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RESPONSABILIDADE, CHEFIA E LIDERANÇA 2 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM SUMÁRIO CARTA DEAPRESENTAÇÃO 03 1 INTRODUÇÃO À LIDERANÇA 04 1.1 O QUE É LIDERANÇA 04 1.2 VARIAVEIS, CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE LIDERANÇA 08 1.3 EU NASÇO LIDER OU ME FORMO LÍDER? 08 2 LIDERANÇA NO CONXTEXTO POLICIAL MILITAR 09 2.1 LIDERANÇA MILITAR X CHEFIA MILITAR 10 2.2 CENÁRIOS FUTUROS E DESAFIOS DA LIDERANÇA 11 2.3 O LÍDER COMO FACILITADOR 12 2.4 NOVA GRADUAÇÃO E NOVAS RESPONSABILIDADES 12 2.4.1 Qual a função do Sargento? 13 2.4.2 O sargento no comando de frações de tropa e pequenos destacamentos: exercendo liderança em ações policiais 15 3 TRANSFORMAÇÃO DO GRUPO EM EQUIPES 16 3.1 ABORDAGENS TEÓRICAS 17 3.2 SIGNIFICADO DO TRABALHO E PAPEL DA LIDERANÇA 19 4 LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO 20 4.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL 20 4.2 FEEDBACK 21 4.3 LINGUAGEM FORMAL E LINGUAGEM COLOQUIAL 21 4.4 COMUNICAÇÃO CORPORATIVA: RELEASE OPERACIONAL 22 4.5 ANÁLISE DA TENDÊNCIA DAS COMUNICAÇÕES 23 REFERÊNCIAS 25 3 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança CARTA DE APRESENTAÇÃO Caros Alunos-a-Sargento, Sejam todos muito bem-vindos à disciplina – Responsabilidade, Chefia e Liderança!! Esta disciplina, conforme projeto pedagógico do curso de formação, busca entrelaçar os aspectos da liderança e as funções do sargento, que em breve os senhores estarão desempenhados, se já não o fazem em razão das substituições. A proposta da disciplina é caminhar junto com os senhores no processo de ensino- aprendizagem, valorizando a experiência e o conhecimento prévio trazidos por vocês, diletos alunos, adquiridos na área operacional ou em funções administrativas. Uma promoção consequentemente traz maiores e novas responsabilidades que podem variar de um comando de guarnição a gestão de destacamentos. Documentos oficiais, relatórios, releases operacionais, já são feitos por vocês. Todavia, a conotação será nova: a responsabilidade pelo desfecho das ocorrências ou as atribuições de seções administrativas passam a ser dos senhores, futuros sargentos. Essa disciplina estabelecerá um processo dialógico com as demais que compõem a matriz e/ou quadro curricular do curso. Isso por que todas são unânimes no seu enfoque: a função do graduado, elo entre praças e os oficiais. No espaço virtual, já está disponível o plano da disciplina, o material didático e as indicações de leituras complementares. Leiam o material com carinho, cuidado e atenção. Um forte abraço, Excelente leitura! Ten PM Geórgia de Castro Sd 1ª Cl PM Evânia Motta 4 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM 1. INTRODUÇÃO À LIDERANÇA Serei promovido! E agora? Minhas atribuições mudam? Na verdade, as atribuições e responsabilidades aumentam com a futura promoção. O comando da guarnição, a responsabilidade por um destacamento, a guarda, são exemplos das novas atribuições que exigirão conhecimentos tácitos e um item essencial, o exercício da liderança. Abordaremos nesse tópico a definição de liderança, características e seus tipos. 1.1 O QUE É LIDERANÇA? Comumente, ouvimos as expressões: “- Aquele graduado é um líder nato! ” “- Esse graduado não tem liderança nenhuma. ” “- Para ter um bom desfecho na ocorrência é necessário ter uma liderança forte. ” Então, para você o que vem a ser liderança? Escreva o que pensa: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ A liderança, enquanto objeto de pesquisa fora dos domínios da filosofia, é um fenômeno recente, tendo surgido no século XX, quando passa a ganhar notoriedade científica. No universo da administração, Chiavenato (2001, p. 157) esclareceu que somente após a experiência de Hawthorne “[...] demonstrar a existência de líderes informais que encarnavam normas e expectativas do grupo e mantinham o controle e comportamento do grupo, ajudando os operários a atuarem como grupo social coeso e integrado”, esta área percebeu a influência do exercício da liderança no comportamento das pessoas. Essa experiência, conforme esclareceu o próprio Chiavenato (2001), ocorreu nos anos de 1920-1930, nas fabricas Hawthorne da Western Eletric, nos EUA, e buscou relacionar liderança, motivação e envolvimento dos liderados. Constituíram-se nos primeiros estudos científicos sobre liderança empreendidos pelas teorias clássicas da Administração, em especial, a teoria das relações humanas. Sendo assim, o processo de liderança se desenvolve em diversas situações e ambientes: na escola, no trabalho, na família. Trata-se de um conceito muito vasto e com acentuadas diferenças, que sofreu evolução na medida em que foi se tornando mais abrangente. Somente Chiavenato (2001, p. 157-159), recorrendo-se mais uma vez a este autor, define liderança “[...] fenômeno de influência 5 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança interpessoal, [...] processo de redução da incerteza de um grupo, [...] relação funcional entre líder e subordinado [...]”. Percebe-se, portanto, que na literatura científica a palavra liderança ora é vista como habilidade, processo, competência e até mesmo como uma arte. Esse teórico clássico da administração, resumiu as teorias da liderança em três, conforme se vê no quadro abaixo: Quadro 1 – Teorias sobre Liderança Fonte: Chiavenato (2001, p. 151). De um modo geral, podemos afirmar que liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados. “[...] é um processo social no qual se estabelecem relações de influência entre pessoas [...]” (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 259), evidenciando que qualquer pessoa é capaz de influenciar outras e, portanto, todo indivíduo pode ser um líder em potencial. Para alguns autores, a exemplo de Kouzes e Posner (1991), a liderança seria uma arte cuja utilização remota tempos antigos, basta lembrarmos de livros como a Arte da Guerra de autoria de Sun Tzu, O príncipe do memorável Nicolau Maquiavel, e quiçá, o mais conhecido de todos, Jesus Cristo. Vê-se, portanto, que se trata de um conceito antigo, mas que se tornou essencial e ganhou espaço nas organizações, em especial aquelas tão burocráticas, quanto os militares. Isso por que independente do respeito aos pilares, definidos como hierarquia e disciplina, a presença de um líder é fator decisivo na motivação dos subordinados e pares, e chave para o sucesso operacional. Recorrendo a Kouser e Posner (1997, p. 3), liderança é: [...] a arte de mobilizar os outros para que queiram lutar por aspirações compartilhadas; o que constitui um conceito no qual se destaca a palavra “querer”, pois o que leva as pessoas a fazerem alguma coisa não é uma tarefa relativamente simples. Para se sentir a real essência da liderança, pergunta-se: O que é necessário para que as pessoas queiram se engajar em uma organização de forma “voluntária”? O queprecisa ser feito para que as pessoas apresentem um desempenho de alto nível? O que você pode fazer para que as pessoas permaneçam leais à