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PLANEJAMENTO 
URBANO E REGIONAL: 
ELEMENTOS URBANOS 
Rodrigo Cordova Petersen
Bairro planejado
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever cidades-jardim.
  Reconhecer o impacto de bairros planejados na malha viária.
  Analisar a distribuição de usos em um bairro planejado.
Introdução
Bairros planejados têm como objetivo a conformação de novas centralida-
des da cidade, o que ocorre por meio de características como diversidade 
e proximidade de usos, ruptura com a dependência do automóvel e 
incentivo à caminhabilidade. Esse produto imobiliário surgiu como res-
posta a uma demanda da população por espaços públicos adequados. 
Trata-se de um espaço urbano melhor do que as cidades existentes, mais 
arborizado, mais seguro e com nova infraestrutura.
Neste capítulo, você conhecerá o conceito das cidades-jardim, uma 
das principais correntes do urbanismo do último século e forte influen-
ciadora dos bairros planejados de hoje. Além disso, vai entender um 
pouco mais sobre projetos, conceitos e diretrizes que buscam produzir 
uma nova e melhorada parte das cidades.
Cidade no jardim de Howard
O conceito de cidade-jardim surgiu na Inglaterra no fi nal do século XIX, a 
partir de especulações feitas por Ebenezer Howard em seu livro Tomorrow: 
a Paceful Path To Real Reform, que foi reeditado no ano de 1902, quando 
ganhou o nome pelo qual é mais conhecido, Garden Cities of Tomorrow 
(Cidades-Jardins do Amanhã). Juntamente com outro importante livro, Une 
Cité Industrielle, de Tony Garnier, lançado na França em 1904, formou a 
base de uma das mais importantes correntes do Urbanismo do século XX 
(BENEVOLO; MELOGRANI; GIURA LONGO, 1978).
Uma das principais fontes de inspiração de Howard foram os subúrbios 
britânicos do final do século XVIII. Criados para a abastada burguesia londrina, 
eles exploravam o gosto dos ingleses pela vida no campo e buscavam, com a 
simplicidade rústica das casas, os arruamentos sinuosos e o ajardinamento exten-
sivo, repetir, de alguma forma, dentro da cidade, o espírito livre da natureza que 
eles tanto admiravam (BENEVOLO; MELOGRANI; GIURA LONGO, 1978).
O conceito fundamental de cidade-jardim determina população máxima de 
32 mil habitantes de diferentes faixas de renda. Cercada por cinturões verdes, 
a cidade-jardim abrigaria residências unifamiliares situadas em terrenos 
desprovidos de muros, cercados por amplos jardins e cruzados por alamedas 
arborizadas que procuravam seguir um traçado orgânico, menos cartesiano, 
em oposição à quadricula que era vigente no século XIX.
Howard era apenas mais um entre tantos teóricos que, no início do século, 
demonstravam suas preocupações com o baixo padrão de vida oferecido aos 
habitantes das grandes cidades, em especial, às massas de trabalhadores 
desfavorecidas. Em sua busca por novas opções de planejamento urbano, 
procurava encontrar uma solução socialmente justa, que levasse a uma melhoria 
no padrão de vida dessas pessoas. Sua maior qualidade foi saber harmonizar 
com objetividade em um só projeto as principais características das demais 
propostas e levá-las adiante a ponto de concretizá-las. 
Todo o seu trabalho foi marcado pelo pragmatismo, demonstrado de forma 
clara em sua obsessão em comprovar a viabilidade econômica das suas ideias. 
Somente assim ele conseguiria realizar seus empreendimentos, pois estava interes-
sado em produzir mais do que simples teoria (DEGANI, 2003). Howard procurava 
demonstrar sua capacidade em executar um empreendimento autossustentável 
em que fosse possível melhorar a qualidade de vida da população e reduzir os 
custos da construção, de forma que fossem acessíveis ao trabalhador comum.
Seu livro condensa com clareza, simplicidade e admirável objetividade as 
ideias debatidas na época, procurando aliar de forma inteligente as tendências de 
cunho socialista dos utopistas com aquelas geradas dentro do pensamento liberal. 
O fato de Howard ter permanecido longe dos extremos radicais, certamente, foi 
um dos fatores da rápida aceitação da sua proposta por parte de amplos setores 
da sociedade. Se por um lado ele admitia empreendimentos em que o Estado teria 
pouca ou nenhuma participação — um conceito liberal — por outro, considerava 
o solo como propriedade comum — um conceito socialista. Assim, agradava tanto 
as classes de quem necessitava apoio financeiro para realizar seu empreendimento 
como os trabalhadores, de quem precisava como clientes (OTTONI, 2002).
