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Interações célula-matriz extracelular • Aquisição da multicelularidade: Importante fenômeno para a evolução biológica. Figura 15-81 Divergência proposta para as linhagens animais e vegetais a partir de um ancestral eucarioto unicelular comum. Após a divergência, a linhagem vegetal adquiriu cloroplastos. Ambas as linhagens originaram, independentemente, organismos multicelulares - plantas e animais. (Desenhos cortesia de John Innes Foundation.) Vantagens: - Aumento do tamanho e complexidade; - Especialização funcional e divisão do trabalho. Células mais especializadas; - Cooperação metabólica. Exigências de novas estratégias: - Moléculas de adesão; - Moléculas de comunicação; - Controle genético da taxa de proliferação e morte celular. ➢ Duas hipóteses possíveis: 1) Desenvolvimento clonal: Clones vão se diferenciando. 2) Desenvolvimento agregativo: Células isoladas vão se fundindo e formam estruturas agregativas. Importância das interações intercelulares Proliferação das células Especialização celular Interação celular Movimento celular Figura 22-1 Os quatro processos essenciais pelos quais um organismo multicelular é feito: proliferação celular, especialização celular, interação celular e movimento celular. Células com características diferentes, ao interagirem uma com a outra, vão se especializando em novas funções – Interação celular é o passo mais importante. A multicelularidade é um fator muito basal em escala filogenética. O surgimento do terceiro folheto embrionário (mesoderma) foi um fator preponderante, permitindo a simetria bilateral e uma maior diversidade biológica, com o aparecimento de esqueleto interno, musculatura, entre outras estruturas que permitem uma maior diversidade de formas e heterogeneidade. O mesoderma constitui um tecido intermediário entre o ectoderma e o endoderma, realizando a comunicação entre os tecidos de forma mais efetiva. A partir disso, está relacionado com o aparecimento da matriz extracelular, sendo esta um ambiente útil na comunicação celular. O surgimento do celoma também foi importante, pois permite que as movimentações internas ocorram independentemente do movimento do indivíduo, fornecendo uma autonomia independente das atividades fisiológicas. ➢ O surgimento do mesoderma e suas derivações nos organismos triblásticos Os tecidos originados do mesoderma foram os responsáveis pela grande biodiversidade, como por exemplo, a musculatura lisa (digestão), o sistema circulatório e o sistema imune, formação de células sanguíneas, sistema reprodutor e urinário, etc. Endoderma: tecidos epiteliais, trato gastrointestinal, glândulas endócrinas. Ectoderma: tecidos neurais e tecidos externos (pele, lentes e córneas, cartilagens faciais, etc). Além disso, a capacidade de comunicação é maior nas células de tecido mesenquimal, devido à capacidade de produção de matriz extracelular. • Matriz extracelular Nos organismos multicelulares as células são cercadas por um complexo macromolecular tridimensional de proteínas insolúveis e polissacarídeos heterogêneos conhecidos como matriz extracelular (MEC). Inicialmente sugeriu-se um papel basicamente estrutural, o que NÃO ocorre somente dessa forma. Na atualidade, reconhecem-se os efeitos pleiotrópicos da MEC nos processos de desenvolvimento, crescimento, reparo tecidual, tumorigênese, envelhecimento e morte celular. À medida que a MEC se modifica, a célula também irá se modificar. Por exemplo, a alternância entre fibroblastos e fibrócitos, a qual ocorre devido as necessidades da MEC (modulação celular). ➢ Constituintes – Classificação das macromoléculas da MEC - Colágenos - Sistema elástico - Proteoglicanos e glicosaminoglicanos - Glicoproteínas estruturais e outras proteínas não-colagênicas - Metaloproteínases da matriz (MMPs) (enzima) (regulatória da matriz) - Inibidores teciduais de MMP (TIMPs) (enzima)(regulatória da matriz) Moléculas de