organização? Existe uma diferença entre obter apoio e ordenar, com os verdadeiros lideres mantendo a credibilidade em consequência de suas ações – ao desafiar, inspirar, permitir, guiar e encorajar. Teorias de Traços de Personalidade Teorias sobre os Estilos de Liderança Teorias Situacionais de Liderança Maneiras e estilos de comportamentos adotados pelo líder Adequação do comportamento do líder às circunstâncias da situação Características marcantes de personalidade possuídas pelo líder 6 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Podemos dizer que autores como Chiavenato (2001), corroboram com essa afirmação e seriam unanimes na ideia de que liderar é a capacidade de dirigir pessoas conduzindo-as a realizar o que deve ser feito, influenciando e mantendo a equipe produtiva e motivada na busca dos objetivos propostos. Liderança não deve ser confundida com boa administração pois enquanto esta última diz respeito a alcançar objetivos através da elaboração de projetos baseados na monitoração dos resultados, a liderança, por outro lado, segundo Hunter (2004, p. 25), é “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para bem comum”. Temos também a definição proposta pelo general Belchior Vieira (2002), que definiu liderança como um processo de influenciar pessoas, ou seja, o comportamento humano visando o cumprimento das metas e objetivos traçados pelo líder organizacional designado e logo, dono de uma autoridade a ele investida. Nesse diapasão, o mencionado teórico ressaltou que a discussão sobre a temática em si evoluiu no decorrer do tempo, tornando-se a partir do século passado, objeto de estudo de sociólogos, psicólogos, filósofos e, a de se destacar, nas ciências militares. E, em decorrência dessa evolução, o autor distinguiu cinco teorias para o estudo da liderança: dos traços, situacional, da interação, transacional e transformacional. A teoria dos traços, conforme elucidou Vieira (2002), se fundamenta na concepção epistêmica da Teoria dos Grandes Homens, proposta por Thomas Carlyle (1841). Partindo da ideia do exemplo, essa teoria preconizava “[...] se imitar um grande líder, também posso ser um grande líder [...]” (CARLYLE, 1841 apud VIEIRA, 2002, p. 12).Por sua vez, a teoria situacional defenderia a premissa de que não existiriam estilos de liderança universalmente adequados ou definidos, haja vista, os aspectos exógenos e inesperados determinarem a eficácia do líder. Nesse caso, qualquer um poderia se tornar líder a depender da circunstância. Em contrapartida, a teoria da interação discorreu sobre a interação entre líder, ambiente, situações e liderados. Surgiu em resposta as correntes anteriores, trazendo como contraponto a necessidade de combinação geométrica entre o tipo de personalidade ou características especificas a determinadas situações, resultando dessa análise combinatória a liderança eficaz. Quanto as teorias transacionais e transformacionais, a primeira defendia que a liderança seria “[...] essencialmente como uma transação entre os subordinados e o líder [...]” (VIEIRA, 2002, p. 13), baseadas no movimento behaviorista com a observação de comportamento e a possível adequação das condutas. A abordagem da liderança transacional é qualificada como uma relação de troca entre líderes e liderados. A liderança acontece através da gratificação, onde os liderados recebem 7 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança bônus específicos: viagem, promoção e salário. Os líderes transacionais se engajam para atender a demanda dos liderados que em troca recompensa o líder com a execução do trabalho. Utiliza a autoridade dos cargos “[...] para trocar recompensas como pagamento e status pelos esforções de trabalho dos funcionários” (WRIGHT, 2011, p. 305). Enfatiza-se, portanto, o fiel cumprimento da missão, a punição para o colaborador insubordinado e a recompensa para aquele com maior rendimento (MAXIMIANO, 2010). Por fim, a liderança calcada em valores, obteria aquilo preconizado dos liderados, pela teoria transformacional, a submissão de “[...] seus próprios interesses em atenção ao líder, à equipa, à unidade ou organização” (VIEIRA, 2002, p. 13). Nesse estilo, o líder ou gestor teria a habilidade de transformar o ambiente por onde passa, solucionando problemas de qualquer ordem ou complexidade em razão do seu espirito visionário e comprometido com a sua equipe. Segundo Marques (2016), o líder transformacional: descentraliza as funções, reconhece a competência dos seus colaboradores e motiva seus liderados. A liderança transformacional é a mais usada hoje em dia para atender o fenômeno da gestão de pessoas. Esse modelo de liderança analisa o comportamento do líder, em termos organizacionais, no curso da transição e elaboração dos processos criativos para se conquistar algum objetivo, e com o engajamento do funcionário nesse panorama de mudança (ESPER; DE ALMEIDA CUNHA, 2015). Diante dessa explanação, surge a pergunta: quem exerce esses estilos de liderança? O líder. Mas, o que é um Líder? A Liderança não se reduz ao cargo ocupado, mas às pessoas que realizam o exercício de liderar. Estas deverão atuar com conhecimento, habilidade, especialização nas relações interpessoais, carisma, independentemente da posição que ocupa na organização. Vamos refletir? Líder e chefe são sinônimos? E no caso policial militar, existe diferença ente chefia e liderança? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 8 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM 1.2 VARIÁVEIS, CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE LIDERANÇA Conhecido como estilos de liderança, segundo Chiavenato (2004), as teorias que estudam os tipos de liderança o fazem relacionando o estilo ao comportamento do líder. Essa abordagem, portanto, se refere àquilo que o líder faz, ou seja, o seu estilo de liderar. Em unanimidade, as teorias apontam 03 (três) estilos de liderança: a. Autocrática: O líder centraliza todas as decisões e impõe ordens ao grupo. O trabalho somente é desenvolvido com a sua presença. Desenvolve agressividade no grupo ao tempo em que desenvolve frustações, espontaneidade e mina as relações interpessoais. b. Liberal: o líder delega totalmente as decisões ao grupo, deixando-os sem controle. A produção fica comprometida e impera o pouco respeito ao líder. c. Democrática: o líder conduz e orienta o grupo incentivando a participação democrática das pessoas. Existe uma grande interação com o grupo e a comunicação se dá de forma espontânea. Na prática, o líder utiliza os três estilos, de acordo a situação. Manda cumprir ordens, consulta seus subordinados, sugere a realização de tarefas.1.3 EU NASÇO LÍDER OU ME FORMO LÍDER? INSPIRE POR SUA LIDERANÇA E NÃO POR SUA HIERARQUIA. Iniciaremos este subtópico, com as palavras de Youssef (20[?], p. 02-03), quando começou a narrar: [...] um pastor amigo meu foi falar a um grupo de crianças usando sob a roupa uma camiseta especial. Em dado momento anunciou: “Tenho uma coisa para contar a vocês — uma coisa que nunca disse a ninguém em toda a minha vida!” Num gesto rápido, abriu a toga clerical expondo a camiseta e afirmou: “Eu sou o Super- Homem!”