No entanto, sua proposta não se restringia à simples criação de subúrbios-
-jardim. Howard buscava a total independência em termos de serviços em rela-
Bairro planejado2
ção à cidade maior, além da criação de um complexo industrial que permitisse 
também a independência econômica da comunidade, ou seja, seu conceito de 
cidade-jardim era mais amplo e inovador. Incorporava, ainda, o artifício do 
arrendamento das terras: ao invés de sua venda aos interessados, possibilitaria, 
entre outras coisas, fazer com que a terra, pertencendo à comunidade, pudesse 
ser gerida pelo benefício comum. Dessa forma, ele estava lançando um novo 
conceito para o desenho da cidade que, segundo Garcia Lamas (1992, p. 208), 
constituiria, juntamente com a ideia dos subúrbios-jardim, “[...] um momento 
de ruptura na morfologia urbana tradicional e um entendimento diverso do ha-
bitar, preparando e antecedendo as rupturas morfológicas da cidade moderna”. 
A realização dessa utopia começou a tomar forma em 1902 com a criação 
da associação que iria permitir a construção da cidade-jardim de Letchworth 
(Figura 1). Com um plano de urbanização de autoria de Raymond Unwin e Barry 
Parker, o projeto possuía uma área urbana de 1.138 ha, estava a cerca de 60 km 
de Londres e visava abrigar uma população de 33 mil habitantes. Dois anos mais 
tarde, iniciaram-se os trabalhos de construção da cidade, que possuía um traçado 
orgânico de ruas, com uma zona comercial situada no centro de todo o conjunto e 
uma zona industrial localizada junto à via férrea, em um dos extremos da cidade. 
As obras, no entanto, atrasaram, e sua ocupação foi mais lenta do que o previsto. 
No ano de 1913, sua população contava com cerca de 8.500 habitantes e, somente 
na década de 1960, o número aproximou-se do planejado: 26 mil habitantes.
Figura 1. Letchworth, o primeiro exemplar de cidade-jardim (projeto de Raymond Unwin 
e Barry Parker).
Fonte: Delius (2019, documento on-line).
3Bairro planejado
Apesar da lenta ocupação, Letchworth, representava uma novidade com 
suas casas para operários cercadas por jardins, despertando a curiosidade da 
imprensa inglesa, o que ajudou a divulgação das ideias de Howard. Entretanto, 
as cidades-jardim não tiveram o impulso imaginado inicialmente. Devido à 
crise econômica que a Inglaterra vivia nesse período entre guerras, o governo 
acabou optando por uma política habitacional de cunho imediatista.
Em 1919, foi lançado um segundo empreendimento, a Cidade Jardim de 
Welwin, situada a apenas 15 km de Letchworth, de autoria do arquiteto Louis 
de Soissons. A nova cidade ocupava uma área de 525 ha, com uma proposta 
inicial de 40 mil habitantes, ampliável para 50 mil. Embora os conceitos de 
Howard buscassem um ambiente bucólico, condizente com a escala humana, 
Welwin possuía um desenho muito mais formal, cortada por uma imponente 
alameda central de mais de 1 km de extensão que a tornava, segundo Peter 
Hall (1995, apud DEGANI, 2003, p. 38), “[...] uma espécie de cidade-jardim 
monumental”. Sua ocupação aconteceu de forma mais rápida que Letchworth, 
atingindo os 35 mil habitantes ainda durante a década de 1930. Os motivos 
desse sucesso não foram aqueles previstos por Howard (total independência e 
autossuficiência das suas cidades), mas por conta de sua localização próxima 
a Londres, que funcionava como atrativo principal. Welwin passava a ser uma 
excelente opção para o trabalhador da capital que estivesse em busca de um 
lugar agradável e tranquilo para morar.Dessa maneira, as teses de Howard, quando confrontadas com a realidade, 
mostraram-se menos revolucionárias do que o autor pretendia. O sucesso das 
cidades-jardim aconteceu de maneira real, porém não completa, o que não 
invalida a sua criação. A partir de 1945, quando a Inglaterra deparou-se com 
uma carência habitacional ainda maior devido à Segunda Grande Guerra, as 
ideias de Howard foram retomadas com força total pelo governo inglês que, 
pela primeira vez, interviu produzindo novos ambientes urbanos. Os exemplos 
de Letchworth e Welwin, economicamente viáveis e com um êxito na melhoria 
do espaço produzido, foram fundamentais para a proposta de criação de 14 
novas cidades por toda a Inglaterra, seguindo, em linhas gerais, as ideias que 
haviam sido obstinadamente defendidas e postas em prática por Howard.