suporte estrutural – cartilagens e ossos (células aprisionadas em lacunas pela matriz que elas produzem – efeito mecânico); Medula óssea – células troncos (matriz de modulação principalmente, para manter a célula no estado indiferenciado para que produza sangue e células de defesa ao longo da vida do indivíduo); Interação célula-mesênquima – mediada por elementos da matriz. ❖ Colágenos: Proteína fibrosa formada por três cadeias polipeptídicas codificadas por mais de 40 genes distintos. Capacidade agregativa, formando estruturas resistentes a forças mecânicas. Presente a partir dos platelmintos. Além disso, há colágenos pequenos que funcionam como moléculas de sinalização, provando que sua função não é apenas estrutural. Há 28 tipos de colágenos (col I II III... de acordo com a sequência do descobrimento), formados por combinações das cadeias polipeptídicas alfa e beta em tríplice hélice (nas plantas tem a estensina que é equivalente ao colágeno). O colágeno possui uma estrutura muito peculiar em sua estrutura, apresentando uma sequência de aminoácido e uma glicina, de forma que isso se repete ao longo da estrutura. A glicina é importante no enrolamento da molécula, pois é uma molécula muito pequena, conferindo resistência e insolubilidade à molécula. Há múltiplas funções, sendo que a função biomecânica de tensão é a mais importante (quanta força tensional o tecido pode suportar). A síntese de colágeno ocorre nas cisternas do RE, pois é uma glicoproteína. Ocorre o enrolamento das cadeias, formando o pró-colágeno. Assim, ocorre a clivagem dos peptídeos da molécula de colágeno, ocorrendo o agrupamento de fibrilas, formando uma molécula de colágeno. Os tipos de colágenos podem ser classificados em: - Fibrilares: Colágeno 1, 2, 3, 5 e 11. Há colágenos que formam fibras, mas com interrupções na tríplice hélice. Se auto agregam. - Formadores de trama: Se entrelaçam, formando uma trança – Colágeno 4, 8 e 10 (tela de galinheiro). Função na separação de compartimentos. Nas membranas basais dos tecidos epiteliais. - Não-fibrilares: Não se agregam. Grande maioria. - Formação de colares: Dependente de ATP. Colágeno 6. Associado aos elementos do sistema elastico. - Colágeno de ancoragem: Se ancoram à matriz. Colágeno 7. - Colágeno de cadeia interrompida (falta) ❖ Sistema elástico: Constituído de duas grandes famílias de proteínas – elastina e fibrilina. Componente proteico do espaço intercelular que impõe a capacidade de deformação e elasticidade à MEC. Por exemplo, um tumor destrói a elastina, ficando um tecido duro. Trata-se de um complexo de sistema proteico envolvendo diferentes famílias de proteínas. Tem se atribuído funções moduladoras de recrutamento de células inflamatórias e metastáticas à algumas sequencias e domínios peptídicos da elastina (MATRICINAS = Naturalmente produzidos pela elastase). As artérias e a pele do escroto terão bastante tecidos elásticos para que aguente a deformidade. (também no pulmão) ELASTINA E FIBRILINA: O componente amorfo é considerado a elastina, enquanto que o componente fibrilar é devido à fibrilina. Pesquisas recentes: É um complexo sistema proteico envolvendo diferentes famílias de proteínas. Funções moduladores de recrutamento de células inflamatórias e metastáticas a algumas sequencias e domínios peptídicos da elastina (atricinas = naturalmente produzidos pela elastase) Quando degrado elastina, o organismo responde com a produção de outras fibras. Fotos da elastina e da fibrilina. • Elastina: No RE a elastina tem pouca glicosilação, sendo liberada na forma de pró-elastina e na MEC, através de uma enzima, a elastina se junta umas às outras, formando a estrutura da molécula. Para que a síntese aconteça, deve estar próxima à membrana devido à enzima atuante, a qual é encontrada na proximidade das matrizes. • Fibrilina: Duas funções básicas. Estrutural -Auxílio temporal e hierárquico na montagem de microfibrilas e fibras do sistema