. As crianças acharam graça. E por fim uma delas o desafiou: “Se o senhor é o Super-Homem, então voe até o teto!” O pastor, então, continuou explicando-lhes que muita gente afirma ser isto ou aquilo. “Mas”, acrescentou “o problema é que, tendo afirmado ser o Super-Homem é preciso prová-lo.”. Com relação à liderança, acontece a mesma coisa. Quando alguém apregoa que é líder, tem que provar que o é. E precisa de confirmação de outros que admitam: “Ele é mesmo o líder”. O próprio Jesus teve que comprovar sua condição antes que outros o seguissem. Depois que alguns o reconheceram como o Messias prometido, passaram a testemunhar e confirmar sua messianidade. O Evangelho de João mostra que Jesus estava sempre dando provas daquilo que afirmava acerca de si mesmo, não dando maior ênfase a seus milagres, mas, sim, a comprovações mais contundentes. Podemos encontrar neste evangelho pelo menos sete comprovações do ministério de Cristo. Depois de as examinar, poderemos atacar a questão de saber como se aplicam à liderança atual nas igrejas, aos negócios e a outras organizações. 9 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança Essa parte introdutória do seu livro intitulado – O estilo de liderança de Jesus: como desenvolver as qualidades de liderança de um bom pastor, nos leva a refletir sobre a necessidade de confirmação como um requisito necessário a liderança. Percebemos que, até mesmo Jesus Cristo, endossado pelo Pai, portanto um líder nato, precisou provar sua liderança em diversas situações: na constituição do rebanho, no enfrentamento das tentações, os descrentes e as tempestades. De certo modo, a própria literatura não é unânime quanto a liderança inata ou a formação de líderes. Isso porque, alguns assim como Jesus, apresentarão essa habilidade em contrapartida, outros desenvolverão de acordo a situação enfrentada. Aspecto este, que não seria diferente com o graduado. O sargento, em sua rotina diária, também exercerá liderança. Para pensar: “Exercer influência sobre os outros, que é a verdadeira liderança, está disponível para todos, mas requer uma enorme doação pessoal. É pena que a maioria dos cargos de liderança assuste as pessoas por causa do grande esforço necessário [...] (HUNTER, 2004, p. 24-25). Refletindo sobre o trecho retirado da obra O Monge e o Executivo, de que maneira o graduado exerceria a liderança? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Leitura sugerida: YOUSSEF, Michael. O estilo de liderança de Jesus: como desenvolver as qualidades de liderança do bom Pastor. Editora Betânia. 2. LIDERANÇA NO CONTEXTO POLICIAL MILITAR A Polícia Militar da Bahia – PMBA nasceu moldada pelos preceitos e ritos militares. Uma instituição burocrática e departamentalizada (CHIAVENATO, 2001), estruturada em Batalhões, Companhias, Unidade Escolares e Departamentos gerenciados (no caso militar utilizamos o léxico comandados) por policiais militares, de acordo ao seu posto ou graduação. Dessa maneira, no contexto policial militar podemos falar sobre liderança e chefia militar. 10 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Pensando nessas categorias, liderança e chefia militar seriam sinônimos? São aspectos a serem discutidos nessa seção. 2.1 LIDERANÇA MILITAR X CHEFIA MILITAR A Marinha do Brasil (2004, p. 1-2) nos diz que liderança militar seria um “[...] processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição”. Trazendo essa definição para o seio das instituições policiais militares, onde a missão a ser cumprida envolve perigos como o risco à vida e exige predicados a exemplo, do preparo moral e técnico, o líder é alçado a elemento crítico, parafraseando Vieira (2002), do exercício de comando. Diferentemente da literatura, a diferenciação entre chefia e liderança no contexto militar é de certa forma pacífica, em virtude da hierarquia e disciplina, valores deontológicos basilares da Corporação. A liderança militar seria parte ou componente a ser desenvolvido na chefia militar. Enquanto o chefe detém os requisitos legais, em razão do cargo ocupado, o líder possui atributos capazes de o alçar a este patamar (MEIRELES, 1985). Na Portaria nº 088-3ª SCH/EME, publicada em 19 de setembro de 1991, o Exército Brasileiro (1991, p. 03), trouxe os seguintes esclarecimentos: a. Chefia Militar - Exercício profissional de um cargo militar, consubstanciando o Comando (autoridade legal), a administração (gestão de coisas e pessoas) e a liderança (condução de seres humanos). b. Comando - Componente da chefia militar que traduz, em essência, a autoridade da qual o militar está investido legalmente no exercício de um cargo. c. Administração- Componente da chefia militar que traduz, em essência, as ações que o militar executa para gerir pessoal, material, patrimônio e finanças, inerentes ao exercício do cargo que ocupar. d. Liderança - Componente da chefia militar que diz respeito ao domínio afetivo do comportamento dos subordinados compreendendo todos os aspectos relacionados com valores, atitudes, interesses e emoções que permite ao militar, no exercício de um cargo, conduzir seus liderados ao cumprimento das missões e à conquista dos objetivos determinados. Percebe-se, portanto, que as organizações policiais militares são em geral, semelhantes as Forças Armadas, em rigidez e valores, a exemplo dos códigos internos de conduta, utilização de armamento como instrumento legal, a ostensividade que os caracteriza profissionalmente e até mesmo, o condicionamento no perfil do líder ou comando. Quanto à habilidade do líder e as possíveis circunstâncias para se exercer a liderança policial, a proximidade ainda é maior pois, os agentes de segurança pública precisarão desenvolver habilidades para liderar seu grupo em situações inerentes ao próprio serviço 11 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança sempre buscando a maior eficiência operacional (GOLDSTEIN, 2003 apud LITSGARTEN, 2009). 