Bairros planejados e malha viária
Tendência de modelo de urbanização em diversas cidades brasileiras, os 
bairros planejados são um conjunto de grandes empreendimentos, geralmente, 
distantes dos centros urbanos, que ainda não possuem qualquer ocupação e 
Bairro planejado4
infraestrutura. Esse tipo de empreendimento urbaniza o local, oferecendo uma 
variedade de produtos comerciais e residenciais, com equipamentos diversos, 
nova infraestrutura e sistema de segurança. Em sua maioria, são gerenciados 
pelas empresas responsáveis pelo empreendimento junto com a associação de 
bairro criada após a sua implantação. 
Um bairro planejado é caracterizado também por uma forma de frag-
mentação físico-material da cidade e/ou de um fragmento da grande área 
metropolitana, originando, assim, rupturas no tecido urbano e estabelecendo 
determinada homogeneidade social, em que a contiguidade se estabelece em 
detrimento da continuidade espacial. Santos (2013) define a fragmentação 
físico-material que divide os espaços em ambientes em seu caráter socioeco-
nômico, porém não especificamente por funções. Assim, ele diz que: 
A fragmentação [...] [físico-material] caracteriza-se pela expansão articu-
lada da dispersão das áreas residenciais destinadas à população com níveis 
de rendimentos superiores (loteamentos fechados e condomínios horizon-
tais), e da dispersão dos espaços de consumo, com mudanças na estrutura 
das cidades, alterando a antiga estrutura centro-periferia, pois, atualmente, 
além da periferia “pobre”, há também as periferias “ricas”. Outra alteração 
fundamental na estrutura é que a cidade deixa de ter uma área central única, 
surgindo novas áreas de concentração de importantes atividades comerciais 
e de serviços, constituindo novas centralidades, acompanhando, sobretudo, 
as características das áreas residenciais próximas e o sistema viário da cidade 
(SANTOS, 2013, p. 65).
Embora esses empreendimentos possuam um discurso de um novo urba-
nismo que visa corrigir os problemas da falta de planejamento urbano das 
cidades e oferecer uma nova infraestrutura com tudo em um só lugar, os bairros 
planejados possuem características tanto das cidades compactas quanto das 
cidades dispersas. De forma geral, os princípios são vinculados à produção 
do espaço em diversas escalas, no intuito de ordenar e articular edificações e 
seus usos, configurando uma nova centralidade e diminuindo a necessidade de 
deslocamentos diários de seus moradores. Entretanto, paradoxalmente, esses 
empreendimentos estão produzindo novas áreas urbanas no entorno das áreas 
centrais consolidadas, um modelo que contribui para o processo de dispersão 
urbana em uma dimensão metropolitana e regional.
Esse modelo urbanístico pode ser comparado aos ideais das cidades-jardins 
de Ebenezer Howard, bem como a outras experiências de subúrbios-jardins, 
uma vez que os bairros planejados também buscam oferecer a tranquilidade de 
viver próximo à natureza, já que a maioria desses empreendimentos estão inse-
5Bairro planejado
ridos em áreas periféricas dos centros urbanos, em uma paisagem bucólica de 
características rurais, com muita vegetação em seu entorno. Empreendimentos 
como o loteamento Granja Marileusa, em Uberlândia, Minas Gerais, buscam 
remeter em seus discursos um ambiente bucólico, das cidades tradicionais, com 
ruas estreitas onde as calçadas eram vivas e o relacionamento entre vizinhos 
era mais próximo, como destaca o discurso do empreendimento: 
Se essa rua fosse nossa, seria um lugar onde os vizinhos são amigos, onde a 
gente iria trabalhar a pé e sempre encontraria gente pelo caminho. Um bairro 
com cara de bairro e nele teríamos o privilégio de conviver e a alegria de 
viver a vida. E a gente seria mais feliz. Esta visão rica em espaços públicos 
e com arquitetura voltada ao encontro cotidiano resulta em harmonia entre 
morar e trabalhar. Aqui, a rua voltou a ser das pessoas (BERNARDO, 2017, 
documento on-line).