elástico. Informacional – Grande capacidade de sequestrar da MEC os complexos TGFβ/BMP (proteína morfogenetica óssea). A fibrilina é formada por locais fibrosos e globulares, formando uma espécie de colar de pontas, parecido com o colágeno 6. ❖ Proteoglicanos e glicosaminoglicanos (açúcares heterogênicos, geralmente ácidos, derivado da galactose e lactose, são ácidos derivados de uma molécula de açúcar, dissacarídeos que formam polissacarídeos): Moléculas que tem um componente de açúcar muito importante, principalmente açúcares carregados por um grupo amino. Esses açúcares carregados tem a capacidade de atrair água e respondem à força de compressão. Os proteoglicanos são macromoléculas da MEC constituídas de um core proteico ligado covalentemente a uma ou mais cadeias de açúcares heterogêneos (glicosaminoglicanos). Os glicosaminoglicanos (GAGs) são polissacarídeos negativamente carreados de longas cadeias lineares podendo ser sulfatados ou não-sulfatados. Os glicosaminoglicanos ácidos sulfatados são principalmente o keratan sulfatado, o heparan sulfato e a heparina. Outro glicosaminoglicano não sulfatado é o ácido hialurônico, que não atrai água como os outros elementos. Glicoproteína x Proteoglicano: a síntese é diferente e o proteoglicano tem mais açúcar e a glicoproteína tem mais proteína (ver melhor isso) Os proteoglicanos são formados por uma ligação de tetrasacarídeo ligada a uma serina e ao GAG, ancoradas ao core proteico, formando uma estrutura agregada em formato de “limpador de mamadeira”. À medida que envelhecemos, perdemos a capacidade de sintetizar glicosaminoglicanos (ac. Hialurônico), perdendo a capacidade de absorver água, responsável pelas rugas na pele. Fig19.58 Proteoglicanos e Glicosaminoglicanos Fig. 19.59 Aggrecan: Hidratação do tecido celular; quanto mais “melequento” mais agua. Associação dos proteoglicanos com moléculas de ácido hialurônico, formando estruturas grandes, com maior capacidade de retenção de água. Há vários tipos, como os neurocan (presentes no sistema nervoso). O proteoglicano associado à membrana tem uma função informacional, sinalizador importante. Fig 60.b FUNÇÕES DOSP ROTEOGLICANOS: - Organizadores da MEC - Influenciam no crescimento e proliferação celular - Promovem a maturação dos tecidos especializados - Filtros biológicos/Componentes majoritários das lâminas basais - Os PGs da membrana podem atuar como co-receptores - Modulam a atividade das fibras conjuntivas e regulam a fibrilogênese - Atuam no crescimento e invasão tumoral - Estimulam/inibem o crescimento de neuritos nos neurônios ❖ Glicoproteínas estruturais e outras proteínas não colagênicas: Papel de funcionar como colas biológicas – atuam na intermediação das moléculas e no processo de adesão das células da matriz extracelular. São famílias de macromoléculas que contém múltiplos domínios de reconhecimento e ligação a sítios específicos de outras moléculas da MEC. Principais categorias: - Integrinas: Grande família de heterodímeros transmembrana que promovem a interação célula-MEC. Constituídas de duas cadeias polipeptídicas alfa e beta que interagem entre si não covalentemente. Interação das células de diferentes tecidos. - Fibronectina: Dímero proteico composto de duas subunidades unidas por duas pontes dissulfeto na extremidade C terminal. Existe na MEC na forma solúvel e insolúvel. Tem sítios de ligação para heparina, colágeno, superfície celular e domínios de alta agregação, o que confere grande plasticidade à molécula. Grande importante de adesão célula-MEC; migração celular durante o desenvolvimento e na transição epitélio-mesenquimal; contração celular induzida por fibras de estresse (filamentos de actina regulam a agregação das fibrilas de fibronectina). - Laminina tabela 19.4 some types of integrins: Glicoproteínas heterotriméricas constituídas por cadeias tipo alfa, beta e gama e essas cadeias se associam formando pelo menos 15 proteínas de laminina – heterogeneidade. Forma