2.2 Cenários futuros e desafios da liderança Até meados dos anos 1960, o chefe de uma empresa compreendia ficar em seu escritório, e ter um controle totalmente mecânico, saber projetar, instituir, controlar e ajustar, quando necessário. O bom chefe era aquele que mantinha o absoluto controle de todos os funcionários do quadro da empresa. Entretanto, as corporações, no início da década de 1970, passaram a precisar mais de apoios intelectivos de seus funcionários. Especialmente ao término dos anos 1980,com o avanço da concorrência, criou-se a necessidade em contratar profissionais mais comprometidos (DINIZ, 2015). Percebe-se então que este cenário continua em constante evolução e transformação. Atualmente o mercado de trabalho expõe que as atribuições dos trabalhadores cresceram e o poder se pulverizou; por conseguinte, muitas das alçadas específicas aos líderes passam a ser encargo de todos. Progressivamente, o sucesso no ambiente de trabalho está relacionado aos espaços favoráveis à criatividade e inovação. O diferencial concorrente dependerá da reflexão, da habilidade de transferência conhecimentos, na resolutividade problemas de forma criativa e vanguardista. Dessa forma, o líder do futuro precisa entender que cada trabalhador é singular, sistemático, com individualidade, particularidades, disposições, caráteres e conhecimentos dessemelhantes dos demais. Em razão disso, se torna necessário empregar instrumentos de gestão de pessoas que poderão ajudar o líder na resolução de demandas e no que concerne ao aproveitamento e apreço pelas habilidades individuais que compõe as equipes de trabalho (DINIZ, 2015). É notório que o anseio por resultados palpáveis sempre foi um dos grandes motivadores do desempenho das organizações. O descobrimento da obrigação de consideração, segurança e caráter o de conexão do ponto de vista dos empregados originou a primeira iniciativa no modo de gerir a organização e os seus funcionários. Como resultado, mudaram também as medidas que determinavam um bom chefe e principiou a apresentar-se a percepção do atual conceito de liderança (BARBOSA, 2018). Com isso, as organizações devem arquitetar estratégias para estimular sua equipe profissional, constituir condições adequadas para a boa atuação, satisfação e contentamento, através de práticas organizacionais e gerenciais orientadas para o progresso ativo da equipe e a ampliação da competitividade organizacional. A presença do líder torna-se cada vez mais essencial para a efetividade das organizações, para as constantes turbulências e alterações do ambiente e para a integridade das instituições. Quando refletimos sobre uma organização funcional, com trabalhadores motivados, concebemos aquela onde cada colaborador exerce seu papel satisfeito, porque 12 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM não há burocracias demasiadas, há total consideração pelo ser humano como um todo, pois ele é participativo nas decisões, tem independência e a gestão o valoriza. 2.3 O líder como facilitador Iniciamos esse subtópico com a seguinte pergunta: de que forma o líder pode atuar como facilitador em uma organização construída com base na hierarquia e disciplina? Em Gonçalves e Santana (2016, p. 53), vai-se encontrar o seguinte esclarecimento: A liderança nos tempos atuais deve saber como usar a hierarquia, pois aquele processo hierárquico, onde o líder comanda e controla tudo, passa a ser desvalorizado. O líder atual tem que saber lidar com as pessoas, potencializar os seus conhecimentos, ouvir suas sugestões e trabalhar junto na busca de atender os objetivos organizacionais. Isso por que diferentemente dos anos de 1960, quando para ser um bom chefe bastava sentar numa cadeira e exercer controles mecânicos, garantia o sucesso da organização; nos últimos 40 anos, emergiu um novo estilo de liderança, na qual também depende da colaboração dos seus funcionários para crescer no mercado. Conhecido como liderança servidora, esse estilo “[...] consiste em aplicar os pensamentos não somente nos negócios, mas também nas pessoas.” (GONÇALVES; SANTANA, 2016, p. 56). Esse tipo de líder ajuda sua equipe e não apenas dar ordens. Reconhece que seu sucesso depende de sua equipe e por isso, ajuda os membros/ subordinados a se tornaram melhores, criando métodos para melhorar o desempenho. Seguindo essa linha, o sargento é ou pode ser um líder servidor? De que forma? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2.4 NOVA GRADUAÇÃO E NOVAS RESPONSABILIDADES Uma promoção implica novas e maiores responsabilidades. O que é responsabilidade? Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra”; ou, expresso negativamente: “Aja de modo a que os efeitos de tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade de uma tal vida”; ou simplesmente: “Não ponha em perigo as condições necessárias para a conservação indefinida da humanidade sobre a Terra”; ou, em uso novamente positivo: “Inclua na tua escolha presente a futura integridade do homem como um dos objetos do teu querer. (JONAS, 2006, p. 47). JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC-Rio, (2006) [1979]. 13 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança Pensando na definição de responsabilidade proposta por Jonas (2006), o que seria necessário para o sargento se tornar um sujeito responsivo, expressão tomada de empréstimo do círculo bakhtiniano1? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 2.4.1 Qual a função do sargento? Iniciamos este subtópico com o esclarecimento de Marengo (2016, p. 14), ao pontuar que léxico sargento é originário do [..] do francês sergent derivado do latim serviens. Graduação hierárquica acima do cabo e abaixo de suboficial ou subtenente [...]. Oficial inferior militar, que recebe ordens do ajudante e as participam ao Capitão, distribuiu as desse aos subalternos cabos de esquadra e soldados, compõem a fila e posta as sentinelas [...]. É uma personagem que figura no imaginário popular, exercendo protagonismo inclusive na literatura. Sargento Getúlio e Memórias de um Sargento de Milícias, de Joao Ubaldo Ribeiro e Manuel Antônio de Almeida, respectivamente, são bons exemplos. Como todo romance, o enredo dispõe de romantismo e exageros fictícios de seus protagonistas. O primeiro narra a saga do sargento Getúlio, homem valente e feroz, que deveria levar um prisioneiro da cidade de Paulo Afonso até Aracaju. Nesse trajeto, a missão foi abortada. Todavia, Getúlio irrompe com os imperativos categóricos2, e resolve cumprir a missão. Narra o surgimento da consciência individual do sargento Getúlio. Diferentemente, em Memórias de um Sargento de Milícias, não traz a bravura do sertanejo ou as ações de combate ao banditismo, mas, a vida do jovem e travesso Leonardo que após confusões, brigas e prisão torna-se sargento da companhia de granadeiros. A época, aqueles que ingressavam naquela unidade não poderiam ser casados e como a personagem o era, recebeu o título de sargento de milícias. 1Mikhail Bakhin (1895-1975) foi um filósofo e pensador russo cujos estudos enveredou pelos caminhos da linguagem. Falou sobre estilo, gêneros do discurso, cronotopo, polifonia e a bivocalidade do sujeito na dialogicidade do discurso. Influenciado pelos estudos kantianos, moldou a ideia de ato ou sujeito responsivo. 