Essas palavras deixam clara a intenção de oferecer o que se pressupõe 
que as pessoas desejam e que as cidades, de forma geral, não têm ofertado. 
Entretanto, nosso modo de vida social mudou bastante. É pouco provável que 
todos os futuros moradores consigam trabalhar no bairro e, mesmo que algum 
deles opte por estruturar sua empresa ali, a maioria de seus funcionários não 
residirá no local. Isso demandará mais fluxos no sistema viário, tanto nas vias 
projetadas como nas intermunicipais e estaduais, contribuindo com o aumento 
do tráfego viário da região e com o consequente aumento da poluição do ar 
e da temperatura.
Os conjuntos planejados de maior porte configuram-se como verdadeiras ci-
dades. Um dos mais bem-sucedidos casos no Brasil é o da Cidade Universitária 
Pedra Branca, localizada em Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis, 
Santa Catarina (Figura 2). O projeto urbanístico, com participação do arquiteto 
e urbanista Jaime Lerner, começou a ser construído no ano de 1997. Trata-se de 
um loteamento de grande porte composto por universidade, escolas, shopping 
de pequeno porte, casas com dois pavimentos, edifícios residenciais e de uso 
misto, áreas de lazer com praças e boulevard com ciclovias. 
Bairro planejado6
Figura 2. Última fase executada do bairro planejado Pedra Branca (2013).
Fonte: Primeiro bairro planejado de SC... (2013, documento on-line).
O principal conceito desse empreendimento visa à importância do uso e 
da permanência dos espaços públicos: “[...] as ruas e suas calçadas, principais 
locais públicos de uma cidade, são seus órgãos mais vitais” (JACOBS, 2014, p. 
30). Por isso, suas calçadas foram projetadas com larguras entre 8 e 15 metros 
e, muitas vezes, possuem até 4 metros de coberturas nos passeios. 
Nesse bairro planejado, o foco da vivência e a preocupação com o sen-
timento de pertencimento entre os moradores e o local se sobressaem ao 
apelo ambiental, em geral, visto nos empreendimentos desse porte. Partindo 
de critérios adotados para a localização dos usos de forma que as distâncias 
entre eles sejam confortáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta, o 
bairro-cidade foi projetado para 40 mil moradores, 30 mil empregos e 10 mil 
estudantes, com horizonte de conclusão do núcleo principal até 2020.
7Bairro planejado
O Tree and Design Action Group é um grupo que defende que as árvores fazem os 
lugares funcionarem e parecerem melhores por conta de sua localização. Além de de-
sempenharem um papel no microclima dos bairros, elas podem ajudar a criar condições 
para o sucesso econômico. Por isso, o grupo criou um guia denominado Trees in the 
Townscape (árvores na paisagem urbana), em que apresenta 12 princípios e referências 
necessários para alcançar o potencial da vegetação no ambiente urbano (Figura 3).
Figura 3. Árvores na paisagem urbana: um guia para planejadores e autoridades.
Fonte: Adaptada de Trees & Design Action Group (2012).
Abordagem colaborativa 
para o planejamento de 
infraestrutura verde e cinza
Ambiente
de passeio 
aprimorado
Moderação
do tráfego
Longevidade das 
árvores e 
infraestrutura 
circundante
Passeios
agradáveis
Ventilação
e cobertura
Entrega 
eficiente do projeto
Ambiente
de comércioatrativo
Área de apoio ao
bem-estar mental
Visibilidade das
mudanças de clima
e das estações
Capacidade de
experimentação
e aprendizado
Qualidade do ar
Envolvimento
comunitário com
o pomar urbano
Senso
de lugar
Integração de provisão
adequada para as árvores
nos processos de planejamento
e adoção do projeto
Cuidado
pós-plantio
Combate
a pragas e doenças
Distribuição de usos de um bairro planejado
Os bairros planejados são uma tendência mundial, com maior ênfase nos 
Estados Unidos, mas com boa consistência no Brasil. Esses empreendimentos 
guardam relação íntima com questões urbanas muito atuais, em especial, 
a mobilidade urbana e a segurança pública. Por se tratar de um produto imo-
biliário relativamente novo, há ainda muito espaço para a sua evolução, que 
conta com a conjugação de esforços públicos e privados, além de um rigoroso 
planejamento de longo prazo. 