uma espécie de cruz em sua estrutura que pode se combinar entre si e com outros elementos. É um dos maiores componentes da membrana basal, juntamente com o colágeno 4 e outras proteínas, como integrinas (faz a aderência). Nomenclatura atual: LM111 (alfa 1 beta 1 gama 1) mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight - Tenascinas: Família de glicoproteínas multiméricas da MEC, que nos vertebrados são denominadas tenacinas –C, - R, -Y, -W e –K. Amplamente distribuída em tecidos conjuntivos e mesenquimais. Tem função de descolamento, não permitindo a adesão de células em determinados sítios. Por exemplo, durante o desenvolvimento embrionário, onde ocorre grande migração de moléculas. Cada tipo de tenacina é expressa em tecidos específicos. A função é de modular a adesão, que limita a capacidade adesiva da célula à MEC. São conhecidas como anti-adesivas. Atua grande parte em atividades tumorais. - Fibulinas: Família de proteínas da MEC com cinco membros conhecidos que compartilham uma estrutura alongada com muitos sítios de ligação ao cálcio. Formam arranjos em tandem. Possuem sítios de ligação para várias proteínas da membrana basal, tropoelastina, fibrilina, fibronectina e proteoglicanos e participam de diversas estruturas supramoleculares. A função não é muito bem determinada. ❖ Metaloproteinases de matriz (MMPS) e seus inibidores teciduais (TIMPs) MMPs: Grande família de 28 tipos de enzimas proteolíticas da matriz sintetizadas a partir de transcritos de múltiplos genes em vertebrados. A primeira enzima foi a colagenase I que promove a clivagem de covalentes em moléculas de colágeno 1, 2 e 3 – rompe ligações de glicina e lisina em locais específicos (colágeno lisado). TIMPs: Proteínas reguladoras da atividade das MMPs, ligando-se na forma inativa da enzima (pro-MMP) promovendo a inibição da atividade metaloproteásica tecidual. A função do sistema MMPs/TIMPs é mediar as mudanças e adaptações físicas da MEC nos tecidos – desenvolvimento, desordens patológicas, envelhecimento, remodelação e reparo tecidual. Os produtos da clivagem dessas enzimas muitas vezes atuam como fragmentos peptídicos com atividades biologicamente independentes. • Reciprocidade dinâmica / (uma conversa entre as matrizes que conhecemos: matriz nuclear, matriz citoplasmatica e matriz extracelular). Mecanotransdução Se há um núcleo com matriz, citoplasma com matriz e um meio extracelular com matriz, estas matrizes estão sujeitas a forças internas. O modelo postula que na interação entre células-MEC existam múltiplos mecanismos de comunicação e interação celular, sujeitas a forças. Essas forças geram modificações no citoesqueleto e no meio intranuclear, ativando genes específicos e ocasionando modificações na cromatina. As integrinas fazem interação entre o citoplasma e as moléculas da matriz e uma força biomecânica qualquer pode fazer com que o citoesqueleto module as atividades nucleares. Assim, um gene pode ser ativado por uma mera força biomecânica. Além disso, a transdução não ocorre só por meio de moléculas, mas também a partir de uma força que modifica estruturalmente determinada proteína, ativando determinado gene. Outros estudos A interação célula e inflamação tem sido muito estudado Modelo de injuria e reparo tecidual Interações célula matriz na invasão tumoral transição epitélio-estroma) marieleHighlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight mariele Highlight Perpectivas • Esclarecimento sobre os mecanismos pelos quais os sinais oncogênicos da ECM facilitam/dificultam a geração de células neoplásicas. • Esclarecimento das vias criticas de sinalizacao celulas-ECM que sejam alvos de terapêutica nos estágios iniciais de tumorigênese • Esclarecimento sobreo verdadeiro papel das diferentes matricinas (peptídeos bioativos da MEC) nos processos de tumorigênese, reparo tecidual, migração celular, inflamação.
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