2Pensar em imperativos categóricos nos remete a filosofia éticade Emanuel Kant. 14 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Você conhece a origem da palavra sargento? Vamos passear pela história. A palavra sargento é originada do latim e data do império romano. Representava a pessoa que servia ou auxiliava, fosse no campo ou nas armas, na função de escudeiro ou servindo a nobreza. Era conhecido como servientes. Na Idade Média, encontravam-se inseridos nas ordens de cavalaria. Todavia, como não possuíam uma ascendência nobre, diferenciavam-se dos cavaleiros combatendo com armas típicas da cavalaria. Em Portugal, desde o início das tropas regulares de linha, existia a personagem do sargento-mor. Estruturalmente, apenas eram designados como tenentes-coronéis, mestre de campo ou generais somente os integrantes da nobreza enquanto, os sargentos-mores, para ascender a esta condição, precisavam ter ingressado na força militar na condição de soldado. Assim, gozavam de prestígiotanto com os comandantes quanto os soldados, sendo efetivamente o elo entre tais posições. Cabia ao sargento-mor, a preparação militar dos homens em geral. O que foi modificado principalmente, durante a gestão do Marques de Pombal, passando o sargento a condição de praça de pé, ficando os oficiais subalternos (alferes e capitães) responsáveis pelo comando das companhias. A implementação dessa mudança foi realizada pelo Conde de Lippe, responsável pela criação da Real Academia Militar. Com o decreto expedido em 16 de fevereiro de 1764, o sargento passa a ser reconhecido como oficial inferior e institui a competência que este tem para responder pelas companhias. Além disso, o mesmo decreto determina que eles, os sargentos deveriam saber ler e escrever de modo correto porque “o oficial comandante poderia não o saber por ser fidalgo”. Somente poderia frequentar essa instituição de ensino, a praça que fosse sargento, posto que, após a conclusão do curso seria declarado alferes. Por certo, na condição de colônia de Portugal, nosso país herdou as características das estruturas militares lusitana. Resumo extraído do livro: ALVES, Paulo Sergio Felipe (org). Das origens do sargento ao seu aperfeiçoamento nos dias atuais. Cruz Alta: Trompowwsky, 2014. De sorte, o sargento na escala hierárquica da PMBA desempenha um papel fundamental, não somente pelos momentos vivenciados desde a criação da milícia de bravos que remota aos idos de 1825, mas principalmente por figurar como ligação entre as praças, que desempenham papéis operacionais da instituição, e os oficiais, no exercício das funções diretivas e gerenciais da Corporação. Segundo o art.45, do Estatuto Policial Militar (EPM), os graduados devem “[...] auxiliam e complementam as atividades dos Oficiais no emprego de meios, na instrução e na administração da Unidade, devendo ser empregados na supervisão da execução das atividades inerentes 15 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança à missão institucional da Polícia Militar”. Destacando no parágrafo único, do mesmo artigo, que o sargento deverá: [...] impor-se pela capacidade técnico-profissional, pelo exemplo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de serviço e das normas operativas, pelos Praças que lhes estiverem diretamente subordinados, bem como a manutenção da coesão e do moral da tropa, em todas as circunstâncias. (BAHIA, 2001) Competi-lhes, portanto, aos senhores futuros sargentos, a funções de supervisão dos cabos e soldados, treinando-os, fiscalizando-os e instruindo-os, com foco direcionado aos princípios da administração pública, com foco na prestação de um serviço de excelência a comunidade, cumprindo a missão precípua da PMBA: a preservação da ordem pública. Cabe ao sargento, o exercício consciente, responsável e criativo das funções de liderança e assessoramento no limite de suas atribuições hierárquicas. 2.4.2 O sargento no comando de frações de tropa e pequenos destacamentos: exercendo liderança em ações policiais Peça fundamental na cadeia de comando, o sargento coopera para o cumprimento das diretrizes emitidas pelo alto escalão. É um modelo de líder para os cabos e soldados, devendo ter com estes uma estreita relação de confiança e profissionalismo. Dessa maneira, o sargento também é um gestor, dotado de conhecimento técnico, capacidade de executar e dirigir pequenos grupos. Na condição de graduado deve primar pelo bem estar e moral dos seus subordinados, escutando-os, delegando tarefas e exercendo o seu papel de líder na condução e desdobramento das ocorrências: seja informando ao oficial de dia ou a Centro de Integrado de Comunicações (CICOM) os fatos policiais, a apresentação de ocorrências e a escrita detalhada do relatório de serviço. O seu papel na escola de formação, batalhões de ensino ou núcleos designados como unidades escolares também o é primordial. Isso porque o graduado ao tempo em que aprende também aplica a metodologia de ensino, atua como instrutor ou monitor de disciplinas, trazendo para as aulas a sua experiência, proporcionando uma aprendizagem significativa3. Na condição de comandante da guarda ou destacamento é importante conferir os materiais sob sua carga, informar as possíveis alterações do serviço, verificar sua tropa e registrar com riqueza de detalhes em parte de dia, os principais eventos. 3A teoria da aprendizagem significativa remete a noção de subsunçores de aprendizagem onde, as novas informações seriam entrelaçadas aqueles já existentes no sistema cognitivo, no campo das abstrações das experiências individuais, produzindo através de ancoragens novos conhecimentos. Maiores detalhes, sugere-se a leitura da teoria da aprendizagem proposta por David Ausubel. 16 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Por certo, esse ponto dialoga com a disciplina – Gestão de Operações Policiais: Policiamento Ostensivo Geral (POG) e Policiamento de Trânsito (POTRAN), cujo objetivo é descrever as funções do graduado em operações onde são empregados o policiamento ostensivo, como as técnicas de abordagem e aproximação a suspeitos, o que pressupões certa liderança e responsabilidade, na condução operacional. 3. TRANSFORMAÇÃO DO GRUPO EM EQUIPES Nas corporações coletivas, o esboço de um líder ativo é indispensável para o sucesso. O líder empreendedor deve estar habilitado a ampliar os talentos e as jurisdições do grupo na busca dos desígnios comuns que se aspiram obter. Ele motiva no grupo ou na sociedade o objetivo coletivo e movimenta-a para unidos, executá-lo, auxiliando as pessoas a identificarem as necessidades pertinentes e a somarem energias em torno de ideais compartilhados (DE MACEDO, 2015). A chave de um trabalho coletivo está na delegação de encargos e não de tarefas, onde cada profissional, inserido em seu campo de atuação e capacidades, possa aprimorar a fase do processo que lhe é cognominada. E a direção desse método deve ser efetivada por um líder que mire não somente os conhecimentos técnicos dos profissionais e, sim, que saiba estimular as habilidades e competências individualmente (MARTINS, 2014). Os processos econômicos são constantemente modificados em razão da globalização, e como resultado dessas mudanças, as corporações buscam maior flexibilização nas suas ações de mercado para alcançar novas oportunidades. Esse aumento expressivo da competitividade e os riscos e ameaças que permeiam qualquer negócio, levou as organizaçõesa disporem de modelos organizacionais mais estruturados e complexos, sobretudo aqueles que compreendem os trabalhos em equipe auto gerenciados. A valorização atribuída ao trabalho em equipe, está diametralmente relacionada a ampliar a competitividade das organizações. A luz disso, as equipes de trabalho passaram a encabeçar estudos nos últimos vinte anos, afim de