O perfil desses empreendimentos deve ser caracterizado pela grande diver-
sidade de usos, pela presença de diferentes tipologias, pela menor dependência 
de carros, pela prevalência de espaços públicos bem distribuídos e planejados, 
além de apresentar uma boa conectividade e caminhabilidade acentuada, 
permitindo que as necessidades cotidianas dos moradores sejam atendidas 
com curtas caminhadas. Além disso, não devem segregar públicos ao dirigir 
o padrão do empreendimento para uma ou outra classe. A segregação favorece 
a formação de ilhas sociais, com grandes prejuízos para a cidade, afinal uma 
Bairro planejado8
comunidade bem formada deve ser diversa. A Figura 4 apresenta o conceito 
básico dos bairros planejados.
Figura 4. Concentração de atividades: conceito básico dos bairros planejados.
Fonte: Prefeitura de Floripa regulamenta o incentivo... (2019, documento on-line).
Quesitos como bem-estar e qualidade de vida têm pautado cada vez mais 
as escolhas das pessoas na hora de optar por morar em bairros planejados. 
Um dos principais diferenciais desses empreendimentos é a concentração 
de usos, conformando novas centralidades na cidade. Os projetos costumam 
distribuir opções de comércio, escolas, hospitais e demais serviços que julguem 
necessários para o bem-estar do morador, reforçando a ideia de acabar com a 
dependência do carro, afinal, os moradores não precisam percorrer grandes 
distâncias para ter o que precisam.
O percurso ao longo da orla da Zona Sul do Rio de Janeiro, de Botafogo 
a São Conrado, passando por suas zonas mais centrais como Copacabana, 
Ipanema e Leblon, está entre os espaços urbanos mais caminháveis — e 
mais valorizados — do Brasil, marca principal da atratividade da região, 
proporcionada pela ausência de recuos entre suas edificações e a calçada, 
pelo uso misto de atividades e por uma ocupação relativamente intensiva do 
solo. Copacabana é um dos bairros de maior densidade demográfica do país 
(aproximadamente, 50 mil habitantes/km2), com cerca do triplo de seu vizinho, 
Ipanema, e cinco vezes um bairro paulistano como o Itaim Bibi ou Pinheiros. 
9Bairro planejado
Durante as décadas de 1950 e 1960, ocorreu o maior crescimento demográfico 
desses bairros da Zona Sul e, por consequência, da história da cidade. 
Buscando áreas para expansão, em 1969, Lúcio Costa, urbanista de Brasília, 
projetou o plano-piloto para a Baixada de Jacarepaguá, uma nova área da 
cidade em moldes semelhantes à Capital Federal, o que viria a ser a Barra da 
Tijuca. Fortemente influenciado pelos conceitos modernistas de Le Corbusier, 
propôs uma cidade com usos claramente monofuncionais, setorizada, com 
grandes prédios isolados e implementação de grandes vias.
Hoje, o urbanismo modernista da Barra é considerado por muitos a antítese do 
que deveria ser feito: o isolamento dos edifícios diminui a caminhabilidade e 
as interações sociais das edificações com a cidade, o zoneamento de atividades 
aumenta as distâncias de deslocamento, a restrição ao adensamento impede 
que a oferta imobiliária da cidade responda à demanda, aumentando os preços, 
e as grandes vias de tráfego ainda incentivam o transporte de automóvel em 
detrimento dos demais — todos sabem que ser pedestre na Barra da Tijuca 
não é nada fácil (LING, 2019, documento on-line).
No cenário paulistano, podemos mencionar os bairros Jardim América 
e Jardim Europa, duas das regiões mais ricas de São Paulo, como exemplos 
de zoneamento de usos monofuncionais e baixa densidade que prejudicam a 
caminhabilidade e contribuem para a sua segregação urbana. Ambos foram 
construídos como empreendimentos imobiliários da Companhia City, empresa 
de urbanização mais influente na história de São Paulo.
O conceito urbanístico proposto seria uma tentativa de replicar a cidade-
-jardim, permitindo que seus moradores se isolassem da densa metrópole 
que se desenvolvia, fugindo da congestão, do barulho, da diversidade e da 
desigualdade do centro de São Paulo. Para seu primeiro projeto, a Companhia 
City — de origem inglesa — chamou os urbanistas Raymond Unwin e Barry 
Parker (os mesmos que projetaram a cidade-jardim de Letchworth), para o 
projeto do Jardim América. As obras iniciaram em 1913 e terminaram quase 
duas décadas depois, em 1929.
