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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE-CE
Processo nºXXXXXXXXX
Autor: Ministério Público do Estado do CEARÁ
Denunciado: JOSÉ PERCIVAL DA SILVA
 
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, brasileiro, solteiro, servidor público, atual presidente da câmara de vereadores, portador do CPF nº xxxxxxxxxxx, com Documento de Identidade de n° xxxxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxx, nº xx, bairro x,, CEP:xxxx, no município de Conceição do Agreste-CE, por seu advogado abaixo assinado, procuração anexa, vem à presença de Vossa Excelência, mui respeitosamente, apresentar DEFESA PRELIMINAR, nos termos do art. 514, do CPP, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I - DOS FATOS
Vejamos o que diz a denúncia da promotoria do estado do CEARÁ:
“Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, por meio de seu Órgão de Execução infra-assinado, vem perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 129, inciso I da Constituição Federal, c/c art. 41 do Código de Processo Penal, e com base no incluso Inquérito Policial, oferecer DENÚNCIA em desfavor de: JOÃO SANTOS, vulgo “João do Açougue”, (nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliado à (endereço); FERNANDO CAETANO, (nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliado à (endereço); MARIA DO ROSÁRIO, (nacionalidade), (estado civil), vereadora, (naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliada à (endereço); JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, brasileiro, solteiro, servidor público, atual presidente da câmara de vereadores, portador do CPF nº xxxxxxxxxxx, com Documento de Identidade de n° xxxxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxx, nº xx, bairro x,, CEP:xxxx, no município de Conceição do Agreste-CE, pela prática do fato delituoso a seguir exposto: Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que os denunciados, sob a liderança do Acusado José Percival da Silva (Zé da Farmácia, Presidente da Câmara dos Vereadores e liderança política do Município), valendo-se da qualidade de Vereadores do Município, se associaram, em unidade de desígnios, com o fim específico de cometer crimes. E, dentro deste propósito, no dia 3 de fevereiro de 2018, na sede da Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, exigiram do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa 4 pudesse participar de um procedimento licitatório que estava agendado para o dia seguinte. Desse modo, como a mera solicitação de vantagem indevida já configura o crime de corrupção passiva, a discussão sobre a (i) legalidade da prisão em flagrante realizada é irrelevante para a configuração do delito. Ante o exposto, estão os denunciados incursos nas iras dos artigos 288 e 317, na forma do art. 69, todos do Código Penal. Pelo que requer o Ministério Público, seja recebida a presente denúncia, com a consequente citação dos réus para apresentarem defesa no prazo legal, designando-se em seguida audiência de instrução, para que ao final sejam condenados pela prática dos supracitados crimes. Apresenta-se o competente rol de testemunhas, requerendo sua intimação para oitiva em juízo: 1 - Paulo Matos, fulano de tal.”
 Conforme se verifica dos documentos de fls. x, no dia 03 de fevereiro de 2018, o Ministério Público do CEARÁ, denunciou o requerente como líder da organização criminosa em receber 100.000,00(cem mil reais) de um empresário para facilitar o acesso do mesmo a participar das licitações no município.
Acontece que a peça inicial da ação não preenche os requisitos do art. 41, do CPP, pois da narrativa dos fatos não decorre logicamente a conclusão condenatória.
 Vale ressaltar que o dinheiro acima referido não foi entregue por exigência do requerente, nem por ele apropriado indevidamente, mas sim entre para outros vereadores sem o Sr, José Percival da Silva estar ciente disso.
 
 Ademais, as provas constantes do inquérito, não são suficientes para ensejar a persecução penal, haja vista, que o inquérito deveria ser feito em individual, ou seja, para cada pessoa deveria ser feito um inquérito, onde não foi isso que aconteceu. Deixando extreme de dúvida que não houve exigência de qualquer quantia em dinheiro por parte do Sr. José Percival da Silva, para a reserva da vaga para participar das licitações.
 II – DOS FUNDAMENTOS
Sabemos que, havendo mais de um Acusado, é obrigatório que a Acusação, na petição inicial, individualize a conduta de cada um deles. 
Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
STF: EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ESTADO DE DIREITO. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP NÃO PREENCHIDOS. 1 - A técnica da denúncia (art. 41 do Código de Processo Penal) tem merecido reflexão no plano da dogmática constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Precedentes. 2 - Denúncias genéricas, que não descrevem os fatos na sua devida conformação, não se coadunam com os postulados básicos do Estado de Direito. 3 - Violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Não é difícil perceber os danos que a mera existência de uma ação penal impõe ao indivíduo. Necessidade de rigor e prudência daqueles que têm o poder de iniciativa nas ações penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso. 4 - Ordem deferida, por maioria, para trancar a ação penal. (HC 84409, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 14/12/2004, DJ 19- 08-2005 PP-00057 EMENT VOL-02201-2 PP-00290 RTJ VOL-00195-01 PP-00126).
 Os fatos acima narrados revelam sem qualquer sombra de dúvidas que a peça inicial não preencheu os requisitos do art. 41, do CPP, eis que é absolutamente inepta.
 Por outro lado, também não estão presentes os requisitos para o recebimento da denúncia (art. 395, do CPP), pois falta justa causa para a propositura da ação penal, tendo em vista a deficiência do suporte probatório colhido no inquérito.
 Portanto, não restam dúvidas que a Súmula 330 do STJ deve ser desconsiderada e o artigo 514 do CPP ser aplicado, inclusive, para os processos precedidos de inquérito policial. Este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
EMENTA: (...)IV. Nulidade processual: inobservância do rito processual específico no caso de crimes inafiançáveis imputados a funcionários públicos. Necessidade de notificação prévia (CPP, art. 514). 1. É da jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g. HC 73.099, 1ª T., 3.10.95, Moreira, DJ 17.5.96) que o procedimento previsto nos arts. 513 e seguintes do CPP se reserva aos casos em que a denúncia veicula tão somente crimes funcionais típicos (CP, arts. 312 a 326). 2. No caso, à luz dos fatos descritos na denúncia, o paciente responde pelo delito de concussão, que configura delito funcional típico e o co-réu, pelo de favorecimento real (C. Penal, art. 349). 3. Ao julgar o HC 85.779, Gilmar, o plenário do Supremo Tribunal, abandonando entendimento anterior da jurisprudência, assentou, como obter dictum, que o fato de a denúncia se ter respaldado em elementos de informação colhidos no inquérito policial, não dispensa a obrigatoriedade da notificação prévia (CPP, art. 514) do Acusado. 4. Habeas corpus deferido, em parte, para, tão somente quanto ao paciente, anular o processo a partir da decisão que recebeu a denúncia, inclusive, a fim de que se obedeça ao procedimento previsto nos arts. 514 e ss. do CPP e, em caso de novo recebimento da denúncia, que o seja apenas pelo delito de concussão. (STF – HC 89.686/SP – Rel. Min. Sepulveda Pertence. Dj. 17/8/2007).Por fim, está claro que o Sr. José Percival da silva, não tem nada a ver com a denúncia.
III DOS PEDIDOS
 Isso posto, requer seja rejeitada a peça inicial da ação, evitando-se que o denunciado/requerente responda por processo criminal sem a presença das condições da ação penal.
Termos em que,
Pede deferimento.
Conceição do Agreste, 02 de maio de 2018
_____________________________
HIAGO FELIPE FERREIRA PINHEIRO
OAB-PA XXXX

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