esclarecer como seria sua contribuição no sucesso das empresas. Esses estudos, na verdade, tratam sobre grupos. Duas abordagens predominam para conceituar equipes e grupos. Primeiramente, temos a que defende que grupos e equipes possuem conceitos diferentes, a segunda defende que na verdade, pelo menos em conceito, eles são iguais. No primeiro conceito, o grupo é auto direcionado e compartilha recursos para alcançar objetivos bem delineados no que concerne ao tempo e ação, já as equipes desenvolvem ações bem determinadas buscando um objetivo coletivo. Na segunda abordagem a interação entre dois ou mais membros em razão de um objetivo comum é enfatizada. Além disso, os 17 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança defensores aludem a interdependência entre os indivíduos e as ações desenvolvidas por eles (CASTRO; SANTOS; DEVENS, 2015). Em termos práticos, em uma corporação, uma equipe trabalha estabelecendo suas metas. Por meio de um compartilhamento de liderança, os indivíduos associam-se a equipes e buscam somar conhecimento. A estimulação do diálogo, simplifica a busca coletiva para solucionar entraves. Dessa forma, as tarefas são estipuladas coletivamente e o trabalho é continuado, o que permite a equipe avaliar diretamente seus resultados. Pensando em termos operacionais, seja na sua seção ou no comando de sua guarnição de radiopatrulhamento, é necessário estabelecer uma relação de equipe para que o trabalho flua e na própria área, cada um saiba qual o seu papel. Por exemplo, numa abordagem, como o graduado exerceria sua liderança chefiando sua equipe? Isso revela a importância do briefing, ou melhor, o dialogo inicial na assunção do serviço, definindo os papeis de cada membro para o momento da ação operacional. 3.1 Abordagens teóricas Não se conhece de forma explicita a origem da liderança. Contudo a preocupação acerca do tema vem desde da época da Grécia Antiga, com Platão. Ganhando notoriedade mediante ao engajamento de teóricos e administrados das empresas, buscando compreender o comportamento organizacional. A teoria administrativa iniciou seu interesse sistemático pela liderança mediante as escolas elementares, que começaram a considerar isso uma área de conhecimento. Taylor, defendia que a essência humana era naturalmente preguiçosa, e competia aos líderes manipular seus funcionários, como se fosse um maquinário. O líder focava-se em estabelecer e cumprir metas, e assim sendo, ter sucesso nos objetivos organizacionais de forma mais racional (PREDUZI JUNIOR et. al, 2014). Essa era a base da administração cientifica: simplificação ao máximo das tarefas para evitar desperdício baseados no princípio da economicidade taylorista/fordista (CHIAVENATO, 2001; 2004) No intento de compreender a liderança, os primeiros estudos sistemáticos desaguaram na abordagem da personalidade. Na busca por identificar atributos, físicos, mentais e culturais de um líder, temos a Teoria dos Traços. Até por volta de 1940, a Teoria da Liderança fundamentada na ideia de que o líder possuía características que o tornavam apto a condição de liderança foi bem aceita (JUNIOR et al, 2014), discussões explanadas no tópico “nasço líder ou me formo líder”, ou seja, o embate teórico entre o inatismo e a formação de um líder. A abordagem comportamental, embora pareça um acessório da Teoria dos Traços, é diferente por dispor de uma tabela de padrões de comportamento no lugar de uma tabela 18 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM de traços pessoais. Ao invés de traços, a liderança começou a ser pesquisada para identificar modelos de comportamento que os líderes adotavam no exercício de suas funções (ESPER; DE ALMEIDA CUNHA, 2015). Ainda que a Teoria Comportamental tenha tido progresso, ficou evidente o quanto era difícil qualificar traços e padrões de comportamento de liderança considerados completamente eficazes. Em razão dessa dificuldade a abordagem contingencial procurou estabelecer variantes relevantes para identificar qual estilo de liderança melhor se adequava aquela situação (TAKEUCHI; NONAKA, 2009). Todavia, as primeiras abordagens teóricas sobre o trabalho em equipe surgem na administração cientifica posto que, os seus pensadores já visualizavam a existência de grupos nos chamados “chão das fabricas” e a existência das lideranças formais e informais poderiam exercer e que a não valorização remuneratória e a convivência om um funcionário pouco produtivo, poderia levar os demais ao denominado principio da fadiga. Isso posto, enquanto a teoria clássica acreditava que os grupos eram conjunto de indivíduos pagos para a execução de uma tarefa, a experiências de Hawthorne avançaram nesse sentido, ao perceberem que as relações entre os indivíduos refletiam nos meios de produção. Mas foi com as ideias estruturalistas que as organizações passaram a ser vistas em sua complexidade. Contudo, o foco acentuado no trabalho em equipe teve seu impacto acentuado com os modelos japoneses de gestão, a exemplo dos programas Just it Time e Qualidade Total, a exemplo do caso Toyota, com o propósito de formar uma organização onde todos independentemente do nível ou da função pudessem trabalhar juntos posto que, pensando estruturalmente, o todo é maior que a soma das partes. Nesse sentido, o trabalho em equipe pode ser definido como [...] a soma dos esforços individuais e coletivos de um grupo de indivíduos, mas também é a soma das necessidades, inspirações, desejos individuais e coletivos (Hackman, 2000). Além disso, a interação com outras pessoas afeta profundamente a forma de pensar, de sentir e de agir de um indivíduo, alterando o seu comportamento (Hackman, 1976). Assim, o sucesso de uma equipe depende de adequado conhecimento desses contingentes, não sendo possível a abordagem do trabalho em grupo sem uma análise do comportamento, sem um estudo sobre o que motiva e capacita um trabalhador a aceitar participar e se envolver numa equipe [...] (CARDOZO, 2003, p.05) Todavia, recorrendo mais uma vez a Cardozo (2003), a satisfação pessoal como descrevia a teoria das relações humanas por meio da própria pirâmide das necessidades de Maslow, para que o grupo se transforme em equipe faz-se necessário resgatar a noção de interdependência, a cooperação dos membros. A equipe “[...] por definição, é um grupo de trabalhadores que conjuntamente compartilham um objetivo e possuem a habilidade de monitorar seu próprio 19 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança desenvolvimento através de um feedback continuo [...]” (CARDOZO, 2003, p. 22), buscando equipes de alto desempenho e performance. Vamos refletir um pouco? O Sargento, no desempenho de sua função, trabalha em grupo ou equipe? Como estimular o desenvolvimento de equipes no ambiente militar, respeitando os pilares básicos da Instituição? