX: pesquisa por pneumoperitônio (ar fora das alças 
intestinais) 
O Se houver pneumoperitônio, confirmar Jobert. 
O Se não houver pneumoperitônio, confirmar Chilaidit. 
 
Perfuração uterina 
O Normalmente é complicação da curetagem uterina. 
O Dor localizada em região hipogástrica ou suprapúbica. 
O Quadro varia entre pequena metrorragia até perfuração 
grave, hemorragia e peritonite. 
Métodos diagnósticos: 
O RX, punção do fundo de saco de Douglas, US, 
videolaparoscopia. 
Perfuração de bexiga e ureter 
O Normalmente decorre de instrumentação cirúrgica ou 
traumatismos. 
O Dor e peritonite urinária. 
O Hematúria ou saúda deurina pelo orifício da perfuração 
podem ocorrer. 
O Infiltração urinária das regiões peritoneal, suprapúbica e 
lombossacra. 
O Exames complementares: RX, exame de urina. 
Síndrome hemorrágica 
Pode ser classificada em: 
O Intraluminal alta 
O Intraluminal baixa 
O Extraluminal (intra ou retroperitoneal) 
Exame físico geral 
Avaliar o volume da perda sanguínea e suas consequências 
hemodinâmicas: 
O Mucosas 
O PA, FC e pulsos periféricos 
O Estado mental 
O Sudorese 
Hemorragia digestiva alta 
O Sangramentos proximais ao ligamento de Treitz. 
O Geralmente se manifesta como sangramento oculto nas 
fezes, hematêmese e melena. 
Melena: são necessários mais de 100 mL de sangue e surge 
de 8h a 10h após o evento hemorrágico. 
O Úlcera péptica é a principal causa de hemorragia digestiva 
alta (HDA). 
pneumoperitônio 
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Hematêmese e melena 
O Úlcera péptica: duodenal ou gástrica (maior sangramento, 
pois os vasos da região possuem calibre maior). 
O Varizes esofágicas. 
O Síndrome de Mallory Weiss 
O CA gástrico. 
Hemorragia digestiva baixa 
O Qualquer sangramento distal ao ligamento de Treitz. 
O Menos frequente do que a hemorragia digestiva alta. 
O Cessa espontaneamente na maioria doa casos 
O Causa mais comum: doença diverticular 
O Se manifesta como sangue oculto nas fezes, melena, 
hematoquezia ou enterorragia. 
O Hematêmese: só ocorre se for próximo ao ligamento de 
Treitz e em volume alto. 
Sangue oculto nas fezes e hematoquezia 
O Neoplasias 
O Coagulopatias 
O Íleo vascular 
O Doença diverticular 
O Angiodisplasias 
O Doenças do canal anal, reto, sigmoide 
Enterorragia 
O Doença diverticular (cólon ascendente e sigmoide) 
O Angiodisplasia (ceco e cólon ascendente) 
O Neoplasias 
O Doença inflamatória intestinal (disenteria) 
O Coagulopatia 
Colonoscopia é o exame de escolha para enterorragia. A 
colonoscopia não é ideal para analisar reto. 
 