Hoje, o Jardim Europa e o Jardim América não mais se caracterizam 
como subúrbios de uma região central, estão muito próximos do novo centro 
geográfico da mancha urbana paulistana e do centro financeiro, onde se 
concentram muitos dos empregos da Zona Metropolitana, que hoje ultrapassa 
20 milhões de pessoas. A centralidade e importância da região levam a uma 
altíssima demanda para morar nos Jardins e, com a oferta restrita, imóveis 
com preços altíssimos — o dobro da média da cidade. 
Bairro planejado10
No entanto, hoje, os moradores desses oásis em meio à selva de concreto 
paulistana se transportam, em sua maioria, de automóvel, dada uma série de 
fatores: a baixa densidade, que não consegue suportar uma rede de transporte 
coletivo eficiente, aliada ao uso exclusivamente residencial e a amplos recuos, 
resultando em uma precária caminhabilidade do bairro.
De certa forma, os bairros planejados têm a oportunidade de romper com a 
imprevisibilidade da natureza orgânica de uma cidade. Em bairros tradicionais, 
é comum que o crescimento desordenado e as construções que não seguem 
um padrão gerem patologias, enquanto que, nesse ambiente previamente 
controlado, o padrão construtivo que influenciará o espaço público fica sob 
responsabilidade do construtor. No projeto, opta-se por manter distância 
entre as edificações, assegurando o recebimento de ventilação, luz natural e 
privacidade dos moradores. 
A questão da sustentabilidade é outro ponto que merece destaque no bairro 
planejado, pois é uma preocupação constante da construção civil. O espaço é 
todo projetado levando em consideração o melhor aproveitamento dos recursos 
naturais disponíveis. Geralmente, há um uso otimizado de água e energia, 
mas também toda uma preocupação com espaços de natureza que ajudem a 
promover a convivência e o bem-estar, equilibrando modernidade e aspectos 
naturais.
Um dos principais atributos dos bairros planejados é a questão da segu-
rança. Esses espaços contam com uma atenção especial ligada à seguridade, 
a fim de garantir o bem-estar dos moradores, reforçando o estímulo para que 
eles convivam nas ruas do empreendimento. Morar em um bairro planejado 
costuma ser uma boa opção justamente por sua organização focar as pessoas 
e a harmonia delas com os espaços que ocupam. 
De maneira geral, o bairro planejado segue um plano urbano integrado entre 
a iniciativa privada e o poder público. A concepção do projeto é um grande 
processo técnico e colaborativo que pode levar anos, e sua realização — no 
sentido de total ocupação por parte de moradores — pode levar décadas. Então, 
não se trata apenas de arquitetura e urbanismo, busca-se romper com o que 
não funciona e adicionar a dimensão do desejável. A ideia de sua organização 
é alinhar a cidade que já existe àquela que se deseja construir para o futuro.
11Bairro planejadoBENEVOLO, L.; MELOGRANI, C.; GIURA LONGO, T. La proyectación de la ciudad moderna. 
Barcelona: Gustavo Gili, 1978.
BERNARDO. Granja Marileusa. 2017. Disponível em: http://leadconstrutora.com.br/
author/bernardo/. Acesso em: 21 out. 2019.
DEGANI, J. L. Tradição e modernidade no ciclo dos IAPs: o conjunto residencial do Passo 
d’ Areia e os projetos modernistas no contexto da habitação popular dos anos 40 e 50 
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sidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. Disponível em: https://lume.
ufrgs.br/bitstream/handle/10183/38319/000439234.pdf?sequence=1&isAllowed=y. 
Acesso em: 21 out. 2019.
DELIUS, R. Re-imagining the Garden city. 2019. Disponível em: https://stridetreglown.
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GARCIA LAMAS, J. M. R. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação 
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com/o-caos-planejado-da-barra-da-tijuca/. Acesso em: 21 out. 2019.
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PRIMEIRO bairro planejado de SC terá espaço no III Destaque das Bienais de Arquitetura. 
2013. Disponível em: https://palavracom.wordpress.com/2013/05/20/primeiro-bairro-
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Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/774540/arvores-na-paisagem-urbana-
-um-guia-para-os-planejadores-e-autoridades/560ac38be58ece492b00009f-arvores-
-na-paisagem-urbana-um-guia-para-os-planejadores-e-autoridades-imagem. Acesso 
em: 21 out. 2019.
Bairro planejado12
Leitura recomendada
TREES & DESIGN ACTION GROUP (TDAG). Trees in the townscape: a guide for decision 
makers. 2012. Disponível em: http://www.tdag.org.uk/uploads/4/2/8/0/4280686/
tdag_trees-in-the-townscape_november2012.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.
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