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 3.2 Significado do trabalho e papel das lideranças O trabalho consiste em uma ação abstrusa, com vários significados e múltiplas facetas, que não apenas comporta, como precisa de vários pontos de vista para a sua compreensão. Ao nos referimos sobre o trabalho, falamos de uma tarefa humana, coletiva ou individual, social, dinâmica, mutante e complexa, diferente de qualquer prática animal, isso em função do seu caráter reflexivo, propositivo, consciente, instrumental, estratégico e moral. Em uma conjuntura de ampla complexidade, onde a interdependência e a pluralidade são propriedades fundamentais e acentuadas, as políticas de gestão de pessoas devem evidenciar a relevância do estímulo a independência dos trabalhadores, promovendo condições para inovar e competência para deliberar questões e assumir a responsabilidade na tomada de decisões (SILVA; NUNES; DE ANDRADE, 2019). Decerto, [...] O líder tem que compreender e considerar a situação em que vai exercer sua chefia – missão, tipo e perfil dos comandados e da fração ou OM –, compatibilizando sua atuação com estes e outros aspectos. Há muito não se pensa mais na liderança isolada de um chefe sem a participação de líderes intermediários. O líder deve ser um formador e condutor de líderes. (PAIVA, 2008, p. 01) A capacidade coletiva de liderança incide no montante de conhecimentos, condições e ações procedentes num grupo de gestores e líderes, em alguma realidade organizacional, onde, esse grupo permite alcançar um efeito diferenciado no processo de trabalho desenvolvido, por exemplo, o padrão de tomada de decisões, o quanto suas iniciativas de gestão estão alinhadas as estratégias de organização. (NEY; PINTO; FEISTEL, 2015). 20 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM 4. LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO Liderança pode ser resumida em um treinamento que compreende recursos, relações e resultados. De tal modo, esse papel organizacional pode ser considerado sob vários panoramas: relação líder-indivíduo, relação líder-grupo, técnica de influência, meios de simplificação, demarcação e confronto de finalidades e efeitos, além de relações com outras diferenças organizacionais que operam de forma moderativa (VERGARA, 2014). A comunicação é primordial para exercer a influência, para coordenar as ações coletivas, fazer os devidos registros e, portanto, para efetuar a liderança. Um líder bem-sucedido domina a comunicação com os outros. A comunicação propende, suscitar mudanças no comportamento dos indivíduos, por meio do pleno desenvolvimento de iniciativas positivas sobre o próprio desempenho, que resulta em contentamento profissional. Nesse contexto, a comunicação é o cerne da liderança visto que, a liderança é uma relação interpessoal, onde os líderes são influenciadores de comportamento através do processo comunicativo (KUNSCH, 2018). Ao tratar-se de um processo comunicativo, onde uma mensagem é transmitida, para que essa cumpra seu propósito a mensagem precisa ser clara e objetiva. O gestor precisa usar ao máximo a imparcialidade, o que frequentemente se apresenta como problema, em virtude da subjetividade dos indivíduos (MARCHIORI et al, 2018). 4.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Empresas são o reflexo de seus funcionários. Sendo assim, a sua produtividade está totalmente atrelada a relação dos seus colaboradores com a organização. Funcionários que trabalham em harmonia, se conhecem e respeitam mutuamente, tornando o desempenho coletivo e individual mais proveitoso. Quando os colaboradores não possuem uma relação amistosa na empresa, não ocorre uma comunicação satisfatória entre os setores e os profissionais não se sentem motivados para alcançar as metas propostas, em detrimento disso a empresa perde muita produtividade, por conseguinte tem prejuízos financeiros. Isso acontece porque em um local onde os relacionamentos interpessoais são desarmoniosos, a empresa não opera com sua força máxima (ESPER; DE ALMEIDA CUNHA, 2015). Quando conseguimos nos comunicar efetivamente e manter relações interpessoais harmônicas com aqueles que conviemos, torna a resolução de questões simplificada, além de nos ajudar na superação de momentos de crise de forma mais eficaz e segura. Podemos usar essas características para formar diálogos positivos com os envolvidos e conquistar de forma satisfatória a resolução dos interesses mútuos (WOLF et al, 2013). 21 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança 4.2 FEEDBACK O feedback – seja negativo ou positivo – consiste em um instrumento de comunicação importantíssimo dentro de uma equipe. Funcionando para reconhecer bons resultados de forma sistematizada, além de reordenar as expectativas quando algo foge do planejado. É um instrumento fundamental para motivar, inspirar e desenvolver a equipe (VIEIRA; MARQUES; CORREIA, 2013). Para fazer uso desse importante instrumento, o gestor precisa atender alguns princípios norteadores básicos: 1º) atenção ao tipo e qualidade do relacionamento profissional; 2º) ser cordial, e isso é válido para qualquer situação; 3º) manter contato visual ao falar e ouvir; 4º) alguns funcionários precisam de mais feedbacks do que outros; e, 5º) sempre dar o feedback (SILVA; NUNES; ANDRADE, 2019). Com base nesses princípios básicos o feedback não deve ser dado de qualquer forma, sem uma preparação prévia, ou do contrário não alcançará o resultado desejado. O processo avaliativo normalmente resulta em uma entrevista onde gestor e funcionário fazem uma revisão e planejam formas de solucionar as deficiências objetivando melhorar o desempenho. Esse encontro pode ser desconfortável, visto que nem todos gostam de receber ou dar um feedback negativo (NEY; PINTO; FEISTEL, 2015). A estratégia usada no feedback deve ser, portanto, a da comunicação construtiva, logo, deve acontecer positivamente (de forma cordial, simpática, respeitosa e sensata) procurando concretizar uma rede de compreensão e colaboração mútua (com confiabilidade) e padronização da comunicação (segundo o estilo do interlocutor). 4.3 LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL Cada linguagem formal e informal serve a um propósito diferente. A decisão das palavras, o tom e também a maneira como cada palavra é unida serão diferentes de acordo com a situação e o nível de formalidade. A linguagem formal é, para todos os efeitos, muito menos pessoal do que a escrita informal. Esta é a razão pela qual a opção apropriada para uso em ambientes profissionais ou acadêmicos. A linguagem formal não fará uso de contrações, coloquialismos ou pronomes em primeira pessoa como “eu” ou “nós”. A linguagem informal, por outro lado, é mais espontânea e casual. Dessa forma, a linguagem informal é empregada ao escrever um e-mail pessoal, enviando uma mensagem de texto e também em determinadas comunicações comerciais. O tom usado na linguagem informal é muito mais descontraído do que na linguagem formal. Usamos a norma culta em situações formais ou que envolvem pessoas que não conhecemos bem. A linguagem informal é mais comumente usada em situações mais relaxadas e envolvendo pessoas que conhecemos bem. A linguagem formal é mais comum quando escrevemos; a 22 