Síndrome hemorrágica intraluminal baixa 
Conforme a idade: 
O Jovens: doença inflamatória intestinal, pólipos, divertículo de 
Meckel. 
O Idosos: angiodisplasia, neoplasias, doença diverticular. 
Conforme o momento do sangramento: 
O Durante a evacuação: doenças do canal anal e reto 
O Independente da evacuação: cólons. 
Conforme o hábito intestinal: 
O Diarreia: doença inflamatória intestinal 
O Constipação: tumores e estenoses. 
Importante!! 
Hematêmese sangue vivo + melena: HDA severa 
Hematêmese borra de café + melena: HDA moderada 
Melena sem hematêmese: HDA menor 
Hematoquezia, enterorragia: HDB 
Síndrome hemorrágica extraluminal 
O Manifesta-se como hemoperitônio ou hematoma 
retroperitoneal. 
O Se a hemorragia abdominal não está na luz, ela não é 
exteriorizada. 
Gravidez ectópica rota 
O Manifesta-se com 2 a 4 semanas de gestação. 
Sintomatologia 
O Dor súbita e intensa unilateral, em hipogástrio ou fossa 
ilíaca.. 
O Sudorese, palidez, hipotensão, tenesmo, polaciúria e 
distensão pélvica. 
O Ingurgitamento doloroso das mamas, náuseas e mal-estar. 
Exame físico 
O Sinal de Laffont: dor interescapular referida. 
O Blumberg positivo. 
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O Percussão dolorosa e macicez móvel presente. 
O RHA diminuídos ou ausentes. 
Atentar-se ao ciclo menstrual da paciente, provavelmente 
estará atrasado. 
Cisto ovariano roto 
O Igual a gravidez ectópica rota, mas de menor intensidade. 
O Não tem relação com o ciclo menstrual. 
Ruptura de aneurisma de aorta abdominal 
O Massa pulsátil com sopro. 
O Haverá palidez. 
Hemorragia digestiva grave 
O Hipotensão ortostática (PAS cai 20 e/ou PAD cai 10). 
O Queda de 2g/dL na hemoglobina 
O Necessidade de transfusão sanguínea (2 unidades de 
concentrado de hemácias) 
Geralmente tal quadro ocorre com: 
O PAS < 100 mmHg 
O FC > 100 bpm 
O Queda de PAS > 10 e aumento de FC > 20 em paciente 
em decúbito que assume a posição ortostática, significa 
perda sanguínea superior a 1 litro, ou seja, HD grave. 
Exame físico 
Inspeção: 
O Distensão pélvica, abaulamentos (tumores), equimoses. 
Ausculta: 
O Intraluminal: aumento do peristaltismo até a oclusão. 
O Extraluminal: redução do peristaltismo. 
Palpação: 
O Pesquisa de massas e megalias 
O Blumberg 
Síndrome vascular 
O Poucos sinais e sintomas característicos 
Fatores de risco: 
O Dislipidemia, hipertensão, arritmias, diabetes, vasculites, 
aterosclerose, doenças autoimunes, estado de 
hipercoagulabilidade, tabagismo, alcoolismo. 
Verificar história de dor pós-prandial sugestiva de sub-oclusão 
prévia. 
Pode ser: obstrução de vasos, vasculites (lúpus, artrite 
reumatoide). 
O Paciente normalmente tem dor mal definida e repousaa a 
mão sobre o abdome. 
O Suspeitar de síndrome vascular quando paciente for de 
risco. 
Alerta: pacientes usando anticoncepcional associado ao 
tabagismo 
Íleo vascular 
Pode se apresentar como: 
O Embolia mesentérica 
O Trombose arterial mesentérica 
O Trombose venosa mesentérica 
O Isquemia de baixo fluxo não oclusiva. 
Sintomatologia: 
O Dor súbita, intensa, tipo cólica, epigástrica ou periumbilical. 
Evolui para dor constante e difusa. 
O Vômitos e disenteria (gelatina de groselha) seguida de 
constipação, peritonite, perfuração e sepse. 
Exame físico: 
O Inspeção: distensão, abaulamentos e equimoses. 
O Ausculta: sopro e RHA reduzidos. 
O Palpação: defesa voluntária e involuntária. 
O Percussão: timpanismo e som metálico. 
Exame complementar: angiotomografia de abdome 
Síndrome oclusiva 
O O obstáculo pode ser mecânico ou funcional. 
Vômitos e constipação 
O Quanto mais distal a origem da obstrução, maior a 
distensão abdominal. 
O O conteúdo distal é eliminado, mas após isso, o paciente 
não evacua mais. 
O O paciente vomita e não evacua, porque não tem mais 
peristaltismo. 
Obstrução mecânica do estômago 
O Pode ser parcial ou total 
Sintomatologia: 
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O Plenitude pós-prandial, vômitos precoces de alimentos não 
digeridos, pouca distensão abdominal. 
O Ondas de Kussmaul, no sentido do estômago, 3x/min. 
O Ondas de Kussmaul: ondas que tentam vencer o ponto 
obstruído. 
Obstrução mecânica do intestino delgado 
Causas: 
O Áscaris, aderências (pacientes com cirurgia abdominal 
prévia), tumores, tuberculose, sarcoidose, íleo biliar, doença 
de Chron, intussuscepção (quando a alça entra dentro dela 
mesma). 
Sintomatologia: 
O Dor, náuseas, vômitos e obstipação (exceto pelo conteúdo 
distal à oclusão). 
O Agravação da dor se estrangulamento, isquemia e necrose 
com evolução para síndrome inflamatória. 
O Sinal de Wahl: peristaltismo visível na parede abdominal. 
O RHA podem estar aumentados ou diminuídos. 
O peristaltismo aumenta para tentar vencer a obstrução, mas 
não conseguindo, ele cessa. 
Obstrução recente: RHA aumentados. 
Obstrução longa: RHA diminuídos ou cessados. 
 
Sinal do empilhamento de moedas: ocorre quando há 
distensão do cólon. 
Obstrução do intestino grosso 
O Normalmente distal ao ângulo esplênico. 
O A incidência aumenta com a idade, sendo mais recorrente 
em pacientes idosos. 
Causas: 
O Câncer. 
O Volvo (torção de alça). 
O Diverticulite. 
O Fecalomas. 
Sintomatologia: 
O Dor intensa em cólica no hipogástrio, intermitente, com 
período de acalmia de 15 minutos, com início progressivo 
de distensão abdominal. 
Exame físico: 
Palpação: 
O Tensão intra-abdominal, desconforto, toque retal 
obrigatório. 
O Blumberg. 
O Teste de Gersuny: comprimir a massa por 15 a 20 
segundos e aliviar a pressão mantendo a mão no local. 
Verificar o surgimento de crepitações que significam a 
interposição de ar entre o bolo fecal e a parede abdominal. 
Usado para diferencial CA de fecaloma. 
Percussão: 
O Timpanismo 
Atenção! 
O O estrangulamento gera isquemia, necrose e irritação 
peritoneal, surgindo Blumberg. 
O A eliminação de sangue e muco sugere invaginação ou 
isquemia. 
O A distensão é maior quanto mais o tempo passa equanto 
mais distal é a causa. 
O O toque vaginal pode apresentar tumores ginecológicos 
geradores da obstrução. 
 
Íleo adinâmico 
O Obstrução intestinal decorrente de mecanismo funcional. 
O Perda da capacidade contrátil da víscera. 
O Ocorre mais comumente em pós-operatório. 
Sintomatologia 
O Distensão abdominal, com sensação de mal-estar e 
agitação. 
O Vômitos sem esforço. 
O Drenagem de grande quantidade de líquido e estase 
(quando paciente estiver com sonda nasogástrica). 
O Obstipação. 
Exame físico 
O Inspeção: abdome distendido e imóvel. 
O Ausculta: RHA ausentes.

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