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM linguagem informal é mais comum quando falamos. Uma parte essencial da comunicação claraé considerar o seu público. O quão bem você os conhece e o quão casual é apropriado estar com eles afetará todas as palavras, desde a sua saudação até a aprovação. Se você está escrevendo para um cliente em potencial, deseja parecer profissional; portanto, sua escrita pode errar no lado da formalidade. Você não quer que seu estilo casual dê a impressão de que não levaria o trabalho a sério, afinal. Da mesma forma, onde em ambientes profissionais geralmente se espera que você mantenha suas emoções sob controle, a escrita formal geralmente favorece a objetividade, mantendo os sentimentos do escritor afastados. Se você está procurando alguém que não conhece bem e não sabe ao certo o nível de formalidade, é mais fácil começar formalmente. À medida que a correspondência avança, você pode reavaliar e facilitar seu estilo de acordo. Todavia, não iremos nos ater a discussão linguagem formal e coloquial para não esbarramos no preconceito linguístico teorizada por Marcos Bagno ou nas ideologias que predispõem uma língua padrão, exemplificadas nos escritos de Milroy4. As palavras evoluem não somente na sua forma, mas também no seu sentido. Sendo assim, não são raros os vocábulos que sofreram alterações de significados e recontextualização de denominações no decorrer do tempo. Isso é fruto, talvez, da interdependência existente entre língua, sociedade e cultura, que tem fomentado um grande número de pesquisas sobre o léxico dada as multiplicidades de relações que estabelece em razões das profundas raízes culturais que possui. Em suma, cada região apresentará seus traços ou características linguísticas. Todavia, as regras básicas de comunicação deveremos seguir: as previstas nos manuais, a exemplo do expedido pela presidência da República. 4.4 COMUNICAÇÃO CORPORATIVA: O REALASE OPERACIONAL Quais documentos o Sargento redige ou elabora? A resposta: praticamente todos. Ofícios, memorandos, relatórios, livro de parte, reposta de e-mails (que numa instituição pública também necessita de certa formalidade), e o chamado release operacional, ou seja, as ocorrências postadas via aplicativo de mensagens. Isso nos leva a pensar no aprimoramento da comunicação escrita e falada. A informação precisa ser transmitida com fidedignidade e clareza para que o destinatário a compreenda, completando assim o ciclo comunicacional (emissor-receptor). Quando a mensagem não é compreendida, a comunicação não se estabelece. 4Não aprofundaremos a questão de regionalismos ou ideologias linguísticas nessa apostila. Sabemos que, aspectos fonéticos, que envolvem nasalidade, ou palavras e expressões ganham significados e ocorrências no campo da lexicologia e/ou dialectologia, a depender da região. Tentaremos não incorrer em preconceitos ou racismo linguístico. Tratando-se de um ambiente militar, abordaremos a linguagem e a escrita utilizadas nas comunicações oficiais. 23 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança Percebe-se, portanto, que a comunicação, palavra derivada do latim communicare, sinônimo de partilhar algo, está associada a linguagem e a interação. Pressupõe a existência não apenas de emissor e receptor, mais de um canal e mensagem código. No chamado release operacional, por exemplo, cabe ao graduado expor o conteúdo da ocorrência de forma clara e concisa, pontuando as informações mais importantes: local, horário, envolvidos (com ressalva para menores cuja identidade é preservada, logo mencionado na mensagem apenas com as iniciais do nome), o fato, desfecho, providencias e número da ocorrência. O registro de informações como as explanadas acima, garante a guarnição respaldo para consultas posteriores até mesmo, na escrita da parte de dia, assegurando a legitimidade do serviço. Sugestão de leitura: materiais sobre Correspondência PM e o Manual de Redação da Presidência da república, publicado em 2018. 4.5 ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS DAS COMUNICAÇÕES Que o líder exerce influência no comportamento dos seus funcionários é algo de conhecimento popular, logo, a comunicação é considerada o principal instrumento mediador dessa influência. Se observamos a dinâmica envolvida nas organizações, concluímos que a comunicação caminha lado-a-lado com a liderança, funcionando como complemento uma da outra. É por meio dela que o líder transmite suas metas, expectativas, anseios e feedback à sua equipe. Em razão disso, é primordial que o líder domine todas as formas de comunicação, formal ou informal, verbal ou não-verbal, e busque de forma eficiente que todos os processos de comunicação sejam usados dentro de sua empresa. Para possibilitar isso, o líder deve fazer uso de uma linguagem clara, coesa, objetiva e transparente, que lhe confira respeito e confiança da equipe. Dentre os vários padrões de liderança, podemos citar a liderança servidora, que enfatizar um líder que valoriza e respeita seus funcionários, e como isso é poderoso para influenciar de forma positiva uma equipe. Em virtude disso, os líderes modernos buscam inspiração nesse padrão, e praticam os princípios de respeito e amor ao próximo no ambiente de trabalho. O líder que influencia positivamente seu quadro de funcionários, domina os meios de comunicação e os usa ao seu favor (PREDUZI JUNIOR et al, 2014). Através da comunicação, um líder pode falar abertamente qual os objetivos, ilustrar o Peculiaridades da Redação Oficial: - Impessoalidade - Linguagem – culta; - Formalidade; - Concisa e clara; - Uso dos pronomes de tratamento adequados; - Padronização. 24 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Responsabilidade Chefia e Liderança Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM que precisa ser aprimorado e fomentar comportamentos dentro do que a empresa precisa. Por meio da comunicação não-verbal, ele imprime confiabilidade e mantém uma relação de reciprocidade com a equipe. Além de usar múltiplos meios de comunicação, o líder também precisa compreender que a comunicação é um processo de dar e receber, logo, ouvir com atenção a opinião dos outros faz parte do seu trabalho. A influência que a comunicação dentro de suas mais variáveis formas e tipos, assim como seus meios tradicionais, mídias sociais e todo o aparato tecnológico digital exercem na sociedade moderna é um fato irrefragável. Sendo assim, a comunicação é considerada um processo social básico e um evento, não somente como um compartilhamento de informações. 25 Curso Especial de Formação de Sargentos da PMBA - CEFS - 2020 Conteudistas - Geórgia de Castro Machado Ferreira - Ten PM e Evânia Santos Assunção Motta - Sd 1ª Cl PM Responsabilidade Chefia e Liderança REFERÊNCIAS BAHIENSE, Álvaro Lima Martins. A liderança na MB nos dias atuais. Rio de Janeiro: Marinha do Brasil. Escola de Guerra Naval (FN) 2003. Disponível em: https://www.repositorio.mar. mil.br/handle/ripcmb/843784. 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